Love Story escrita por AnnieJoseph


Capítulo 2
L.A Music Center




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– Oh meu Deus, Oh meu DEUS ! – Ela segurava o pulso esquerdo, falava entre suspiros de dor.
Eu levantei o meu rosto que se encontrava concentrado na mesa suja de maionese e a observei.

– Eu preciso...  – Ela disse, se jogando em uma das cadeiras que ficavam no canto direito da Mcfood, ainda segurando o pulso, e debruçou-se sobre a mesa, parecendo chorar. Eu fui até ela com uma certa pressa.

– Deseja alguma coisa, senhorita ? – Perguntei meia sem jeito, observando seu desespero. Segurava uma bandeja e um bloco de notas com uma caneta na ponta de sua mesa.

Ela vestia uma bermuda rosa, uma blusa de mangas branca com uns babados azuis. Se parecia muito com minha roupa de hoje, tirando os sapatos rosa e a blusa branca.

– Estou ferrada ! Aqui vende gelo ? Por favor faça esse sacrifício por mim, eu preciso de gelo, eu torci o meu pulso ! – Ela quase gritava, e dizia muito rápido. Algumas pessoas olharam pra ela espantadas.

– Hm, eu posso trazer pra você – Corri enquanto dizia com calma pra cozinha.

Depois de tomar uma mini bronca cozinha por fazer isso , eu trouxe o gelo enrolado num pano pequeno e dei a ela.
Seu nome era Serena, ela me explicou que dançava e tocava piano na Music Center. Na hora eu fiquei com um brilho nos olhos, ela estudava lá !
Ela me disse que tinha torcido o pulso na aula de balé, fez uma pirueta mal sucedida e caiu. A próxima aula dela seria de piano e ela não poderia tocar justo hoje que teria uma apresentação pra uma escola de NY, muito famosa, que queria escutar os alunos da Music Center .  A academia de musica da NY é muito famosa, promovem grandes talentosos pra grandes papeis no Show Business também.

Além de perder a oportunidade dos veteranos a verem tocar – apesar de que eles viram ela dançando balé, e isso era bom  –,  ela teria uma grande encrenca se não tivesse nada pra tocar. O horário era certinho, o tempo era cronometrado de cada apresentação e não poderia faltar ninguém. Como ela não poderia tocar, ficaria 10 minutos sem apresentações justo nesse grande dia ?!
Ela começou a chorar , dizendo que sua carreira estava acabada, e que seria mal vista se fizesse uma coisa dessas. Foi então que eu disse.

– Serena, se quiser, eu posso fazer isso pra você... – Eu disse olhando pra baixo, enquanto escutava os soluços dela.

Ela rápido de mais me olhou com um pavor nos olhos

– Você toca piano ?! – Ela falava com pressa, parecia me engolir no olhar.

– Bem, eu sei algumas coisas e... eu tenho um teclado em casa... – Eu falava com calma, ela parecia estar impaciente com isso.

– Você é a minha salvação ! Se você sabe tocar alguma coisa, nem que for num teclado eu aceito ! É quase a mesma coisa, você precisa ocupar o tempo que eu não posso estar lá, você entra na hora que falarem meu nome e assim eles não vão perceber ! – Ela parecia um radio de pilha, quase acabando a carga enquanto falava. Sua voz estava falha de tanto chorar.

Eu disse a Serena se ela tinha certeza disso, porque afinal, de um certo modo eu tomaria o seu lugar, como poderia ser a salvação ?
Ela me disse quer era muito melhor do que tomar uma bronca por ter faltado, as coisas na Music Center não eram moles, tudo que fazia era notado e isso não seria tão ruim do que faltar ao compromisso mais importante do ano.

Depois de 5 minutos de conversa, ela me convenceu.  Por mais que não a conhecesse, eu faria esse favor a ela, ela parecia mesmo necessitar disso.
Ao mesmo tempo eu estava muito nervosa por tocar na frente de grandes figuras da musica. Imagina se eu errasse alguma coisa ? E se me expulsassem de lá por não ser Serena ? Mil perguntas se formavam ao redor da minha cabeça naquele dia.

A entrada hoje na Music Center estava livre, todos poderiam ver a apresentação. Isso me beneficiou muito em poder entrar sem passar pela recepção. Eu corri o maximo que pude, e em uns segundos eu pensei que estava sem rumo. Não conhecia nada lá dentro, nunca tinha entrado lá. Eu parei, respirei fundo e observei as pessoas. A maioria seguia ao leste, numa porta  um porta grande e escura da recepção. Existiam várias portas e entradas lá, era muito bem arrumado e sofisticado. Eu decidi tentar a sorte e segui essas pessoas.

Assim que passei pela porta de mogno, vi um auditório enorme, várias cadeiras estufadas de vermelho eram ocupadas por muitas pessoas, deviam ter mais de 150 pessoas ali. Os corredores não eram nem um pouco estreitos, pra minha surpresa.
Lá perto do palco, havia algumas cadeiras diferentes, e umas pessoas escoradas numas mesas com vários papéis. Eles pareciam concentrados. Deviam ser os jurados da academia de NY.

No palco, se apresentavam jovens que faziam balé, parecia ser a ultima apresentação. E justo naquela hora, eu lembrei que Serena disse que depois da ultima apresentação de balé, ela seria a primeira a tocar o piano.
E arregalei os olhos sentindo um frio na barriga enorme, precisava correr muito até o camarim.
Eu corri tanto, me esbarrando em várias pessoas que as vezes quase caiam. Observei uma pequena entrada pelo lado esquerdo do palco, acho que poderia entrar ali pra entrar nos bastidores. Enquanto corria, pensava em como iria enfrentar isso.

