Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Desculpe, eu sei que estou demorando muuuuuuito para postar, e eu disse que não faria isso. Mas, foram muito bloqueios criativos. Espero que não tentem me matar depois dessas mancadas. Estou tentando melhorar.
Sinceramente, eu dei uma enrolada nesse. Tem uma parte que vocês podem pular se quiserem. É com vocês.
Obrigada por não me abandonarem, e boa leitura!



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Na noite do dia seguinte, dia 26 de Julho, houve uma tempestade. Parece que o céu simplesmente se fechou e decidiu atacar o Argo II. Todos estavam tentando impedir que o navio fosse destruído, de alguma forma.

Leo estava amarrado ao painel de controle, Frank se transformara em um gorila e estava soltando remos quebrados e Annabeth e Piper estavam tentando salvar o cordame. O mar, mesmo calmo, não é o forte de Hazel. Ela estava passando mal no banheiro. Nesse estado, poderia não ser de muita ajudar na proa, já que estava tão mal, então realmente foi a melhor opção ela ficar lá embaixo.

A única coisa que eu conseguia fazer era soltar pedaços soltos da amurada que poderia machucar alguém se caísse em cima. Eu sei. Não muito útil.

Jason saiu da enfermaria para tentar ajudar. Aparentemente sem motivo algum, assim que as meninas chegaram de Esparta, ele simplesmente desmaiou (e ainda reclama quando o chamamos de Bela Adormecida). Devia estar só muito feliz por Piper ter voltado viva.

Ele e Percy deram um jeito de acabar com a tempestade. Ambos mergulharam e descobriram que uma deusa menor ou algo do gênero estava fazendo a tempestade e eles conseguiram fazê-la parar.

Porém o navio ficou muito danificado e lento, então não podia nem voar nem escapar de monstros. Leo fazia o possível e o impossível para consertá-lo. Ele levou três dias para deixar o Argo II em condições razoáveis, o que foi impressionante, porque estava realmente uma droga.

Percy e Annabeth foram fazer uma varredura na cidade. Os dois voltaram com sorvete para todo mundo. Exceto Frank, que tinha intolerância à lactose. Diante disso, deram uma maçã a ele.

– Vimos muitos pelicanos na cidade. Tipo, nas lojas, na calçada... – parecia que estavam contando com foi e viagem de férias.

Bem, parando para pensar, é bem isso. Só que é uma viagem extremamente mortal.

– Eram monstros? - perguntou Hazel.

– Não. – Anne riu – Aves normais. Eles são algo como as mascotes da cidade. Sabia que ela tem uma parte italiana? Acho que é por isso que o sorvete é tão bom.

– Podemos ver praças espanholas em Roma, e comprar sorvete italiano na Grécia. Eu odeio a Europa. É uma bagunça. – disse Leo, dando uma lambida em seu sorvete de chocolate.

– Certo. – Piper colocou o potinho de sorvete em cima da mesa – A ilha de Delos, a morada de Ártemis e Apolo, fica do outro lado da baía. Quem se candidata a ir?

– Eu vou. – disse Leo.

Todos encararam o filho de Hefesto.

– Qual o problema? – perguntou – Eu sou diplomático. Além disso, Frank e Hazel já se ofereceram para ir comigo.

– É mesmo? – Frank ergueu a cabeça – Ah... Quero dizer... Claro, sim.

– Leo, você teve algum sonho em relação a isso ou algo do tipo? - indagou Hazel.

– Aham. – ele disse, depois mudou de ideia – Na verdade, não exatamente. Mas, por favor, deixem-me ir nessa. Preciso discutir uma ideia com Apolo e Ártemis.

– Tudo bem. Mas quando encontrarem Apolo, não falem nada sobre haicais. Só um conselho. – disse Percy

Hazel franziu a testa.

– Mas ele não é o deus da poesia?

– Vai por mim. Não teste.

– OK, captei a ideia. – Leo se levantou – E se eu conseguir achar, vou trazer action figures de Apolo e Ártemis para todos!

Vinte minutos mais tarde, o navio estava novamente com o silêncio do tédio do resto da tripulação, a não ser pelos gritos de Nice/Vitória de vez em quando. Não havia muito o que fazer, mas é claro que essa calmaria nunca dura muito com semideuses.

