Shards of Love escrita por StardustWink


Capítulo 7
Nostalgia?


Notas iniciais do capítulo

WOOOOOOOOOOO! Como prometido, vim trazer o capítulo 7! Que ficou mega gigante, para variar owo' Eu adorei escrever esse capítulo, tbh! ♥ Acho que é porque mais da metade dele é feita de momentos entre o meu otp do mangá, risos uvu

Ah, bom, não quero manter vocês por muito tempo aqui. Nos vemos lá embaixo!



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Hitomi se encontrava atrás de um arbusto, tentando processar toda a nova informação que conseguira com sua ‘espionagem’. Atrás dela, seu novo parceiro no mistério estava dormindo profundamente (o que ela acabou não impedindo, pois ele não era muito bom em ser discreto), e ela resolveu sair detrás de seu esconderijo e se espreguiçar.

– Ugh, o intervalo vai acabar daqui a pouco. – Ela falou para si mesma, bufando. Logo agora que ela tinha finalmente descoberto sobre o suspeito e a vítima... Ela então abaixou de frente para Ash, e começou a cutucá-lo. – Hey, você, acorda!

O garoto não pareceu sentir nada, pois apenas se moveu para o outro lado. Então, já sem paciência, Hitomi fez o que sempre fazia em horas assim.

Ash não gostou muito de acordar com o barulho de uma explosão a centímetros de distância.

AAAH! – Ele exclamou, levantando em segundos e se encostando a uma árvore próxima. Ele se virou e encontrou sua “parceira” de investigação, com o rosto coberto de poeira e uma expressão triste.

–Droga, por que não funcionou? Eu tinha certeza que iria fazer um som estrondoso, não explodir... – Ela falou para si mesma, antes de perceber que Ash já estava de pé. – Ah, você acordou! Podemos ir então.

– Ir para onde? – Ash perguntou, ainda tentando se recuperar do seu susto. Á sua frente, Hitomi apenas bufou, respondendo:

– Voltar para a sala, para onde mais? O recreio está quase acabando, vamos! – Ele foi puxado pela mão por Hitomi , que começou a arrastá-lo para longe do prédio do ensino médio. – Seus amigos e sua namorada devem estar preocupados, eu não quero causar ainda mais confusão.

– Mas espera, o que aconteceu com aquele Vance e o Red? Eu acabei dormindo e não ouvi nada! – O garoto de cabelos negros bagunçados perguntou, tentando acompanhar o passo de Hitomi.

– Depois eu te explico. – Ela respondeu, pegando um papel do bolso e dando para Ash. – Esse é o endereço da minha casa. Se quiser saber de tudo que eu coletei até agora, apareça lá depois.

– Tudo bem... – O jovem apenas respondeu. Ele queria mesmo saber de algo, e se sua nova parceira tinha informações de algum tipo, ele certamente iria consegui-las.

Se eu posso ajudar a acabar com a confusão que aquele tal de Jance está fazendo, então farei o que puder. Ash concluiu, sorrindo confiante.

Ao seu lado, Hitomi tentava raciocinar o que fazer a seguir. Talvez aquele Lance vá se desculpar com a vítima agora por causa disso... Ou ele pode ignorar e continuar insisitindo.

Ela suspirou.

Acho que só resta saber se ele é realmente bom ou mal agora, huh?

xxx

Finalmente essa aula acabou. Já não aguentava aquela professora de redação e a blusa amarelo neon dela que a faz parecer um farol. Brendan pensou, saindo da sala um pouco atrás de sua amiga de infância e o resto do grupo.

– Hey, você! – Ele olhou para frente, e viu Sapphire parada o encarando. – Venha logo ou vamos te deixar para trás! – Ela disse, logo após se virando e retomando seu passo.

E também tem essa garota... Ele bufou, suas orbes rubis encarando-a enquanto ela conversava com sua prima. Eu não consigo entender ela. Como uma garota tão parecida com a May poderia ser tão diferente?

Ele, sem escolha, andou até o grupo. Estavam um pouco menos preocupados, pois Lance não tinha olhado para Yellow sequer uma vez desde o recreio. Mesmo assim, todos mantinham guarda para o acaso de um certo ruivo aparecer.

