Happy Valentine's Day, Mônica escrita por Dominique


Capítulo 6
Dc


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Espero que tenham curtido o cap anterior!

Nos vemos nas notas finais!

Rose Weasley.



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Andei pelo corredor, tentando aparentar despreocupação.

Nada havia acontecido. Ainda era o mesmo rapaz popular e radiante que deixava as mocinhas suspirando. Agora que minha banda iria tocar no baile do colégio, era ainda mais requisitado.

Todavia, não podia mentir pra mim mesmo. Sentia meu coração despedaçado, mais ainda do que eu pensara que fosse possível.

“Aquele idiota”, pensei, meu estômago contraindo-se de raiva. Minha memória, teimosa, levou-me ao passado.

Cebola e eu fomos amigos por muito tempo, mal consigo lembrar-me do dia em que nos conhecemos. Ele sempre estivera ali e era isso o que importava.

Sempre fui muito brincalhão, mas, apesar disso, pude contar com a amizade de Bola. - Meu apelido particular para Cebola -Ele entendia meus sentimentos – inclusive, sabia muito sobre Creuzodete (embora não soubesse exatamente quem ela era), minha mágoa mais profunda. E de toda esta confiança nasceu uma paixão arrebatadora.

Ainda consigo lembrar-me da sensação. Bola aproximava-se e o mundo brilhava um pouco mais. Se tocasse meu ombro quando contava uma piada, eu estremecia por dentro, o coração disparado, a boca seca.

Um dia, tudo aquilo desapareceu. Cebola afastou-se bruscamente, tornando-se um bastardo comigo. Humilhado, magoado e confuso, tornei-me ainda pior em minhas brincadeiras e a paixão por Cebolácio tornou-se um desgosto muito profundo.

E então Mônica aparecera para nos unir em uma banda. O quão irônico aquilo poderia ser?

Uma onda de raiva ainda maior apoderou-se de meu coração. Agora eu entendia o porquê de Cebola ter feito aquilo comigo e sentia que poderia odiá-lo, fazê-lo sofrer a cada dia por ter sido tão baixo e sujo.

Ele não confiava em mim.

Senti meu estômago contrair-se. Meu melhor amigo, uma das pessoas a quem mais me doei, não acreditara em mim quando abri meu coração.

Maldito idiota!

Dentro de meu ser as águas agitavam-se, mas por fora o exterior era calmo como sempre. Aprendi deste cedo a lidar com as emoções: elas o fazem fraco se as mostra, porém são um poderoso estimulante quando cuidadosamente armazenadas dentro de si.

Percebi que Denise caminhava em minha direção e quase não contive uma onda de nojo. Não sei o que eu vira nela na época, mas agora somente me causava raiva e repulsa.

– DC, querido, precisamos conversar.

Com um suspiro, assenti e sentei-me em um banco.

– Diga de uma vez.

Ela sentou-se também, abriu a mochila e tirou de lá o presente mais improvável do mundo:

– Perdão! – E me entregou Charlie.

Ignorando os olhares curiosos, abracei meu velho amigo com alegria. Era tão bom tê-lo de volta!

– Bem, obrigado, eu acho. – Disse, colocando Charlie em minha mochila.

Denise continuava me encarando. Quando percebeu que não haveria nada mais, seu semblante ficou cheio de raiva:

– Cadê o seu romantismo, Dy Contra( ela usou um apelido muito íntimo)? Devolvi seu baixo são e salvo! Agora podemos voltar a ser um casal!

Dissimulando a náusea que subia à minha garganta, respondi o mais seriamente que pude:

– Não há nada mais que isso, Denise. Eu realmente agradeço o que fez por mim, mas, sendo você a pessoa que tirou Charlie de mim, não acredito que te deva alguma coisa. – “E nem quero voltar com você”, pensei.

O olhar dela era puro ódio.

– Você é um babaca mesmo, não sei por que ainda me importo. – Com uma risada má, ela acrescentou: - Não se preocupe em me dever nada, querido, o que ganhei com a troca desse bichinho encardido ainda está em minhas mãos. Talvez você devesse perguntar a Cebolácio o que ele perdeu.

Ela continuou a falar sobre Cebola querer conquistar Mônica, mas meu cérebro desligou-se completamente da conversa.

