Me perdoa - Dramione escrita por Grind


Capítulo 5
Capítulo 5 - Não por falta de aviso




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Me Perdoa - Dramione / Capítulo 5 - Não por falta de aviso

Draco Malfoy

– Emily, posso te fazer uma pergunta?

Ela balançou a cabeça em positivo.

– A sua mãe te parece feliz?

Ela franziu o cenho, parando de forma pensativa

– Acho que sim.

– Vocês falam de mim?

– Não - Seus ombros caíram - Ela procura evitar colocar você na conversa. Não importa quantas vezes eu insista.

– Mas... Ela não se altera muito não é? É, por exemplo, quando se toca no assunto?

– Na verdade ela se controla, mas como eu conheço mamãe direito, ela fica bem nervosa sabe? Ela fica sem jeito, acho que ela não sabe muito bem o que dizer.

Fechei os olhos tentando imaginar a cena, assistir Hermione Granger sem jeito quanto ao um assunto era realmente uma cena rara de se ver e de certa forma intrigante, mas ainda assim apaixonante.

– Seu pai passa na casa de vocês com frequência?

– Ele tenta, mas ela logo coloca ele pra fora. Menos as segundas.

Bufei enquanto revirava os olhos, a insistência de Weasley me dava dor de estomago.

– Você e a mamãe... Fizeram as pazes? - Seu tom era de receio

Eu cocei a nuca incomodado, o que Hermione e eu tínhamos conversado não era exatamente ‘fazer as pazes’.

– Eu ainda estou dando um jeito nisso, sabe como ela é teimosa.

– Eu gosto da ideia de ter dois pais – Ela pulou com um sorriso no rosto apoiando as mãos pequenas na minha perna – A família fica maior não é? Eu sempre gostei da ideia de famílias grandes! – Exclamou com os olhos brilhantes.

Seria até uma reunião engraçada, juntar a família Weasley, Granger e Malfoy. Eu adoraria ver como seria depois que Cenoura bebesse algumas, certamente acabaria com nós dois no tapa. Hermione brigaria tanto comigo quanto com ele, jogaria na cara nossa infantilidade e como éramos péssimos exemplos.

E no final, eu talvez até concordasse com ela, mas não conseguia me ver sorrindo e confraternizando com Weasley, e muito menos com Potter. Esse, nem me olharia na cara.

– Você tem algum tio chamado Harry? – Perguntei, a única maneira de saber como a vida de Hermione estava progredindo teria que ser através de Emily.

– Tenho ué – Respondeu em tom óbvio, voltando a se sentar a minha frente – Ele é casado com a tia Pansy, mas mamãe não gosta muito dela.

Aquilo me fez sorrir, Hermione sempre seria Hermione.

– Ela diz – Prosseguiu – Que só atura tia Pansy por causa da amizade dela com Harry, se não ela já tinha virado as costas.

– Ela disse isso pra você? - Cruzei os braços surpreendido.

Emily soltou uma risada travessa cobrindo a boca, como que fizera algo errado.

– Eu escutei ela falar pro tio Harry um dia desses, eles estavam brigando na sala lá de casa porque a tia Pansy disse que a comida dela era melhor do que da mamãe, mas isso não é verdade, todo mundo sabe que a comida da mamãe é melhor e ainda assim ninguém a defendeu.

– Ela deve ter ficado realmente ofendida – Eu não pude esconder o sorriso.

– Sabe, eu acho que eu sei como você pode se reconciliar com a mamãe.

– E qual seria a sua ideia?

– Você tem que fazer uma surpresa pra ela – Disse em um ar sonhador, como se fosse algo realmente muito fácil. Surpreender Hermione Granger, era entrar em um belo problema.

– Surpreender sua mãe não é uma coisa assim tão fácil Emily, eu tive tempo com ela o suficiente para perceber isso.

– Você tem que ser romântico – Ela deitou de barriga pra cima, os braços abertos e um olhar distante. Franzi o cenho. – Toda menina gosta de menino romântico.

Eu maneei levemente a cabeça pro lado. Tinha alguma coisa errada.

– O que você quer dizer com isso senhorita? – Cruzei os braços e ela ergueu o rosto para me olhar como se lembrasse de algo importante.

– É que tem um garoto lá na minha escola sabe – Ela apoiou o rosto sobre as mãos.

– Garoto? – Eu fechei os olhos sem crer realmente que ela estava me contando aquilo – Que garoto? – Meu tom de voz já estava completamente diferente.

– Por favor né pai – Ela ficou de pé descrente – Meu outro pai já é ciumento, não preciso de dois.

Um fato em que Weasley e eu concordávamos, isso com certeza era um milagre.

– Eu vou dormir com você aqui hoje? – Sorriu mudando subitamente de assunto.

