Closed your Eyes escrita por Noona


Capítulo 11
Capítulo 10 - Parte I




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Quando Eun Jae abriu seus olhos e por fim a luz iluminou seu olhar, pareceu despertar em outro mundo, muito diferente daquele no qual vivia. Em algum momento, havia se perdido dos braços de Ma-Ru e agora se encontrava sozinha. Quase como se fosse uma outra realidade paralela, estranha e desconhecida, mas definitivamente assustadora.

A noite em que ele havia permanecido com ela naquele quarto de hospital tinha sido simplesmente gloriosa. Ainda que não fosse muito apropriado, havia acalmado seus sentidos melhor que qualquer coisa que poderia imaginar. A cada vez, estava se envolvendo mais e mais com ele, era seu melhor amigo, seu alento e seu protetor.

Tinha sido muito difícil quando o médico havia lhe despertado pela manhã. Seus tios, ansiosos, haviam quase obrigado o homem a trabalhar mais depressa. A ausência de Ma-Ru havia sido como um presságio ruim para Eun Jae, como se fosse o sinal de que as coisas não acabariam bem. Foi extremamente decepcionante quando enfim a venda caiu de seus olhos, e tudo que podia ver estava borrado, imerso numa permanente nuvem escura.

Havia se acostumado a viver na escuridão, e ser arrancada dela e enviada para um mundo nublado, era realmente difícil. Ainda que o médico falasse de modo consolador, não houve jeito de conformar os tios de Eun Jae, que estavam mais uma vez cabisbaixos. O médico havia lhe avisado que passaria por um grande período de reabilitação, no qual seria reintegrada ao mundo, aos poucos, um passo de cada vez, e tudo voltaria ao seu normal.

Mais uma mentira. Eles estavam se multiplicando aos montes, em sua vida.

Nem mesmo seu pânico na véspera da operação a havia preparado para os meses seguintes. Eun Jae não conseguiu evitar também o sentimento de culpa por não corresponder ao que sua família tanto desejava. Tantos sonhos e tantos planos, alguns que jamais se realizariam...

Ao sair do hospital, seus tios ficaram ainda mais silenciosos, como se decepcionados com o resultado da cirurgia dela. Também pareciam surdos quando o assunto era Ma-Ru. Era como se ele jamais houvesse existido em suas vidas.

Assim como em casa, a volta para a escola foi muito esquisita. Estava muito atrasada em relação a seus colegas, que ainda não falavam com ela. Da mesma forma, seus professores ainda agiam da mesma maneira, deixando-a de lado como se ela ainda não pudesse enxergar. Era como se ter sua visão de volta a tivesse transformado em alguém invisível.

Não muito raramente, se perdia pelo labirinto de corredores em sua escola. Nunca havia se dado conta do quão grande ela era. Mesmo que os dias se sucedessem e trouxessem mais clareza a seus olhos, sua visão ainda não estava em sua melhor forma. Continuava um tanto embaçada ainda, demoraria mais tempo até que ela pudesse ver normalmente.

Como era invisível a todos, Eun Jae se permitia fechar os olhos para se locomover. De olhos fechados tudo parecia tão mais fácil, tão mais simples... Não haviam caminhos errados, afinal, ela já conhecia todos os lugares para onde precisava ir. De olhos fechados também podia ficar a sós com seus pensamentos e pensar apenas em Ma-Ru.

Havia procurado por ele em toda a parte, mas ninguém parecia conhecê-lo. A direção da escola fornecia informações pessoais a outros estudantes e Eun Jae não havia conseguido informação alguma com os colegas da sala onde ele estudava. A resposta era sempre negativa. Não podia culpá-los, afinal, ela mesma jamais havia visto seu rosto, apesar de ter compartilhado com ele tantos momentos inesquecíveis.

Num primeiro momento, havia ficado tentada a perguntar a Min-Ki Sumbae por Ma-Ru. Desde que havia retornado para a escola, lanchavam juntos na hora do almoço. Mas depois de ser interrompida inúmeras vezes pelo grande astro, Eun Jae acabou desistindo. Ele estava sempre ocupado demais falando de si mesmo, de suas amadas fãs e seu enorme fã-clube para ouvir o que ela poderia ter a dizer.

Até mesmo Han Yeon havia parado de perturbá-la, milagrosamente. Inicialmente, havia acreditado que por fim ela havia tomado consciência de seus atos e se cansado de fazer tantas maldades, arrependida por seus mais modos. Ledo engano. Han Yeon jamais seria aquele tipo de pessoa e nem mesmo Eun Jae acreditaria em tal mudança.

Por fim, havia percebido que toda essa mudança se devia a alguém em especial, mais exatamente um garoto. Era um rapaz alto e calado, que apesar das regras da escola, usava um casaco escuro com capuz que ocultava seu rosto.

Han Yeon havia se apaixonado por um dos estudantes da escola, que parecia ter operado um verdadeiro milagre nela. Pelo visto, devia ser algum estudante novo, já que ninguém o conhecia. Pensando bem, até mesmo ela jamais havia conseguido chegar perto dele o bastante para ver seu rosto ou ouvir sua voz. Ele estava sempre com o rosto oculto e se afastava imediatamente quando ela estava por perto.

