O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Hey.
Primeira coisa que tenho que dizer é ''AH, MEU DEUS, ANA FLÁVIA, OBRIGADA POR SUA LINDA RECOMENDAÇÃO, EU GRITEI AQUI E ESSE CAPÍTULO É TODO SEU''
Outra coisa, é que quero saber qual a opinião de vocês sobre a história, o que acham que poderá acontecer em breve, suas expectativas etc...
Outra coisa, uma dica, o poder da Alexis não se resume a ''ver gente morta''. Vai um pouco mais além. Mas sou má e não falarei assim, na cara (risos)
Boa leitura.



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CAPÍTULO 33 - UMA NOITE LONGA

–O quê? - a aparente felicidade de William Hãnsel, tinha sumido completamente. Agora seu rosto demonstrava raiva e preocupação. - Elas foram para casa. Ninguém as acompanhou?

–Brad - Ashley respondeu - Ele disse que as deixou bem e seguras em casa.

–E não ficou com elas?

–William, Miranda é uma bruxa.

–Miranda é um bruxa muito fraca, quase não tem poder. Nunca mais os usou também. Brad não deveria ter feito algo assim. Ele não poderia deixa-las.

William chutou a cadeira, ao lado da minha cama e eu o fitei. Sem dúvida ele estava nervoso. Passava a mão entre seus cabelos negros e andava de uma lado para o outro com uma fúria incontrolável nos seus sempre divertidos olhos azuis.

Eu nunca havia visto William Hãnsel assim e eu não queria mais vê-lo daquele jeito.

–William, se acalme, quebrar a cadeira não vai resolver nada. - disse, tentando fazer ele voltar para a realidade. Percebi meu fracasso quando seus olhos cruzaram com os meus. O William Idiota Hãnsel havia voltado e algo me dizia que iria demorar para ir embora.

–Miller, você não sabe de nada. Não sabe o que pode ou não resolver alguma coisa. Sabe, por que elas foram capturadas? Porque você foi idiota o suficiente para acreditar no seu tio e ir atrás dele para se desculpar. E ai aconteceu tudo o que aconteceu. Avisamos para você que deveria ficar em casa e você sempre desobedece. Não consegue perceber que isso aqui vai muito além de seus caprichos? É a vida de muitas pessoas que está em jogo.

–William Hãnsel, estou apenas tentando ajudar.

–Então, por que não resolve isso tudo? Você é a Híbrida. Seja a Híbrida e nos salve. Faça alguma coisa, que não seja precisar de ajuda.

–Eu não sei como.

–Então, pelo visto eu só perdi meu tempo indo te tirar daquela prisão, não é? - e saiu do quarto. Qual o problema de William Hãnsel? Ele me beija e me fala coisas legais e depois me culpa por tudo, como se eu que escolhesse isso.

Eu não escolhia.

Eu era a vítima.

Tentei me levantar da cama e ir atrás do Hãnsel, mas Ashley prontamente me impediu.

–Negativo, senhorita - ela me disse - Isso é assunto nosso.

–Eu tenho minha parcela de culpa. Deixe-me ajudar.

–Não ligue para as palavras de William - ela falou, com um pequeno sorriso sincero nos lábios - Ele quer ferir alguém, mas do que sem dúvida deve estar se ferindo.

–Temos que ajudar elas.

–E vamos - assegurou - Mas não você, Alexis. Isso está mais que óbvio. Elas querem atrair William.

–Mas por quê? Elas não deveriam esperar pela Maldição?

–E vão - ela respondeu - Mas elas odeiam William mais que tudo. Enquanto você dormia, fiquei pensando. Elas já devem saber sobre você, Alexis. Talvez queiram ter William preso, com elas, para se assegurar que a Maldição reinará e que você não fará nada para ajudá-lo. Acho que elas estão tentando imobilizar tanto você quanto Sophie.

–Você acha?

–Quase certeza.

–O que podemos fazer?