Bola estava envolvido nisso? Ele trocara algo importante por Charlie? Mas... por quê?

E, mais importante, o quê?

~’~’~

Quando meus pés finalmente alcançaram a rua da loja de Berenice, senti o coração disparar. Não queria pensar em todos aqueles anos passados sem Charlie.

Fiquei feliz de ver que quem estava no balcão era Bianca, a assistente. Era bastante perspicaz nas trocas, porém eu tinha a certeza de poder enganá-la. Já estava na hora de Berenice nos deixar em paz.

Segurei a corrente de ouro em minhas mãos enquanto me aproximava do balcão. O ouro era falso, mas somente um olho treinado – como o da dona da loja – poderia percebê-lo. Bianca era astuta em muitas coisas, todavia reconhecer metais preciosos não era uma delas.

– Hey, Bia. – Cumprimentei animadamente. – Viu, queria trocar essa corrente de ouro. O que me dá por ela?

O outra a analisou com cuidado, utilizando até mesmo uma lente especial, mas eu sabia que era tudo teatro.

Quando terminou, disse:

– É falsa. – Aquela afirmação me congelou por dentro, mas continuei a sorrir como se nada tivesse acontecido. – Como você é um cara legal, vou procurar algo que possa servir.

Observei enquanto Bianca revirava caixas e mais caixas de roupas e bugigangas. De repente, ele retirou um bracelete preto com "espinhos" tão conhecido que senti meu coração disparar.

Aquele era o pequeno tesouro a que Cebola renunciara por Charlie: um bracelete que eu mesmo dera a ele alguns anos atrás. O que aquilo poderia significar? E por que ele não me dissera nada?

– Bia, o que acha de trocarmos a corrente por esse bracelete?

Ela a analisou bem e concordou.

– Fechado. Está muito velho e sujo mesmo, parece que alguém andou levando para tudo quanto é lugar. Nem sei porque está na caixa de itens que não devem ser vendidos.

Com um sorriso, agarrei o pacote em minhas mãos e segui para a casa de Cebola.

~’~’~’~’~’

Toquei a campainha com urgência, estava impaciente para resolver logo aquela situação.

Apesar do sol da tarde, Cebola obviamente estava dormindo. Seu semblante tornou-se alerta assim que me viu. As coisas ainda estavam bem estranhas entre nós.

Desembrulhei o pacote e entreguei o bracelete em mãos. O olhar incrédulo de Bola compensou todo o esforço.

– Isso é seu.

Seu semblante estava muito confuso.

– Quando...?

– Denise me contou hoje de manhã. Não hesitou em te trair quando o plano dela não deu certo. – Com um suspiro, perguntei: - Posso entrar? Não me sinto confortável conversando sobre isso na porta.

– Claro, claro. – Disse Cebola, abrindo caminho para que eu passasse. Seguimos até a sala, onde nos acomodamos.

– Denise disse-me que você estava tentando ganhar o coração de Mônica me afastando, mas eu não acredito um segundo sequer nisso.

Percebi que Cebola apertava o bracelete em seu braço como se nunca mais fosse tirá-lo.

– Por que fez isso?

Com um suspiro, ele respondeu:

– Finalmente percebi o idiota que fui com você, DC, mas sabia que jamais me perdoaria. Decidi torná-lo um pouco mais feliz, pois Charlie sempre lhe foi muito querido.

Fiquei um tanto quanto tonto ao perceber que ele se lembrava de meus sentimentos. Talvez pudéssemos voltar a conversar normalmente ou, quem sabe, até reativar a amizade. Aquele gesto de Cebola fora, para mim, como uma bandeira branca: paz, rendição.

A banda se beneficiaria e Mônica sofreria menos com tudo aquilo. Era realmente um bom recomeço.

– Eu te perdoo

– O quê? – Cebola estava aturdido.

– Eu te perdoo pelo que aconteceu, Bola. Seu gesto foi mais do que suficiente para me mostrar seu valor. Claro, não prometo a mesma amizade de antes, mas podemos tentar. Tudo pela banda e por Mônica.

– Mônica, banda... Claro, claro. Obrigado, DC. – O olhar dele era sincero.

Despedi-me animadamente de Cebola e corri para casa.

Que dia cheio!


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