Correntes do Amor escrita por Bibelo


Capítulo 1
Ele só contemplava o mundo planejando sua Vingança


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu postando mais uma original. Não sou fã de histórias originais, mas gosto de desenvolver alguns enredos com personagens próprios. É uma songFic? Sim, mas não é, digamos, totalmente com a letra da música, possui mais narração e história do que letras, mas não deixa de ser uma song e muito menos perder a "magia" de tal. Espero que gostem. Lembrando: NÃO é uma fanfic Clichê!Boa leitura!



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1. Ele só contemplava o mundo planejando sua vingança (8'


Inglaterra, Londres - 1983


Eram meados dos Anos Oitenta. A Inglaterra se encontrava no início de sua "Segunda invasão Britânica" - a qual se caracteriza pela entrada de bandas britânicas no mundo Americano - com o Heavy Metal se manifestando pelas bandas: Black Sabbath e Pink Floyd.

Muitos andavam a caráter com roupas de caveiras, correntes, meia-calça arrastão, piercings, e olhos pretos e chamativos, caracterizando-os em meio a outros estilos musicais e pessoas 'normais' - utilizando o modo mais chulo de diferenciá-los.

Ainda sim, com todos os estilos musicais mais esquecidos pela população britânica entrando no auge, a discriminação era evidente; não só nesse país como em qualquer outro. Se não eram recriminados pela população eram por outras pessoas com outros estilos musicais, levando à brigas de ruas tenebrosas e - vez ou outra - terminadas em tragédia.

Isso se alastrou por todo o país, ou melhor, por todo o Reino Unido. Eles foram considerados aberrações, esse era o modo como eram vistos por todos; isso quando outros nomes não entravam nesse meio.

É nessa época, num colégio interno britânico, que a estória se passa, tal qual com seu próprio conflito, e sua própria vitória.

"Ele enlouqueceu?

Ele pode ver ou ele é cego?

Ele pode andar direito

Ou se ele se mover ele cairá?"

(...)

O colégio era enorme. Feito dentro de um prédio antigo, sua cor em um vermelho ferrugem destacava sua beleza histórica, suas altas janelas em formato de arco e suas torres pontudas rasgando céu definiam sua estrutura de estilo Gótico. Largos e espaçosos jardins se espalhavam pelo lado de dentro do prédio, dando destaque a algumas árvores e arbustos de vários tamanhos e formas.

Na entrada, um grande muro com grades negras e pontiagudas separava a escola das ruas de Londres. Ainda na frente do colégio, o jardim se estendia em seu mais vivo verde, com uma enorme estátua do criador da escola de frente ao portão principal com um caminho de pedras acinzentadas que conectava a entrada do colégio com seu arredor.

O interior do prédio continha-se de cortinas vermelhas aveludadas que tampavam as janelas dos corredores do teto ao chão, pilastras grossas quadrangulares sustentavam as entradas em formas de arco. As torres abrigavam os alunos separados em alas femininas e masculinas; e como qualquer outra escola interna, brigas e conflitos eram mais que recentes.

No ano anterior, entrando no primeiro ano do Ensino Médio, uma garota - com vestimentas características de apreciadores do dito Heavy Metal - de longos cabelos ruivos e olhos verdes penetrantes, começou seus estudos com uma bolsa de cem por cento iniciando-se como a "Nerd caloura" da escola.

Não demorou mais que um dia para se revelar antissocial e exclusivamente quieta, sua voz mal era ouvida, mas - quando o fazia - nada de bom saia de sua boca. Arrogante e desafiadora, chamou a atenção de um rapaz; filho de pais ricos com influências políticas, Aaron MacGarvey, deu início a sua mais nova brincadeira.

A princípio, Natasha William - nossa protagonista - pensara que todas as brincadeiras feitas nela naquela semana fossem por causa dos trotes e coisas as quais os rapazes faziam, mas logo se tocou que tinha algo mais profundo nisso. As primeiras brincadeiras foram leves, como baldes de tintas, balões d'água, chicletes, mas que levaram seu cabelo e suas roupas a estados catatônicos.