–Nós vamos impedir William de cair nesse plano e vamos tentar salvar Miranda e Sophie. Você ficará quieta. Não fará nada.

–Nada?

–Alexis - ele apertou minha mão com força -, ninguém nunca escapou de uma prisão mental, não sabemos o que isso pode significar. Talvez haja sequelas, talvez você fique mal, precisamos ter certeza que está bem. Por isso pedimos que o Sr White fizesse você permanecer mais uma semana aqui.

–O quê? Uma semana? Eu estou bem, eu me sinto bem - retruquei furiosa - Nos duas sabemos que não foi você quem teve essa ideia, não é mesmo? Foi a Horda.

–Eles querem o melhor...

–Eles querem atrapalhar tudo, isso sim. Fale pra eles quando voltar, que estão conseguindo.

–Alexis...

–Eu quero ficar sozinha - deitei na cama e fitei a parede. Escutei, quieta, a porta abrir e fechar. Ótimo, estava sozinha.

–Que droga - falei - Eu não vou ficar aqui, não vou mesmo. Ninguém pode impedir um Miller, quando o mesmo está decidido, ninguém. Quero ver quem vai tentar.

...

–Alexis - Jade correu até minha cama e me abraçou forte - Pequena garota, você me assustou. Se bem que seu coma foi quase como um sono básico e normal, não é?

–Um pouco mais assustador, eu diria - falei para ela.

Olaf, que até então segurava uma caixa cheia de coisas que eu não fazia ideia do que seriam na porta, se aproximou.

Ele colocou a caixa em cima da minha cama e me fitou.

–Garotinha, você quase me matou - ele deu um risinho - Eu sinto tanto Alexis. Por ter te ignorado, por...

–Está tudo bem, Olaf - eu ainda estava triste pela conversa que Olaf havia tido com as Aberrações, mas eu era teimosa, eu era uma Miller e eu acreditava em meu tio. Só que agora, não totalmente. - O que tem na caixa?

–Me deve dez dólares, Jade - meu tio disse a sua acompanhante - Ela perguntou antes de cinco minutos.

–Que droga, poderia ter esperado só mais um pouquinho, senhorita Miller? - ela fingiu um careta furiosa, mas eu sabia que estava feliz. Jade era estranha. Havia chegado a pouco tempo e já gostava tanto assim de mim?

–O que tem? - repeti, ainda curiosa.

–Quando você ficou em coma, eu meio que surtei - Olaf olhou para a caixa e depois me fitou - Eu tinha que ocupar minha cabeça, então fui remexer no sótão.

–Temos um sótão?

–Temos.

–Por que eu nunca soube?

–Porque você nunca me perguntou - ele deu de ombros e continuou - Onde estava? Ah sim, eu remexi no sótão. Mamãe, eu percebi, não tinha coragem de se desfazer de nada. Acredita que as coisas que eu tinha no meu quarto, quando era um adolescente, estavam lá? E melhor, acredita que suas coisas, as coisas do seu quarto quando era um bebezinho, ainda estavam lá?

–Está brincando, Olaf?

–Não - ele riu junto comigo. Era bom rir com Olaf novamente - Trouxe algumas coisas para você ver. Olha isso aqui era a sua caixinha de música favorita - ele me entregou uma caixa bem pequena, que quando aberta tocava uma música calminha, para dormir possivelmente - E esse era o mantinho que você não conseguia dormir sem - ele então me entregou um manto vermelho com detalhes em dourado, enquanto eu colocava a caixinha de música ao meu lado, na cama.

–Eu tinha um mantinho? Sempre achei isso idiota.

–Então, se considere uma pessoa idiota, porque eu me lembro muito bem, se você não dormisse com esse negócio velho ai, chorava até eu começar a chorar também.

Eu ri junto com Jade.

–Isso aqui era o que você mais amava, na minha opinião. Mas não era só você. Era você e a mamãe - ele me entregou um pequeno quadro todo detalhado em madeira polida. O quatro mostrava uma pequena casa, a beira de uma linda e desconhecida praia. Parecia o tipo de lugar que qualquer pessoa sonharia em estar.

