Um mês depois...

Eu sabia o que estava fazendo. Já fazia um mês que Nico me prometera explicar as coisas e até agora não fizera nada!

O.k, eu poderia virar comida de Harpia a qualquer momento, mas honestamente, eu ia sair atrás de alguém que pudesse me explicar melhor as coisas. E eu sabia quem poderia ser. Eu iria atrás de Lucinda Walter, minha avó, uma semideusa.

– Não é muito seguro ficar passeando pelo acampamento depois do toque de recolher – disse uma voz masculina assim que eu saí do acampamento.

– Tecnicamente, eu estou fora do acampamento – sorri e me virei para Nico. Ele olhou para a minha mochila presa em apenas um ombro.

– Você está... – ele hesitou.

– Não pense em nada demais – pedi. – Estou indo atrás do meu passado, já que uma certa pessoa não se deu o trabalho de me ajudar.

Ele se aproximou de mim.

– Anddie, você sabe que é muito cedo para você saber dessas coisas.

– Um mês, Nico, faz um mês – revirei os olhos. – Está mais do que na hora de eu saber. Vocês só fazem suspense, suspense e suspense!

– Mas você tem que esperar – insistiu ele.

– Não – disse. – Se você resolver colaborar eu não preciso ir até Atlanta só para encontrar minha avó para sentarmos em um sofá fofo e conversarmos sobre meu passado enquanto tomamos um chá de frutas vermelhas e comemos biscoitos de chocolate.

Ele riu.

– Você é exagerada.

– Eu sei – fiz uma careta. – Vai colaborar ou não?

– Anddie, eu não posso...

– Você jurou pelo Rio Estige.

– Jurei pelo Rio Estige que quando fosse possível eu iria contar as coisas.

– E eu sei que já é possível. Inclusive metade do acampamento já sabe de tudo também, não é? Nico, eles falam de mim pelas costas e eu nem ao menos sei o que é para pensar se eles falam bem ou mal.

– O quê você quer ouvir primeiro? – suspirou ele, eu sorri satisfeita.

– Sobre o Cassino Lótus, as lembranças que eu tive de lá.

– No Cassino Lótus – começou ele e nós dois nos sentamos na grama. – Nós nos conhecemos lá, você conseguiu se lembrar um pouco disso. Estávamos todos sob o efeito da flor de lótus, nós éramos duas crianças, mas... – Ele vacilou por um tempo, suspirou e continuou: – Bianca achava que existia um sentimento infantil entre nós dois, e ela estava disposta a nos fazer enxergar isso, mas eu não acreditava, achava bobagem, nós éramos amigos, jogávamos jogos juntos, ríamos, era legal, sabe? Mas Bianca permanecia insistindo, e um dia ela estava conversando com uma garota quando a garota deu a ideia de nós três jogarmos o jogo "verdade ou consequência" e quando Bianca me perguntou se eu queria verdade ou consequência eu respondi consequência, e ela me mandou dar um selinho inocente em você, e não podia mais voltar atrás.

– Crianças de dez anos trocando selinhos, jogando verdade ou consequência... Gente, onde está meu toddynho?

Nós dois rimos e Nico continuou:

– Nossa amizade e aquela brincadeira foi o suficiente para meu pai conseguir de certa forma descobrir tudo e querer acabar com você, e nesse mesmo tempo o homem que nos levou para aquela escola e o blá blá blá que você já sabe eu me arrependi de ter me aproximado de você, comecei a achar que era errado e quando Hades enfiou na minha cabeça quando eu já tinha uns quatorze anos de que você estava morta a minha cabeça virou de cabeça pra baixo e novamente eu me arrependi, e agora a coisa vai ficar confusa, porque eu me arrependi de ter me arrependido (n/A: GENTE, ELE SE ARREPENDEU DE TER SE ARREPENDIDO! UAAAU!) de ter achado que tudo era errado.

– Hades te convenceu de que eu estava morta – balancei a cabeça negativamente. – Preciso achar uma arma com balas de bronze celestial e me matar.

– ...Foi aí que eu descobri que um simples sentimento de criança estava me afetando, e nem quando eu tive uma queda por outra pessoa eu não me esqueci de você. (n/A: Sem querer ser chata interrompendo essa fanfic à toda hora e à todo minuto, mas essa outra pessoa é o Percy, então digamos que mesmo quando ele era uma criança ele não havia esquecido a Anddie. Laura, cale os dedos e volte a escrever a fanfic.)

