Tudo o que eu fiz no dia seguinte foi automático. Levantei cedo demais da cama -ou improviso de cama-, para que meus amigos estivessem acordados também, senti minha cabeça latejar de dor, e já esperava, não receberia nada menos que isso por uma noite de choro compulsivo. Tomei uma ducha rápida, e enquanto eu escovava os cabelos em frente ao espelho tive uma visão de um fantasma, eu estava literalmente horrorosa, mais branca do que o normal, os olhos realmente muito inchados e um pouco vermelhos, sem vida, sem brilho algum e quando me lembrei da causa disso eu senti a dor em meu coração. Tive que apoiar as mãos sobre a pia, porque a dor quase me rasgou por dentro.

Eu sabia que aquilo aconteceria, fui muito inocente a ponto de achar que algum dia eu seria digna de ser feliz e livre de James. Eu era um ser humano desprezível por ter envolvido Edward em toda a sujeira que era a minha vida, eu sentia raiva e odio de mim mesma, deveria ter o afastado ou melhor eu não deveria nem se quer ter algum dia o desejado como meu, ele nunca poderia ser meu. Renesmee não merecia uma mãe como eu, Edward não merecia uma mulher como eu. Todos ao meu redor mereciam coisas extremamente boas, menos eu, porque eu era a culpada de tudo, eu era a culpada por envolver Sue, Renesmee, Jacob, Leah e agora Edward, na minha desprezível vida.

“Bella... Nem que você me expulsasse da sua vida eu iria embora. Você é importante demais pra mim. E eu também não sei explicar, mas eu quero e preciso proteger você. Não são apenas instintos.”

“E agora que te achei eu não vou te abandonar.”

“-Porque você é assim? Não percebe o tamanho do problema que eu sou?

“-E? Isso não me impediu de gostar de você e não vai me impedir de ficar com você. Se você usar isso como empecilho ótimo, use. Mas eu não vou desistir de você, então vamos facilitar para os dois lados. O.K?

—Você é louco. Nem me conhece direito e fica dizendo essas coisas.

—Não? Vamos ver... Quando você esta nervosa você fica andando de um lado pro outro, ou quando esta sentada e nervosa, você fica esfregado as mãos. Quando você esta feliz seus olhos tem um brilho diferente, e você sempre solta gargalhadas, quando esta cansada você não gosta muito de palavras e prefere simplesmente um abraço, quando você esta com vergonha você cora,e morde o lábio inferior o que eu acho sexy. Quando você esta preocupada tenta esconder isso de todos, e sempre passa a mão no cabelo. Quando esta triste você fica na sua sala, ou pega um tipo de amuleto que você anda com ele no bolso e fica olhando. Você mora a 10 quarteirões do Hospital, ama a profissão que exerce, se preocupa com os pacientes e principalmente com todos que você ama. Ah e você gosta de abraços repentinos.

—Edward, você reparou tudo isso mesmo?

—Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci, por isso eu reparei em cada detalhe seu.

—Deus, você é tão incrível, e maravilhoso... Mas eu não mereço tudo isso de você.

—Bella! Entenda que todos os seus esforços, palavras, qualquer coisa que você faça para me afastar não vão dar certo, eles vão falhar.”

—Voce disse que nunca iria embora, Edward... eu tentei te alertar sobre o problema que eu era e mesmo assim voce disse que não iria embora, por que voce se foi?

Não achando a resposta para minha própria pergunta, eu respirei fundo, só terminei de tentar me arrumar porque sabia que meus pacientes esperavam por mim. Sai do banheiro e tentei ser mais silenciosa o possível para não acordar Jacob e Leah, eles não precisavam me ver assim. Quando passei pela sala não reparei na figura morena que estava sentada na cozinha bebericando algo fumegante até que ouvi sua voz rouca.

—Bella? –dei um pulo.

—Jacob! Que susto.

—Você parece distraída. –ele comentou.

—Você não acha que esta cedo demais para estar acordado?

—Eu diria que um pouco, Bella. Mas, eu queria saber como você estava, e ouvi quando você levantou e foi até o banheiro, resolvi me levantar também. Você esta atrasada?

—Na verdade, estou bem adiantada.

—Então sente-se comigo. –ele pediu apontando para o seu lado na bancada de madeira na cozinha.

