O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi, então...
Esse capítulo está grande, porque quando eu o escrevi era madrugada ( e eu simplesmente amo madrugadas, e me inspiro a escrever ou fazer qualquer coisa, melhor nelas)
Espero que gostem de capítulos grandes kkk Mas não está muiiito grande.
Ah, Giovana Carlesso sua linda obrigada por seus comentários, Gabriel você também ( acho que você sabe kk ), obrigado á todos pelos comentários, serio.E, Raquel linda, esse capítulo é todo seu.Pela sua recomendação P E R F E I T A.
Até mais.



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CAPÍTULO 13 - EU ATÉ GOSTAVA DE PRETO

Eu não queria palavras de conforto, não queria ouvir lamentações, não queria mentiras.Eu apenas queria ficar sozinha e rever meus conceitos.

Como tudo pode mudar tão rápido?

Maldita cidade!Maldita Owens!

Eu queria achar culpados, e acabei descontando em Owens.A única parte disso, que não tinha culpa alguma.

Eu me tranquei no quarto que tinha acordado, poucas horas atrás.O quarto parecia o mesmo, tirando o fato de que agora, estava arrumado.

Abaixo de meu choro, eu ouvia a chuva cair lá fora.Era como se Owens estivesse sentindo o que eu estava sentido.Frio.

Eu fui até a janela e observei a água caindo e molhando o vidro.Eu deveria estar realmente mal.Nunca tinha observado a chuva assim, nunca mesmo.

Como eu iria encarar Olaf agora?Eu queria encarar Olaf agora?

Isso doía tanto e me senti fraca.Eu não conseguia ser forte, por mais que tentasse.

Desisti da chuva e me joguei na cama.Eu queria dormir, queria esquecer, queria acordar e estar de volta ao meu quarto, e ficar irritada por isso tudo ter sido apenas um sonho e também feliz pelo mesmo motivo.

Mas por mais que eu fechasse e abrisse os olhos, várias e várias vezes, aquilo não passava.

Não era um sonho.

Fiquei assim por mais alguns minutos e decidi que queria encarar tudo, eu poderia até chorar depois, mas queria saber mais sobre minha vida, sobre Owens, sobre a maldição, sobre bruxos, sobre tudo.Minha curiosidade, ganhou a tristeza.Eu queria saber e eu ia saber.Mas não agora, eu primeiro tinha que voltar e olhar para o rosto divertido de Olaf.Eu queria vê-lo pela primeira vez com outros olhos.

Estava pronta para abrir a porta quando uma sonora batida na mesma, ecoou pelo quarto abafado.Como estava perto, abri a porta quase que na mesma hora.

– Uau, que rápida - o garoto em minha frente comentou - É assim que gosto.Bateu, abriu.

– O que quer William?Eu já estava de saída.

– Com essa cara de choro?Que tal lavar o rosto antes?

– Que tal você sair da minha frente e me deixar em paz?

– Olha eu sei que fiz mal em contar, mas eu acredito na verdade, apesar de tudo.Eu achei que deveria saber.

– Quer que eu agradeça?

– Seria ótimo.

– Obrigada por me dar uma notícia dessas, William.Uma bela notícia dessas.

– Não seja sarcástica comigo, Miller.Eu não gosto disso.

– Você é frio e eu não gosto disso, você faz piadinha com tudo á sua volta e eu não gosto disso, você esfrega a verdade na cara das pessoas e eu não gosto disso.Mas você para?

– Eu nem sabia que você não gostava de tudo isso.

– Agora vai parar, por acaso?

– Provavelmente, não - ele sorriu - Mas é bom saber essas coisas.Quando eu quiser, posso irritá-la mais com isso, seria divertido.

Bufei.

– Era só isso?Porque se for, adeus, William.

– Não era só isso, nem era isso para ser sincero - ele endireitou a postura - Eu...eu..eu..

– Dá para falar de uma vez?

– Eu...quer dizer, nós.... Ashley mandou perguntar se você está bem.

– Era isso? - revirei os olhos - Estou bem como uma garota que acabou de descobrir que quase tudo o que sabia era mentira, é que na verdade seu tio é seu pai e seu pai é seu tio, deveria estar.

– Uau, falando assim até complica um pouco mais a situação.

– Acho que já é complicada o suficiente.

