A Última Lágrima. escrita por Pedro C


Capítulo 9
Confusa.




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'' Viver é desenhar sem borracha. ''

Millôr Fernandes

§§

Sua mão suja percorria minha coxa, tentando entrar em minha calça. Lutava contra ele e tentava gritar. Escutei algo muito forte cair em cima do carro, fazendo o barulho forte doer meus ouvidos, afundou como se algo, como uma rocha, estivesse lá.

Ele olhou para cima e voltou a tentar abusa de mim. Era meu fim, já estava me cansando, mas mesmo assim tentava soltar meus braços e pernas. Podia ter alguém por perto.

— Socorro. — Gritava desesperada, me contorcia debaixo do mesmo tentando me soltar.

O mesmo barulho de lata sendo esmagada aconteceu novamente e vi um corpo na frente do vidro dos bancos da frente, ele olhou para dentro e eu suspirei aliviada. Edward. Ele estava estranho. Seus olhos estavam arregalados e furiosos, seu corpo rígido e ereto. Ele foi abrir a porta e acabou arrancando a mesma.

— Quem você pensa que é? — indagou o homem se levantando. Eu me encolhi no canto do carro para tentar fugir.

— Eu vou matar, você! — cuspiu as palavras.

Edward pegou o homem pelo terno, o puxando para fora e o forçando contra o carro. Minha mente tentava processar toda aquela informação. Como ele arrancou a porta tão facilmente? Eu desci do carro e comecei a correr. Se ele estava assim com aquele homem o que iria fazer comigo? Ele não estava sob controle.

Corria desesperada, mas para onde correr? Se eu seguir no asfalto ele me encontrará fácil. Sem pensar direito, pulei a cerca sentindo seus pequenos fios me cortar e arder, comecei a correr floresta a dentro. Lá dentro o cheiro era muito desagradável, mas não tinha opção. Estava tudo molhado, frio e escuro. Só conseguia ver os troncos cobertos de musgo graças á luz da lua.

Quando senti meus pulmões arderem eu parei e me sentei escorada em um tronco. Estava tudo tão calmo. A minha volta tinha algumas folhas molhadas em estado de decomposição e eu lutava para tudo ficar bem. Então, eu escutei um leve barulho de folha molhada ser esmagada. Prendi a respiração.

— Bella — era Edward saindo do meio das árvores. — Ainda bem que eu te encontrei! — ele suspirou me abraçando.

Estava sem reação. Não correspondi. Só senti meus olhos arder. Eu tentava não chorar, mas aquilo tudo era muito para mim. Estava chorando abraçada a ele. Seu perfume em minhas narinas começou a me acalmar, então ele me olhou.

— Vamos em borá, vai ficar tudo bem. — garantiu com toda a paciência que tinha.

— Eu não. — respondi soluçando.

— Venha comigo. — Ele se levantou e estendeu a mão para mim.

Minhas pernas tremiam e acabei caindo, mas ele me segurou antes que conseguisse chegar ao chão. Me pegou no colo, como se eu fosse uma plumam e eu fechei meus olhos aninhada em seu peito. Ele caminhava comigo em seu colo, tentando não se mover muito e eu sentia sua respiração calma.

[...]

Abri meus olhos, onde eu estava? A única luz que vi foi a da lua. Reconheci minha escrivaninha e a janela aberta. Como fui parar ali? Então, eu senti dedos acariciar meus cabelos, olhei calmamente para o baixo e vi suas pernas.

— Você acordou. — suspirou, parecendo que estavam tirando um peso das suas costas.

— Como entrou aqui comigo? — indaguei me sentando na cama.

— A janela. — ele olhou para a lua lá fora.

— O que aconteceu com... — senti meus olhos arder quando lembrei da cena no carro. — Ele?

— Ele não vai voltar, Bella. — Sua postura ficou desconfortável quando eu toquei no assunto. — Eu prometo.

Apenas assenti.

— Eu não sei o que seria de mim se você... — ele pausou com a voz embargada. — Se ele...

— Ei. — afirmei. — Esqueça essas cenas.

Aproximei nossos rostos e senti sua respiração quente tocar minha face. Sorri. E o beijei. Um beijo calmo, lento, desbravando todos os lugares de sua boca. Acariciando seus lábios macios.

— Eu te amo. — afirmou.

Me deitei ao seu lado e fiquei vendo a lua. Tão grande, iluminada.

[...]

Abri meus olhos, querendo continuar na cama. Corri meus dedos na cama, procurando Edward e não o senti. Me sentei. Ele se fora. Tomei um banho quente, tentando esquecer tudo o que aconteceu na noite. Tentando esquecer que aquele homem me tocou. Mas, eu queria saber como Edward era tão forte? Rápido?

