Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo já era pra ser o da visita, mas quis colocar mais uns momentinhos em família. Porque é muito amor por essa família linda. E hoje teve melhores do ano. Estou felicíssima com a vitória de nossos meninos! Feliko rocks!!!
Sobre o "meu amado Carneirinho", como dizem por aí: Tô no chão!!!!
Desculpem qualquer erro, ainda estou sobre efeito do "meu amado Carneirinho".



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Decidiram que iriam para São Paulo na semana seguinte. Setembro avançava, as flores já anunciavam a chegada da primavera. Um dia antes da família viajar, Niko acordou e percebeu que Félix ainda dormia ao seu lado. Quis ficar na cama por mais uns minutos, apenas observando o amado dormir, com seu rosto quase colado ao dele. Niko sorria enquanto acariciava o braço do amado com as pontas dos dedos. Ao acordar, Félix encontrou os olhos verdes do loiro fixos nos seus.

– Bom dia, amor!

– Bom dia!

– Dormiu bem? - havia uma certa malícia naquela pergunta.

– Claro que sim, Carneirinho, como sempre.

– Então vamos nos levantar que hoje o dia vai ser cheio, temos um monte de coisa pra fazer.

– Ah, mas será que eu fiz protesto na travessia do deserto pra você me lembrar das obrigações essa hora da manhã, Niko?

– Hahahaha, e será que EU salguei a Santa Ceia pra ouvir piadinha essa hora da manhã?

Félix sorria enquanto ficava por cima do corpo de Niko, prendendo-o entre os joelhos e segurando seus braços tentando imobilizá-lo.:

– Agora você me pegou, Carneirinho. Tá cada vez mais engraçadinho, tá ficando pior do que eu! - Ele se inclinou e deu um beijo nos lábios de Niko.

– É que... quando a gente está num relacionamento, a gente acaba extraindo o melhor que existe no companheiro.

– Então quer dizer que o melhor que eu tenho é meu senso de humor?

– É, mas você tem muito mais do que isso.

Félix tinha um sorriso singelo no rosto e os olhos fixos nos de Niko:

– Eu acho que eu também extraí coisas boas de você, Carneirinho.

– Ah, é? - Niko fez um movimento rápido deitando Félix na cama e o imobilizando, porém dessa vez ficando com seu corpo deitado por cima de

Félix, deixando totalmente inerte. - Com certeza não foi as habilidades de luta, hahaha.

Félix sorriu largamente.

– Não, Carneirinho, não é isso. Eu estou falando sério. Com você eu aprendi a ver a vida de outra forma.

Niko respondeu com um beijo caloroso, aos poucos ele libertou as mãos de Félix, que procuravam caminhos por suas costas nuas.

– Pensando bem, as obrigações podem esperar mais uns minutos - Niko disse numa pausa para tomar fôlego.

– Por mim elas podem esperar o dia todo.

Mais tarde eles tomaram banho juntos e depois foram para a cozinha, Jaiminho já estava tomando o café da manhã que Adriana havia preparado.

– Bom dia, Adriana! Bom dia filho! - Niko deu um beijo na testa do menino, sendo seguido por Félix.
– Bom dia, querido!

– Bom dia pai!

– Adriana, meu anjo, o Fabrício já acordou?
– Ainda não, seu Niko, mas já já vou acordá-lo pra tomar a mamadeira.

– Estranho, essa hora ele sempre tá acordado. Você deixou a babá eletrônica ligada, criatura?

– Claro que deixei, seu Félix. Aqui ó... Ih, acabou a bateria.

– Pode deixar que eu vou ver se o Fabrício acordou.

– E eu vou buscar o papi pra vir tomar café.

Niko foi na direção do quarto de Fabrício e Félix foi logo atrás, mas no meio do caminho resolveu passar no quarto do bebê primeiro para lhe dar um beijo antes de ir buscar César.

Quando Niko abriu a porta seu coração gelou. Fabrício tinha colocado uma das pernas para fora da grade do berço e já se preparava para colocar a outra. Por pouco não caiu, pois Niko correu até o berço e o segurou.

– Ah Meu Deus! Meu fiho, quase que você caiu, meu amor! - o menino se assustou com o movimento brusco de Niko e começou chorar no colo do pai, que logo tratou de tentar acalmá-lo. Sshh, sshh, não chora meu filho, calma, calma, o papai tá aqui.