– Concordo.Você estava indo para onde? - William ainda não tinha entrado no ''meu quarto'' e eu também não convidei.Eu confesso que não estava nem ai para os bons modos.Que se dane.Minha avó ficaria raivosa e...Ah, a minha avó.Porque escondeu tudo isso de mim, vovó? - Miller, está ai?William chamando Miller?Poderia fazer contato? - nem percebi que estava mergulhada em meus pensamentos, até William começar a acenar em frente ao meu rosto.

– Cala a boca.

– Pelo menos o contato foi estabelecido - ele riu - Vai atrás de Ashley?

– Vou falar que quero voltar para a minha casa.

– Nova Iorque é meio longe...

– Estou falando de minha casa em Owens.

– Com o Olaf?

– Não, com o príncipe encantado, lógico que com Olaf.

– Gostei do senso de humor, garota.É assim que se faz, mas tente com Henry ou Brad, comigo fica sem graça.

– Só você pode?

– Como adivinhou?

– Sai da minha frente, vou falar com Ashley.

– Eu vou com você - nem mesmo olhei para ele e continuei andando.Eu não sabia para onde ir, era tudo mundo igual, mas eu não ia pedir ajuda a William.

Dobrei em um corredor, em outro, e mais em alguns.Droga.

William forçou uma tossida atrás de mim.

– O quê? - parei e encarei o garoto.

– Se pretende chegar a lugar nenhum, está indo na direção correta, agora se quer ir para a sala de estar, onde provavelmente Ashley está, você não deveria continuar andando nessa direção.

– Então que direção eu devo seguir, mestre William?

– Adorei isso de mestre William.Combinou, não acha? - meu olhar deveria ser assassino, pois ele tirou o sorriso da cara e ficou mais sério - Me acompanhe.

Seguimos por outra direção e a sala de estar parecia nunca chegar.William não falou mais nenhuma palavra e eu também não.Enquanto andava no corredor com passos leves, eu percebia o espaço.A parede era branca e parecia muito limpa, quase da cor do algodão.Alguns quadros que estavam pendurados nela, eram muito bonitos e outros bem estranhos, mas eu tinha certeza, ambos eram caros.Havia muitos quartos e todos vazios, no entanto estavam arrumados, de qualquer maneira.Era um lugar bem grande para estar embaixo de uma simples biblioteca.

Finalmente William parou em frente á uma porta dupla detalhada, e me olhou de lado.

– Encontramos o tesouro - ele anunciou - Entre. - E então abriu as portas.

Esse comodo era um dos mais bonitos que eu já havia visto em minha vida.Ele era muito bem iluminado, as cores pareciam um pouco mais alegres do que no restante da casa e os móveis estavam mais espalhados.Ao redor havia muitas estantes cheias de livros, ou vasos, ou retratos, e no centro da sala se encontrava um sofá bege com outro um pouco mais escuro, mas da mesma cor ao lado; também havia uma mesinha por perto onde estava um bule e algumas xícaras, juntamente com uma bandeja de biscoitos.

Todos estavam ali e todos me encaram quando entrei.

– William, você conseguiu tirar Alexis do quarto?Como? - Georgia largou a xícara que segurava na mesa.

– Tenho uns truques e...

– Ele não tem nada a ver com isso, eu quis sair por que quero voltar para casa.

– Mas Olaf... - Ashley se levantou.

– Eu aguento - garanti - Olaf é meu tio, e biologicamente pode até estar errado, mas é o que ele é pra mim.

– Sempre achei que seria forte - Henry sorriu -, mas não imaginei que seria tão rápido. - Agora ele tinha feito uma careta muito fofa e confusa.

– É, eu também não. - Ashley concordou.Jessica revirava os olhos a cada palavra que dizíamos e Gabriel apenas me analisava, enquanto Brad conversava entre sussurros com William, que nem tinha percebido que não se encontrava mais ao meu lado.

– Então eu passei aqui para dizer que eu já vou embora e até um dia - me virei, mas só dei alguns passos até uma mão segurar meu braço e me impedir de continuar.

– Não pode ir sozinha - Ashley apertava de um jeito firme meu braço, porém sem muita força - É perigoso.Se nós temos quase certeza que você é a hibrida da maldição, Elas também devem ter.E acredite, não vão querer esperar muito tempo para ter certeza disso.Não farão perguntas, apenas a matarão como garantia.

– Que ótimo - exclamei - Ainda tem mais.Tem pessoas que querem me matar também?Tem como ficar melhor?

