Adorável Estranha escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 13
Felicidade: Perto para tê-la, mas longe para vê-la


Notas iniciais do capítulo

Música: Oasis - Wonderwall



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/47256/chapter/13

 

-O que? –Shizuka riu enquanto proferia estas palavras. Eu senti que não seria fácil.

 

-Eu me cansei de fingir que a amo. Achei que poderia viver nesse teatro, mas agora percebo que não posso viver assim. –Eu a olhei sério me sentindo um mostro enquanto via seu rosto antes feliz ficar retorcido pela dor. Mas eu não iria voltar atrás.

 

-Você está brincando, não é? –Ela disse sorrindo, mas os olhos choravam. Eu assenti. –DIZ QUE VOCE ESTÁ BRINCANDO! –Ela veio em minha direção aos prantos, jogou-se no chão e agarrou minhas pernas.

 

-Pare com isso Shizuka.

 

-EU NÃO VOU PARAR! ATÉ VOCE DESMENTIR ISSO!

 

-Shizuka, você aceitando ou não o que eu digo, acabou, ok?

 

-POR QUE ZERO? TEM OUTRA PESSOA? É ISSO?

 

-Tendo ou não outra pessoa, Shizuka, eu já estava querendo isso há algum tempo. Por favor, aceite! –Eu tentei me desvencilhar de Shizuka, ela ainda se mantinha presa as minhas pernas. –Entenda que você não fez nada, sou eu. Eu não consigo ficar com você. Deixe-me ir, Shizuka. –A empurrei levemente. Fui em direção ao quarto. A casa era de Shizuka, quando ficamos noivos concordei em morar com ela já que estava em um lugar alugado. Agora eu não tinha para onde ir. Tranquei-me no quarto. Shizuka ficou batendo escandalosamente na porta enquanto eu arrumava meus pertences. Não tinha muita coisa, eu nunca fui de gastar dinheiro com coisas que não iria usar. Sabia que deveria pegar todas as minhas coisas, Shizuka poderia muito bem queimar algo se eu deixasse aqui. Com minhas malas prontas, eu segui para fora do quarto. Shizuka estava na cozinha encostada no balcão, olhava para o chão.

 

-Por que Zero? –Ela murmurou com a voz embargada.

 

-Adeus Shizuka. Espero que seja feliz. –Foi tudo o que eu disse. Ela mostrou seus olhos furiosos e veio para cima de mim, havia um copo de vidro em sua mão, Shizuka o jogou com violência em meu rosto quebrando-o. Isso provocou um ferimento em minha testa. Eu a empurrei deixando-a cair no chão.

 

-Não pense você que conseguirá me chantagear como das outras vezes. Eu não vou voltar! –Eu peguei todas as minhas coisas. Senti o sangue do ferimento feito por Shizuka descer embargando minha visão e molhando minhas roupas. Coloquei a bagagem no porta-malas do meu carro e parti sem mais delongas. Eu sabia o quanto estava sendo injusto, frio com Shizuka. Eu deveria ter terminado de forma mais amigável nosso relacionamento, mas se eu fizesse isso eu não iria terminar, foi assim das outras vezes. Estava perdendo muito sangue, mas não dei muita importância. O que eu mais queria e precisava naquele momento era de Yuuki.

 

...

 

-MEU DEUS! –Intuitivamente eu sabia que Yuuki já estava em casa. Essas foram suas palavras ao me ver descendo do carro todo ensangüentado. Ela correu até mim e abraçou-me sem se importar se iria se sujar ou não. Eu a abracei fortemente. Ela afastou-se olhando apavorada para o meu ferimento.

 

-Zero, o que... Aconteceu? –Perguntou com a voz falha.

 

-Eu terminei com Shizuka. –Dei um meio sorriso. Ela afastou meu cabelo para avaliar meu ferimento.

 

-Precisamos tratar isso. –Ela pegou minha mão guiando-me para o interior da casa.

 

...

 

Eu olhava maravilhado para Yuuki. Enquanto isso ela cuidava de meu ferimento com mãos experientes.

 

-O ferimento não foi muito grave, felizmente. Foi ela que fez isso a você? –Ela disse guardando todo o material usado para a assepsia do ferimento na caixa de primeiros socorros.

 

-Sim. –Eu continuei a olhá-la, poderia fazer isso o resto de minha vida. Eu havia tomado um banho, estava de pijama, um pijama que peguei em minha mala, malas estas que ainda estavam guardadas no carro. Eu a vi guardar o material usado no armário depois convergir para mim. Ela sentou-se de frente para mim, seus olhos estavam tristes. Ergui minha mão acariciando seu rosto.

 

-O que foi? Não está feliz por eu estar aqui? –Ela colocou sua mão sobre a minha que estava em seu rosto.

 

-Não é isso. Por minha culpa você está ferido. –Aproximei meu rosto do rosto de Yuuki, nossas testas coladas.