Normalmente nós ficamos perto do leme, para o caso de acontecer algo com as pessoas que foram na missão e elas saírem correndo. Desse modo, nós saberíamos mais rápido. Mas o problema não foi com Leo, Hazel e Frank.

Percy e Annabeth estavam conversando encostados na murada, assim como Jason e Piper. Me senti meio mal. Eu estava de vela. O que me fez pensar como seria se Nico e eu também estivéssemos ali conversando. O que fez com que eu me sentisse pior, pois estava pensando em Nico dessa forma, coisa que estava evitando, e estaria sugerindo que ele não estivesse em sua missão para salvar o mundo.

Novamente: eu odeio estar apaixonada.

De repente, veio um som parecido com o de um estádio lotado, com a torcida ao delírio. Mas parecia longe. Todos nós nos levantamos e olhamos para o porto.

Milhares de nascidos da terra tentavam subir no navio. Alguns estavam segurando ganchos. Eles os lançaram e se prenderam na amurada. Começaram a subir.

– Temos que carregar as balistas! – disse Percy, e ele e Jason correram lá para baixo.

Eu, Piper e Annabeth cortamos os fios dos ganchos, fazendo com que os monstros caíssem novamente no chão. Um deles caiu na água e se foi. Percy e Jason atiraram balistas e o caos começou. Ainda havia uma boa quantidade de monstros, mas eles se dispersaram. Não havia mais como acertá-los todos de uma vez.

– Eles não podem ficar atirando. Vão esgotar a munição. – disse Annabeth.

– Precisamos descer e lutar. Frank, Leo e Hazel podem chegar a qualquer momento. Temos que abrir a passagem. CUIDADO! – Piper nem acabou de falar, já pegou a cornucópia do cinto e atirou frutas tropicais em algo verde que voava em nossa direção.

Fogo grego.

Houve uma explosão perto de nós, e a força nos jogou no chão.

– Então vamos pular agora mesmo. – elas me olharam como se eu fosse louca. Bem, acho que é o caso – Eles dois vão nos ver lá embaixo e vão descer também para nos ajudar.

– Não podemos usar a escada! Os monstros vão subir.

Olhei para as duas e depois para a amurada, e depois para as duas novamente. Então, eu simplesmente me joguei lá de cima.

– MARIANA! – Annabeth gritou.

Para não me esborrachar no chão, fui deslizando pelo casco do navio com as costas. Piper e Annabeth fizeram o mesmo. Todas nós paramos de pé e os nascidos da terra nos atacaram.

Nós os desmembrávamos, os decepávamos, os matávamos. Percebi pelo canto do olho que Jason e Percy também desceram e estavam lutando. Mas havia muitos.

Aos poucos, os monstros foram chegando mais perto de nós, se agrupando em volta de cada um. Não havia como um ajudar o outro, pois estávamos todos separados. Não conseguia ver se meus amigos (ainda é estranho pensar que eu tenho um amigo, imagina no plural) estavam precisando de ajuda.

Não era impossível nós vencermos, digo apenas que a situação estava complicada para nós. Se Percy se concentrasse ele poderia invocar um jato de água para dissolvê-los. Mas naquele momento, se concentrar era um pouco difícil. O charme de Piper não funcionava neles. E se Jason saísse voando, os nascidos da terra o puxariam pelo pé e ele cairia, mesmo se fosse rápido.

Um deles tentou me agarrar por trás, mas no último segundo o agarrei e o lancei por cima do meu ombro, jogando-o com força no chão. Somente o golpe em si seria o suficiente apenas para deixá-lo tonto. Mas algo a mais aconteceu.

Seu pulso direito, o exato local onde eu o havia agarrado, começou a ficar alaranjado e endurecido. E isso se espalhou pelo seu corpo: ele ficou duro como um boneco, as plantas perto de seu abdômen ficaram murchas e ele se despedaçou. Os outros ficaram só olhando.

Então eu percebi: meus poderes como abençoada por Hades. Eu precisava usá-los. Mas eu nunca havia feito mais do que matar plantas, como no acampamento. A diferença era que lá era só grama, e não um monstro feito de lama.

Não demorou muito, os nascidos da terra se recuperaram do choque e voltaram a atacar. Eu já sabia o que tinha que fazer, mas não sabia como.