Só uma vez havia realmente visto o rapaz de relance, sem que ele percebesse. Estava na aula de educação física, lavando as mãos numa das pias do vestiário misto. Embora usasse o costumeiro casaco escuro e o capuz puxado sobre a cabeça, as mangas estavam arregaçadas, deixando à mostra seus braços fortes.

Um deles era repleto de tatuagens que lhe davam um certo arrepio, havia algumas tatuagens até em sua mão. Estranhamente, ele não lhe causava medo. Suas mãos grandes evocavam algum tipo de lembrança, algo tão profundo em sua mente, que ela mesma não saberia colocar em palavras.

Impressão ou não, parecia que o rapaz realmente não gostava dela. Já o havia visto pelos corredores e ele sempre passava o mais longe que podia, o que intrigava Eun Jae, que não podia imaginar o motivo dele sempre agir dessa forma tão esquisita.

Talvez fosse só coisa de sua cabeça, algo que sua mente estivesse manipulando a fim de mantê-la sã. Bem a verdade, Eun Jae nunca havia se sentido tão sozinha e tão perdida, nem mesmo tendo passado tanto anos na escuridão.

Ainda que agora pudesse ver por si mesma, nada parecia tão colorido ou cheio de vida quanto ver através dos olhos de Ma-Ru. Por Deus, seria ele somente um fruto de sua imaginação? Por que ninguém parecia saber quem era ele? Aquelas perguntas se enchiam em sua mente, quando na verdade, não importava quem ele era ou deixava de ser. Tudo que realmente queria, desesperadamente, era que ele voltasse e não a deixasse novamente.

O perfume dele parecia entranhado em sua mente, a ponto de fazer com que o sentisse em seus sonhos e em seus pensamentos. Não raramente, se pegava pensando na noite em que ele havia ido até o hospital, visitá-la. Estava com tanto medo, que somente aquele cheiro tão especial havia conseguido acalmá-la.

Mas... Não queria continuar a senti-lo somente em seus sonhos ou em pensamentos. Queria só poder estar com ele. Saber finalmente como ele era, conhecê-lo e entender o que havia acontecido. Ma-Ru havia partido antes do médico retirar a venda que cobria seus olhos, embora a enfermeira tivesse jurado que ele havia estado em seu quarto logo em seguida à operação, antes até mesmo que seus tios.

Naquele momento, Eun Jae se encontrava rodando pelos corredores da escola, pensando e maquinando alguma forma de encontrar alguém que parecia não ser algo mais que um mero fruto de sua imaginação. Deprimida, fechou os olhos e suspirou profundamente, procurando clarear sua mente.

Foi então que sentiu no ar, leve, quase sumindo, um cheiro raro de uma colônia masculina. Seu coração se acelerou, dolorosamente batendo contra seu peito. Era o perfume dele, Ma-Ru! Era inconfundível, ninguém mais parecia ter aquele cheiro tão único. Não podia se dar ao luxo de perdê-lo, era a hora de finalmente usar as habilidades que havia desenvolvido em seus anos de escuridão.

Fechando bem os olhos, Eun Jae moveu o rosto e aspirou o ar profundamente, enchendo os pulmões com o cheiro dele. Foi como se aquele cheiro refrescante fosse um sopro de vida, devolvendo seu ânimo. Conforme seus passos se sucediam, pareceu ficar ainda mais intenso. Por fim Eun Jae abriu os olhos, sabendo que ele certamente deveria estar ali por perto. De alguma forma, seu instinto a levou até bem perto do refeitório, em um corredor aparentemente vazio. Olhando em volta, finalmente avistou um casal que conversava nas escadarias, à sua esquerda.

Estreitando seus olhos, confusa, firmou sua vista para tentar enxergar quem eram os dois. Afinal, era alguém que já conhecia, e muito bem. Han Yeon estava entretida conversando com o rapaz do capuz. Piscando uma vez, forçou sua vista na direção do casal, que sequer havia percebido que ela estava ali. Quando a garota mudou de posição e se moveu na direção do rapaz, se aproximando ainda mais dele, o queixo de Eun Jae caiu, tamanho o espanto.

Ela não precisou chegar perto o bastante para ouvir a voz dele, conversando tão perto de Han Yeon. Suas mãos se fecharam com força quando seus dedos pareceram queimar, recordando a sensação de tocar aquele rosto tão bonito. Choi Ma-Ru. Seu Ma-Ru.

Não havia engano algum, o cheiro dele era único e especial. Poderia reconhecer onde quer que estivesse. Naquele momento, Ma-Ru olhou em volta e Eun Jae se sentiu paralisar quando ele olhou em sua diretamente em sua direção. O olhar que ele lhe deu, também comprovou o que seus sentidos já sabiam. Era realmente ele!

No entanto, aquilo na certa não devia significar absolutamente coisa alguma para Ma-Ru. No momento seguinte, ele baixou a cabeça na direção de Han Yeon. Eun Jae sentiu seu corpo todo tremer, em choque quando o rapaz abaixou seu rosto para ficar no mesmo nível do dela. Seu coração se apertou com força ao testemunhar aquele beijo entre os dois. Aquilo era muito pior que qualquer pesadelo que ela pudesse recordar.


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