Eu senti meu coração apertar. Depois de minha conversa nada civilizada com Granger na casa dela e a chegada súbita de Emily ficamos em um clima constrangedor disse que levaria Emily comigo mas não era exatamente uma ameaça. Eu queria passar um tempo com ela sim, mas esperava que Hermione me fizesse ficar e resolver de vez essa palhaçada.

Mas ela apenas me deu um horário para voltar, e sem saber o que fazer, trouxe Emily pra casa que tinha comprado. Foi só então que me veio a mente, que eu não tinha um quarto para Emily, ela poderia dormir comigo sim, mas ainda assim não seria a mesma coisa, ela era a minha filha não era? Eu tinha que ter reservado um quarto só pra ela.

– Não, hoje não. Sua mãe me mataria, tenho que levar você pra casa.

– Ah mas eu queria tanto – Resmungou, mas de repente seus olhos brilharam – É a oportunidade perfeita! Traz a mãe aqui!

– O que? - Eu me ergui perplexo. Como a cabeça de uma garota de sete anos poderia maquinar de forma tão rápida?

– É, você diz que não me leva de volta e que a única maneira é se ela passar a noite aqui, então vocês tem a noite inteira pra conversar.

Eu ri, a hipótese de Emily era boa, mas passar ‘a noite conversando’ com certeza não era uma das alternativas.

– Sei não Emily, sinto que você pode ser mais maléfica do que eu.

Ela sorriu divertida

– Pede pra ela trazer meu pijama.

(...)

Hermione Granger

Quando Malfoy desligou o telefone, eu estava furiosa. Eu podia sentir meu sangue ferver nas veias e queria bater com a cabeça dele na parede até ele implorar para que eu parasse.

Eu sai de casa como uma louca, arrumei de mal jeito uma mochila no ombro com as coisas que ‘Malfoy exigira’ e planejava as mil e uma formas de tortura-lo quando o visse.

Mas pra sorte dele, foi Emily que atendeu e pelo seu sorriso – o mesmo que Malfoy dava quando tramava algo – eu tive certeza que tinha algo errado.

– Onde ele está? – Perguntei. Sei que poderia ter perguntado ‘onde está seu pai’ mas eu me sentia completamente desconfortável, mesmo que Em já tivesse se acostumado, ou se ‘adaptado’ eu me sentia horrível. Sabia que Malfoy não largaria do meu pé, que ele iria querer bancar o papel do pai presente, não só por Emily, mas pela própria consciência.

– Ele está arrumando a mesa, ele fez a janta e eu ajudei.

Eu a olhei sem entender. Eu a escutei direito? Malfoy não sabia para que lado ficava o cabo da panela, e agora ele cozinhava e fazia a mesa? Eu fechei os olhos repassando as informações.

– Fico feliz que tenha resolvido aparecer – Eu abri os olhos para ver um Malfoy se aproximar sorridente e antes que eu pudesse ao menos reagir ele me beijou no rosto e anunciou a comida pronta.

Ele e Emily recuaram e eu fiquei ali parada. O que estava acontecendo? Que clima de família feliz e unida era aquele?

– O que está acontecendo? – Pergunte ao entrar na cozinha e ver ambos me esperando.

– Vamos jantar – Emily deu de ombros.

Eu me sentei receosa.

– O que vocês dois estão tramando?

Eles riram.

– Só quero - Se corrigiu - queremos ter uma noite civilizada.

Tudo bem, eu poderia lidar com aquilo, eu me fiz de pessoa civilizada, tentei ignorar os olhares que Malfoy me lançava e prestar atenção no que Emily dizia, mas não estava sendo muito fácil.

Eu me ofereci para lavar a louça, mas fui completamente impedida, Emily foi tomar banho e trocar de roupa. Era para eu fazer o mesmo depois dela enquanto Malfoy lavava a louça, e só depois ele. Enquanto Emily se vestia, Malfoy começou a se explicar enquanto tirava alguns travesseiros do sofá e o preparava para alguém.

Ele não me faria passar a noite ali faria?

Mas eu fui outra vez surpreendida, de pijama e um tanto desconfortável, quando Malfoy surgiu com uma expressão meio cansada ele se ofereceu pra levar Emily pra cama, e logico, que eu não pude responder, porque ela segurou na mão dele e os dois foram pro quarto.

Eu fiquei ali sentada na sala sem reação, eles iriam dormir lá? Não que tivesse problema, mas eu poderia ter sido avisada. Quando senti começar a ficar desesperada Malfoy surgiu outra vez, me lançou um sorriso fraco e se jogou no sofá ao meu lado.

– Foi um dia agitado hoje não acha? – Ele colocou as mãos por trás da cabeça de forma despreocupada. – Fiquei chateado por ter desligado na minha cara hoje mais cedo, só estava conversando com Emily.