Será que aquele outro garoto de olhos vermelhos deu um jeito nele? Ele tinha sumido no recreio, não tinha? O garoto pensou por um segundo, olhando de relance para os lados. Bom, não importa. Isso não é da minha conta, mesmo.

O grupo acabara de sair do prédio do ensino fundamental quando se encontraram com seus três amigos do ensino médio.

– Ah, Red! – Yellow disse, indo para perto do mesmo. – Aconteceu alguma coisa...? Você não foi até o nosso ponto de encontro hoje.

– Na verdade, eu queria te perguntar a mesma coisa. – Ele respondeu, sorrindo um pouco sem graça. – O Lance... Conversou com você depois do recreio?

– Não, foi até um pouco estranho. – Misty respondeu por ela, e pelo que Brendan pôde perceber, parecia um pouco emburrada com seu namorado... Ou o que ele achava que fosse ele.

– Então ele não fez nada. - Green comentou, parecendo pensativo.

– De qualquer maneira, Yellow, ele deve ir até você em breve. – Blue disse, chegando perto de sua amiga. – Red nos contou que teve uma conversa com ele, e que ele fez o Lance decidir acabar com isso logo.

– Acabar com isso? O quê você quer diz-

– Então você está aí. – Ouvindo uma voz, todos se viraram para ver nada mais nada menos que Lance.

Nossa, isso parece até um drama. E todo mundo está olhando... Brendan notou, olhando para as pessoas cochichando nos cantos. Também, esses três parecem chamar atenção por onde quer que andem...

– Lance. – Misty falou, encarando o garoto maldosamente. – O que você quer?

– Nada de mais. – Ele respondeu curtamente, se virando para a loira que o estava encarando. – Eu quero falar algo com a Yellow.

– Se você veio aqui só para- A loira começou, mas o jovem logo a cortou:

– Amanhã, eu quero conversar com você no recreio. A sós. – Ele disse, olhando de realce para Misty e Blue, que o encaravam.

– Claro que não, você ficou doido?! – Sapphire berrou, se metendo na frente dele para a surpresa de todos. Brendan arregalou os olhos; o que essa garota está fazendo?! Já é a segunda vez que ela se mete no assunto dos outros!

– Eu não vou deixar você ficar sozinho com a Yellow sem mais nem menos. – Ela continuou, o olhando com raiva. – Não depois do que você fez.

– Eu também não concordo com isso, Lance. – Red concordou, ficando ao lado de Sapphire. – Mesmo sabendo seus motivos, eu não confio nem um pouco em você.

– Tsk... – O ruivo murmurou, não sabendo o que falar. Ele queria falar isso com ela, não com outras pessoas olhando...

– Pessoal. – Com a voz, todos se viraram para se deparar com Yellow, que saiu de trás de seus amigos e sorriu para os que tinham discordado do ruivo. – Muito obrigada por me defenderem mas... – Ela se virou e ficou de frente para Lance. – Eu tenho que resolver isso sozinha.

– Mas Yellow... – Misty começou, apreensiva.

–Desculpe por te preocupar, Misty. – A loira sorriu para sua prima. – Eu... Estava sim, com medo de enfrentar o Lance de frente. Mas se eu não fizer isso, nunca vai acabar.

–... Você continua a mesma, não é? – Lance falou, e Yellow fez um positivo com a cabeça para ele.

– Sim. E minhas opiniões sobre o bosque não mudaram também. - Ela respondeu, e ele apenas riu.

– Se é assim, te encontro amanhã no recreio atrás do prédio do ensino médio. – E, com isso, o garoto se misturara ao monte de pessoas que saíam da escola.

– Tem certeza que vai ficar tudo bem, Yellow? – Gold perguntou, saindo de seu lugar ao lado de Crystal e Kotone (que ainda parecia deslocada). – Eu poderia acabar com ele se você quiser.

– Não precisa Gold, obrigada. – Ela respondeu, sorrindo. – O Lance não é tão mal quanto ele finge ser. Eu vou conseguir.

Essa amiga da May me surpreende mais a cada dia... Brendan pensou curioso, já quando todos estavam se despedindo. Não era ela a que tinha perdido a mãe e se separado de seu pai para morar com a prima? Mesmo assim, para enfrentar algo tão cedo depois disso...

