O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 43
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Hey, um capítulo extra para vocês :)
Viu? Eu sou boazinha.



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CAPÍTULO 42 - EU JÁ MEXI MINHA PEÇA, AGORA É A SUA VEZ, QUERIDA.

Ashley releu a carta mais uma vez não querendo acreditar no que estava lendo.

–Isso é pior do que imaginava – ela disse, sem tirar os olhos do papel – Muito pior, muito, muito.

–Ashley, eu sei. – falei – Precisamos fazer algo. A irmã de Olívia pode ser qualquer pessoa nessa cidade.

–Então, temos que falar com os outros...

–Pode ser qualquer pessoa, Ashley – repeti a ela, sibilando.

–Está me dizendo que você acha que pode ser um de nossos amigos?

Eles eram meus amigos também? Eles não haviam se juntado á mim apenas para dar um fim a Maldição? Será que não foi por outro motivo então?

–Estou dizendo que não temos certeza de nada.

–Se é assim, por que me chamou e me mostrou a carta?

–Não sei, acho que confio em você.

Ela deu um sorriso torto e eu a acompanhei.

–Talvez seja por isso que Elas estão tão confiantes – comentou Ashley – Aquela mulher deve estar perto o bastante para ter confiança em sua vitória. Mas, mesmo assim, me recuso a acreditar que ela seja alguém de nós.

–Eu também – disse, me sentando ao seu lado, em minha cama – Só estou pedindo para termos calma. Precisamos investigar.

Ashley confirmou com a cabeça e ficamos em silêncio por alguns segundos, até ela quebra-lo.

–Soube de Olaf, sinto muito – se outra pessoa tivesse falado isso a mim, eu não iria acreditar, mas era Ashley e em Ashley eu acreditava – Como ele esta?

–Eu não sei, na verdade, eu vou ao hospital mais tarde.

–Você parece muito cansada. Conseguiu dormir?

–Na verdade, eu fiquei no meu quarto a noite inteira e quando encontrei a carta já era de madrugada, você demorou a chegar e eu fiquei com medo de fechar meus olhos.

–Me desculpe pela demora, eu realmente demorei a ver que havia uma ligação perdida, o que foi uma idiotice minha.

–Está tudo bem.

–Miranda me contou sobre sua visita depois do que aconteceu com Olaf – ela disse e seu tom de voz não mostrava julgamento, era apenas um comentário, era apenas uma observação. Era isso que gostava de Ashley Oliver – Realmente acha que foi William?

–William odeia Olaf e falou que se pudesse o matava. E ele ainda esta amaldiçoado. Você viu ele com a Jessica, você viu como ele mudou, não viu?

–Ele mudou? – ela perguntou – Tem certeza? Por que eu apenas vi um William tentando ignorar tudo a sua volta e eu já o vi assim antes.

–E Jessica?

–Bem, Jessica está claramente apaixonada por William e ele...

–Por ela.

–Não temos certeza.

–Não há o que pensar, temos que começar a agir. William tem 18 anos agora e a qualquer momento pode tentar matar outra pessoa.

–Alexis, nem sabemos se ele tentou matar Olaf.

–Foi ele – eu disse, firme – Sei que sim.

William

–Ei, vermelhinho – chamei Henry. Ele revirou os olhos, mas se manteve no mesmo lugar. Eu corri em sua direção um pouco mais devagar do que deveria, não apenas por querer irritar Henry, mas porque eu também estava cansado e aquela luz natural de mais um dia escolar não estava me ajudando – A Miller não veio para a escola hoje?

–Sim, ela veio. O tio dela sofreu um atentado e ela vai assistir a aula de matemática normalmente hoje – ele respondeu, entediado.

–Está muito engraçadinho hoje, não é? Bastava um não.

–Não.

–Obrigada, assim está melhor.

Fiquei esperando que Henry fosse embora, fazer alguma coisa que alguém como ele provavelmente faria – talvez jogar dominó -, mas ele se manteve imóvel, apenas me avaliando.

–Bem, se você quer algumas dicas comigo, pode pedir, não fique me secando com esses olhos verdes limo – disse a ele.

–Verdes limo?

–Foi o verde mais feio que eu consegui pensar.

–Você nunca muda, não é? – reclamou.

–Hey, hey, segunda a Miller eu mudei bastante e virei um assassino, você não sabia? Essa foi demais!

–Eu soube – ele respondeu, sério – Ela acusou você.

–Tudo bem, essa é a hora que você ri.

–Por que eu faria isso? – ele levantou uma de suas sobrancelhas, me desafiando. Oh, coitado, eu adoro desafios.

–Por que isso é uma barbaridade terrível, eu nuca faria isso.

–William, hoje é seu aniversário, você é oficialmente um Amaldiçoado. Pode fazer tudo o que não faria antes agora.

–Eu me sinto bem e, melhor, me sinto eu mesmo.

–Só que não está – ele me disse, me dando as costas – Talvez Olaf tenha sido um grande aviso para nós.

–Aviso sobre o quê?

–Que você não é confiável, William.

