Acidente de Trânsito escrita por Blue Butterfly


Capítulo 2
Acidentes


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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Jasper abriu os olhos devagar, o corpo doído e fraco. Tentou pôr a mão na cabeça, com medo que ela rachasse ao meio pela dor que sentia, quando uma mão segurou firmemente seu punho.

–Não se mecha – ordenou uma voz fraca.

–Onde estou?

–Está seguro, uma ambulância já foi chamada.

Havia o som de outras vozes, mas Jasper não conseguia compreender o que diziam e, pela pouquíssima iluminação, ele também não conseguia ver quem segurava seu punho,embora a voz lhe fosse familiar.

Ele tinha uma vaga noção do que acontecera: estava dormindo quando os cachorros começaram a latir, enfurecidos. Ele foi acalmá-los, temendo que seus avós acordassem por causa do barulho, mas quando se aproximou dos cães, Spoke, um labrador grande e claro, pulou a cerca e fugiu noite adentro.

Jasper correu atrás do animal, estava quase o alcançando quando ouviu o barulho agudo de motores potentes e uma luz branca o cegou. Depois ele se lembrava de uma moto freando, derrapando e batendo direto nele.

Alguém se aproximou dele e da outra pessoa que segurava seu punho. Pela voz ele classificou como sendo uma moça.

–Ele está bem? – ela perguntou.

–Vai ficar – respondeu a voz fraca.

–Edward disse que a ambulância já vai chegar – continuou a menina.

–É melhor os outros irem, Bella – aconselhou a voz fraca.

Jasper começou a identificar a voz. Aquele tom suave e fraco só poderiam pertencer a uma pessoa.

–Rosalie? – ele chamou.

–O quê? – a voz fraca perguntou.

–O que aconteceu? – ele perguntou, a cabeça doendo cada vez mais.

–Você foi atropelado. Bella, peça para o Edward mandar os outros embora.

–Nós não vamos te deixar sozinha Rosalie – afirmou firmemente a outra garota.

–Vai ser melhor se os outros forem embora – repetiu Rosalie – se a polícia aparecer vai ser complicado explicar o que nós fazíamos aqui.

–Ela está certa, Bella.

Havia uma nova voz, era de homem, o timbre grosso e baixo. Bella não questionou essa voz e Jasper compreendeu que se ele não fosse o líder, o homem no mínimo tinha uma forte influência naquele grupo.

Passou-se mais algum tempo antes dos motores voltarem a rugir e algumas motos e carros dispararem pela estrada velha. O som suave de um motor de carro se aproximou do corpo de Jasper e de Rosalie e a mesma voz de timbre grosso disse;

–Vou levar a Savana para a oficina. Tem certeza que vai ficar bem?

–Tenho – Rosalie respondeu – O Emmet vai me fazer companhia, pode ir ossegado. E não esqueça de levar a moto do Demetri, ela está bem acabada.

–Não esqueço, a gente se vê amanhã.

E foi embora.

Lara ainda segurava firmemente o pulso de Jasper.

–Não pode soltar meu punho?

–Não, estou estancando o sangue.

–Sangue? – Jasper estava horrorizado – Eu estou tão ruim assim?

–Você vai ficar bem, é só não se mexer e calar a boca.

Jasper obedeceu. A ambulância não demorou muito a chegar. Também vieram alguns policiais e Rosalie contou que vira o acidente acontecer e o motorista fugir. Ela ligara para o pronto socorro e pedira uma ambulância, mas não fazia ideia de quem havia cometido o acidente.

A história era plausível e os policiais acreditaram nela. Jasper foi levado ao hospital, seus avós foram avisados e ele passou a noite em observação.

Quando acordou, já estava claro e o corpo não doía tanto.Rosalie estava sentado perto da maca, folheando distraída uma revista.

–Rosalie – ele chamou.

Ela levantou a cabeça, a expressão fria e cansada. Havia olheiras debaixo de seus olhos, sinal de que ela passara a noite em claro.

–Está melhor? – ela perguntou sem demonstrar nenhum interesse real.

–Estou. Rosalie, eu…

–Que bom! – ela exclamou interrompendo-o – Demetri pediu desculpas pelo acidente. Melhoras para você.

Ela se pôs de pé e saiu da sala. Jasper fitou por alguns instantes a cadeira que a moça deixara vazia, depois balançou a cabeça. Mais do que nunca achava a atitude dela estranha, completamente estranha.

Quando, no dia seguinte, Jasper voltou para a escola, a situação nunca lhe pareceu tão surreal, Rosalie não falou com ele, nem mesmo mostrou qualquer interesse sobre sua melhora quando ele acalmava Jane,prestes a ter um ataque de histeria ao vê-lo tão debilitado.

De fato, ele não estava muito machucado, tivera uma fratura exposta no braço direito e um problema com a perna esquerda, mas do mais, estava inteiro e saudável.

–Jane – ele chamou quando já estavam no refeitório – Você sabe quem é um tal de Demetri?

A menina franziu o cenho, numa expressão desconfiada, depois deu uma rápida olhada no refeitório e apontou para uma mesa.

–Que eu saiba, Demetri é o rapaz sentado ao lado da Rosalie.

Jasper olhou para a mesa em questão. O grupo havia mudado deposição, ocupando outra mesa, mas os integrantes, a forma com que ocupavam os lugares e o comportamento vazio continuavam os mesmos.

–Qual dos dois rapazes? – perguntou Jasper.

–O sardento com a bola na mão. O grandalhão do outro lado é o Emmet.

–Muito músculo, nenhum cérebro – emendou Victória.

–Do lado do Emmet está o Jacob.

–Vegetariano, anêmico e insignificante – explicou Victória.