—Jake, eu me lembrei que preciso chegar mais cedo hoje...

—Eu não sei porque você insiste em mentir para mim, eu te conheço melhor do que você mesma, você quer me evitar... Sente-se comigo, por favor, Bella. –eu suspirei.

—Certo, mas tenho que trabalhar daqui a pouco.

—Aquele cara que te trouxe ontem, deixou seu carro e essa mala para você, enquanto você estava no banheiro agora de pouco.

—Andrew?

—Sim, ele disse que voce iria precisar, não entendi porque ele veio tao cedo.

Me espantei quando vi a mala preta que eu reconhecia ao lado do sofá onde eu dormira. Era a mesma mala que eu havia usado para a viagem até Londres. Eu respirei fundo novamente para não desabar na frente de Jacob.

—Ei, Bella, quer um pouco de chocolate quente?

—Chocolate quente? Eu adoraria, mas não estou com fome.

—Hummm, você vai tomar sim, poxa Bella, levantei cedo só para fazer para você. –eu acenei com a cabeça e ele me serviu.

—Sabia que você gostaria. –ele sorriu e me entregou a xicara. Por um momento o sorriso do meu melhor amigo me aqueceu por dentro. –E então, você quer conversar sobre algo?

—Jake... Eu não sei se...

—Bella, podemos conversar sobre labradores correndo em gramados verdes, ou sobre como o presidente do país não faz nada direito ou até mesmo sobre como os fast foods acabam com a vida das pessoas. nada demais. –eu olhei para ele como se ele tivesse duas cabeças e então dei por mim que estava rindo.

—Ai, Jake... essa foi péssima.

—Pelo menos voce riu. –ele riu de volta para mim.

—Ok. –eu disse balançando a cabeça.

—Bella, eu sei que é tudo muito recente, mas eu queria entender o que aconteceu de verdade e te ajudar se eu puder.

—Eu sei, Jake. –eu beberiquei o chocolate quente. –Mas eu acho que ninguém pode me ajudar.

—Existe algo que eu posso te ajudar. –olhei curiosa para ele. –Eu detesto te trazer noticias ruins, mas James esta para voltar.

—Eu sei Jake, eu não esqueci disso, parece que o tempo em que eu pensei que realmente seria feliz acabou. –senti meus olhos se encherem de lagrimas, olhei para Jacob, mas vi sua figura bem turva pelas lagrimas que atrapalhavam minha visão. –Estou com medo do que vai acontecer quando James voltar.

—Bella... –Jacob me puxou em um abraço de lado, e minha cabeça repousou em seu ombro. Depois de um tempo ele voltou a falar. –Aquele cara não vai fazer nada com você, nada vai te acontecer e eu acho que estamos perto de colocar ele na prisão.

—O que? –levantei rapidamente minha cabeça e quase cai do banco onde estava sentada, como consequência.

—Eu não te contei, mas vi Laurent andando esses dias perto do hospital.

—Você tem certeza disso?

—Na primeira vez que vi, eu não tinha muita certeza, mas então vi uma segunda vez e pude ter certeza.

—Se foram duas vezes ele esta na cidade.  

—Eu sei, e isso me animou um pouco, se conseguirmos pegar esse cara Bella, você estará livre de James. –eu abaixei a cabeça e fechei os olhos. –Vou fazer de tudo para te ajudar, eu prometo.

“Eu estou com você a partir daqui, não vou deixar nada te faltar. Eu prometo.” A voz de Edward soou eu meus ouvidos me fazendo lembrar.

Eu prometo.

Eu prometo.

Por que ele me prometera se não tinha a intenção de cumprir?

—Bella? –Jacob me tirou dos devaneios, levantei os olhos para ele. Jacob sorriu fraco para mim.

—Eu não vou perder minha filha e minha liberdade, Jake, vou lutar mesmo que seja a última coisa que eu faça na vida.

—Você quer conversar sobre o que aconteceu? –eu sabia que ele não estava mais falando de Laurent.

—Acho que você já deve imaginar.

—Mas ainda assim prefiro que me conte. –eu suspirei.