Era... Corajoso, se não um pouco idiota. O fazia se lembrar de quando era criança e ainda inocente demais para a realidade do mundo.

– Hey, Bren, até amanhã! – May falou para ele, acenando ao longe ao lado de Drew. Nossa, ele parece até colado a ela depois que ficaram juntos...

Ele apenas acenou de volta, sorrindo. Ao ver sua amiga de infância e seu namorado já fora de vista, ele se virou e franziu a testa com o que viu.

Aquela não é a... Sapphire?

Ela estava indo pelo caminho contrário ao que sua prima acabara de fazer, e não deveria saber nada daquela cidade para onde acabara de se mudar... O garoto bufou. O que tem de errado com essa garota, afinal?

Ótimo, e por que mesmo eu estou seguindo ela? , ele ponderou, enquanto andava pela mesma direção tomando cuidado para não ser visto. Ela é só uma garota incrivelmente rude que não sabe o que é beleza. Eu devia estar voltando para casa agora, não andando por esse caminho por onde nunca fui antes.

Ele andou mais um pouco, sua curiosidade e preocupação o vencendo de desistir. A viu entrar por alguns matinhos, em direção do parque que tinha ali.

Esse parque... Brendan piscou, seguindo-a quando a mesma entrou por entre alguns matinhos para o que parecia ser parte de uma reserva florestal. Por que ela tinha de vir justo aqui?

Engolindo em seco, continuou andando. Tinha de segui-la, estava fazendo aquilo por May. Mesmo que não tivesse voltado para aquela floresta há anos...

– Onde ela se meteu...? – Se perguntou, vasculhando atrás de algum rastro de bandana azul. Andando mais um pouco, ele avistou um pequeno caixote, de onde sons podiam ser ouvidos.

– Huh...? O que é isso? – Ele murmurou, se aproximando do caixote só para ver alguns filhotes de gato dormindo em seu interior.

Ambos eram de cor bege, quase amarela, porém com manchas de cores diferentes no pelo. Um tinha manchas em um tom de marrom bem avermelhado, com um sinal parecido com um “mais” nas bochechas. O outro tinha a mesma cor e manchas de uma pelugem branca que parecia azul claro, com sinais de “menos” nas bochechas.

– Será que-

Ele começou a falar, mas foi interrompido quando um vulto caiu da árvore diretamente sobre si mesmo. Tentando se livrar da pessoa que agora o prendia, ele abriu seus olhos e se deparou com piscinas azuis brilhantes e um rosto muito próximo do seu.

– O que você está fazendo aqui? – Sapphire perguntou, ainda mantendo a distância entre os dois, e Brendan tentou inutilmente recuperar seu fôlego. Não que vê-la de tão perto tivesse o deixado sem ar, claro, fora só o susto.

– Dá para sair de cima de mim antes de eu responder? – O garoto falou, e a outra corou um pouco ao perceber finalmente onde tinha aterrissado. Mesmo assim, permaneceu imóvel.

– N-não até responder minha pergunta!

– O que você está fazendo aqui, afinal? – Ele retrucou, a encarando. – A casa da May é para o outro lado. Você não devia sair por aí quando nem conhece esse lugar.

– Não é da sua conta.

– É sim da minha conta. – Brendan respondeu, e só depois percebeu o que tinha falado. – Quer dizer, você é a prima da minha amiga de infância, e se você se perder por aí ela vai ficar preocupada.

–... Humph. – Sapphire ainda ficou um pouco desconfiada, mas saiu de cima do garoto, deixando-o sentar e se ajeitar.

– Droga, agora minha roupa tá toda suja por sua causa. – Ele bufou, tentando tirar um pouco de grama de sua blusa. – E a minha touca deve ter ficado verde.

– Por que você usa essa touca, afinal? – Ela perguntou, e o garoto se endireitou um pouco.

– Eu... Ganhei uma cicatriz quando eu era mais novo. – Brendan respondeu, suspirando. Não conseguia lembrar muito desse dia. Só de ter protegido alguém de algum bicho... – Achei melhor comprar uma touca para disfarçar.