Como se o universo conspirasse ao meu favor, eu comecei a sentir uma energia vindo de baixo de mim. Era como se algo estivesse me chamando. Naquele momento, eu soube exatamente o que tinha que fazer. Porém havia um custo. Não muito alto, para falar a verdade, já que ele seria recompensado logo depois. Vocês já vão entender do que eu estou falando.

Eu tentei ao máximo não deixar que os monstros avançassem mais nem um único passo (sim, isso era difícil). Eu precisava de espaço. Mas ao me concentrar nisso, eu não protegia minha retaguarda. Um deles me empurrou e eu caí no chão de quatro.

Nossa, Mariana. Como você é esperta.

Aquele era o momento. Era agora ou nunca. Os nascidos da terra se prepararam para pular em cima de mim e me matarem de uma vez. Eu tinha que fazer aquilo naquele exato momento. E a única garantia de que ia dar certo era a presença que eu sentia em baixo de mim, a energia.

Então eu fechei os olhos, enchi os pulmões de ar... e gritei. Muito alto. Tão alto que eu sinceramente acho que todos em Delos puderam me ouvir. Todos pararam o que estavam fazendo e me encararam.

Lembra quando eu disse que sentimentos como ódio e raiva liberavam energia para usar esses poderes? Quando eu fiz aquilo no acampamento? O grito não foi só para distração. Eu estava gritando de dor, antes mesmo de senti-la. Sabe por quê?

Porque as marcas voltaram a sangrar.

Eu tinha total consciência de que isso ia acontecer. Para fazer o que eu fiz, precisa de uma grande concentração dos exatos sentimentos que faziam as marcas sangrarem.

Como era a dor? Era como se o sangue estivesse tentando sair do meu corpo, abrindo as feridas à força. Logo, acho que você vai concordar comigo se eu disser que tinha mais de um motivo para estar gritando.

Também senti um desconforto no estômago, pois eu estava transferindo minha energia para o chão.

Mesmo quando parei de berrar ninguém se mexeu. Achei que ficar gritando por cinco segundo e quase estourar minha garganta no processo não foi o suficiente. Mas três segundos mais tarde veio o resultado.

Mãos esqueléticas saíram do chão. Ouvia-se grunhidos enquanto zumbis emergiam. Bem, não eram bem zumbis, estavam mais para esqueletos. Era cerca de vinte deles. Os nascidos da terra ficaram apavorados, mas tentaram continuar lutando. Contudo, não foi o suficiente. Eles foram caindo um por um. Apesar da dor alucinante que eu sentia, não fiquei parada, matei mais alguns também.

Claro que alguns dos meus guerreiros-esqueleto também caíram. Quando eram atingidos, viravam uma ossada, e depois pó. Quando os nascidos da terra eram atingidos, viravam só um montinho de terra mesmo.

Não foi necessário muito tempo para derrotar todos os inimigos. Nós cinco nos vimos no meio do que parecia um enorme jardim no porto, pois havia muita terra e plantas. Apenas três zumbis restaram. Eles se viraram para mim, bateram continência e simplesmente afundaram no chão, levando toda aquela terra consigo e qualquer vestígio do que aconteceu.

Me encostei no casco e respirei fundo. Me sentia esgotada. Annabeth, Piper, Jason e Percy me encaravam, assustados.

– Mariana, - começou minha irmã – o que foi que você fez?

– Eu... – ofeguei – Eu... Eu estou tonta.

– Melhor irmos lá para cima. – disse Jason. Ele saiu voando até perto do leme, como o Super-Homem. Todos ficaram com um cara de “Você pode voar Jason, nós não”. Mas aí ele jogou a escada e nós subimos.

Annabeth foi a última a subir. Ela puxou a escada para cima.

– Agora que nós já estamos “o mais em segurança que podemos ficar”, – ela colocou a escada cuidadosamente enrolada no chão – pode me dizer o que... – ela o olhou de mim para o chão, e depois para mim novamente – Mariana, as suas mãos.

Quando eu olhei, minhas mãos, tanto a palma quanto as costas, estavam cobertas de sangue. E não era espirrado. Era escorrido.

– Ta vindo do seu braço. – disse Piper.

Eu olhei o chão. Havia gotas de sangue seguindo uma trilha de onde a escada estava até onde eu estava.