–Na ponta da mesa está Edward, do outro lado Bella, sua namorada.

–Idiota, burra, infantil, fraca, decadente, problemática… – Victória murmurou, a voz tremendo de raiva.

–Tudo bem, Victória, ele já entendeu – interrompeu Jane friamente – Do lado dela está Seth, depois vem Renesmee, Alice e por fim Felix ao lado do Demetri.

–Ninguém senta na outra ponta? – perguntou Jasper.

–Havia um outro garoto, acho que se chamava Henrique, ele ocupava a outra ponta da mesa, só que ele saiu da escola ano passado.

–Estão falando de Henrique Bouen?

Era um garoto franzino rodeado de livros acadêmicos de física que fizera a pergunta. Jane assentiu sombriamente e o garoto começou a narrar uma história sobre Henrique.

–O Bouen era um gênio das letras, dificilmente alguém seria melhor do que ele em literatura. As chances dele não entrar direto na maior faculdade dopais era uma em mil quinhentos de quarenta e oito vírgula seis.

–Em outras palavras, ele era muito inteligente – concluiu Jane.

–Mas se ele era tão inteligente, por que ele andava com eles? – Jasper perguntou olhando significativamente para a mesa de Rosalie.

O menino franzino abriu um meio sorriso ao ouvir a pergunta, entoa disse de modo mau:

–Bouen acreditava que podia conquistar Rosalie. Isso foi um tremendo erro. Ela não lhe deu a mínima bola.

Jasper olhou para Rosalie, a menina comia uma maçã grande e vermelha, uma expressão vazia sugeria que ela não sentia o gosto da fruta, ele tentou imaginar no que ela estaria pensando, entretanto, duvidou se um dia alguém realmente saberia dizer o que ela pensava.

Rosalie mordeu novamente a maçã e arrumou uma mecha de cabelo que caiu em seu rosto. Naquele simples gesto o coração de Jasper deu uma cambalhota, no fundo ele compreendia o que Henrique Bouen sentiu por aquela menina.

–Jasper, o sinal!

Ele olhou para Jane, ao redor os alunos estavam de pé e caminhavam para suas salas. Deu uma última olhada para Rosalie, ela permanecia sentada comendo sua maçã.

Na sala de aula Jasper sentou na mesa vazia, porém logo Rosalie chegou e foi se sentar com ele.

–Não vai pedir para sentar comigo? – ele provocou.

Foi só então que ela pareceu se dar conta da presença dele, ficou parada por um momento, olhando-o, depois girou a cabeça procurando outra mesa vazia.

–Eu estava brincando – Jasper apressou-se em dizer – Pode sentar comigo.

Ela sentou, abriu o caderno e começou a desenhar algo numa folha em branco. Ele tentou puxar conversa com uma frase cordial.

–Ainda não me apresentei devidamente. Prazer, eu sou Jasper.

Lara olhou para o garoto, a expressão podia ser vazia, mas os olhos demonstravam surpresa.

–Prazer, Rosalie – ela murmurou voltando ao seu desenho.

–Não vai me explicar o que aconteceu na noite retrasada?

Jasper sabia que não era assim que se começava um diálogo e também não entendia porque sentia uma vontade enorme de provocá-la até o seu limite. Entretanto, Rosalie não lhe deu nenhuma resposta.

–Sabe, se quer que eu não denuncie você e seus amigos é melhor me dizer o que eu quero saber – sua voz de repente soava ameaçadora.

Ela levantou a cabeça e disse de uma forma cansada.

–Acidentes acontecem.

–Se Henrique Bouen te fizesse essa pergunta não acho que seria tão vaga.

Jasper se arrependeu quase que imediatamente do que disse. Rosalie, pela primeira vez, olhou em seus olhos, a expressão, antes vazia, era melancólica, triste, oprimida pela dor.

–Me desculpe, eu não devia ter falado… – ele começou.

–Mas falou – ela interrompeu – E foi para me machucar.

Jasper não pôde negar, algo dentro dele o impulsionara a falar somente para ver se ela seria afetada, se ela sairia do seu estado de zumbi. O plano funcionara bem, porém o resultado não foi tão bom quanto ele imaginava que seria.

–Rosalie, me perdoe, foi um acidente.

Ela não respondeu, desviou a face na direção do rosto dele, respirou fundo e voltou a sua impassibilidade e ao seu vazio.

Durante aquela aula e por toda a outra ela não conversou com ele ou o olhou, Jasper sabia que merecia isso, embora não entendesse como um garoto que se apaixonou por ela e que ela ignorara poderia deixá-la tão triste.

Quando a última aula deles juntos havia acabado e Rosalie saía da sala, o garoto foi atrás dela. Correndo para ficar ao sue lado, ele pediu:

–Me desculpe, foi um acidente. E como você mesma disse, acidentes acontecem.

Ela concordou com a cabeça, começou a se afastar, mas parou, mudando de ideia, e voltou sue olhar para o rapaz.

–Não devia acreditar em tudo o que dizem a respeito dos meus amigos, e isso inclui Henrique Bouen.

–Mas e se o que me disserem for verdadeiro?

–Duvido muito que seja. Seus amigos não sabem nada sobre nós. Eles podem criar hipóteses, mas nunca saberão a verdade.

–Então é mentira que o Bouen gostava de você? – Jasper foi direto ao ponto que o inquietava.

Rosalie ficou pensativa, depois respondeu com simplicidade.

–É mentira, Bouen jamais perderia seu tempo tentando fazer o impossível – e foi embora.

Jasper ficou parado, sem saber o que fazer. O uso da palavra impossível era forte demais para ele.

–Não há impossível para quem crê no inacreditável – ele disse a si mesmo, sabiamente.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram?Por favor, comentem ^^