Complicações do Amor escrita por Luciana


Capítulo 3
Capítulo 3 - Vexames


Notas iniciais do capítulo

Venho com mais um capítulo de CDA. Não deixem de comentar no final, por favor!



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Despedi-me de Jasper e já estava subindo a escada da piscina, olhando para meus pés para não escorregar, quando, no último lance, dei um encontrão em um corpo que pretendia descer. Não deu outra, me desequilibrei e inevitavelmente escapuliu um grito dos meus lábios. Entretanto notei que ao invés de cair de costas para piscina, braços fortes seguravam meu ombro, me puxando para longe da borda. Porém o impulso para me puxar foi tão forte que sem querer, destrambelhada que sou, cai em cima do meu salvador. Levantei um pouco a cabeça, constrangida, para perceber que o que amorteceu a queda foi o peito, macio, de Edward.

Capítulo 3 - Vexames

Frank Ocean - Thinking About you

Procurei as palavras para me desculpar, mas a vergonha havia travado meus lábios. Edward me encarava paciente, esperando que eu dissesse algo, ou saísse de cima dele. Passei a mão em meus cabelos, sem jeito, enquanto levantava.

– Você está bem? – Ele perguntou, segurando meu braço e se levantando junto comigo. Gaguejei.

As ações de Edward não explicavam meu nervosismo. Ele estava sendo educado, somente isso. Muito educado. No entanto, eu estava lá, gaguejando e corando. Minhas respostas a suas ações poderiam ter sido motivados pela falta de sua camisa, talvez... E pelo fato de meu cabelo, molhado, ter jogado gotas de água em seu peito enquanto caímos, e que agora escorriam lentamente por seu abdômen definido, deixando aquela pele contra o sol de fim de tarde, levemente brilhante...

– Isabella? – O modo como ele me chamou por meu nome todo, me tirou da minha viagem interna. Então voltei ao planeta Terra e arranhei minha garganta, ganhando tempo.

– Estou bem, obrigada... Desculpe-me por isso, sou um pouco descoordenada. – Consegui o olhar nos olhos e sorrir. Eu esperava que sim, mas Edward não sorriu de volta, só deu um passo para trás e verificou se eu estava inteira, sem nenhum arranhão. Neste momento eu quis pular novamente na piscina, só para não me sentir exposta no biquíni, enquanto ele me investigava. Provavelmente eu estava ok, pois ele suspirou e soltou meu braço.

– Não se desculpe, não foi nada. – Disse, saindo e me deixando lá sozinha, a ver navios...

[...]

Já eram 20:15 quando eu e Alice terminamos de nos arrumar. Tive que lutar muito para não conectar meu Ipod a caixinha de som para não precisar escutar ela falando sobre o “maravilhoso” mãos-de-tesoura. Mas por estar ciente de que seria sacana da minha parte fazer isso, só porque fui atingida por um súbito mau humor, assentia toda hora que ela me perguntava se eu tinha certeza de que havia uma “tensão romântica” entre ela e o Jasper. Depois da segunda vez que Alice me perguntou se eu o achava bonito, e eu respondi “claro”, tive que rir quando ele pensou um pouco e me ameaçou de morte, alegando tê-lo visto primeiro.

– Você acha que a Rose ficou com raiva da gente por ter contrariado ela na sala de jogos? – Perguntei quando o momento me veio à cabeça, enquanto penteava meus cabelos.

– Sim, mas suas paixões loucas nunca duram. Logo, logo ela se esquece deles e fica de boa com a gente. Nós somos irresistíveis demais para que alguém nos odeie por muito tempo. – Ela piscou e me mandou um beijo, fazendo pose. Joguei seu hipopótamo de pelúcia em sua cara, rindo.

–Ei! Mais cuidado com o Leopoldo! Ele tem sentimentos! – Ela teve a cara de pau de me mandar um olhar repreendedor enquanto pegava o bicho no chão, fazendo carinho na pelúcia.

–Espero que esteja certa, odeio ficar em uma situação ruim com vocês. – Confessei, ignorando a criança. Alice deu de ombros, provavelmente não tinha dúvida de suas palavras.

Seguimos para o carro, encontrando Carlisle e Esme, impacientes, nos esperando.