—Eu contei a ele, tudo, desde o começo, contei sobre Nessie e James. Ele não pareceu tão magoado por eu não ter contado sobre Nessie, o que mais o feriu foi eu não ter falado sobre James. Eu o trai Jacob, pude ver nos olhos dele a dor, Edward pediu para que eu nunca mentisse a ele. Eu menti, Jake. A partir do momento que eu aceitei jantar com todos os Cullen, a partir do momento que eu o beijei eu já estava mentindo para ele. Ele não merecia isso. Edward é um homem tão bom. Eu não sei como eu pude fazer isso. Eu não podia errar com aquele homem dessa maneira. Eu o amo tanto, ele é tão precioso para mim, não podia ter deixado isso acontecer Jacob, como eu pude ser tão idiota? Você não imagina a raiva que eu estou de mim mesma, Edward não merecia saber de toda essa merda que é a minha vida, eu já envolvi tanta gente inocente nisso, e se eu não fosse tao egoísta e estupida ele também não estaria envolvido. –eu confessei tudo como um jorro de palavras que provavelmente Jacob não tivesse entendido pela rapdez com que eu pronunciei.

—Ele terminou com você?

—Edward pediu um tempo, mas creio que é a mesma coisa. –dei de ombros.

—Você sabe o que vai fazer agora?

—Eu vou me afastar dele, vou deixar ele viver a vida dele sem mim, porque é melhor para ele.

—Você acha mesmo, Bella? Você vai se entregar desse jeito? Não vai lutar por ele?

—Eu prefiro acreditar que sim. Eu não tenho escolha, Jacob, eu vou dar um tempo para ele, ele me pediu isso e eu não posso negar esse pedido. Eu já ferrei demais a vida dele, é melhor eu sair dela antes que as coisas fiquem pior.

—Mesmo que doa em você?

—Qual escolha eu tenho? Edward não me quer mais. Eu pude ver em seus olhos a raiva. –dizer isso foi como ter sentido varias facadas sem meu peito. –Eu o amo, se ele for feliz sem mim, tudo bem.

—Você é nobre.

—Eu sou um fracasso. –disse balançando a cabeça negativamente.

—Ei, não diga isso de você mesma. Você é uma das melhores pessoa que existe.  Ah Bella, você tem uma auto estima tao baixa, e isso me deixa muito irritado, todo mundo que te conhece verdadeiramente consegue ver o valor que você tem, consegue ver a pessoa extraordinária que voce é, mas você mesma não exerga isso. Não se culpe Bella pelas pessoas que estão em sua vida, ninguém nasceu para ficar sozinho, todos tem problemas e se não existissem as pessoas para nos ajudar, ninguém conseguiria seguir, até o mais solitário do mundo trocaria tudo para ter alguém. Não se culpe pela sua família, família é família, Bella, independente da situação.

—Eu não podia ter envolvido o Edward Jacob, eu tenho medo do que James pode fazer contra ele, isso é o que mais me aterroriza, mesmo com todas aqueles seguranças que ele tem... –eu pude sentir o medo crescendo dentro de mim. -Eu não sei se vou sair dessa, eu não consigo ver nenhuma luz, nenhuma esperança.

—Você vai sair dessa, eu te conheço, você já passou por tanta coisa Bella... e se tem uma coisa que eu sei é que você é forte. Odeio as injustiças que acontecem com você, eu não entendo porque parece que você é um imã para tantos problema. –eu cerrei os olhos para ele.  –Você já passou por tanta coisa ruim... Bella, você merece ser feliz, e a vida há de fazer isso, algumas coisas foram feitas para dar certo. Dentro do seu próprio tempo. Eu não posso te afirmar que o Cullen vai voltar correndo para você, mas eu posso afirmar que ele te ama, e o pouco que eu o vi tive essa conclusão, não sei muito do amor, mas sei que dói as vezes e sei também que ele sobrevive mesmo a grandes guerras.

Ele suspirou por um momento e sorriu para mim, neste momento tive a visão do mesmo Jacob que estivera comigo quando eu soube que meus pais haviam morrido.

—Você tem a mim, eu sempre estarei com a minha mão pronta para segurar na sua. Eu vou te proteger irmã, eu sei que você ama aquele doutor, mas se ele te machucar, seja de qualquer forma, ele vai se ver comigo, eu só não quebrei aquele James inteiro ainda porque as coisas ficariam piores para você. Mas, olha vontade é o que não falta. –ele riu. –Mas quando eu o pegar Bella, eu juro, ele vai pagar por tudo o que ele te fez.