Félix que assistiu tudo aquilo ficou espantado.

– Você viu isso, Félix?

– Vi, Carneirinho. Que susto eu tomei. A gente vai ter que comprar um berço maior. O Fabrício tá ficando cada vez mais espertinho.
Passado o susto, Niko sorriu e Fabrício já se acalmava. Félix começou a fazer caretas para o menino que logo começou a sorrir também.

– Nossa, que susto, Félix. A primeira coisa que a gente vai fazer quando voltar de São Paulo é comprar outro berço. A gente pode doar esse pra alguém.

– Pois é, mas a desastrada da Adriana não percebeu que a babá eletrônica tava sem bateria. Depois eu vou falar com ela.

– Tá, Félix, mas por favor, não vá brigar com ela como...

– Calma, Niko, eu não vou brigar, só vou conversar, eu prometo. Aliás, nós dois devemos fazer isso juntos.

– Tudo bem. Mas a Adriana cuida muito bem dos meninos, essas coisas podem acontecer com qualquer um.

– Você sempre vendo o lado bom de tudo.

– E não é você que disse que aprendeu a ver o lado bom das coisas também?

– Claro que sim, querido, eu não tô reclamando. Na verdade, isso é o que eu mais gosto em você.

Félix se aproximou abraçando Niko e Fabrício ao mesmo tempo.

– Vamos, leva o Fabrício que eu vou pegar o papi pra tomarmos café juntos.

– Tá... mas, Félix, vamos deixar pra falar com a Adriana numa hora que seu pai não esteja por perto, acho que não é bom ter tanta gente pra repreendê-la, além disso é melhor não estressar seu pai com essas coisas.

– Tem razão, mais tarde vamos falar com ela.

Depois do café da manhã, Adriana levou os meninos para a escola e Niko foi ao restaurante. Naquele dia trabalharia apenas em meio período pois tinha que voltar para a casa mais cedo para ajudar nos preparativos da viagem. E também tinha que dar instruções para seus funcionários. Era a primeira vez que deixaria o restaurante por três dias sob a responsabilidade de seu assistente. Normalmente quando ia a São Paulo, ficava apenas por um dia. Já Félix nunca havia colocado os pés na sua cidade natal desde que se mudou definitivamente para Angra dos Reis. E, por mais que estivesse feliz com sua nova vida, a ideia de voltar àquela cidade o incomodava.

Niko voltou do restaurante depois do almoço. Quando chegou em casa, cruzou com César e Maria no jardim. A enfermeira lia para ele "Les Miserables" de Victor Hugo. Quando viu Niko chegar Maria interrompeu a leitura.

– Boa tarde, seu Niko!

– Boa tarde, Maria. Seu César!

– Boa tarde!

– Tá gostando da leitura, seu César?

– Estou sim, na verdade eu já li esse livro há muito tempo. Pedi para Maria ler para mim, por que outro dia eu vi o filme e fiquei com saudades do livro.

Niko sorriu e respondeu:

– O livro é sempre melhor né, seu César?

– É verdade.

– Bom, eu vou entrar porque tem um monte de coisa pra fazer, arrumar as malas, enfim... boa leitura!

– Obrigado, rapaz!

Niko entrou e logo foi recebido por Félix que estava com um belo sorriso no rosto:

– Niko, eu vi você e o papi conversando de forma amigável. Eu não pude ouvir direito, mas vi que ele te tratou tão bem.

– É, o seu César tá muito mudado, ele é sempre gentil comigo, embora eu sempre tome a iniciativa de conversar.

– Mas já é alguma coisa né?

– Alguma coisa? Isso é uma vitória, Félix. Só o fato de seu pai me responder com gentileza quando eu falo com ele já é uma maravilha.

– E finalmente nossas vidas entraram nos eixos.

– É, mas ainda falta uma coisinha.

– O quê? Se for nosso casamento, eu vou dar entrada nos papéis, eu não queria te falar ainda, tava pensando em marcar uma data, mas...

– Sério, Félix! - Niko o abraçou forte - Ai que bom, amor, não vejo a hora de oficializarmos nossa união. Mas na verdade não era disso que eu tava falando.

– Era o quê, então?