Além de ficar quase três dias para tirar tanto a tinta quanto o chiclete de seus cabelos, perdeu-os em estudos, o que - para ela - era desperdício de tempo. Seu sonho era entrar em uma escola de música e aperfeiçoar-se; tocando guitarra e cantando, pretendia alcançar a fama, nada mais do que um sonho como de qualquer outra pessoa, mas, pelo visto, o povo de sua escola não pensava assim.

Era só ela, desde as outras pessoas que se vestiam do seu mesmo modo aos Punks, só ela foi alvo de Aaron. Qual seria o motivo? Simples, "ela é uma nerd arrogante" dizia o rapaz que se intitulava um justiceiro ao fazê-la passar por vários tipos de humilhações públicas a fim de 'ensiná-la' como tratar as pessoas.

Isso não adiantou e, por mais que Natasha ignorasse-o, e por mais que contasse até dez para não pular em sua garganta, ela simplesmente estudava firme, se dedicava ficando em primeiro lugar em todas as provas, fosse o que fosse. E isso irritava-o mais do que nunca.

Com dificuldades e brigas, o primeiro ano se passou e ela, almejando um pouco de paz no ano seguinte se decepcionou ao chegar em seu quarto e ver sua colega se mudar por medo de ser reprimida pelo Aaron. Aquilo lhe doeu? Sim. Ela falaria algo? Nunca. O orgulho dela era maior, e talvez esse fosse o problema.

O começo do ano foi iniciado com um bate-boca entre Natasha e Aaron. Ela gesticulava com as mãos insultos e derivados, enquanto o rapaz dava-lhe respostas curtas e cínicas, do modo mais irritante que se poderia ser. Aquela pequena batalha ela havia perdido, mas não a guerra.

O sinal havia tocado. Era uma quarta-feira, estavam na terceira aula e, como em todos os dias, assim que o sinal bate, os alunos tem em média 10 minutos para irem até seus armários, pegarem o material, e seguirem até a sala seguinte.

Andando vagarosamente pelos corredores antigos, com um grande e vermelho fone de ouvido em sua cabeça, Natasha caminhava rumo a sua próxima aula. Ao seu lado, vários alunos corriam eufóricos como se não houvesse amanhã. Entre eles, esbarrando com força em seu ombro, derrubou sua bolsa que foi de encontro com o chão espalhando tudo o que havia dentro desta, desde livros e outras coisas pessoais.

Algumas pessoas passavam a seu lado, como se fossem ajudá-la, mas, ao invés disso, chutavam com força as coisas no chão ajudando a espalhar de vez todo o material. Cheia de raiva, retirou os fones do ouvido deixando-os em seu pescoço dando-se para ouvir a musica alta de longe. Aumentando o tom de voz, Natasha começou:

–Tava demorando pra começarem a me importunar. - vociferou ela ao ver Aaron perto de onde estava. Este a olhou com um sorriso maldoso caminhando até a mesma. De modo evasivo, ela se afastou dois passos a fim de prever seus movimentos.

–Eu só estava esperando uma brecha sua, diabinha. - zombou agachando-se e pegando um de seus cadernos. Ficou encarando-o, esperando por suas peripécias: - Sabe, como hoje não fiz nada com você, tá na hora de fazermos. Não é, rapazes? - indagou ele com um sorriso medonho.

Antes mesmo que ela visse algo, um dos rapazes haviam pego-a no colo jogando-a em seu ombro como se fosse um saco de batatas. Ela não tinha ideia de nada, mas ainda sim aquele arrepio percorria todo seu corpo. No momento em que sentiu seu corpo descer com força, afundou na água vendo a estática tomar conta dela toda e uma forte e dolorosa corrente elétrica eriçando seus pelos.