– Sua irmã não está com vocês? – Mamãe perguntou enquanto tentava enxergar algo atrás de nós. Nesse momento o celular dela tocou e logo depois ela murchou o rosto, dizendo:

– Sua irmã falou para irmos sem ela, pediu para mandar o endereço do restaurante, que mais tarde ela aparece.

Alice me olhou, provavelmente se perguntando o mesmo que eu. O que Rosalie estava fazendo?

Seguimos sem nossa irmã em busca de um restaurante legal. Logo me arrependi de termos ido de carro, a vista era muito bonita para ser apreciada dentro de um veículo.

A maresia enchia meus cabelos e trazia um cheiro refrescante do mar. Fiquei um bom tempo admirando a paisagem praiana noturna. Ventos generosos balançavam os altos coqueiros da orla. Algumas mulheres que passavam de vestido tinham que segura-los para que suas saias não subissem. Crianças jogavam futebol de areia perto do calçadão, enquanto alguns feirantes vendiam artesanato no passeio. O barulho das conversas e músicas dos bares, somado ao barulho dos carros, abafava o som das ondas distantes, mas com muita concentração eu ainda era capaz de ouvi-las. Sorri, me dissipando totalmente do meu mau humor de mais cedo.

Aquilo ali não era nada parecido com New Jersey, onde morávamos. Tudo bem que New Jersey era bonita, de seu próprio jeito, mas a Flórida, essa sim é encantadora. A urbanização do centro da cidade em que estávamos, vinda dos arranha-céus e grandes shoppings contrastavam com a simplicidade litorânea, que não necessita de nenhum artifício de permanência para chamar atenção dos turistas. Basta apenas você por os pés na areia, observar ao redor e pronto, você se apaixona pelo lugar.

Num momento de pura emoção, abri todo o vidro do automóvel e coloquei toda a minha cabeça para fora, respirando profundamente aquele perfume natural.

– ISABELLA! Entre e feche o vidro! Quer ficar sem cabeça?! – Meu pai me repreendeu e emburrada, eu cedi. Quem quer ficar sem cabeça, certo?

Entramos em um restaurante um pouco formal. O manobrista veio recolher o carro para estacionar, e adentramos o local. Tudo estava ocorrendo bem. Minha mãe e Alice conversavam sobre as acomodações do hotel, enquanto Rosalie e Carlisle discutiam sobre o melhor vinho que pediram, até que Alice se lembrou de algo que eu também estava esquecendo.

– Por que você chegou mais tarde, Rose? Onde estava? – Rosalie fez uma pausa dramática e sorriu.

– Eu estava com meu namorado. – finalmente respondeu. Meus pais a olharam sem entender. Eu é que não os entendia, como podem se surpreender com esse tipo de coisa, que é normal vindo da minha irmã?! Continuei tomando meu suco tranquilamente. Alice estava certa, Rosalie não se demorava com homens, já estava até com um namorado misterioso.

– E quem é? – Alice perguntou curiosa.

– O nome dele é E d w a r d. – Minha irmã falou pausadamente, olhando para mim. Engasguei com o suco e acabei pagando um vexame por ter que fazer mimica para alguém me ajudar.

– Rose, não acha que está muito cedo para arrumar um namorado? Não estamos no estado nem a 24 horas! Garanto-lhe que homens desse tipo não são boa gente, minha filha. Não quer lhe namorar pelos motivos certos... – Meu pai se lamentou. Minha irmã mudou seu semblante, agora também envergonhado.

– É que ele é meu namorado, só não sabe ainda... – Ela riu. – Mas logo, logo, saberá. – completou tomando o resto do seu vinho. Bom, isso fazia bem mais sentido, Edward não parecia o tipo de homem que se envolve rapidamente com alguém. Lembrei-me do episódio de hoje em que depois de me ajudar, ele me deu as costas sem despedir, sem vontade nenhuma de iniciar uma conversa.

Tentando afastar isso da minha mente, analisei novamente Rosalie. Suas ações mostraram que ela ainda guardava rancor do que eu e Alice fizemos hoje. Encarei Lice, exigindo explicações... Ela apenas levantou os ombros, como quem não esperava a atitude da nossa irmã mais velha. Suspirei, totalmente sem apetite.

Já era quase 23 horas quando voltamos. Poucas luzes do hotel estavam acesas, apenas o suficiente para enxergarmos o caminho até as suítes. Alice e eu nos despedimos do resto da família e seguimos em direção a nosso quarto. Antes de entrar, porém, Alice me segurou.