—Obrigada, Jake. Você sempre teve as palavras certas. Mas, eu não sei se dessa vez eu consigo...–eu sussurrei a ultima frase. Ele me deu outro abraço.

—Eu não vou deixar você, não vou deixar você cair.

—Jake... eu não consigo respirar.

—Como sempre. –ele riu. –É legal fazer isso com você, me mostra o quanto você é pequena.

“-Me subestimava em doutor, nunca ouviu aquele ditado as aparências enganam?

—E como elas enganam, talvez por você ser sabe... mini. –ele riu e eu cerrei os olhos para ele, lhe dando um soco no braço.

—Você é um pé no saco.

—Você é linda.”

Eu não podia parar as lembranças de Edward que me inundavam, e isso fazia a ferida sangrar cada vez mais.

—Bella? Você esta daquele jeito estranho de novo, olhando para o nada.

—Obrigada por me lembrar disso. –ele riu novamente. –Preciso ir salvar algumas vidas agora.

—Ei, fica bem. –eu olhei para ele, Jacob sabia que eu não ficaria bem. –Bella, você lembra daquele amuleto que a Nessie te deu?

—Sim, esta comigo.

—Olhe para ele sempre que você achar que não da mais. Ela vai ser sua maior força agora.

—Ela sempre foi. Te vejo depois. –disse enquanto já estava na porta.

—Até depois, Bells.

Jacob sorriu para mim, mas pude ver que ele tentava me sondar para saber se eu não ia cair em um ataque histérico ou algo assim, eu sorri de volta e fechei a porta. Do outro lado da porta, eu peguei em meu bolso o amuleto que tinha a uma foto minha e de Nessie, enquanto estávamos abraçadas, eu sorri para ela.

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Eu estava estranhamente ansiosa para ir trabalhar, talvez no hospital fosse o único lugar onde eu veria Edward frequentemente. Pela primeira vez depois de algumas semanas eu pude dirigir meu carro, e fiquei um tanto decepcionada com isso, eu sentia falta de Andrew também. Reparei um carro preto um pouco atrás do meu carro, que me era um pouco familiar, talvez fosse minha consciência fazendo suposições, mas o carro me seguiu até o hospital e quando passou por mim, pude ver rapidamente um lampejo do rosto de Andrew. O que eu senti foi um misto de confusão e tranquilidade.

Fiz meu caminho até minha sala, cumprientei Jessica e fiquei feliz quando ela disse que o dia estava lotado, talvez meu trabalho me distraísse um pouco e eu não pensaria tanto nele. Durante as consultas que fiz eu agi no automático, recebi três emergências e por ultimo eu visitei a UTI. Retornei a minha sala e Jessica já havia ido embora, eu peguei minhas coisas e fui para o estacionamento. Enquanto caminhava para o meu carro tive uma sensação de que estava sendo observada, um arrepio percorreu por toda minha espinha, olhei ao redor e eu estava sozinha, talvez fosse apenas uma sensação ruim. Eu respirei fundo, e segui para meu carro.

O caminho para a casa de Leah foi rápido, assim que cheguei quase pude sorrir por Leah estar em casa e eu não ter que ficar sozinha, ela não tocou no assunto comigo, nos cozinhamos exatamente como fazíamos quando eramos mais jovens, e ela tentou de todas as formas me distrair, depois que Jacob chegou eles proporam de assistirmos um filme na Netflix. Eu não aceitei. Em vez disso, peguei meu celular e telefonei para Seatlle, Nessie atendeu o telefone e a nossa conversa foi a melhor parte do meu dia.

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Durante a semana eu havia entrado em estado mecânico, tudo o que eu fazia no hospital era mecânico, mas ainda assim aquele era o pior lugar que eu poderia estar, tudo me lembrava ele. Eu queria sair correndo e fugir dali, mas eu não podia, eu era empregada e vidas dependiam de mim. Todos os dias eu evitava ao máximo a todos, porque qualquer um que me visse ali, me enchia de questionários sobre Londres, alguns chegaram a me perguntar sobre os Cullen, mas eu não tinha resposta, todos haviam desaparecido do hospital. Em um certo dia enquanto eu voltava para minha sala, passei perto da sala dos diretores e me deparei com Aro conversando com outros executivos, quando percebi que eles falavam dos Cullen, me escondi atrás da parede e tentei ouvir o que eles diziam.