Levantou a cabeça sentindo alguns lapsos pelo corpo, demorou para cair sua ficha e ver seu Discman encharcado e saindo pequenas faíscas. Ela arregalou os olhos, o choque poderia tê-la deixado inconsciente. Se levantou rápido tentando manter o equilíbrio que todo o peso de sua roupa encharcada impedia-a. Cerrando as mãos e punho, ela explodiu:

–Vocês queriam o que? Me eletrocutar? - gritou Natasha irritada, nem percebendo a falta de seus óculos ou sua péssima visão, estava irritada demais. Aaron riu:

–Claro que não, diabinha, só resolvemos te dar um banho, já que você não costumam fazer isso. - ridicularizou ele tirando risos de todos que ali estavam. Ela ergueu sobrancelha:

–Isso é coisa de Hippies, e outra, não gosto que me chame de diabinha. - grunhiu a garota saindo da fonte e tateando a roupa a fim de achar seu óculos pendurado em algum lugar.

–Com as músicas que você escuta só pode ter pacto. - zombou outro rapaz ao lado de Aaron. Natasha rolou os olhos se virando de costas a eles mexendo na água a fim de achar os benditos óculos.

–Procurando isso? - comentou o McGarvey segurando o óculos por uma de suas pernas. Virando-se vagarosamente, Natasha encarou os óculos espremendo os olhos a fim de ver se eram mesmo os seus: - Se você disser: "eu sou uma nerd arrogante e ridícula" eu te devolvo. - provocou balançando-o de um lado para o outro vagarosamente.

Ela suspirou enquanto pensava o quão caro havia sido aquele óculos. Mesmo ela tendo dinheiro para outro, não era justo sacrificá-lo se ela só precisasse dizer aquelas palavras não é? Passando a mão pelos cabelos molhados, ela começou:

–Eu sou uma Nerd arrogante e... - falou ela dando uma pausa e, suspirando no final, terminou: -...e ridícula. - disse por fim desviando o olhar. Aaron sorriu vitorioso:

–Boa garota. - disse ele se aproximando e colocando os óculos em seu rosto: - sabe o que é certo fazer no final, por isso que é a nossa nerdzinha. - elogiou ele em seu modo mais cínico e saiu, junto de sua trupe, de volta à sala.

"Ele está vivo ou morto?

Tem pensamentos em sua cabeça?

Vamos apenas passar por ele

Por que deveríamos nos importar?"

(...)

Encolhida em sua cama, abraçando seu joelhos junto a seu corpo, Natasha chorava; grossas e pesadas lágrimas escorriam por seu rosto a fim de extraviar toda aquela angústia; sem dor ou vergonha, mas sim de raiva; uma imensa e profunda raiva que abalava-a. Não aguentava mais, estava farta. Ela Ignorou seu estado, e ignorou também a cama encharcada, somente se concentrando em suas próprias palavras consoladoras. Ela começou a murmurar, conversar sozinha, já que era somente isso que ela podia fazer, conversar consigo mesma.

–Qual o problema dele? Não sabe fazer outra coisa que não seja me importunar? - falava ela limpando as lagrimas: - Agora, quando eu pensei que poderia estudar em paz sem ele no meu pé, eis que ressurge das profundezas essa praga. - fungou Natasha esticando as pernas: - Sério, se eu soubesse de um jeito para te fazer parar eu faria. - terminou ela agarrando seu travesseiro.

Antes que percebesse uma ideia lhe surgiu, e seria bem mais do que uma vingançazinha de criança. Talvez muito maldosa, mas o que era melhor do que pagar com a mesma moeda e com alguns juros?

Levantando-se da cama, Natasha caminhou até o guarda-roupa, pegando uma roupa qualquer e indo até o chuveiro feminino. Enquanto caminhava, mil e umas alternativas surgiam em sua frente, juntamente de um sorriso vitorioso.

(...)

"Ele foi transformado em aço

No poderoso campo magnético

Quando ele viajou no tempo

Para o futuro da humanidade"

(...)

Aaron estava andando pelos corredores dos dormitórios. Cansado e sonolento, caminhou com os olhos insistentes em se fechar. Já eram mais de 4 da manhã, muito depois do toque de recolher da escola, quando ele retornava de suas peripécias.