– E o sentimento permanece?

– Não sei – ele deu de ombros. – Eu estou confuso agora. Quando eu te vi sendo atacada pelo Leão da Nemeia minha primeira reação foi quase ter um ataque cardíaco vendo a garota que eu havia amado quando era uma criança ali na minha frente, e eu chamei a Sra O' Leary e nós disparamos para atacar o leão para te ajudar, e foi aí que eu comecei a novamente me questionar sobre meus sentimentos. Então nem pergunte porque eu não saberei responder.

– E o seu estresse na enfermaria...

– ...Foi por causa de todos que estavam me dizendo para ficar longe de você ou Hades nos mandaria para os Campos da Punição sem piedade.

Meu coração estava a mil. Eu não conseguia entender aquilo, não conseguia entender o que estava na minha cabeça. Eu fiquei muito em dúvida entre beijar Nico naquele momento ou simplesmente ficar quieta. Optei por ficar quieta. Eu não seria tão louca a ponto de beijá-lo, seria? Claro que seria.

O garoto que eu tinha uma queda (CONFESSO!) estava ali, do meu lado, dizendo que havia me amado quando éramos duas crianças e eu estava simplesmente assentindo e murmurando "Aham", "Sim" e "Hum". Andrômeda, você tem problemas mentais?!

– Mas você não ficou longe de mim.

Ele voltou a sorrir.

– Como você percebeu, não aguentei mais do que duas semanas.

– E ainda se questiona sobre seus sentimentos.

– Aham.

– Enquanto isso eu adoraria me transformar em uma raposa e fugir para outro lugar cantando What Does The Fox Say.

Ele me olhou como se eu fosse louca, eu sorri sem jeito.

– Desculpe, eu sou assim.

– Você sempre foi assim – disse ele, se aproximando um pouco mais de mim, eu corei e me afastei um pouco. – Hã, desculpe.

– O.k – me levantei e Nico se levantou logo em seguida. – Era tudo o que eu gostaria de saber no momento.

– Você não vai me bater ou algo do tipo?

– Você está louco? Depois de saber que você me amava quando tínhamos dez anos eu acho que a vontade é de me bater. E agora, já que estamos entendidos, eu acho que posso voltar para o meu chalé. Mas... Quando você se decidir sobre seus sentimentos...

– Você será a primeira a saber – garantiu ele. – Quíron vai nos dar uma missão, você já deve estar sabendo. E eu queria saber se você está preparada para a profecia.

– Estou preparada pra tudo.

– Anddie – chamou ele, colocando as mãos nos meus ombros e me fazendo ficar cara a cara com ele. – Mas você... Você sente alguma coisa por mim?

– Eu não sei.

Ele me soltou e se virou para o lado, parecendo desapontado. Isso, Andrômeda, 100 pontos para sua idiotice e menos 50 pontos para Grifinória!

– Melhor nós irmos dormir – decidi para quebrar o clima tenso que se instalara ali, eu e Nico seguimos o mais silenciosamente possível para a área dos chalés. Nós paramos na frente da porta do meu chalé e eu disse: – Mas me faça uma promessa.

– Outra? – ele sorriu. – Qualquer coisa.

– Não importa o que os outros digam, nem os deuses, você não vai se afastar de mim.

– Nunca mais. E eu juro pelo Rio Estige.

Eu sorri. O que aconteceu a seguir foi algo que nem eu entendi direito. Eu pus minhas mãos nas bochechas dele e o puxei até mim, selando nossos lábios. Entenda, a intenção não era ser um beijo, era para ser apenas um selinho demorado. E foi um selinho demorado.

– Boa noite, Nico – sorri e abri a porta, ele parecia surpreso. – Nos vemos daqui há algumas horas.

– B-Boa noite – ele sorriu de orelha a orelha, eu entrei no chalé, fechei e tranquei a porta, me arrumei para dormir, joguei a mochila em um canto e me atirei na cama, começando a rir, me sentindo uma adolescente normal, uma mortal que havia acabado de dar um selinho no garoto da qual ela desconfiava estar sentindo alguma coisa.

Pus um dedo sob meus lábios e me ajeitei na cama, depois coloquei as duas mãos sob o peito e fechei os olhos, adormecendo pensando nele.