– Na verdade, até tem - William parou de falar com Brad e olhou em minha direção -, mas é história para outro dia.

– Alexis... - Ashley me soltou

– E quem são Elas?

– São bruxas descendentes da bruxa que lançou a maldição, e também pessoas que as ajudam.Desde que a maldição foi lançada, elas vigiam tudo.Elas não querem que a família Hãnsel escape disso, querem garantir que isso não aconteça e elas tem poder para tal.

– Mas eu quero ir embora, não vou ficar aqui para sempre - resmunguei

– Eu posso...

– Eu a levo - William cortou a fala de Henry - Eu já estava indo para casa mesmo, posso dar uma carona.

Ashley sorriu e Jessica apenas o encarou sem expressão alguma.Eu não prestei atenção em mais ninguém.

– E por que faria isso? - Jessica bebericou seu chá.Eu acho que era um chá, pelo menos era meu palpite.

– Porque sou uma pessoa excelente - William sorriu de uma forma totalmente encantadora para Jessica, que ficou paralisada.Até mesmo ela, se derretia por William Hãnsel - Adoro ajudar os necessitados.

– Mas eu não... - eu já ia me entrometer e cortar seu barato, mas fui interrompida.

– Perfeito.Assim está ótimo - Ashley se virou para mim - Irá com William e ficará em sua casa.Mandarei alguns amigos do meu pai para manter a segurança, e por favor Alexis, não saia de casa.Não essa noite, combinado?

– Droga, eu já tinha até marcado de ir em uma festa - falei irônica.

– Tá aprendendo isso com o Will, é? - Brad se pronunciou e o moreno não falou nada sobre a menção do apelido, até sorriu - Corrompendo a menina, Hãnsel?

– Alguém tem que herdar meus encantos - os dois sorriram um para o outro.

E eu paralisei.

Brad era gay e ele e William pareciam muito próximos, será que...?

– Então está combinado, Alexis irá com William - Ashley disse.

– Vou buscar as chaves do carro - William falou - Onde estão, Brad querido? - Brad querido? Sério?

– Em cima de uma das mesas do corredor, William querido - Ai caramba, será...?

William saiu da sala e eu encarei Brad.Sério mesmo?Não que eu não gostasse de Brad, ou que já não tivesse visto um casal gay na vida, era só que sei lá...eu estava incomodada com alguma coisa.Com o quê?

– Ashley - chamei e ela me deu atenção -, não precisava ter mandado o William perguntar se eu estava bem.Por que você mesma não foi?

– O quê? Do que você está falando? - ela tinha a dúvida presente no olhar - Eu não mandei William fazer nada.

Eu estava prestes a falar mais alguma coisa, porém William entrou na sala novamente.

– Vamos? - falou

– Vamos - confirmei.

– Ah, Alexis - Henry me chamou.

– Sim?

– Eu vou ligar mais tarde para você. - pude ver pela visão periférica, William revirando aqueles olhos cor de safira.Ah sim, finalmente achei algo que o descrevia.Safira.

– Mas a Jessica acabou com meu telefone.

– Ah, que pena - Jessica parecia se divertir com a própria fala - Eu sinto muito, por ter acabado com aquela velharia que você chamava de telefone.

– Tudo bem, ligo para o número da sua casa - Henry sorriu

– Tem o número?

– Todos temos, querida - informou a menina que não gostava muito de mim.Nenhum pouco, pelo visto.

– Como...?Quer saber, esquece.Não quero saber - disse

–Uau, alguém gravou isso?Acho que a Miller nunca mais vai falar algo assim novamente - William sorriu divertido, acompanhado de quem?Brad, é claro, sempre Brad - Vamos de uma vez.

– Ei, não esquece de falar para Miranda que quero aqueles biscoitos de novo - Brad lembrou enquanto passamos pela porta.

– Pode esquecer, são só meus - William avisou

– Maldito.

– Também gosto de você.

– Tome cuidado - Brad desejou.

– Sempre - e então eu e William saímos da sala.

Enquanto William andava em minha frente, eu encarava suas costas.A camisa cinza deixava apenas partes do braço á mostra, mesmo assim os músculos eram visíveis.Não eram muitos, em excesso.Não eram poucos também.Eram perfeitos.

Será que ele e Brad estavam juntos?A quanto tempo?Como se conheceram?Todos sabiam desse romance?

– Não gosto quando você fica calada por muito tempo - William não se virou para me encarar - É pior do que quando você não cala a boca.