Ao passar pela ala feminina, de onde vinha, ouviu o barulho de uma das portas ser aberta rangendo pelas dobraduras enferrujadas e carcomidas que gritavam anunciando a abertura desta. Saindo do quarto, vestindo uma camisola quase transparente, Natasha apareceu esfregando os olhos aparentemente cansados. Aaron deu uma pequena arregalada nos olhos.

Nunca havia reparado no corpo da garota, ou melhor, em todas as suas curvas, já que suas roupas largas não ajudavam muito nisso. Era bonita? Sim. Ele diria? Nunca. Num sorriso sapeca, ele começou:

–Está querendo me seduzir? - provocou Aaron com a voz rouca e sedutora. Ela encarou-o melhor, estava sem seus óculos.

–Aaron? - chamou ela: - O que faz aqui? - sua voz tinha um tom manhoso, o fazendo sorrir.

–Nada, volte a dormir, Natasha - assim ele continuou seu andar contrariando totalmente suas ideias em achá-la linda. Ao vê-lo partir, a garota sorriu vitoriosa voltando a seus aposentos.

Entrando em seu quarto, o qual dividia com Edward - amigo de infância - caiu seu olhar no rapas que se mantinha acordado lendo algum livro. Jogando o que quer que carregasse nas mãos ao chão, caminhou até a cama caindo maduro de cansaço. Edward soltou um riso:

–Algum problema, meu amigo? - perguntou desinteressadamente. Aaron deu de ombros:

–Nada, só estou cansado. - afirmou virando o rosto ao rapaz: -e você? O que faz acordado a essa hora? - perguntou.

–Lendo, não está vendo? - cuspiu o rapaz virando a página do livro. Aaron bufou.

–Idiota. - assim ele se levantou tirando roupa e deitando-se de cueca na cama.

(...)

"Ninguém o quer

Ele só contemplava o mundo

Planejando sua vingança

Que em breve se realizaria"

(...)

Já eram sete da manhã, Natasha se arrumava em frente ao espelho com sua roupa de costume - exceto por seu Discman que havia pifado no dia anterior. Prendendo o cabelo em um coque bagunçado saiu quarto a fora com a bolsa em suas costas.

Os corredores já estavam em movimento, tão qual os jardins da escola, com pessoas eufóricas e risonhas caminhando por suas extensões. Talvez por estar perto do fim de semana, único momento em que podem sair da escola, eles estivessem tão alegres.

Sentando-se na mesa, Natasha articulava seu plano, o qual já havia se iniciado na madrugada daquele dia, a fim de aprofundar o interesse de Aaron por ela, não sendo por pura diversão. Entrando pela porta, o McGarvey, acompanhado por Edward, passou pela mesa da garota olhando-a de soslaio, ela sorriu-lhe, doce e provocadora o fazendo desviar o olhar e dar um sorriso indecifrável.

Logo em seguida o professor entrou correndo com a aula de História Clássica. Sentando em uma das ultimas carteiras da sala, Natasha brincava com sua borracha de modo tedioso furando-a com a ponta do lápis desenhando em sua volta pétalas de flores gordinhas e grandes. Depois de tatuar toda a sua borracha, decidiu prestar atenção na aula.

Do outro lado da sala, Aaron não para de encarar a garota que havia acabado de olhar a lousa totalmente desatenta, diferente dos outros dias. Se fosse qualquer outro dia ele não teria reparado, mas, depois daquele sorriso do início da aula e seu estado na madrugada daquele dia não tinha como ignorá-la.

Estava sendo bem descarado? Sim, mas não se importava realmente e, aproveitando que ninguém havia percebido, olhou-a melhor reparando de verdade nela, não só em sua personalidade - se assim podemos dizer - mas em seu todo. Ela não era feia, sua arrogância apodrecia seu ser e, não era só por ela ser Nerd que ele a atormentava.

Desde o começo ele achou-a bonita, mas, depois de levar mil e uma patadas ele desencanou - ou melhor - decidiu que atormentaria ela até que pedisse desculpas. A primeira parte ele fez, mas o pedido de desculpas nem estava perto de se realizar.