– É tão feio assim? – Sapphire perguntou, se movendo para frente do garoto, que tentou se afastar. – Hey, vamos, me deixa ver!

– Não, as suas mãos estão imundas!

– Ah, que isso, não estão tanto... – A garota que, finalmente conseguiu tirar o acessório da cabeça do jovem, congelou assim que o fez, o resto da frase escapulindo por entre seus lábios. -... Assim.

Silêncio.

– Err... Aconteceu alguma coisa? – Brendan perguntou, vendo a garota encarar sua cicatriz e ignorá-lo completamente. Não é tão grande assim, ela era tão feia para fazê-la se assustar daquele jeito? – Ei, Sapphire!

– E-eh? – A garota saiu de seu transe, sentando à frente do outro de olhos rubis e agora cabelos negros que não estavam mais escondidos por sua touca. – O que houve?

– Você estava parada olhando para minha cabeça. O que foi?

– Ah, não... Não aconteceu nada. – A jovem respondeu, balançando a cabeça em negação.

Estranho... Não era para ela ficar tão surpresa com algo assim.

– Tudo bem então. – O jovem respondeu, resolvendo deixar o assunto para lá. – Agora pode me responder o que eu tinha perguntado?

– O quê? O que você perguntou?

–Por que diabos você se meteu no meio de um bosque no lado oposto à casa da May, garota? – Brendan perguntou, já perdendo a paciência.

– Ah! – Sapphire disse, se lembrando. – Estou cuidando deles, claro! – Ela respondeu, apontando para o caixote.

Você, cuidando de gatinhos? – O jovem perguntou, olhando assustado para os animais da caixa. – Tem certeza que eles estão só dormindo e não algo pior?

– Cala a boca, estúpido! – A garota disse, tacando algo na cara dele. Ele, de uma maneira que a jovem não soube explicar, pegou o objeto antes que fosse atingido e lançou um olhar mortal em sua direção.

– O que você tacou na minha-! Ele começou, irritado, mas parou ao analisar o objeto em suas mãos. – Espera aí... Uma pera? De onde você tirou isso?

– Da árvore né, idiota. – A jovem apontou, e Brendan pôde avistar algumas frutas em galhos mais superiores dá arvore perto dos dois.

– Você subiu até lá?

– Claro. – Ela respondeu, como se fosse óbvio. – A pera é uma fruta mais mole, então é mais fácil de alimentar para esses dois já que os dentes deles ainda estão crescendo.

– Então é por isso que você está descalça? – Brendan comentou, encarando os pés sujos da garota com desgosto.

– Como você acha que eu conseguiria subir até lá em cima usando sapatos? - Sapphire retrucou, cruzando os braços.

– Tá, tá, que seja. - Ele olhou para a fruta em sua mão novamente. - Não sabia que você se interessava por esse tipo de coisa.

– Meu pai é biólogo. – A garota respondeu curtamente, juntando as frutas que tinha coletado. – Ele viaja por aí para estudar o comportamento de animais.

– E a sua mãe?

–... – Sapphire ficou em silêncio por um tempo antes de responder. - Ela morreu. Quando eu tinha uns seis anos, acho. Meu pai casou com uma amiga de trabalho ano passado, e eles resolveram me deixar com a May para irem a uma viagem de pesquisa juntos.

– Ah... – O garoto murmurou, não sabendo o que falar.

– Acho que foi por isso que eu fiquei tanto ao lado da Yellow. – Ela disse, suspirando. – Eu... Sei como é não ter mãe. Mesmo que ela tivesse tido a dela por mais tempo que eu.

– E o seu pai? – A jovem o olhou confusa, e então o garoto continuou: - Quer dizer... A May me falou um pouco sobre a Yellow e do pai dela...

– Eu não era parecida com minha mãe, então não tivemos nenhum problema o quanto a isso. – Ela respondeu, dobrando as pernas e encostando o queixo em seus joelhos. – Mas... Parece que o tempo parou para nós dois. Ele é completamente o mesmo comigo normalmente, mas é só o assunto aparecer que ele assume uma expressão distante e começa a me evitar.