Ao chegar na tal entrada, a mesma estava fechada, eu tentava abrir pela maçaneta e nada. Um gemido baixo saiu pela minha boca de raiva, e eu voltei a olhar pro palco.
O piano já estava posicionado, a apresentação parecia terminar mesmo e eu teria que entrar pelo palco até o camarim. Mas como fazer isso ?!

Eu observei as grandes cortinas vermelhas posicionadas pra cair sobre o palco, tampando a visão do publico assim que os bailarinos terminassem. Se eu me escondesse nos arranjos da outra cortina na parede, eu poderia conseguir entrar lá sem ser vista pelo publico, e o melhor, sem ser vista pelos jurados da academia de musica de Nova York.

Assim foi feito. Quando a cortina vermelha caiu sobre o palco, e os dançarinos sorrindo, saíram em direção ao camarim, eu os segui. Meia atrapalhada, eu subi no palco com uma certa dificuldade por o mesmo ser alto. Me misturei no meio dos bailarinos, não que isso ajudasse muito. Era visível a diferença entra uma roupa de menina simples com roupas de balé lindíssimas.

Passando pela abertura para o camarim, eu encontrei um grande alvoroço. Um cara estranho, bem magrinho, tinha uma voz irritantemente fina, vestia umas roupas brilhosas e muito estressado gritava por Serena no meio de tantas pessoas ali. Ele estava escorado numa porta com a mão na maçaneta, olhando com muita preocupação e irritação.  Eu corri entre os alunos ali amontoados e ansiosos e parei a sua frente.

– Ei, estou pronta – Disse tentando me passar por Serena. Se ele a conhecesse, eu estava ferrada !

– Você não é a Serena – Ele falou impaciente enquanto olhava por todos os lugares, procurando por ela.

Epa.

– Eu vou tocar no lugar dela – Disse enquanto passava a mão no cabelo, pois tinha escutado um anuncio lá fora, teria que entrar em instantes.

– Oh meu Deus ! Você poderia parar de me ocupar ! Eu tenho muito o que fazer e preciso achar aquela garota agora !

– Ela torceu o pulso, pediu pra mim vir e aqui estou eu. Agora preciso ir. – Disse assim que escutei o nome de Serena no palco.

O carinha estranho me olhava furiosamente, parecia querer me bater mas não me impediu. Ele parecia saber que era melhor eu do que ninguém.

Corri até a ponta da porta do camarim pra o palco. As cortinas ainda estavam fechadas e uma mulher me esperava, acenava com a mão me chamando. Eu me sentei no piano, a mulher me olhava diferente.

– Você não é a Serena. – Ela disse até meia gentil comparado as pessoas daqui.

– É, estou fazendo um favor. Por favor, não anuncie outro nome, fale que é Serena. – Disse enquanto observava o piano. Parecia estar ipnotizada com ele. Ela lindo !

– Desculpe, qual seu nome ? – Ela disse com pressa.

– Annie Joseph. –  Disse sorrindo, passando de leve os meus dedos sobre as teclas.

A cortina se abriu, ela se posicionou pra encarar o publico com um sorriso falso.
Eu mal me recompus, sorria sem forçar enquanto sentia as teclas daquele maravilhoso piano. Um sonho realizado.

– Senhoras e senhores, vamos agora as apresentações de piano. – Ela gesticulou uma reverencia.

As pessoas bateram palmas, e eu nem mexi o rosto.

– Com vocês... Annie Joseph . – A moça educada disse. Um choque se passou por todo o meu corpo. Ela disse o meu nome ? E agora ?!

Ela olhou pra mim no mesmo instante em que eu olhei pra ela. Eu arregalei os olhos, repreendendo o que ela tinha feito, e ela “apontava” com os olhos pra tecla enquanto caminhava pra fora do palco.

Eu encarei o publico por meros 5 segundos, os jurados remexiam os papeis, e isso me fez imaginar ser expulsa daqui a alguns segundos. Mas eu tinha que tentar.

Comecei a tocar devagar, notas agudas. Meus dedos deslizavam pelas teclas, eu me entreguei a musica por mais que o nervosismo me tomasse. Olhei uns instantes para o publico, os jurados tinham parado de remexer os papeis pra minha alegria. Tocava um pouco mais rápido, o som fluía em todo o auditório variadamente.

Assim foi os próximos minutos que toquei. Me senti incrivelmente feliz quando toquei a ultima tecla, e mais feliz ainda pelos aplausos recebidos. Os jurados se levantaram pra me aplaudir, o que me fez quase cair ali mesmo. Fiz um reverencia e sai do palco assim que a cortina caiu. Estava tremendo quando entrei no camarim.

– Não é que você sabe tocar mesmo. – O carinha estranho que encontrei chamando por Serena veio me receber.

Eu escutei uns burburinhos. Algumas pessoas cochichavam, pareciam me reconhecer que eu trabalhava na McFood.

– Eu nunca te vi aqui na L.A Center Music. Mas... Perai, você não é a menina que trabalha de garçonete aqui na McFood ?

– Sim.  – Disse sem jeito, ele segurava meu ombro me levando naquela sala que estava escorado na porta antes de me apresentar. Ele a abriu e me empurrou lá pra dentro.

– Bem que eu te reconhecia de algum lugar ! Você toca bem, porque não estuda aqui ?

 

A conversa fluiu durante muito tempo. Ele me perguntou várias coisas como se eu já tinha feito aula de piano e coisas relacionadas a isso. Algumas pessoas vieram me cumprimentar, eu fiquei muito surpresa com isso.
Logo mais, os jurados vieram falar comigo, me parabenizando sobre a apresentação.
Foi nesse dia em que descobriram que eu não estudava lá, e nesse dia que me deram a bolsa de estudos. Sim, eu estudaria em L.A Music Center !


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