—Carlisle o demitirá quando souber, Taylor não saira ileso. O filho Emmett é um advogado filho da puta de bom.

—Nós sabemos, quando eles voltam da California?

—Ainda não se sabe, estão acertando as coisas por la. Talvez Carlisle volte e Edward fique por lá, foi o que ele me disse.

Edward não estava em Nova York. Estava na California com o pai. Senti uma vontade súbita de chorar quando pensei nele, a saudade corrompia por dentro, eu tive que sair do hospital o mais depressa o possível e dei sorte que meu turno já havia se finalizado.

Edward...

Todos os muros que eu havia tentado construir para não pensar nele, haviam falhado miseveravelmente, não havia como não pensar nele. Eu estava morta de saudades dele, eu sentia sua falta, sentia falta do seu abraço, eu sentia falta do seu beijo, do olhar, do sorriso... aquele maldito sorriso, eu sentia falta da sua proteção, sentia falta de quem eu era quando eu estava com ele... Porque hoje, eu não era mais nada, e a cada dia que passava minha esperança se perdia mais ainda, ele não voltaria para mim, a vida dele era melhor sem mim... Ele era rico, lindo, perfeito cavalheiro, quando ele quisesse, ele arrumaria outra mulher fácil, eu não servia em nada para ele. Edward era muito mais do que eu, nos vivíamos em um mundo totalmente diferente e eu teria que me acostumar que talvez minha vida se resumisse nisso.

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Exatamente em um sábado de manhã que estaria de folga do trabalho, eu acordei antes da hora prevista novamente, pensando em quanto tempo fazia desde a ultima vez que eu tinha ido para meu apartamento. Tomei a decisão de ir ate lá, como eu não tinha intenção em ficar não levei nada, iria trazer mais algumas peças de roupas apenas e depois iria sair a procura de um novo apartamento, eu não poderia mais ocupar espaço na vida de Leah e Jacob, eu precisava de uma nova casa.

Enquanto eu percorria o caminho percebi um carro preto ao longe, mas atrás de mim, e tive a sensação de ser Andrew novamente, esse mesmo carro me seguira todos os dias enquanto eu ia para o hospital, mas eu nunca conseguia ver o rosto da pessoa para ter a certeza que era o segurança. Quando eu virei a esquina para entrar no quarteirão onde meu apartamento ficava, o carro havia sumido. Tive uma sensação ruim, alguma coisa me dizia que eu não deveria entrar e quando desci do carro um calafrio percorreu desde minha cabeça ate meu pé, olhei para os lados, e não havia ninguém na rua, nem um carro. Ignorei minhas intuições, James não devia ter voltado ainda.

Subi as escadas ate o meu andar, peguei as chaves e destranquei a porta, os minutos seguintes se passaram em um lampejo, minutos de terror.

Vi cabelos loiros encostados no sofá de costa para a porta, minha intuição estava certa, eu não deveria ter vindo, senti meu estomago revirar e minhas mãos gelarem, James estava de volta. Mais uma vez eu senti raiva de mim mesma por sempre fazer a coisa errada. Olhei em volta não havia mala nenhuma, então ele deveria ter chegado algumas horas ou dias antes. Meu instinto dizia que era melhor eu correr, mas parecia que eu estava petrificada no chão.

—Isabella, bem–vinda ao lar. –James se levantou do sofá e olhou para mim sorrindo, seu sorriso me fez soar frio.

—James...-eu murmurei. E então ele ficou de frente para mim.

—Sentiu saudades? –ele riu.

Avaliando minhas possibilidades de fugir, todas eram contra mim, talvez eu tropeçasse na escada enquanto eu tivesse correndo, ou ele me pegasse mesmo assim por ser mais rápido, mas mesmo assim tive um surto de coragem, quando eu ameacei de correr ele apontou uma arma para mim. Eu congelei de novo.

—Não tão depressa, Isabella.