–Espera! Vamos ver se o Jazz está acordado! – Pediu.

– Não inventa, Lice. Tá tarde... – não ia a deixar me convencer.

– Que tarde o que, Isabella! São onze horas! Ninguém dome onze horas nas férias, a não ser você. – saiu me puxando. É, não tive escolha.

Já no corredor, paramos em frente à porta. Alice já ia bater, mas eu a impedi.

– O que foi agora? – perguntou impaciente. Fiz o sinal de silencio com a mão.

–Está ouvindo? – sussurrei, indicando a porta ao nosso lado, da onde vinha um zumbido.

– Parece música. – Minha irmã comentou chegando mais perto.

– Shhhh – repreendi a garota, que aumentou o tom de voz. – Espera aí. – sussurrei, dando dois passos e colando minha orelha na porta. Realmente, era música. E das boas! – Alguém está cantando. – informei a Alice, que tentava me empurrar para escutar também. Dei um tapa tentando acalmar a serelepe. Eu estava realmente curiosa para saber qual dos dois irmãos conseguiria tal encanto. Algo me diz que não era o Emmett, então concluí que fosse o Jasper.

Na mesma hora a melodia parou e a porta se abriu. Alice automaticamente se afastou da porta e eu, como estava escorada, caí, diante de dois pés descalços.

–-O-Oii E-Edward - Alice falou, gaguejando. Olhei pra cima e silenciosamente a xinguei. Ela havia confundido os quartos, me deixando numa situação embaraçosa com o rapaz pela segunda vez no mesmo dia. Porém, dessa vez eu estava de quatro, na entrada se seu quarto e ele com certeza tiraria a conclusão de que eu o estava bisbilhotando.

Edward se agachou, ficando com o rosto no mesmo nível que o meu e tombou a cabeça, me analisando. Abaixei meu rosto, corando.

–Você estava falando sério quando disse que era descoordenada. – Ele concluiu sério, me encarando. Estendeu as mãos para me ajudar a ficar de pé.

–- Então... – Alice, começou, mas ele ainda me encarava, com olhos quase hipnóticos. Ela coçou a garganta e Edward finalmente a olhou. – Sabe, Ed... nós não estávamos o bisbilhotando... Aposto que você nem cogitou essa possibilidade... né?! – minha irmã deu um sorriso amarelo. – Eu devo ter errado o quarto, estava procurando o Jasper. Não é, Bella? – Alice se justificou.

Só agora eu havia notado como Edward estava. Ele vestia apenas uma bermuda jeans de cós baixo, deixando a mostra, sem querer, o elástico de uma cueca branca da Calvin Klein. Seu cabelo estava bem mais bagunçado que quando o vi pela primeira vez e seus olhos um pouco cansados. Edward segurava um violão preto, por isso pude concluir que era ele quem estava tocando e cantando. Confesso que essa visão de agora me agradava ainda mais! Eu tinha que admitir... Esse homem parado em minha frente estava absurdamente sensual.

–Bella? – Alice me cutucou. Droga. Eu tinha viajado legal, de novo.

– Tudo bem, percebi que depois de uma queda, sua irmã demora um pouco a retomar o raciocínio. – Edward contou a Alice, e então olhou pra mim, sério.

–Você não sabia? Bella tem duas pernas esquerdas e só metade do cérebro. – minha irmã me zoou.

–Ei, desde quando isso virou sob mim? Alice, você não estava caçando seu namorado? – Descontei. Edward levantou a sobrancelha, surpreso.

–Edward, eu admito! – Alice, se achando totalmente íntima do cara, segurou seus ombros. Ela ia confessar? – Não erramos o número do quarto! Bella me implorou pra vir aqui dar uma espiada em você! – Apontou pra mim. OQUEEEE?! Olhei minha irmã com um ódio mortal. Edward pigarreou e me encarou de modo questionador.

– Então... Vou deixar vocês sozinhos para lidar com a situação da Bella Stalker.- Minha irmã saiu correndo para nosso quarto antes que sobrasse pra ela e Edward descobrisse a tara dela por seu irmão, mas nada justificava o que ela fez... Eu ia MATAR a Alice! Olhei naqueles olhos verdes, procurando uma saída. Fiquei uns três minutos perdida até escutar uma risada. Edward estava sorrindo!