ALEXIS

–Já vai – gritei para quem quer que fosse, batendo na porta, enquanto colocava uma jaqueta por cima de minha roupa, por causa do frio do final de tarde em Owens. Eu tentaria dispensar rapidamente a pessoa, porque eu estava a caminho do hospital para ver como estava Olaf.

Quando abri a porta, desejei fecha-la no mesmo instante.

–Nem pense em fechar essa porta – William disse – Eu tenho um pé e sei como usá-lo.

–Vá embora agora – eu mandei.

Por fora, eu lançava a ele um olhar corajoso e selvagem, mas por dentro eu sentia medo. Mas mesmo com esse medo, quando ele passou a mão pelos seus cabelos negros, desconfortável, eu quis fazer o mesmo, eu quis passar minha mão por entre aqueles fios. Pareciam tão macios, tão cheirosos...

–Não irei, precisamos conversar – ele disse. Sem que eu pudesse impedir, ele entrou em minha casa e me encarou. – Eu quero conversar com você sem toda a agitação do momento.

–Agitação do momento, William? Tentaram matar meu tio!

–Ah, agora você não está mais me acusando? Está levantando a possibilidade que eu não tenha nada a ver com isso?

–Você me disse que se pudesse mata-lo, você o faria.

–Miller, se eu fizesse metade das coisas que eu falo, ou estaria endividado ou morto. Bem, eu não tenho dividas e estou bem. Já tem sua resposta.

–Não acredito em você.

Ele realmente pareceu ficar chateado com minhas palavras. Seus olhos pareciam sem foco, como se ele pensasse em alguma coisa para falar.

–Ultimamente isso é o que tenho escutando com mais frequência – disse por fim – Até mesmo Miranda, me olha diferente.

Eu permaneci calada.

–Sabe, eu acho isso uma droga. Eu sempre fui apenas William, só William – ele continuou – Todos riam comigo, todos contavam coisas para mim, todos me olhavam nos olhos. Ninguém faz nada disso comigo agora, nem você.

–Por que achou que comigo seria diferente?

–Bem, desde o começo achei que quando chegasse a hora dos meus tão horríveis 18 anos, você não ligaria. Eu nunca fui uma pessoa muito legal com você, mas mesmo assim, você sempre me tratou como um igual. Me desafiava, me provocava e eu gostava disso.

–Não é você que está ai, William. A Maldição está mudando você.

–Droga, sou eu mesmo. Eu continuo ouvindo Metallica, eu continuo comendo tacos de sorvete, eu continuo desenhando. Acredite, se a Maldição tivesse me afetado como dizem, eu nem ligaria mais para nada do que me era importante antes.

–Como você sabe disso?

–Eu vi meu pai morrer e matar a minha família, sei mais do que imagina.

–William, eu não sei se posso confiar no que diz.

–Olhe nos meus olhos, Miller, e veja se eu conseguiria matar Olaf – ele segurou em meus ombros e fez com que eu o encarasse. A cor azul de seus olhos estava mais forte e pareciam tão verdadeiros.

–Eu não conheço você. – disse, depois que ele me largou.

–Então, pare de ficar ai, me julgando. – ele disse – Aprenda a me conhecer.

–E se você não for você? E se esse William que estou vendo agora for o da Maldição?

–Ás vezes, na vida, temos que arriscar mais do que estamos dispostos. E temos que aceitar a derrota quando ela vem, assim como temos que comemorar a vitória.

–Esta me pedindo uma chance de provar que continua o mesmo? É isso?

–Não consegui pensar em qualquer outra coisa o dia inteiro. Por isso vim aqui, depois da aula. Não se preocupe, vou fazer esse pedido a todos os outros também.

Eu o encarei por alguns segundos, tentando decidir qual seria a resposta certa a dar. Só que era uma decisão complicada, uma vez que eu ainda sentia um magnetismo estranho perto do Hãnsel.

–Tudo bem, você tem o benefício da duvida.

Ele riu como uma criança e eu quase ri junto.

–Isso sim é presente de aniversário. – ele comentou.

–Bem, deveria dar os parabéns a você agora?

–Não, você deveria me dar um presente – ele respondeu – Eu quero algo legal de aniversário.

Talvez ele não tivesse mudado tanto, afinal.

–Sabe, você....

A fala de William foi bruscamente interrompida, pelo barulho de vidros sendo quebrados no que parecia ser vindo da cozinha. O Hãnsel olhou em minha direção e eu olhei na dele. Quando o silêncio ficou quase desesperador, nos começamos a ouvir passos.

Eram passos pesados e pareciam já estar vindo pelo corredor, em direção a sala. Cada segundo que aquele barulho se aproximava de nós, mais eu prendia a minha respiração.

Quando eu finalmente vi de quem eram os passos, eu congelei em meu lugar.

William me puxou para fora da casa e me colocou atrás de seu corpo, seu cheiro era bom, me lembrava lavanda. Mas nem mesmo aquele cheiro livrou meus pensamentos da figura estranha e horripilante que eu via em minha frente.

–Fique parada – William sussurrou – E quando eu falar para correr, você corre.

Eu apenas acenei, confirmando.

E então, sem mais nem menos, a Aberração – uma das criações mais horríveis das Bruxas da Maldição – correu em nossa direção.


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