Eu o observei maravilhada. Era tão familiar e ao mesmo tempo tão desconhecido. Isso seria possível?

– Você e sua avó o adoravam. Gostavam de falar que era o lugar de vocês. Me lembro que a sua avó dizia ''Esse é o melhor lugar do mundo, Olaf, vamos morar um dia lá, é o nosso lugar favorito, meu e da Alexis''. A pequena Alexis Miller não sabia nem falar, mas de alguma maneira entendia. Você sempre balançava a cabeça concordando. - a nostalgia era evidente nas palavras de meu tio.

–Alguma vez nós chegamos a ir nesse lugar?

–Nunca - ele respondeu - Mamãe morreu antes.

–Obrigada - disse para ele e abracei o quadro - Eu vou adorar tê-lo comigo.

Ficamos assim - vendo várias velharias e lembrando de histórias estranhas e engraçadas - por alguns minutos, até uma enfermeira entrar e informar que o horário de visita havia se esgotado. Olaf e Jade foram embora mais rápido do que eu desejava, mas ficaram tempo o bastante para me fazer sorrir. Eu tive uma vida boa, tive uma família boa, lembranças boas, mas tudo isso poderia acabar com o fim da cidade. Muitas pessoas poderiam morrer, porque a cidade estava morrendo. Ashley, uma vez me disse, que se a cidade morre, é como se puxasse junto as pessoas. Tudo pode acabar com uma explosão, ou um buraco que puxa os habitantes para seu centro, algo assim. Algo que mate e deixe rastros.

Agarrei o quadro de minha vó em meu braços e desejei que ela estivesse comigo.

Quando a madrugada chegou e eu me recusei a dormir, percebi que estava com medo. Estava com medo de voltar para aquele lugar, na minha cabeça, ver gente morta e chorar pedindo para ser salva novamente. Então, fiquei assim, por algumas horas, apenas fitando o teto.

William não voltou para me pedir desculpas e isso era uma grande idiotice da parte dele. Me culpar por algo que eu não tinha culpa. Ashley também não voltou, na verdade, ninguém - depois de Olaf e Jade - veio me ver, até mesmo o Sr White. Estava me sentindo sozinha e acho que parte de mim também tinha medo da solidão.

Escutei passos no corredor e espantei meus devaneios rapidamente.

Quando os passos pararam, a porta de meu quarto se abriu devagar. Fechei meu olhos com força e fingi que estava dormindo.

–Então é verdade - uma voz feminina falou baixo, mas eu consegui ouvi-la bem - Alexis Miller saiu da prisão.

–Eu disse - o Sr White falou e eu me arrepiei. Ele sabia da prisão? Eles sem duvida pareciam saber que eu estivera presa dentro da minha cabeça. Então, isso só poderia significar... - As Bruxas têm que entender que não tive culpa alguma. Quando o garoto de cabelos vermelhos veio me pedir mais um tempo com ela, pensei que estava armando alguma coisa, mas não sabia que teria êxito. É uma prisão mental, as pessoas não escapam.

–Eu sei e para sua sorte As Bruxas também sabem. - percebi que mulher havia dado alguns passos em minha direção e controlei minha respiração descompensada - Ela é tão patética. Ainda não sei por que as Bruxas não entram nesse hospital e a matam de uma vez. Que chance ela teria?

Gelei. Era verdade, que chance eu teria?

–Você se esquece, Samantha, que ela é uma Lancaster - o médico, que agora eu duvidava que fosse até mesmo médico, falou calmamente - A Senhora não a mataria assim. Ela á filha de Olívia, querendo ou não.

–Ah, sem peninha agora - Samantha bufou - A Senhora, matou a própria irmã. Por que não matar a filha também?

Como assim? Olívia? Olívia havia sido morta pela irmã? Ah, Céus, que confusão eu estava metida?