Abrindo seu caderno, Aaron começou a escrever nele o que o professor passava na lousa, desviando sua atenção da ruiva.

Assim que a aula terminou, todos saíram da sala abruptos deixando somente Natasha e Aaron sozinhos na sala. A garota sorriu:

–Esta quieto hoje, Aaron. - falou ela pela primeira vez o fazendo olhá-la enquanto arrumava seu material. Um cínico sorriso brotou em seus lábios:

–Seu sorriso venenoso me calou. - cuspiu ele jogando a mochila nas costas e caminhando até a saída. Natasha grunhiu:

–Idiota. - sussurrou mais para si mesma, mas decidiu olhar para a porta a fim de constatar que ele não a tivesse ouvido. Após confirmado, caminhou sala à fora indo em direção a sua próxima aula antes do intervalo.

Seu plano não daria certo se ele não a olhasse do modo como ela queria, portanto, decidiu apelar para seu lado mais obscuro.

Partindo para sua próxima aula, Natasha passou em frente a sala de Aaron onde, por breves instantes, puderam ter uma troca de olhares; antes de mais nada, e virando o rosto para o lado, ela continuou seu caminho deixando o rapaz dentro da outra sala curioso e sorridente.

O dia foi passando. Nisso, já se encontrava no horário do almoço. Natasha estava dentro do banheiro, retocando a maquiagem no rosto, caprichando no preto dos olhos e no vermelho dos lábios. Como estava frio, o grosso cachecol que envolvia seu pescoço lhe dava um ar mais feminino do que antes.

Retirou da sua bolsa uma corrente de prata, nem tão grossa e nem tão fina, a qual depositou em sua cintura deixando-a com um caimento para a esquerda realçando a saia Xadrez verde e preta. Dando uma ultima arrumada no cabelo, saiu do banheiro e caminhou com passos leves, nariz arrebitado e um sorriso sapeca pelos corredores ainda movimentados.

Não evitou de chamar atenção, na verdade não se importava com eles, seu alvo era outro. Entrando no jardim, sentou-se debaixo de uma das árvores dela encostando as costas no troco e tirando de sua bolsa um livro grosso. Em sua diagonal, o grupo de Aaron estava sentado em uma roda no chão rindo e zombando de tudo e todos naquele lugar.

A conversa deles fluiu por exatos cinco minutos antes dos olhos azuis do rapaz colidirem com as esmeraldas de Natasha. A princípio, se percebeu numa ligeira surpresa vinda por parte de Aaron antes de desviar o olhar e continuar com as piadas. Já ela não evitou de sorrir e retornar sua leitura.

Toda vez que sentia o olhar do rapaz sobre si sorria grande contra o livro, ou se ajeitava no lugar, ignorando - ou fingindo - o rapaz. Obviamente ele estava a par da situação mais do que ela imaginara, mas isso nem o importou realmente. Ficaram ali, somente com aquela troca de olhares vez ou outra até o toque do sinal e terem de voltar à aula.

Suspirando pesado, Natasha se levantou do chão ouvindo sua barriga gritar pela fome. Havia se esquecido de almoçar a partir do momento em que executar sua vingança era sua prioridade, tal qual seu álibi. Caminhou até a sala de aula para seguir com a matéria. Sendo no laboratório, todos devem se sentar em grupos, mas - como o número de alunos é ímpar - sempre se sentou sozinha. Entretanto, dessa vez havia um lugar para si.

Um dos alunos aparentemente havia faltado dando a ela um lugar com um colega de laboratório. Ela nem se importava realmente em ter ou não um colega, a única coisa que a perturbava naquele momento era o fato de seu colega ser ninguém mais ninguém menos que Aaron McGardey. Ela praguejou aos deuses, ao mesmo tempo quem que agradeceu.