– Deve ter sido difícil para ele. – Brendan comentou. Como não ouviu nenhuma resposta da jovem ao seu lado, resolveu mudar de assunto. – Ei, parece que eles estão acordando.

– Ah, sim. – Sapphire saiu de sua posição e foi engatinhando até o caixote, tirando de dentro dele os dois gatos que já estavam acordados com cuidado. Um deles, o de pele avermelhada, foi para perto de Brendan e começou a puxar a gola de sua camisa.

– Huh? – Ele murmurou, olhando para a fruta em suas mãos. – Você quer isso?

O gatinho apenas miou, parecendo animado para pegar a fruta.

– Aqui. – ele a colocou no chão, e o animal começou a morder a fruta.

– Eh, ele já gostou de você? – Sapphire exclamou, enquanto o outro gato estava mordiscando uma pera perto de sua perna. – Normalmente filhotes têm medo de pessoas!

– Então como eles não têm medo de você? – Ele perguntou. Até eu tenho medo de você, ele pensou em acrescentar, mas não queria ser atingido por mais peras.

– Eles acham que eu sou a mãe deles.

O garoto a encarou atônito.

– Você não é uma figura materna muito convincente. – Brendan comentou por fim, e teve de se esquivar de outra pera.

– Idiota. – A garota murmurou, cruzando os braços e voltando sua atenção para o gato perto de sua perna. Enquanto ela fazia isso, o outro pôde perceber algo no tecido que segurava seu cabelo no lugar.

– Sapphire, a sua bandana está rasgada. – Ele comentou, e a outra rapidamente se endireitou, o olhando surpresa.

– E-eh? Onde? Em que parte dela? – Ela perguntou, passando os dedos por seu acessório para achar o lugar.

– Para com isso, idiota, você vai acabar rasgando ainda mais! – Brendan disse, indo até ela e tirando suas mãos da bandana e começando a mexer nela.

– O que você tá fazendo? – Sapphire perguntou, não podendo olhar agora para o jovem que mexia em sua cabeça.

– Tentando tirar sem rasgar mais. – Ele respondeu, e continuou a passar as mãos pela bandana, até que a jovem sentiu um peso mínimo ser retirado de seu cabelo. – Pronto.

– Me dá isso aqui. – Ela disse, tirando a bandana das mãos dele e ignorando seus protestos. – Droga... – Ela murmurou, vendo o rasgo grande numa parte dela.

– Viu, você não devia ter puxado ela de mim assim. – Brendan bufou, mas se acalmou em seguida quando viu que a garota não respondera. –... Sapphire?

– É que... Essa bandana foi um presente do meu pai... – Ela disse, calmamente passando a mão sobre o rasgo. – Quando a mamãe estava viva, sempre comíamos fora juntos e cada um me dava um presente. Eu lembro que quando eu a ganhei, achei que não era um presente tão bom, mas...

Como o outro jovem ficou parado esperando a mesma continuar, ela apenas suspirou e começou a acariciar o pelo do gato com manchas azuladas.

– Depois que a mamãe morreu, ele sempre tem se esforçado ao máximo no trabalho. Isso é bom, e estamos em melhores condições agora, mas ele nunca tem tempo para fazer algo no meu aniversário. Ele sempre me dá presentes caros, claro, mas... Nunca foi a mesma coisa.

A jovem olhou para sua bandana, uma expressão um tanto incomum no seu rosto.

– Esse foi o último presente que ele me deu quanto tínhamos a mamãe conosco, e acabou virando meu presente mais precioso depois disso. Mas acho que agora está estragado, não é...

O garoto a encarou por uns segundos com um brilho indecifrável nos olhos antes de comentar:

– Eu posso consertar se quiser.

Sapphire olhou para cima, para ver Brendan tirando uma maleta preta de sua mochila. – É só refazer a linha que se desmanchou aí.

– Você sabe costurar? – Ela perguntou com a testa franzida. O garoto apenas a encarou, e então ela suspirou. – Tudo bem, aqui. – E estendeu a bandana.

– Obrigado. – E, assim, ele tirou algumas coisas de sua maleta e começou a trabalhar. A garota o observou por um tempo e, quando se viu entediada, voltou sua atenção para os gatinhos que estavam tentando descobrir como entrar na touca branca que fora esquecida pelos dois no chão.

