Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Momentos de amor, momentos de tensão.

Revisado em 22/08/15



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Aos poucos Félix e Niko iam se acostumando a rotina da nova vida. Ainda não haviam inaugurado o novo restaurante, mas havia muito trabalho a fazer. Pelo menos a matrícula das crianças na escola já havia sido feita, e a instituição tinha a vantagem de atender crianças de todas as idades, assim Fábrício pode ser inscrito no maternal, enquanto Jaiminho entrou para o quarto ano. Com os meninos na escola, Félix e Niko ficariam mais tranquilos para trabalhar e Adriana poderia se dedicar a supervisionar a casa. Eles não mantinham empregados fixos a não ser a própria Adriana e a enfermeira de César. Havia uma diarista, um zelador e um tratador de piscina que trabalhavam alguns dias na semana.

Muitas vezes eles mesmos cuidavam das tarefas domésticas. Félix sempre tinha uma reclamação ou uma piada pronta sobre o assunto, sempre achava que devia ter cometido algum tipo de heresia para merecer aquilo, mas no fundo estava gostando da vida doméstica. Sentia-se muito feliz em dividir a cama com Niko todos os dias, em ajudá-lo a preparar as refeições e cuidar as crianças. Apesar dos conflitos com o pai, sua vida ia muito bem. Félix se tornou um verdadeiro homem do lar, o que enchia de orgulho seu companheiro.

Certa manhã, ao acordar, Félix foi até a janela do quarto de onde tinha uma deslumbrante visão do mar e ficou observando a vai e vem das ondas, perdido em pensamentos. Niko acordou logo em seguida e foi cumprimentar o amado com um abraço pela cintura.

– Bom dia, amor.

– Bom dia, querido! Dormiu bem? - Félix se virou para olhar Niko.

– Hum, o que você acha? - o loiro lançou um olhar malicioso, lembrando-se de mais uma noite de paixão que tiveram. Félix sabia muito bem a resposta.

– Estava aqui lembrando que uma vez a Márcia me disse que para a gente conhecer bem uma pessoa, a gente tinha que colocar dois travesseiros lado a lado. Ela se referia a nós, é claro.

– Hum.

– Na época eu dizia... bom, todo mundo achava que rolava alguma coisa entre a gente, mas só eu que não queria enxergar.

– É, você sempre fugia de mim.

– Ah Carneirinho, eu tinha muita dificuldade de entender meus sentimentos, minha vida estava tão complicada...

– Eu sei - Niko fazia carinho nos cabelos de Félix.

– E acho que... não sei, no fundo eu tinha medo de te machucar, perder a sua amizade. Pra mim era mais cômodo te ter como amigo.

Niko sorria enquanto Félix falava, fitando seus olhos com ternura.

– Até hoje eu acho difícil de acreditar que você se apaixonou por mim. Acho que eu no seu lugar não me apaixonaria por mim mesmo.

– Ah não, Félix, não começa com isso.

– Não Niko, eu não vou começar com nada. Mas é que... enfim, não existem muitas pessoas com essa sua pureza no mundo, capazes de compreender alguém como eu.

– Eu já disse Félix, você é homem bom. Você cometeu erros, mas o que importa é que você se redimiu. E eu sinto muito orgulho de você, viu?

– Obrigado, Carneirinho.

– Pelo quê?

– Por existir.

– Seu bobo - Niko fez um carinho no rosto de Félix e lhe deu um delicado beijo nos lábios, depois puxou o amado pela mão - Vem, vamos nos arrumar e tomar café. Temos que mandar as crianças pra escola e cuidar da vida. O dia tá lindo e eu não quero saber de melancolia há essa hora.

– Tá bom, tá bom! Ai, só de imaginar o dia cheio que vamos ter. Não vejo a hora de inaugurarmos esse restaurante.

– Quando a gente inaugurar o trabalho vai triplicar, Félix.

– Ai nem me fala isso, Carneirinho. Só de pensar em passar o dia longe de você.

– Awn, vai sentir saudades do seu Carneirinho, vai? - Niko fez uma voz infantil.

– E claro que vou - Félix puxou Niko e lhe deu um beijo demorado.