Não era possível. O sangue das marcas nunca – eu repito, nunca – havia pingado. Ele nunca tinha realmente saído do meu braço, só escorria. Por que exatamente naquela hora ele tinha que começar a pingar?

– Vamos à enfermaria para você limpar isso. – disse Anne, se aproximando e puxando meu braço. Eu não me movi.

– Não.

– São cortes profundos. Dá para ver só pela quantidade de sangue. – disse Percy.

– Isso pode infeccionar. – avisou Annabeth.

– Não. Não pode. – eles me encaram desconfiados – Eu estou bem. – passei por eles e desci as escadas.

Eles me seguiram. Eu queria entrar na cabine e ficar lá até eles se esquecerem daquilo. Mas não fui rápida o suficiente.

– Vem comigo. – Annabeth me agarrou pelo braço e me arrastou para a enfermaria. Os outros vieram atrás.

– Poupe seus esforços. – eu disse assim que entramos – E seus suprimentos. – me soltei dela.

– Estou tentando te ajudar! Você está ferida.

– Não há nada que vocês possam fazer!

– Por que não? Qual é o problema?

Cruzei os braços, mas as marcas pinicaram um pouco. Passei as mãos nelas involuntariamente. Annabeth percebeu.

– Mariana, tire o casaco.

– Não.

– Tire... o... casaco. – ela disse cada palavra pausadamente – O que você está escondendo?

Olhei bem em seus olhos cinzentos, e depois olhei para os outros. Todos pareciam me olhar com expectativa. Voltei a encarar minha irmã.

– Vocês querem que eu tire o casaco? – era para eu ter dito isso em um tom casual, mas saiu muito desafiador – Então ta. Tudo bem.

Eu arranquei a peça de roupa, mostrando completamente meus braços e antebraços. Como eu esperava, as marcas estavam novamente vermelhas. Sangue escorria delas e só parava na ponta dos dedos. Parecia uma tatuagem macabra das veias e artérias dos meus membros.

Os quatro pareceram horrorizados.

– Mas o que... – começou Percy, mas foi interrompido por um som que veio do andar de cima.

– Mas já vou logo avisando: não quero mais carona. – era a voz de Leo. Eles voltaram da missão.

– Nem precisa avisar. – a voz de Frank era triste – Você não vai precisar.

– Ah, cara, por favor, de novo não. Já me sinto mal por... – ele parou – Por que estão todos na porta da enfermaria?

Hazel, Leo e Frank emergiram na porta. Percy se virou para Hazel.

– Hazel, você está bem? O que aconteceu?

Os olhos dela estavam vermelhos.

– Nada. Eu estou bem. – ela olhou para mim e arregalou os olhos – O que aconteceu com o seu braço?! Você tentou se matar?

– Olhe só que surpresa. Todos chegaram para ouvir a historinha. – me sentei na cama atrás de mim – Era por isso que eu não queria que ninguém soubesse. Parece uma tentativa de suicídio.

– Mariana, o que é isso no seu antebraço? – perguntou Annabeth.

– Cortes. Cortes feitos com uma faca de cozinha.

– Facas... de cozinha... Quem...

– Lembra quando estávamos no acampamento, que eu te contei a história da minha vida? Lembra que eu disse que a minha madrasta não era bem a pessoa exemplar?

– A sua madrasta fez isso? – indagou Percy, incrédulo. Assenti – Olha, o meu primeiro padrasto também era um saco, mas ele não tentava me matar.

– Espera aí. Estou meio perdido – disse Leo – Explica isso desde o início.

Respirei fundo.

– É melhor vocês se sentarem, porque a história é longa.

Frank, Hazel, Leo, Piper e Jason se sentaram na cama da frente (nessa ordem) e fiquei na ponta da cama para que Annabeth e Percy pudessem se sentar também. Coloquei o casaco no meu colo.

Então eu comecei a história.

– Eu não sei se vocês perceberam, mas até algumas semanas atrás, eu nunca tive um amigo. Ou pelo menos, um que não fosse meu pai. Ele viajava muito, mas dedicava todo o tempo que tinha para mim. Aí um dia ele chegou em casa e disse que tinha que fazer uma viagem para a Alemanha junto com a empresa. Na noite anterior a viagem, ele me contou que eu sou uma semideusa, que minha mãe é Atena, e que eu tinha algo diferente. Mas ele não disse nada sobre a benção de Hades, porque fazia parte do acordo ele não contar nada. Naquela noite ele me deu esse facão, o endereço do acampamento e algumas outras coisas, entre as quais estava um envelope, que ele me pediu para abrir depois.