‘Só estava conversando com Emily’ era uma maneira engraçada de se falar, mas conforme ele sorriu a espera de uma resposta percebi que não foi em um tom ofensivo, não era para iniciarmos uma discussão, ele havia simplesmente comentado.

– Desculpe – Eu desviei o olhar, sem saber muito bem o que dizer – Tinha que ser um ótimo motivo pra Emily ficar presa ao telefone quando os padrinhos dela estavam em casa, porque, ela gosta muito de ficar com eles.

– Eu deveria ter avisado. Pedi pra que ela me ligasse – Ele inclinou o corpo, apoiando os braços sobre as pernas – Quando eu estava tendo outro ataque de ansiedade no corredor do hospital. – Concluiu com um sorriso travesso.

Eu não respondi.

– Pode ir dormir se quiser – Ele indicou o quarto para qual levara Emily – A cama é de casal, cabe perfeitamente as duas.

– Mas e-

– Eu vou ficar aqui – Apontou para o travesseiro já no braço do sofá – Não tem com que se preocupar.

Eu me senti meio mal, ele estava cedendo a cama dele para dormir no sofá, quando eu é quem estava lá forçada.

– Mas está muito frio para dormir na sala. – E sim, realmente estava.

Ele me olhou de forma profunda, e eu senti um arrepio me percorrer a espinha.

– Ah menos que você queira ficar é claro. – Sorriu, irresistivelmente sexy.

Levantei atordoada. Ele riu.

– Desculpe, eu estava brincando. – Ficou de pé atrás de mim e eu coloquei as mãos na cintura, por algum motivo, eu estava em uma batalha interna entre ir, e ficar.

Suas mãos passaram pelo meu quadril devagar, e ele levou o rosto ao meu pescoço.

– Mas eu preferia que ficasse. – Sussurrou, quase imperceptivelmente, e eu poderia até dizer ter sido coisa da minha cabeça.

– Malfoy... – Eu comecei mas não consegui concluir, ele desceu vagarosamente leves beijos pelo meu pescoço ao meu ombro e eu senti minhas pernas amolecerem.

– Eu estou ouvindo – Murmurou contra minha orelha e eu fechei os olhos.

Eu não poderia deixar aquilo acontecer podia? Nem sabia se Emily estava realmente dormindo! Ela poderia nos ver ali a qualquer minuto, e ainda assim, eu estaria fazendo algo que prometera a mim mesma não fazer outra vez.

Me deixar levar por Draco Malfoy.

– Não – Eu protestei, mas não soou muito convincente.

– Não o que? – Ele suspirou ao pé da minha orelha, e eu fechei os olhos, extasiada.

Eu queria voltar a razão, queria empurra-lo e manda-lo parar, queria jogar na cara dele que não deixaria aquilo acontecer outra vez. Não abriria espaço pra ele entrar na minha vida e me jogar de lado como segunda opção.

"A reunião ficou mais extensa do que eu imaginei"

"Surgiu uma papelada de última hora, e eu não poderia deixar para o dia seguinte."

"Hoje não vai dar, posso te recompensar depois?"

"A gente pode remarcar?"

Mas de certo modo eu estava feliz. Chateada, mas feliz, ele tinha voltado não tinha? Planejava rever seus conceitos não é? Ele queria mudar para fazer as coisas darem certo, no entanto, por que eu não conseguia aceitar?

Por que eu sentia como se ainda tivesse alguma coisa errada?

Surpreendentemente, eu já tinha me virado, já tinha colocado meus braços em volta do seu pescoço ele já tinha me prendido a ele. O beijo era algo tão calmo que não representava uma saudade incontrolável um do outro, não era o sentimento de beija-lo depois de muito tempo para ter certeza que aquilo estava realmente acontecendo.

Era singelo, casto. Uma troca de caricias, de carinho de um casal depois de mais um dia cansativo. E eu estava amando aquela sensação de paz, tranquilidade.

Não, não, não, acorda Hermione, acorda.

Eu o empurrei, atordoada, mas ele não me pareceu surpreso, tinha um sorriso quase sombrio no rosto.

Maldição, não vê? Ele planejou tudo isso.

– Eu vou dormir – Fora a única coisa que eu conseguira dizer.

Eu vi o desanimo passar pelos seus olhos. Ele olhou para o chão, passando a mão sobre os lábios rosados escondendo um sorriso. Voltou a se sentar no sofá, e quando voltou a erguer o olhar deu de ombros.

– Boa noite Hermione – Sorriu.

Eu fechei o punho com força, essa intimidade que ele criara para me chamar pelo primeiro nome me dava nos nervos. Bufei, dando-lhe as costas e caminhando a passos rápidos, até ser interrompida quando eu segurei na maçaneta.

– Não vai me dar boa noite? – Sua voz soou desanimada, mas não virei para encara-lo.

Suspirei fechando os olhos.

– Boa noite Malfoy.


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