Alguns momentos depois estavam todos sentados à mesa tomando o café da manhã. Menos César, que preferia ficar no quarto no horário das refeições. O fato é que ele pouco saía daquele lugar. Às vezes Félix o levava para tomar sol, mas tinha que praticamente obrigá-lo. César continuava mal humorado. Ele e Niko raramente se encontravam e, quanto isso acontecia, César não fazia questão de ser gentil, mas Niko não se importava. Nesses momentos Félix ficava aflito, sempre pensando que uma hora o companheiro ia se cansar daquilo, mas Niko sempre reafirmava que aguentaria de bom grado essas grosserias, pois o que importava era estar ao lado estar ao lado dele. Por trás daquele Félix extrovertido e aparentemente autoconfiante, ainda escondia-se um homem totalmente inseguro.

Depois do café, Adriana foi levar as crianças à escola e Niko foi até o restaurante supervisionar os preparativos para inauguração. Félix ficou em casa pra cuidar de alguns assuntos burocráticos, que era o trabalho que lhe cabia como administrador do negócio. Passou algumas horas lidando com papéis, computador e telefone. Quando terminou o trabalho, ainda não era meio-dia, resolveu ir ao quarto do pai para ver como ele estava.

– Tudo bem, papi?

– Tudo na mesma.

– Sabe papi, daqui a duas semanas nós vamos inaugurar o restaurante novo.

– Hum, quem te viu que te vê Félix, foi capaz de destruir sua própria família pela presidência do San Magno, agora se contenta com um restaurantezinho de beira de praia.

Félix suspirou, sentia uma pontada no coração nas ocasiões em que seu pai o destratava, o que na verdade, acontecia sempre que estavam juntos.

– Eu mudei pai. Eu aprendi que nada daquilo vale à pena quando não se tem por perto as pessoas que a gente ama.

– Nisso você tem razão. Pra mim nada faz sentido sem a Aline.

– Ah não, pai. Pelo amor de Deus, quando você vai esquecer essa piranha que só te fez mal?

– Você não entende nada de sentimentos, Félix, ou você deixaria de amar esse cozinheiro que você diz que ama se ele te traísse?

– Não compare o Niko com aquela vadia, pai. Ele jamais me trairia.

– Alguém que tenha se interessado por você Félix, só pode ter uma índole igual a sua.

– Olha pai, eu me recuso a ficar aqui ouvindo essas coisas. - explodiu Félix

– Quer saber? O senhor é que não entende nada de sentimento. O senhor nunca foi capaz de me dar amor, você sempre tratou o seu próprio filho como se fosse um monte de lixo.

– E parece que você herdou meu caráter, não é, Félix? Você não jogou sua sobrinha no lixo?

Félix emudeceu, as lágrimas começaram a jorrar de seus olhos, suas mãos tremiam.

– Olha pai, acredite o senhor ou não, se há uma coisa de que eu me arrependo todos os dias e vou me arrepender enquanto eu viver é de ter feito isso com a Paulinha. - fez uma pausa, respirou fundo e gritou apontado o dedo para o pai - Eu estou tentado ser uma pessoa melhor e o Niko é quem mais tem me ajudado nisso. Então, olha só... o senhor pode dizer o que quiser de mim, mas lava sua boca antes de falar do Niko ou eu não respondo por mim.

– Sai daqui, Félix.

– Eu vou sair. Se precisar de alguma coisa chama a enfermeira. - Felix saiu batendo a porta.

Do lado de fora se encostou à parede e chorou. Ninguém o viu chorar, Adriana cuidava de seus próprios afazeres e a cuidadora de César preparava seu almoço na cozinha. Depois de chorar por vários minutos, Félix foi pro quarto, se deitou abraçado ao travesseiro de Niko, pensativo, tentando enxergar um futuro pra sua relação com o pai. Enquanto pensava, sentia o cheiro do amado no travesseiro, aquilo lhe trazia uma sensação de paz.


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Notas finais do capítulo

Ninguém disse que conviver com César seria fácil né? rs
Espero que gostem em breve tem mais. Aviso: no fim de semana terei compromissos, não tenho certeza se vai dar pra postar, mas se não der, eu posto segunda.



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