– Hey, tire isso aí! – Sapphire falou, rindo ao tirar a touca de cima do gato com manchas avermelhadas. Quando examinou o item para ver se tinha algum rasgo, arregalou os olhos. - Você coloca nome nas suas coisas?

– É para não perder. – Ele respondeu, sem tirar os olhos da bandana que remendava.

– Seu nome é “Brendan R. Allister”? – Ela perguntou, lendo as letrinhas pequenas que viu dentro da parte em preto do acessório. – O que é esse R aqui no meio?

– Ruby. Eu tenho um nome duplo. – Ele respondeu, e quase errou uma parte da costura pelo fato da garota ao seu lado ter entrado em uma crise de riso. O garoto desviou seus olhos carmesins da agulha para encará-la irritado. – O que houve agora?

– Ruby? Ruby? – Ela perguntou entre os risos. – Isso é totalmente um nome de garota!

– C-claro que não! – Ele respondeu, corando um pouco. – Ruby não é um nome de garota!

– Não minta para si mesma, Ruby. – Sapphire falou, com um sorriso travesso. – Você gosta de moda, sabe costurar... Ninguém vai te odiar se você admitir, sério-!

Ela não pôde terminar sua frase, pois no segundo seguinte viu o mundo tombar para trás e a grama fazer cócegas em suas costas. Sapphire piscou, vendo a figura do garoto por cima dela com o rosto irritado, seus olhos rubis brilhando com ódio.

– Você pode por favor parar com isso e me deixar terminar o que eu estava fazendo? – Ele disse com a voz baixa, arrepiando os cabelos da nuca da garota. Ela sentiu sangue subindo para seu rosto e tentou responder, mas as palavras não conseguiam sair de sua garganta.

Vendo que ela não ia dizer nada, o outro apenas suspirou e voltou a sentar-se na grama, retomando seu trabalho. Sapphire demorou um pouco para se recompor, levantando de uma vez só em seguida e ignorando a pontada de tontura que sentiu em sua cabeça pelo movimento repentino.

O-o que você pensa que estava fazendo!? – Ela berrou, o vermelho ainda presente em suas bochechas.

– Foi a única solução que eu encontrei para você parar. – Ele respondeu, cortando a linha que estava usando para costurar com um dos dentes. – Aqui, pronto. – Continuou, entregando a bandana à Sapphire.

– Já terminou? – Ela murmurou, esquecendo sua raiva para examinar sua bandana onde Brendan tinha costurado.

– Não era algo que levasse muito tempo. – Ele comentou, levantando e pegando sua touca do chão de onde ela tinha caído antes. – Bom, já está ficando tarde. Você vai ficar aqui?

– Não, não. – Ela respondeu, olhando outra vez para os gatinhos. – Eu volto amanhã, fiquem aí até lá, tudo bem? – Ela se voltou para os dois gatinhos, pegando-os cuidadosamente e colocando-os no caixote. Eles tentaram sair, mas Sapphire apenas impediu-os com a mão.

– Vai deixar eles aí? – Brendan perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Não posso levar eles para casa da May, daria mais problemas ainda para ela.

– Tenho certeza que ela não se importaria em adotá-los. – O garoto tentou argumentar, mas percebeu que Sapphire não iria voltar atrás. Não achava que ela fosse o tipo que se importasse com coisas assim. Principalmente com esses gatinhos.

– Então, vamos? – Brendan falou, estendendo uma de suas mãos para a jovem ainda sentada na grama.

Sapphire olhou para cima, observando a mão dele estendida em sua direção. Os raios de sol que escapavam pela copa das árvores o iluminavam com uma luz cálida, e ela lembrou-se rapidamente de segundos atrás, quando eles estavam tão próximos. Sim, até naquele momento, ele parecia estar brilhando...

Ela piscou, e seu rosto tingiu-se imediatamente de vermelho. O que foi isso?

– Você vai ficar aí parada ou vai segurar a minha mão? – Brendan falou, já cansado de ficar com a mão estendida para a garota que estava o olhando paralisada.