“Dois dias depois, chegou um policial em casa dizendo que meu pai estava morto. Um motorista bêbado avançou o sinal vermelho em um cruzamento e acertou em cheio o táxi em que ele estava. Seguindo as especificações do meu pai, eu abri o envelope e descobri que aquilo era o testamento dele. Ele me deixou vinte mil dólares, que estão na minha mochila até agora.

“E é aqui que realmente entra a minha madrasta. Meu pai se casou com ela quando eu tinha dois anos, e nós duas sempre nos odiamos. Quando meu pai morreu, ela teve que tomar conta da casa, e me fez de empregada. Como eu me recusei a fazer o que ela mandava, e impliquei com ela em relação a outras coisas, ela me arrastou para a cozinha, pegou uma faca e fez os primeiros sete cortes nos meus antebraços.

“Quando eu finalmente consegui me soltar dela, corri para o meu quarto e peguei meu kit de primeiros socorros. Mas nada adiantava. Não importava o que eu passasse, não parava de sangrar. Nem dava para lavar. Eu examinei as facas e não tinha nada nelas.

“A partir daí, toda vez que eu fazia algo minimamente errado dos padrões dela, isto é, todo dia, ela fazia um corte novo. Eu não reclamava. Não por que eu merecia, muito pelo contrário. Eu fiz um juramento comigo mesma de que eu nunca demonstraria fraqueza na frente dela.

“Quando fez um mês que meu pai morreu, eu fugi de casa, exatamente como eu estou vestida agora e com aquela mochila. Meu objetivo era simples: chegar ao Acampamento Meio-Sangue viva.

“Eu fui à pé. Uma semana depois, quando cheguei na Pensilvânia, eu descobri que tinha a benção. Fiquei lá mais uma semana para descansar, e voltei a caminhar. Uns dois dias depois cheguei no acampamento.

“A partir daqui, vocês quatro” apontei para Annabeth, Leo, Jason e Piper. “sabem o que aconteceu. Eu cheguei no acampamento, conheci vocês e Annabeth me levou pro chalé. Resumindo, todos me odiavam, principalmente meus irmãos. Contei essa história toda para a Anne naquela noite, exceto a parte das marcas. Não era para ninguém saber. Teriam me colocado de quarentena se descobrissem. Vocês três estavam ocupados com o Argo II, principalmente Leo, então eu não os vi mais.

“Na noite seguinte eu fugi do acampamento. No dia em que eu cheguei aqui no navio eu contei o que aconteceu depois que eu fugi do acampamento. Então não preciso falar de novo. E um pequeno detalhe: até o dia em que eu fugi do acampamento, as marcas, esses cortes, não tinham parado de sangrar ainda.”

Enquanto falava, observava a cara de choque de cada um deles. Ninguém disse nada por um tempo. Todos pareciam estar absorvendo a história. Jason foi o primeiro a quebrar o silêncio.

– Você poderia ter chamado a polícia. – todos se viraram para ele – Se chamasse a polícia, ela iria presa. Então não implicaria mais com você, nem com mais ninguém.

Neguei com a cabeça.

– Não, não poderia. Se ela fosse presa, eu iria para um abrigo. Não poderia ficar com a casa porque sou menor de idade e não trabalho. E, apesar de realmente ter acreditado que eu ficaria no acampamento, poderia precisar voltar. E se eu contasse alguma coisa que ela fazia para as autoridades, significaria que ela estava me incomodando.

– Ela não estava? – indagou Piper.

– Estava, mas ela não precisava saber disso, não podia. Quando eu disse que não podia demonstrar fraqueza na frente dela é porque ela não podia saber que me incomodava. Senão ela iria tornar a minha vida um inferno, coisa que ela começou a fazer quando meu pai morreu. Se eu falasse com alguém sobre o que estava acontecendo, ela ia saber que ganhou. E a vitória dela, em praticamente qualquer caso, significa a minha derrota. E eu não posso perder para ela.

Houve um momento de silêncio.