–Não sei e não é da minha conta - o Sr White se esquivou de responder a essa pergunta - Fale de uma vez. Elas mandaram você aqui apenas para ver a garota?

–Não, mandaram eu te avisar que haverá uma pequena reunião com algumas pessoas amanhã. Uma delas é você.

–Posso saber sobre o que é?

–Não sei ao certo, mas tem a ver com as capturadas e William Hãnsel. Talvez tenha a ver com essa daqui também, mas ai eu não tenho certeza. Apenas um palpite.

–Certo, eu irei quando a noite cair, ao final do meu expediente. Agora, é melhor você ir Samantha, antes que ela acorde.

–Seria divertido se ela acordasse. Adoraria fazê-la dormir para sempre, dessa vez - então a mulher saiu rindo do quarto e o Sr White a acompanhou.

–Merda - sussurrei no escuro.

Depois desse acontecido, eu chamei as enfermeiras pedindo um pouco de água, depois de jogar a minha pela janela. E enquanto Kátia, uma das minhas adoráveis enfermeiras, enchia meu copo novamente, eu perguntei ocasionalmente sobre o Sr White. Ela, sem ligar muito, falou que ele já havia ido embora, mas que voltaria pela manhã bem cedo.

Quando ela fechou a porta atrás de si, eu sai da cama - sentindo um grande cansaço e frio, mas me mantendo firme em meu propósito - e liguei a luz.

Eu precisava pensar, precisava pensar em alguma coisa. O quadro estava jogado em cima da cama e por mais que eu quisesse abraço-lo e dormir, eu não conseguiria.

Liguei para Ashley várias vezes, com o aparelho que Olaf havia me dado em sua última visita - disse algo como ''Você está em um hospital, precisa se divertir, garota''´- e ela não me atendeu em nenhuma das vezes. Liguei para todos, menos para William, e todos também me ignoravam.

''Talvez estivessem dormindo'' Mas eu duvidava.

Quando eu finalmente liguei para William, foi Jessica quem atendeu.

–Ah, oi, Alexis - ela disse.

Mas que diabos ela estava fazendo com o celular dele?

–Oi, Jessica, como vai? - sorri falsamente, mesmo que ela não pudesse me ver - Preciso de ajuda.

–Ah, olha, eu sei que é difícil dormir depois de acordar de um coma terrível, mas realmente não podemos te ajudar a dormir - ela falou e eu escutei um barulho. William disse algo como ''Desliga esse celular e vem, Jessica, rápido''. - Então, durma bem e não se preocupe, nada acontecerá.

Ela desligou e eu nem pude falar mais nada.

Os pensamentos que me levavam a imaginar Jessica e William juntos, não me atormentaram tanto, afinal eu sabia que William era desse jeito. Isso mesmo, idiota. O que me atormentou foi saber que o Sr White estava me vigiando e pior, a mando das Bruxas.

O que eu faria?

Foi ai que uma ideia me ocorreu.

William disse eu não fazia nada para ajudar? Pois agora eu faria.

Eu iria seguir o Sr White manhã, iria até onde aconteceria a reunião das Bruxas e salvaria Miranda e Sophie. Parecia um bom plano.

Isso, isso mesmo, era um bom plano.

Eu não seria mais a vítima, que precisava ser salva sempre, eu seria a salvadora. Eu iria ajudar pela primeira vez. Ah, sim, eu iria.

Dormi arquitetando o plano.

Pena que os sonhos voltaram junto com minha confiança.

''Alexis Miller, desista dessa idiotice imediatamente - o Sr Avery mandou raivoso - Você quer morrer, é? Pois uma coisa eu lhe digo, não é nada maneiro, como vocês falam hoje em dia. É uma chatice. Então, desista já, garota. Quem você pensa que é?

Revirei os olhos, no meio do salão onde sempre encontrava a Horda dos Sete.

É, pelo visto, seria uma longa noite.''


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Notas finais do capítulo

E ai?



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