– A-ah! Tudo bem, eu não preciso de ajuda. – Ela respondeu, levantando sozinha e calçando seus tênis que estavam jogados próximos do caixote com rapidez. – V-vamos, é por esse lado não é? - Ela perguntou, dando meia volta.

O garoto não disse nada, achando curioso da garota estar nervosa de repente. Mesmo assim, foi até ela, e logo os dois estavam em uma caminhada silenciosa.

Será que ela ficou assim por causa daquilo com a minha cicatriz de antes? , ele pensou, olhando de soslaio para Sapphire que caminhava em silêncio sem olhar para ele. Não deve ser nada de mais, eu tenho que parar de me preocupar tanto com ela.

Mesmo assim, é estranho que eu me preocupe tanto sem perceber... Será que é porque ela parece com a May? Ele continuou, vendo que, sem a bandana na cabeça, ela parecia muito mais com sua amiga de infância.

Mesmo assim, de alguma maneira ele não podia pensar nas duas como a mesma pessoa. Tinha alguma coisa no modo como ela andava, em como ela falava, que era diferente - e ele não pôde evitar de sentir que sim, havia algo errado ali.

Brendan suspirou, decidindo parar de pensar sobre isso por agora. Ele olhou outra vez para Sapphire, e virou seus olhos para frente quando os orbes safiras dela desviaram-se para retornar seu olhar.

É provavelmente só impressão, Ele tentou se convencer. Então por que eu estou tão nervoso?

xxx

Sapphire fechou a porta da casa de sua prima, e tentou não ser vista por ninguém ao ir até seu quarto. Ao ver que estava vazio, ela suspirou de alívio e se jogou em sua cama, apoiando a cabeça em um travesseiro.

Droga, droga, droga, droga! A garota pensou, tocando uma de suas mãos em suas bochechas. O que aconteceu hoje? Eu devia odiar esse garoto, então por que...

Ela lembrou-se da cicatriz outra vez, e uma dor aguda invadiu seu peito. Sapphire estreitou os olhos, aflita.

Por que eu me importei tanto com aquilo? Eu sinto que já vi aquela cicatriz em algum lugar, e além disso... A garota apertou as mãos na bandana que levava, e a trouxe para seu campo de visão. Por que ele fez isso por mim?

– Ah, que raiva! – Ela disse, tacando um travesseiro na parede mais próxima. – Eu não entendo mais nada desse idiota! O que deu em mim, afinal?!

O que será que deu em mim... Ela levantou para pegar o travesseiro que tinha tacado. Para ficar tão alterada quando ele estava tão perto...

– O que você está fazendo conversando consigo mesma, Saph? – May perguntou, pegando-a de surpresa quando enfiou a cabeça pela abertura da porta. – E onde você estava com o Bren? Eu vi que vocês vieram juntos do parque até aqui hoje...

A outra jovem corou, tentando arrumar uma desculpa para dar para a segunda pergunta. Como isso se mostrou inútil, resolveu apenas responder a primeira:

– Eu estava apenas... Pensando.

Ótimo, e que resposta foi essa?

–... Huh. – May murmurou, ainda desconfiada. Mas, como sabia que sua prima provavelmente não iria a contar nada por enquanto, resolveu mudar de assunto. – Minha mãe está nos chamando para lanchar. Você está com fome, né?

– Ah, sim. – Sapphire respondeu, se levantando e seguindo May para fora do quarto.

Seria melhor parar de pensar nisso no momento, a garota de olhos safiras decidiu. Se continuasse assim, ela só ficaria com uma tremenda dor de cabeça e nenhuma resposta.


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Notas finais do capítulo

E AS COISAS COMEÇAM A ANDAR PARA OS PROTAGONISTAS! E sim, os gatinhos são o Minun e Plusle do mangá. Eu adoro esses fofos kzjhdflskfjdklg

Bom.... infelizmente, esse era o último capítulo dos que eu já tinha deixado prontos (ówò) Eu pretendo continuar com as atualizações semanais, claro, mas caso eu atrase alguns dias vocês já sabem que é porque a minha faculdade não me deixou escrever. Não pretendo fazer mais pausas gigantes, though! Quero ter essa fic terminada no final desse ano!! (owó)/

Enfim, muito obrigada por ler! ♥ Até mais, seus lindos~



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