– Orgulho. – disse Annabeth de repente – Seu defeito mortal: orgulho. Como a maioria dos filhos de Atena. Como eu.

– É, acho que sim.

– Por que elas não estavam se curando? – perguntou Percy – As marcas nem deveriam mais estar aí pelo tempo. E elas estavam sangrando agora.

Respirei fundo.

– Eu não contei para ninguém no acampamento porque teriam me internado. Elas ainda estavam sangrando e nem eu sabia por que. E ninguém lá iria saber. Eu queria saber, mas depois que me contaram, não queria mais saber.

– Por quê? – perguntou Leo.

– A minha madrasta foi um objeto usado para eu ter essas marcas. Um certo deus teve essa ideia e pediu que uma deusa colocasse a ideia na cabeça de Madrasta.

– Que deuses foram esses? – perguntou Frank.

– Cupido e Hécate.

Resumindo, eu expliquei que Cupido colocou as marcas em mim para medir minhas emoções. Acho que já te chateei demais colocando aqui o resumo dessa história toda. Claro que não pude deixar de contar que Nico era o que tinha feito as marcas começarem a se cura, e Hazel pareceu segurar o riso. Realmente, deveria ser estranho para ela pensa que eu seu irmão, Nico di Angelo, o filho de Hades, poderia ser a cura para as marcas.

Mas eu havia me esquecido de uma coisa: eu não era a única no navio que havia se encontrado com Cupido.

– Mariana, – disse Jason – você disse que foi o Cupido que te explicou isso tudo, já que foi culpa dele. Vocês se encontraram?

– Aham.

– Onde?

Minha cabeça trabalhou muito rápido. Se eu dissesse que foi na Croácia, poderiam perguntar a Jason se ele também o viu, já que ele esteve na Croácia, com Nico. Nenhum dos dois contou o que aconteceu nas ruínas de Salona. A única confirmação de que a missão foi um sucesso foi o cetro de Diocleciano que Nico carregava.

Tudo isso passou pela minha cabeça em dois segundos. No terceiro, eu já sabia o que ia responder.

– Em Roma.

Ele pareceu surpreso.

– Roma?

– É, Jason. Roma. Sabe? Itália. – Bem longe da Croácia. Pensei. Me segurei para não falar.

Ele pareceu desconfiado.

– Como vocês se encontraram?

– Eu não conseguia ficar no navio porque me dava aflição não saber se o Nico estava bem, então eu não conseguia ficar esperando. Eu sabia que vocês iam demorar, e pensei em dar um passeio pela cidade. Vamos dizer que eu e Cupido nos esbarramos. – falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

Os outros pareceram acreditar. Afinal, não tinha por que eles não acreditarem. Mas Jason não se convenceu.

– Acho que já entendemos. – disse Annabeth – É melhor subirmos e... precisamos saber o que aconteceu na missão de vocês.

– É. – disse Leo – Nós temos boas e más notícias. Vamos conversar lá em cima.

– Não. – disse Jason. Todos o encararam – Vão vocês. Eu preciso conversar com a Mariana em particular. É rápido. Já vou subir.

Eles trocaram olhares, mas não disseram nada. Um por um, foram saindo, deixando apenas eu e Jason na enfermaria.

Ele foi até a porta e se certificou de que estava fechada. E depois suspirou.

– Você mente bem.

Olhei bem a porta e coloquei o dedo indicador na frente da minha boca, como se pedisse silêncio, e disse:

– Não sei do que você está falando.

Me levantei rapidamente, fui até a porta e a abri. E adivinhe quem estava tentando escutar a conversa: Leo. Ele pareceu surpreso.

– De novo? – perguntei.

Ele ergueu as mãos, em um gesto de rendição.

– Tudo bem. Tudo bem. Desculpe. – virou as costas e subiu as escadas.

Me certifiquei que não havia mais ninguém no corredor antes de virar as costas e declarar:

– Obrigada. – fechei a porta – Então, o que Jason Grace estaria tão interessado em falar comigo?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem!!!!
Bem, vocês devem imaginar que este é o último capítulo do ano. E no início de fevereiro a fanfic vai fazer um ano!
Muito obrigada por continuarem comigo até aqui. Vocês são muito importantes.
Comentem o que vocês acharam. Críticas construtivas, por favor.
E feliz Natal para todos!!!!