“Quem?” Rose gritou no interfone. Porque com certeza ela não ouviu direito. Só podia ser alucinação do porteiro.

“Senhor Belikov está aqui, Senhorita Rose.” John, o porteiro, respondeu novamente com a saudação que usava desde que ela pusera os pés naquele condomínio. Não podia ser verdade, Dimitri não estaria ali, não é? “E, inclusive, ele está subindo agora mesmo, senhorita.” A morena gritou de frustração. Quem ele pensava que era para invadir o condomínio dela? Quer dizer, fazia uma semana desde o noivado, e ele não tinha feito uma ligação, email, nada. A deixou esperando, e Rose decidiu que não gostava de esperar. Antes que pudesse falar mais nada, a campainha tocou.

“Obrigada, John, só da próxima vez, não deixe ninguém subir sem minha autorização.” O porteiro concordou e ela foi até a porta, irritada. Abriu para encontrar Dimitri com um sorriso fácil no rosto, que morreu quando deslizou a vista pelo corpo dela. Então Rose ficou totalmente consciente do que vestia. Merda. A camisa de Dimitri ainda estava amassada da dormida.

“Eu me perguntava por que eu nunca encontrei essa camisa. Pensei que você tinha queimado.” Dimitri disse, parecendo se recuperar do que quer que ele tinha passado segundos antes. Rose revirou os olhos. Típico. Abriu mais a porta para que ele passasse, o que ele fez, como se fosse o dono da casa. “Bonito lugar. Parece com você.” Ele passou por toda a sala até a varanda. Nunca em um milhão de anos imaginaria que ele estivesse em sua casa. O destino era mesmo cruel.

“Bem, espere um segundo, até lá, fique a vontade.” Rose murmurou e correu para o quarto, trocar de roupa. De jeito nenhum conversaria com ele naquela camisa. Depois de sua higiene pessoal, saiu para sala com uma calça de ioga e uma camisa fina. “Posso saber a que devo a honra da sua visita às...” Olhou para o relógio, um pouquinho de drama não faria mal, pensou. “08h17?”

“Estava caminhando pela vizinhança. Resolvi fazer uma visita.” O moreno responder, enquanto sentava no sofá, com a perna cruzada. “Ou talvez eu apenas estava pensando sobre a outra noite, aquela do noivado? Pois bem, e lembro-me que você falou sobre algumas foto.” Toda a leveza do rosto de Dimitri havia desaparecido, parecia que toda a raiva e rancor tomara conta daquela face tão bonita.

“Sim, bem, foi o que eu disse, não foi?” Desconversou a morena. Não queria aquele tópico. Não num sábado logo cedo, e definitivamente não depois de uma semana tão estressante. Os dois se encararam por alguns segundos, mas que poderia ter sido uma hora. “Você deveria ter avisado que viria. Você quer algo? Chá? Água? Café?”

“Será que eu posso ver essas fotos? Você as tem ainda?” Dimitri se curvou, apoiando os cotovelos nos joelhos. Parecia um leão enjaulado. Rose não queria desenterrar aquilo, aquele passado. Mas até ela tinha que admitir que ele merecia vê-las. Então, sem mais nenhuma opção, levantou-se e voltou para o quarto. Retornou para a sala com uma caixa preta, onde continha as malditas fotos. Sentou-se ao lado de Dimitri no sofá e esperou que ele abrisse. E assim o fez. Pegou as fotos em suas mãos e encarou aquilo como se fosse o próprio fogo do inferno.

“Bem, será que você poderia me arranjar algo mais forte? Talvez um whiskey?”