– Félix, eu sei que você ainda guarda um medinho aqui, bem no fundo - Niko tocou o peito de Félix na região do coração - um medinho, bem pequeno, mas que ainda te incomoda.

– Medo de quê, Carnerinho? - Félix tentou sorrir, mas com Niko não conseguia disfarçar seus sentimentos.

– Eu sei o que você sente quando pensa que vai ter que ver sua irmã com o bebê dela e que isso te traz certas lembranças que você não consegue apagar da memória.

– É verdade, Niko, você parece que enxerga dentro de mim. E que... mesmo que Paloma tenha me perdoado, essas lembranças ainda me machucam.

– Se ela te perdoou, meu amor, tá mais do que na hora de VOCÊ se perdoar.

– Acho que justamente por ela ter me perdoado é que eu me sinto tão pequeno diante dela.

Niko o abraçava com força enquanto dizia:

– Ah, meu querido, isso vai passar, com o tempo tudo passa. Vai dar tudo certo! Agora chega de melancolia, que aqui nessa casa, na nossa família não tem espaço pra tristeza, viu? Já fez suas malas?

– Na verdade não, Carneirinho. Eu ODEIO fazer malas. Você me ajuda?

– Claro que eu te ajudo, amor. Sempre!

Depois de arrumarem as malas, Niko e Félix chamaram Adriana para conversar na cozinha. O loiro explicou rapidamente para a babá o que havia acontecido pela manhã.

– Ah, meu Deus! Que perigo!... Desculpa, seu Niko, eu juro que não vi que a bateria tinha acabado.

– Eu sei meu anjo. Olha, Adriana, nós gostamos muito de você, tá?! Você tem nos ajudado bastante, mas esse tipo de coisa não pode acontecer, querida! É a segunda vez que um dos meninos corre risco por causa da sua distração.

Félix fez um sinal para Niko indicando com os dedos que era a terceira vez. Adriana, percebendo aquilo, começou a chorar, Niko a olhou com compaixão enquanto Félix começava a perder a paciência:

– Para de chorar, criatura. Chorar não resolve nada!

– Felix! - Niko o repreendeu.

– O senhor vai me demitir, seu Niko?

– Claro que não, Adriana. Mas o que eu quero é que você fique mais atenta, tá bom?

– Tudo bem, seu Niko!

– Adriana, eu percebi que você tem ficado muito ocupada, mesmo com os meninos na escola, você ajuda a cuidar da casa quando a diarista não vem, até do meu pai quando é necessário. Você quer que o Niko e eu contratemos alguém pra te ajudar?

Niko se surpreendeu tanto com a benevolência de Félix, que não conseguiu disfarçar.

– Por que tá me olhando assim Carneirinho? Eu também tenho consciência tá?

Niko apenas sorriu para Félix e não respondeu:

– Adriana, pode ser uma boa ideia. Assim você não fica com tanta responsabilidade.

– Mas eu dou conta, seu Niko, foi só uma distração.

– Querida, eu sei que você consegue, mas com mais uma pessoa pra ajudar você pode ficar só por conta das crianças.

– Não precisa, seu Niko. Eu gosto de ajudar.

– E se a gente pedir pra diarista vir mais vezes? - sugeriu Félix.

– Ah, não sei Félix, ela já tem a agenda cheia.

– Seu Niko, seu Félix. Não precisa de mais ninguém. Eu prometo que vou ficar mais atenta, não vai acontecer de novo.

Félix e Niko se olharam conformados.

– Tudo bem, meu anjo, então não falamos mais nisso. Já arrumou a mala dos meninos?

– Já arrumei sim, seu Niko.

– Então pode ir, querida.

Adriana saiu, Félix segurou a mão de Niko por cima da mesa:

– Ela ficou chateada.

– É, tadinha. Mas acho que ela não entendeu direito.

Félix olhava para Niko com ternura e seus lábios davam forma a um sorriso singelo:

– Que foi, porque tá me olhando assim.

– É que eu gosto tanto dessa vidinha doméstica. Há um ano atrás parecia que eu estava no olho de um furacão. Agora tô aqui, com você, dando bronca na babá. Já te disse o quanto você me faz feliz?

– Hoje, nenhuma vez, mas desde que mudamos pra cá, eu perdi a conta.

– Então só pra não perder o costume, você me faz muito feliz, Carneirinho!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: São Paulo.



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