A Salvação de Zero escrita por Borboleta Negra


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473829/chapter/1

A cada minuto que passava eu sentia a insanidade tomando conta do meu ser. Eu enlouquecia pelo sangue puro e doce de Yuuki e não podia aceitar que isso estivesse acontecendo. Ah, como eu queria que a garota de sorriso doce que eu tanto estimava aparecesse em minha frente e acabasse com meu sofrimento... Mas não foi isso o que realmente aconteceu. Irrompeu pela porta pesada de ferro, daquela espécie de masmorra em que eu me encontrava acorrentado, o ser que eu mais detestava na face da terra: Kaname Kuran.

Ele aproximou-se graciosamente. Seus mocassinsde couro produziam pequenos estalos em contato com o chão de pedra. Meus olhos tornaram-se vermelhos, não de sede, mas sim de ódio. Ele era o último que eu queria ver à beira de meu ‘decaimento’.

- O que você quer? – ataquei – Saia daqui! Se veio só para zombar de mim, vá embora!

Ele deu um leve sorriso cínico, provocando-me.

- Ora, então é assim que você recebe seu salvador?

Trinquei os dentes. Eu me debatia contra as correntes ao mesmo tempo em que tentava controlar o impulso de querer arrancar a cabeça dele.

- Saia daqui! – minha voz soou selvagem e eu me desesperei, estava acontecendo mais rápido do que eu imaginava.

Ele riu novamente, como se zombasse de meu desespero. Ajoelhou-se à minha frente acariciando meus cabelos prateados. E aquelas correntes estúpidas me impediam de afastá-lo!

- Zero, você está tão fraco... – lamentou ele, cinicamente, enquanto afrouxava a gravata. Eu surpreendi-me com seu movimento. Exclamei um ‘O que você está fazendo?’, mas ele me silenciou. Kaname já deixava seu pescoço à mostra. Com a unha do indicador fez um pequeno corte em sua pele e seu sangue escorreu manchando a camisa. Eu sufoquei e a sede me envolveu como fogo ardendo em minha garganta. Virei o rosto tentando me livrar da tentação. Mas o maldito vampiro segurou gentilmente minha face e puxou-me para seu encontro.

- Não resista, você não tem muito tempo. – todo o seu cinismo havia desaparecido, pelo contrário, ele soou quase afetuoso.

O sangue de Kaname era tão convidativo e tinha um cheiro tão bom... Mesmo que eu me negasse a experimentá-lo, meu corpo era tomado por meu lado irracional que se acentuava a cada segundo e não me permitia controle. Simplesmente, num ato quase involuntário, eu me apossei do seu sangue. Bem... Não devia dizer que me ‘apossei’ dele, pois isso me colocaria numa situação de comando, onde, na verdade, eu era totalmente submisso. Naquele momento, eu dependia de Kaname e estava entregue totalmente em suas mãos para o que ele desejasse, como um súdito submisso ao rei. Mas, mesmo em plena consciência de minha deplorável situação, eu não conseguia deixá-lo. O êxtase liberado por seu sangue me embriagava.

Senti no exato momento em que já havia absorvido sangue suficiente, que meus nervos começavam a se acalmar e eu voltava lentamente ao normal. Como se toda a parte de mim que já havia sido tomada pela irracionalidade de um Level E estivesse quase totalmente sob meu controle de novo. Era uma sensação maravilhosa e tranquilizadora.

Quando notei que ainda estava envolvido pelos braços de Kaname e que eu mesmo o estava envolvendo, soltei-o rapidamente e me afastei. Limpei o líquido quente que havia escorrido pelo canto de minha boca e olhei o puro-sangue, com o rosto abaixado, totalmente envergonhado. Impressionei-me com a visão que tive de Kaname. Ele estava sorrindo, com o olhar distante. E seu sorriso parecia sinistramente... Meigo.

- Por que esse sorrisinho...? – indaguei em baixo tom, ainda envergonhado.

- Eu estou feliz. – ele disse calmamente, então seus olhos penetrantes me fitaram e ele aproximou-se mais uma vez de mim. – Estou muito feliz. – Ele aproximava cada vez mais sua face da minha, me encarando com aqueles olhos profundos e sorrindo de um jeito encantador. Estranhamente encantador. Quando estava perto o suficiente para que eu sentisse seu hálito quente e fresco, ele sussurrou baixinho: - Minha vez... – e pousou seus lábios nos meus.

Eu lutei e esperneei contra ele, mas não havia percebido que, enquanto eu estava encantado com seus olhos e sorriso, ele aproveitara-se para envolver minha cintura e prender meus braços, tornando-me imóvel.

Seu beijo, ao mesmo tempo em que era selvagem, era carinhoso e chegava até a ser prazeroso de certo modo. Ele desferia várias e pequenas mordidas em meus lábios, que eram suficientes para provocar alguns cortes e lhe dar o prazer de desfrutar de meu sangue. Sua mão livre passou por debaixo da minha camisa e eu senti um arrepio atravessar minha espinha. E eu, que nutria por ele um desprezo profundo, agora sentia prazer pelo seu toque e desprezo por mim mesmo. Eu queria tirar suas mãos de mim, ao mesmo tempo em que queria que elas continuassem ali. Eu estava confuso.

- P-pare...! – entre gemidos e gritos abafados eu consegui murmurar. Ele riu e livrou meus lábios, mas ainda me mantinha preso ao seu corpo. Ele chegou perto de minha orelha e enquanto ele falava, sua respiração me provocou arrepios.

- Zero, você está salvo...! Em meu sangue corre ainda vivo e quente o sangue puro de Hiou Shizuka, – eu que até agora me encontrava confuso, começava a entender. Meus olhos arregalaram-se e meu corpo estremeceu ao ouvir o nome dela. - Aquela que lhe deu a maldição... E a única que poderia te conceder a salvação... E eu estou feliz, porque fui o caminho para a sua salvação.

As suas palavras eram verdadeiras, eu podia sentir. Então, tudo começou a fazer sentido. Kaname havia realizado a troca de sangue para me dar o sangue de Shizuka, que percorria nele. Isso queria dizer que ela estava morta... E que eu não me tornaria um Level E... E que Kaname era o meu salvador! Mas, como, ou melhor, por quê? Era inadmissível que ele houvesse me salvo! O ser que eu mais odiava no mundo... Era agora dono de minha nova vida.

Kaname abraçou-me com seus braços acolhedores e levantou-se para ir embora, antes depositando um beijo sutil em meus lábios e limpando o sangue que ainda escorria. Eu estava chocado, e assim que os braços do vampiro se afastaram eu senti um frio congelante misturado ao fogo da transformação e ansiei pelos braços dele novamente. Eu não tinha forças para me mexer, sentia formigamentos por todo o meu corpo.

Eu queria socar Kaname! Mesmo que agora eu pudesse ver minha doce Yuuki novamente... Viver significava ainda ser um ‘sanguessuga’ desprezível. E mesmo assim, se fosse para ficar devendo minha vida a ele... Eu preferia ter morrido.

Mesmo que isso significasse nunca ter provado o gosto de seus lábios...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem ♥ deixem seus REVIEWS *-*