– Devo levar isso como um elogio?

– Não sei, mas também não é uma ofensa.

– Qualquer coisa pode virar uma ofensa saindo de sua boca.

Ele parou e me encarou

– Nunca parei para pensar nisso e talvez tenha razão - seu olhar parecia aflito - Pena que não me importo o suficiente para me preocupar - e então sumiu, e o sorriso voltou para aqueles lábios.Ele continuou a andar e eu também.

...

Não chovia mais quando entramos no carro e William colocou uma música calma e desconhecida também.

Enquanto adentrávamos algumas ruas, apenas aquela canção imperou pelo automóvel e eu me senti desconfortável.Sem falar que, não gostava de andar de carro, o que só prejudicou minha situação

– Brad parece muito legal - eu disse sem nem pensar e quebrei o silêncio entre nós.Droga, que ótimo.

William me olhou rápido, de um jeito confuso, e por um momento achei que ele apenas iria me ignorar.

– Ele é a pessoa mais legal que eu conheço - falou.

– Vocês se conhecem á muito tempo?

– Tempo de uma vida - ele não me olhou - Conheço ele desde quando eu era uma criança boba e assustada.

– Você sabe, o Brad é...?

– Gay?- completou - Sim, eu sei.Isso o torna ainda mais divertido.

– Vocês... - eu não sabia como dizer ''Vocês estão juntos?''

– Nós o quê? - eu não queria falar mais nada e encontrei o que precisava para sair daquela conversa.

– Por que você acabou de passar da minha casa?É aquela ali - apontei

– Eu sei onde fica sua casa, ou pensa que eu não via quando olhava curiosa para a minha? - corei - Eu apenas quero passar antes na minha casa e pegar uma coisa, e depois te levo.

– Não pode me levar primeiro?

– Ops, acho que já passei da sua casa - ele não parecia nem um pouco arrependido - Deixo você depois.

A única coisa que me restou foi ouvir a música e xingar William e todos as suas gerações futuras.

...

– Não mexa em nada, não toque em nada, não respire em nada - William me avisou enquanto subíamos os degraus da sua casa.

– Eu não sou um animal, William, sei me comportar - me defendi

– Mas é Alexis Miller, a rainha do ''Mas por quê...?'', e não quero arriscar.

Ele tirou a chave do bolso e abriu a porta.

A casa era bem maior que a minha e tudo parecia muito caro, até mesmo o copo que estava em cima de uma das pequenas mesinhas espalhadas pelo local.Eu apenas estava no primeiro comodo, mas dava para ver que os outros deveriam ser muito melhores.A escada estava bem perto da entrada e os sofás combinavam tanto entre si, quanto com a casa.Havia flores por todos os lados e o cheiro no ar era doce, nem parecia que William morava ali.Tudo era muito bem arrumado.

– Fique aqui, eu já volto - ele subiu as escadas e desapareceu.

Eu olhei meu melhor o comodo.Havia um abajur gigante no meio da sala e um lustre de cristal brilhava lindamente em cima dele.Do outro lado do comodo havia uma estante cheia de retratos e tomada pela curiosidade, me dirigi até lá.

A maioria das fotos era de William.William pequeno, William adolescente, William sorrindo, William fazendo careta e até correndo feito um fugitivo.Ele parecia feliz quando criança.Tinha os mesmos cabelos negros, só que um pouco mais claros, e os olhos azuis pareciam mais brilhantes em contraste com a pele mais pálida.Mas uma foto em particular me chamou atenção, uma foto que parecia escondida entre as demais.

Nela, uma garotinha de cachos loiros e olhos azuis sorria com muita felicidade, tendo logo atrás de si, um homem de cabelos negros e com os mesmos olhos azuis, muito parecido com William, segurando seu ombro.Ao seu lado encontrava-se uma mulher loira com olhos escuros que segurava um pequeno bebezinho em seu colo.Embaixo podia ser ler Família Hãnsel.

Era a família de Will.

– Uma linda família, não é mesmo?

Assim que me virei meu olhos se focaram em uma mulher com feições conhecidas.

Uma mulher vestida inteiramente de preto, dos pés á cabeça.A mulher que vi no mercado, a quem dei o nome de Mulher de preto.


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Notas finais do capítulo

E ai?
Gostaram?
Comentem....Recomendem...sinais de fumaça, talvez...Qualquer coisaaaaaa



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