Coloquei uma roupa quente e destaquei meus olhos castanhos no espelho, deixei meus cabelos caírem sobre meu ombro e desci as escadas com a bolsa em só um lado do corpo.

— Bom dia. — sorri forçada. Minha mãe não poderia saber nada que aconteceu.

— Oi, filha. — ela estava distraída na cozinha. — Obrigada, chegou tudo certo e me desculpe por não ter te esperado ontem. — Eu sorri. E lembrei.

Como explicaria que meu carro estava na rodovia? Fui até a janela com desculpa de ver o tempo, que por sinal estava acinzentado e lá estava meu carro, na porta. Estacionado. Intacto.

— Aliás, porque não estacionou na garagem?

— Estava cansada. — menti.

Nunca fui boa em mentir ou fazer algo errada, mas nessa nova cidade eu estava me saindo muito bem. Ou era a cidade, ou minha mãe que estava menos desconfiada.

— Até mais tarde. Não me espere para jantar. — sorri. E ela assentiu.

[...]

Enquanto dirigia pela rodovia, rumo a escola, fitava a mata escura. Pensava em como tive coragem de correr para lá, como tudo aquilo estava me deixando apavorada — apesar de conseguir disfarçar e lutar. Resistir. — Virei na direta vendo o grande monumento da escola, e logo estacionei.

A garoa se iniciava mais forte, então coloquei o capuz e corri para a entrada. Me aproximava da mesa de sempre no refeitório, procurando Edward. Queria esclarecer as coisas, queria saber o que tinha acontecido.

— Oi, gente.— disse e então me sentei. Fitei Erick que estava de mãos dadas com Jessica. — Ah, vocês?

Tentei não sorrir, e Jessica tentou o mesmo.

— Parabéns.

— Tá, okay. — Victor se pronunciou depois que eu me sentei na mesa. — Vocês acham que se eu falar de loira vou perder ponto?

— Óbvio. — afirmou Carol.

— Eu não acho. — falou Jessica.

— Poha! Acho que vou falar de morango.

— E qual piada vai ser sobre morango? — indaguei.

— Cara, eu amo morango. — afirmou. — É bom de mais. —

Tá. — começou Emmett em tom de irritado — Pode parar de falar em morango? —

Acho que você está muito estressadinho. — respondeu Vitor do mesmo jeito.

— Você acha? — Emmett rosnou.

Carol se levantou da mesa em um pulo e nos assustamos,s mas Emmett e Vitor continuavam do mesmo jeito: sérios, se encarando.

— Vamos parar, não? — falei, meio apreensiva.

— Vamos embora. — Erick se levantou, levando Jessica consigo.

— Esse grupo está desunido de mais.

Carol me chamou e eu me levantei, seguindo-a. Deixando eles na mesa, se encarando.

— O que está acontecendo entre vocês? — indaguei. —

Acho que não tem volta. — respondeu desanimada.

— Depois conversamos. — seus olhos brilhavam com lágrimas, como o céu estrelado. — Preciso retocar a maquiagem. Vem?

— Não. — disse, vendo Edward conversar com suas irmãs. — A gente se vê na sala.

Ela abriu a porta branca, com um símbolo de feminino, e sumiu fechando a mesma. Comecei a me aproximar rapidamente, Edward levantou o olhar me vendo e saiu virando o corredor em direção á Biblioteca.

Virei também, tentando não correr. Seguindo-o. Ele virou novamente, indo para outro corredor sem saída, aonde ficava alguns bebedores e a sala de música. E ali nunca havia ninguém a essa hora.

— Qual é a sua? — indaguei, empurrando ele.

— O que foi?

— Você está fugindo de mim! — afirmei, tentando respirar e falar ao mesmo tempo. — Você pensa que é assim?

— Bella, não estou fugindo de você. — afirmou, seco.

— Você diz que me ama, me beija, e foge? — afirmei, cuspindo as palavras irritada. — Você está fugindo de mim por quê?

Ele riu.

— Então é isso? — indagou. — Você quer um beijo? — indagou com um sorriso ousado.

— Você se acha de mais, não?

Ele sorriu e mordeu os lábios, com um sorriso no rosto. Senti meus dedos arderem assim que minha mão chocou-se contra seu rosto. Ele rosnou para mim.

Não devia ter feito isso!

E eu? Sorri desafiadoramente.


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Notas finais do capítulo

Olá galera.
Me desculpem pela demora, mas acho que só conseguirei postar a fic uma vez por semana. Calma, vou explicar o porque.
Minha vida está muito conturbada, eu estudo, faço curso e trabalho. Então, no pouco tempo que tenho eu escrevo. Mas, não irei parar de postar a fic.
O que acharam do capítulo??
Comentem e até logo.