Andou calmamente se sentando a seu lado do modo mais sutil tentando não lhe chamar a atenção. Convenhamos que não deu muito certo. Aaron se virou a ela com cara de poucos amigos que, mais do que na hora, se transformou em um largo sorriso. Natasha quase caiu da cadeira ao ver aquele lindo sorriso em seu rosto; sempre observou-o de longe, mais necessariamente nos momentos em que resolvia mostrar os dentes.

Arrogante ele era, mas bonito também. Uma pequena corzinha brotou em suas bochechas alvas destacando em seu rosto. Para evitar que ele visse, virou o rosto rapidamente para o lado oposto torcendo para que o mesmo não tivesse reparado. Mas ele o viu aumentando ainda mais o sorriso em seu rosto.

A aula se iniciou com a parte teórica de Biologia. Com o livro na mesa e o queixo apoiado em sua mão, encarava a lousa atenta evitando topar com os olhos azuis do rapaz que, vez ou outra, se direcionava a ela. A sala estava quieta, mas um murmurinho aqui e outro ali sempre é ouvido.

Ainda que baixo, o estômago de Natasha pediu por comida novamente chamando atenção do rapaz que tapou a boca com uma das mãos segurando o riso. Ela corou num tom mais forte do que imaginava. O riso dele era fofo, ela tinha de admitir, mas deixá-lo saber que ela estava com fome já era o cúmulo.

Batendo duas vezes na mesa com o dedo indicador, chamou a atenção de Natasha para o caderno de Aaron que tinha escrito a simples frase: "Esqueceu de comer foi?". Ela sentiu vergonha; uma imensa vergonha. Pegando o caderno novamente, ele emendou: "Tem que parar de ler todo o tempo, comida faz parte". Ele zombou com um risinho maroto no rosto que a vez se derreter toda. Num sorriso, ela pegou sua caneta:

"Leitura é um tipo de alimento". Afirmou encarando o rosto do rapaz enquanto lia a frase. Sorriu, voltando a escrever no papel: "Mas não pro estômago". Advertiu ele. Natasha mostrou-lhe a língua. Ele não aguentou e riu, uma risada moderada, mas o suficiente para chamar a atenção de alguns alunos ao redor; entretanto, o que os chocaram não foi o fato dele ter rido, e sim da garota que oscilava entre rosa e vermelho estar também segurando um riso.

–Pare de chamar a atenção. - cuspiu Natasha o fazendo olha-la ainda com um sorriso no rosto. Se aproximou dela:

–Não se preocupe, não tem como você passar vergonha com esse lindo sorriso no rosto. - sussurrou ele de volta voltando a sentar-se ereto.

Ela ficou pensando no que ele disse. "Lindo sorriso, em?" - pensou ela ainda envergonhada.

Sua vingança estava funcionando, pelo menos para ela estava. Aaron a encarava de soslaio, com um sorriso maroto escreveu no papel: "Vamos sair pra comer no fim de semana?".

Ela não evitou de olhar de forma catatônica para o papel. Ele pediu para sair com ela? Assim, na maior cara de pau? De fato, ela o subestimava muito. Não tinha como exercer seu plano sem aceitar algumas coisas por parte do rapaz. Com a caneta vermelha, ela lhe respondeu: "Gosto de massa".

Assim, entre risadas, marcaram um encontro. Naquele momento, sua vingança estava entrando nos eixos, ela só não esperava ser traída por seu próprio plano.

"Agora é a hora

Para o homem de ferro espalhar o medo

Vingança da cavo

Matando as pessoas que um dia salvou"

(...)



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Notas finais do capítulo

Gostaram?Tem algum erro? Como são 3.665 palavras, alguma coisa pode chegar a passar, não?Perceberam que a época que se passa a fanfic é na década de 80. Porque usei essa época? Nem sei, somente me identifiquei com Londres, e com o movimento das músicas que estava sofrendo na época (fascinada por Rock).A história correu rápida demais? Acha que preciso lerdear um pouco mais? uheuehueheuEnfim, mereço comentários? No? ok Ç.ÇAté o próximo. (provavelmente o ultimo)beijos e mordidas ♥



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