 

-Não se sinta culpada. Eu estou feliz. Depois de tanto tempo sem saber o que é isso, eu estou feliz. E a propósito... Eu não tenho onde morar. Posso ficar aqui provisoriamente com você? –Yuuki riu.

 

-Provisoriamente o escambal, Zero Kiryuu. Esta é sua casa agora, até o dia em que me querer. –Agora era a minha vez de rir.

 

-Então você terá um inquilino para toda a vida, sabe disso. –Eu a puxei para beijá-la, provar dos lábios que me foram negados durante dias, que quase me enlouqueceram.

Acariciei o rosto de Yuuki enquanto a beijava, pude sentir que o mesmo estava úmido. Ao me afastar vi que Yuuki chorava. Fiquei alarmado.

 

-Por que está chorando meu amor? –Eu disse enquanto limpava suas lágrimas com meus lábios.

 

-Eu não... Não pensei que conheceria o amor... Antes do fim, entende? –Eu a abracei apertado.

 

-Eu digo o mesmo. –Falei. Eu a afastei voltando a beijar seus lábios, acariciando seu corpo, deitando-a junto a mim na cama. Eu queria amá-la e esquecer tudo ao meu redor, eu queria viver para ela e com ela até o fim de tudo.

 

...

 

Uma nova manhã, eu sorri. Lá estava Yuuki encolhida em meus braços murmurando coisas inteligíveis. Eu a acomodei melhor em meu peito aspirando o doce perfume que só Yuuki tinha. Olhei o relógio na mesa de cabeceira, tínhamos que levantar para mais um dia. Verdadeiramente eu não queria sair dali, mas eu não poderia virar as costas para minha antiga vida, por mais que ela não me interessasse tanto agora.

 

-Yuuki? –Sussurrei em seu ouvido. –Precisamos levantar.

 

-Hmmmmm... Não quero. –Eu tive que rir, soava como uma criança pequena não querendo levantar.

 

-Eu também não, mas nós temos que ir. Vem. -Eu me levantei puxando Yuuki para a beira da cama e pegando-a no colo. Yuuki abraçou-me forte. Fomos ao banheiro tomar banho juntos. Eu estava viciado em Yuuki, nos seus beijos, seu toque, seu calor, seu cheiro... Poderia me doer fisicamente ser separado dela. Internamente, enquanto tomávamos banho juntos eu desejei que fosse eu a deixar este mundo primeiro, eu não iria suportar perde-la.

 

...

 

-Yuuki, você terá que descer aqui. –Falei ao estacionar o carro no meio-fio. –Ninguém pode nos ver, você entende, não é? –Ela sorriu tranqüilizando-me e veio beijar-me nos lábios.

 

-Entendo. Agente se vê na sala, professor Kiryuu.

 

-Hei, não me chame assim! Eu não gosto!

 

-Lamento Zero, mas vai ter que ser assim. –Yuuki saiu olhando para todos os lados. Eu a segui lentamente com o carro e então entrei no estacionamento da escola. Agora eu teria que fingir que Yuuki era mais uma na multidão. Seria difícil. Uma pessoa perceptiva perceberia meu olhar protetor e amoroso em cima dela. Foi o que aconteceu. Eu entrei na sala e fingi indiferença, fingi que era mais um dia a ser vivido. Uma pena não poder dividir minha felicidade com alguém.

Eu pensei que agüentaria me passar por um simples professor para com Yuuki, equivoquei-me. Durante o intervalo eu a vi com o professor de literatura, tive que me conter para não voar no pescoço do infeliz. Era claro para qualquer um que Yuuki não queria conversar com ele, ainda sim ele insistia. Tentava conseguir uma conversa, um sorriso, um aproveitador! Eu o vi estender algo que Yuuki quis recusar. No fim ela aceitou, certamente para que ele fosse embora. Yuuki olhou o papel e estreitou os olhos. Eu não pensei muito no que faria, apenas me aproximei de Yuuki e peguei o papel de suas mãos. Yuuki me olhou alarmada.

 

-Professor?

 

-Não se preocupe, não estou bravo com você. –Olhei para o papel. Tinha o número de telefone e o endereço, estava destinado a Yuuki. Então eu sabia exatamente o que eu faria, eu faria o professor desaparecer da escola. Eu segui para a diretoria.

 

...

 

-A acusação é grave. –Kaien disse.

 

-Eu sei. Peço que faça o que tem que fazer.

 

-Por que Yuuki se abriu com você, Zero?

 

-Não sei. Talvez por que eu não sou próximo dele. O que fará diante disso Kaien?

 

-Se o professor de literatura está dando em cima de uma aluna, eu irei demiti-lo. –Eu sorri.

 

-Que bom. –Eu me levantei e sai da sala. Havia me livrado de mais um aborrecimento. Mas existiriam outros aborrecimentos, eu sabia. Eu saí da escola após trabalhar. Encontrei com Yuuki no mesmo lugar que eu a havia deixado. Quando vi seu sorriso eu me esqueci de tudo. Os obstáculos existiriam, mas Yuuki estava comigo. Era só isso o que importava. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!