– Me desculpe. – ele se recompôs. – Você fica engraçada, assim... Tentando se justificar. – Ele saiu da porta e sentou numa poltrona perto de um espelho que ficava dentro de seu quarto.

– Não precisa se justificar, eu sei que estavam procurando por meus irmãos – ele completou, pegando uma água no frigobar ao seu lado.

– Como assim? – perguntei e involuntariamente dei uns dois passos, adentrando aquele quarto e ficando a menos de um metro dele. Ele notou aquela mínima aproximação e levantou, se afastando. Sua reação me deixou com a certeza de aquela risada de antes não significou nada, Edward não estava a fim de fazer amizade ou conversar. Virei de costas, com a intenção de sair.

– Eu troquei de quarto com eles. – Edward voltou a falar – O meu quarto dava pra frente de um bar... E eu não estava conseguindo me concentrar... – ele deixou a frase no ar. – olhei para trás, sem me virar totalmente e entendi o que ele dizer quando vi que olhava para o violão. Ele gostava de silencio, para tocar suas músicas. Senti alívio por ele entender que eu não estava tentando bisbilhotar... Pelo menos no início.

– Eí – o chamei, desviando seu olhar, do instrumento, para mim. Aquele homem claramente tinha formado várias barreiras que dificultavam sua comunicação com os outros. Por isso tomei coragem e falei: - Aquele sorriso... Que deu há pouco tempo... Bom, devia fazer mais vezes. – me virei andando, mas parei na porta e o olhei de novo, vendo seu rosto surpreso. – fica bem em você. – dei um meio sorriso e saí, sem coragem de olhar para trás.

Cheguei ao quarto, louca para matar Alice. Abri a porta e peguei a raquete de matar mosquito que estava ali ao lado. Quando liguei a luz vi que minha irmã já estava dormindo... Ou foi isso que acreditei até ela soltar um alto soluço.

–Ok, diga suas últimas palavras. – fui andando em sua direção.

–TÁ, DESCULPAAA – ela levantou, estragando o disfarce. – Mas em minha defesa o Edward é lindo... – ela sentou na cama, rindo.

– Você tem noção da vergonha que me fez passar só pra não admitir seus sentimentos loucos? – Na verdade eu nem estava com raiva mais, mas queria fazer ela se sentir culpada um pouquinho.

– Mas os seus são de mentirinha, então não tem problema se o Estranho saber...- tentou se justificar.

– Hey, ele não é Estranho. Olha quem fala. – Imitei novamente o Mãos de Tesoura. Eu precisava parar com isso, se não poderia chamar Jasper pelo apelido que eu lhe dei alguma hora. Meu comentário fez Alice se lembrar de algo e foi na cômoda buscar.

–Fala se ele não me quer! – Se gabou, jogando um papel em mim. Peguei o papel e abri.

“Alice,

não sei que horas chega, então estou deixando esse recado embaixo da sua porta.

Vamos à praia amanhã? (Espero que você tenha sorrido com meu convite...).

Você chama suas irmãs que eu chamo os meus, pode ser?

Até lá,

Beijos, Jazz”

– Ok, ele te quer. - Ri da cara da minha irmã, que estava sorrindo de um canto ao outro.

–Vamos dormir Bellita, porque amanhã o dia vai ser tudo de bom! – Minha irmã se jogou na cama agarrando Leopoldo.

Deitei em minha cama meia noite, mas não conseguia dormir. Permiti-me pensar um pouco no longo dia de hoje e naquele homem misterioso que estava bagunçando minha mente. Qual era sua história? Por que era tão sério e não agia como um jovem normal? O modo como ele trata as pessoas... Com muita cordialidade, mas sem nenhuma intimidade, mostra como ele não quer se abrir, ou não sabe como fazer. Mas... Aquele momento que ele riu de mim... Estava com a face tão relaxada, olhos comprimidos e um sorriso torto... Parecia outra pessoa. Alguém sem bagagem... Sem problemas. Por isso Edward não parecia jovem... Sua seriedade passava maturidade, mas também o peso de seu passado. Suspirei, enquanto o cansaço do dia finalmente me atingia e adormeci.


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Notas finais do capítulo

Oiiii gente!
Estou adorando postar a história e queria muito um feedback, para saber se vale a pena continuar... Então, o que estão achando??? Como acham que a história vai se desenvolver?

Beijo grande! Essa semana ainda tem mais (;