—V-v-você chegou quando?

—Ontem a noite, só estava esperando você voltar para casa. Sabia que voltaria, mas não imaginei que seria tao cedo. –ele riu. –Quando não te achei aqui tive vontade de ir atrás de voce, mas sabia que voce voltaria até mim, voce é uma isca bem fácil.

—Por que essa arma? –eu tentei não transmitir meu medo, mas falhei.

—Porque eu sabia que você tentaria fugir. Agora saia da porta Bella.

Dei pequenos passos para o lado.

—Parece que minha viagem te rendeu algumas coisas, Isabella. –ele riu cinicamente. –Você é patética, será mesmo que você pensou que ia conseguir esconder de mim seu romance proibido?

Fui pega de surpresa, não imaginara que ele tocaria no assunto tao rápido.

—A intenção não era esconder de você, eu não tenho nada com você.

No segundo seguinte James pegou o meu braço e me jogou para o lado de forma que eu cai no sofá.

—Como você pode dizer isso Isabella, já se esqueceu de que eu posso tirar sua filha que você tanto ama de você, e ainda te colocar na cadeia? Como você pode ser tao estupida? Achou que ia me enganar, achou que ia se livrar de mim... VOCÊ NUNCA VAI SE LIVRAR DE MIM. –senti todos meus pelos se eriçarem e prendi a respiração.

James se aproximou mais ainda de mim, agarrou meus dois braços novamente e me jogou no chão. No momento em que meu corpo tocou o chão eu senti varias dores, levantei minha cabeça para ver aonde ele estava e o vi agachado na minha frente, com uma expressão aterrorizante que eu nunca havia visto antes, senti um puxão em meu cabelo e as lagrimas arderam em meus olhos, escorrendo por todo meu rosto.

—James, por favor, para. Você esta me machucando! –eu implorei.

—Para Isabella? E por que eu deveria fazer isso? Você me enganou! –ele me arremeçou de volta no chão e eu bati com a cabeça.  

Eu não havia percebido, mas meu corpo inteiro tremia e eu estava com muito medo, ninguém sabia que eu estava aqui, nem mesmo se eu gritasse alguém me ouviria, não tinha vizinhos que pudessem me ajudar, apenas dois casais de idosos.

—Eu vou te matar Isabella. E depois vou atrás de Edward Cullen, você conhece?

Meu coração falhou algumas vezes, senti todo o sangue do meu corpo fugir, senti que meu corpo transpirava, mas eu não estava com calor, estava com medo, um medo que eu nunca havia sentido antes.

—Voce nunca vai conseguir chegar perto dele! –eu gritei.

—Vadia burra! –ele berrou de volta.

—Se você me matar você vai ser preso de uma vez por todas James... você sabe disso...

—Ah Bella, suas tentativas para me parar são tao fúteis.

—Renesmee... –eu sussurrei.

—Ah a doce Renesmee, depois que você não existir mais eu vou arranca-la de Sue. Oh, Isabella péssima escolha sua de me trair, como você não pensou nas consequências? –ele parecia falar consigo mesmo, ao invés de falar comigo.

—VOCÊ NÃO VAI RELAR A MÃO NA MINHA FILHA SEU DESGRAÇADO. –ele olhou para mim com olhar assassino e me jogou em outro canto da sala. Eu senti um vertigem, e vários pontos de dor em meu corpo.

 -Você destruiu todo o sentimento que eu tinha por você Bella, como você pode? Você me fez de idiota, e se tem uma coisa que eu não sou Isabella, é idiota. –ele se abaixou perto de mim novamente.

—James, quando você vai entender que nós não teremos mais nada? –minha voz saiu engasgada pelo choro.

—Nós somos casados Isabella e você me traiu!

—Oras James, eu nunca fui casada com você, eu só estava com você sobre ameaças!

E essa foi minha deixa, eu lhe chutei o rosto o fazendo cair, a arma escapou de sua mão, eu me levantei rapidamente e corri até ela, mas antes que eu chegasse senti James agarrando minha cintura e me puxando pra longe.

—SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO. –eu gritei o mais alto que eu pude, e senti James batendo em meu rosto, eu cai para o lado.

—Sua vagabunda!!! –ele gritou. Quando olhei para seu rosto pude ver que seu nariz sangrava.

Ouvi um barulho estrondoso e vi a porta da frente do apartamento caindo, o homem alto e moreno que eu conhecia muito bem apareceu no lugar. Laurent. Eu não sabia o que significava aquilo, eu estava tao entorpecida que não consegui me levantar do chão. Ele olhou para mim e pude ver em seu olhar compaixão, mas no segundo que olhou para James seus olhos pegaram fogo. Laurent andou até James que ainda estava caído no chão, e chutou sua mão, mandando a arma de James longe. Eu arregalei os olhos e no segundo seguinte James urrou de dor.

—Eu disse que não era para você relar a mão nela seu desgraçado!

—Que porra é essa Laurent? –James tentou se levantar mais Laurent o empurrou com o pé de volta para o chão.

—Eu disse James, se você fizesse algo contra ela você ia pagar caro.

Eu não estava prestando atenção na conversa deles, eu so queria que Laurent me entregasse a droga da fita que provava o crime de James. Eu não podia acreditar que depois de tanto tempo atrás de Laurent, agora ele estava na minha frente e eu não conseguia nem me mexer.

—Você é um imbecil apaixonado por essa vadia, como você pode ser tao burro Laurent? Você acha que ela vai ficar com você? O Cullen esta fodendo ela, ela enganou nós dois!

—Cala a boca desgraçado! Ela esta livre de você James, eu entreguei a fita.

—O que? –eu sussurrei. –A fita...

—Voce esta livre, Bella. Me desculpe por esses anos de horror.

Laurent olhou para mim e eu pude ver em seu olhar arrependimento e lampejos de dor. No segundo seguinte James estava em cima dele o enchendo de murros. Os dois rolaram no chão se enchendo de soco e essa foi minha deixa. Eu queria interrogar Laurent e perguntar aonde estava a fita, mas essa era a minha chance de sair dali, eu me levantei assustada com tudo aquilo e corri para a porta, desci as escadas um pouco mais devagar com medo de tropeçar.

“Ela esta livre de você James, eu entreguei a fita.” Era a única frase que soava na minha mente.

Quase cai algumas vezes, quando cheguei no térreo vi dois homens enormes que eu reconheci imediatamente, Andrew e um outro segurança que esteve em Londres. So quando cheguei próximo a eles que percebi meu rosto inteiro molhado pelas lagrimas, eu estava soluçando, e pela primeira vez desde que entrei naquele apartamento eu respirei fundo.

—Oh meu Deus... Andrew? O-o-o que vocês estão fazendo aqui?

—Dra. Isabella, vamos te levar em segurança para a casa.

—Andrew... eu – eu –eu não posso ir, Laurent... James.... –eu não conseguia falar coisa com coisa, e podia apostar que ele não sabia o que estava acontecendo. Pela primeira vez minha mente começou a ficar nublada assim como minha visão, fiquei feliz que meu corpo havia me ajudado a chegar ate aqui.

—Esta tudo bem Isabella, vai ficar tudo bem.

Ele me puxou e me convidou a entrar em meu próprio carro e eu não pestenejei, passei a chave do meu carro para Andrew e entrei no banco de carona, onde me afundei em lagrimas e deixei que todo meu desespero enfim saísse para fora de mim. Olhei para tras a tempo de ver o outro segurança atrás de nos, o que seria de James e Laurent? E para quem afinal ele tinha entregado a fita?

Eu forcei um olhar para o lado, e pude ver que Andrew estava muito tenso e exalava raiva, suas mãos estavam brancas de tanto que ele apertava o volante do carro.

Eu o odiava por ele não falar comigo, eu sabia que havia alguma coisa muito errada pela forma que Andrew estava agindo, eu o queria interrogar, gritar com ele, queria saber da droga da fita, mas eu estava cansada... muito cansada... Enquanto o caminho se seguia, e a adrenalina em meu corpo ia abaixando, as dores em todo meu corpo começaram a aumentar de uma forma terrível para se suportar, meu corpo estava cansado, e eu tive uns apagões de mente, senti minha consciência sendo perdida a cada segundo.

—A senhorita esta com dor? –Andrew parecia preocupado.

—Muita Andrew. –foi tudo o que eu consegui dizer, e depois apaguei.