Lightning Hunter escrita por LauC


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Eu não parei a fic de vez ta galera!
Ok, vocês podem acabar comigo por causa da demora agora kkk. Sinto muito, muito mesmo pela demora de quase um mês. Mas sabe o que foi, eu realmente acho que não estou administrando bem o meu tempo ou foi a minha faculdade que ficou mais difícil e puxada( eu acho que foi as duas), mas enfim, vou tentar, postar o mais rápido possível. Isso se o meu notebook ajudar, pq de vez em quando ele fica de frescura comigo. Enfim, espero que voces gostem do capitulo, não tá lá essas coisas avisando logo, mas espero que voces gostem.



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Não consegui ver nada por alguns segundos, tudo estava distorcido e embaçado, meu corpo doía em todas as partes. Engoli o sangue da minha boca e senti uma falta de ar súbita, virei de lado e tossi, uma dor percorreu todo o meu peito. Ao longe consegui ouvir o som da sirene da policia. Eu tinha que sair dali. Forcei minha vista e consegui ver onde que eu estava.

Estava cerca de dois metros de distancia dos capangas que a garota de cabelos vermelhos tinham derrotado. Olhei em volta e vi que ela estava á alguns metros de mim. Coloquei minha mão no chão e percebi que eu estava coberta de sangue, cerrei os dentes e sentei no chão lentamente, meu corpo rangeu e eu tremi. Coloquei a mão na testa e senti um corte grande e sangue molhar minha mão, mexi minhas pernas e abafei um grito. Minha perna estava horrível, eu tinha prendido um pano para tentar estampar o sangramento, mas foi totalmente inútil.

Escutei o som da sirene ficando mais próximo e respirei fundo, flexionei o maxilar e forcei meu corpo a levantar, uma dor agonizante me preencheu, mas consegui ficar de pé. Minha espada estava perto da garota de cabelos vermelhos. Peguei uma barra de ferro ao meu lado e a usei como apoio. Manquei até onde ela estava e peguei a minha espada, guardei-a dentro do sobretudo e olhei para a garota.

Ela estava totalmente pálida, sua cintura tinha um enorme corte na esquerda, havia sangue em volta do seu corpo e saindo de sua testa. Antes que ela pudesse me matar, consegui lançar o meu poder, acho que foi por isso que estávamos distantes uma da outra. O corpo dela fez um barulho e encarei o seu peito, um leve movimento de expiração aconteceu e eu engoli em seco.

O que diabos ela veio fazer aqui? Será que ela é uma criminosa como eu? Ou será que é alguém inocente que enlouqueceu por causa da luta? Limpei o sangue dos meus olhos e suspirei. Seja lá o que ela for, eu não posso ficar aqui para descobrir. Não vou aguentar muito tempo, já tinha perdido muito sangue. A rua estava totalmente destruída e em chamas, não havia nada que pudesse usar para sair dali o mais rápido possível. Abaixei os olhos e dei uma ultima olhada na garota.

Passei por ela mancando e olhei em volta, a três quadras de onde eu estava havia duas casas, que aparentavam quase inteiras. Caminhei na direção delas na esperança de achar algum transporte. Não sei quanto tempo levou até finalmente chegar em uma das casas, abri o portão e entrei no jardim, algumas janelas estavam quebradas e outras rachadas, havia uma marca de bala em uma das paredes. Dei a volta na casa e não vi nenhum transporte. Sai da casa e entrei na casa ao lado, ela estava na mesma situação, fui em direção a garagem e felizmente encontrei uma moto coberta por um lençol branco.

Andei até ela e puxei o pano. A moto era um modelo antigo, mas que tinha potencia. Provavelmente o dono estava arrumando as peças ou era um colecionador. Joguei minha perna machucada por cima do tanque e sentei no banco. Olhei para o painel e coloquei minha mão sobre ele, o painel brilhou e logo em seguida desligou.

— Vamos! — Sussurrei, eu estava muito fraca, tentei reunir o meu poder, mas estava muito cansada, respirei fundo e tentei mais uma vez, o painel ficou brilhando e apagando até que acendeu de vez. Apertei o botão da moto e o motor ligou. — Isso. Isso...

Saí com a moto devagar da casa e entrei na rua. Era difícil manter o equilíbrio com a coxa doendo daquele jeito e a vista começando a ficar nublada. Balancei minha cabeça para me manter acordada e movi a moto. Foi, então que notei, aquele bairro estava um inferno, casas e carros todos destruídos e manchados de sangue, havia corpos por todos os lados, olhei para o lado quando vi um grupo no chão e reconheci o corte neles. Parei a moto subitamente e tremi. Vários dos corpos ali tinham um corte feito por espada, pessoas inimigas e aliadas.

Eu tinha matado todos eles? Senti um aperto no peito e respirei devagar, escutei um chiado vindo dos meus pulmões e tentei me manter calma. Eu não tinha matado eles tinha?

— Não, não, não — Balancei a cabeça e coloquei minha mão no rosto. — Eu só fiz o que me mandaram fazer. Eu só .... fiz.

Tirei a mão do rosto e olhei para trás, para a rua mais destruída dali. Eu tinha matado todos ali? Ou eu tinha apenas machucado eles gravemente? Minha mente estava uma bagunça. O fogo se alastrou sobre uma casa e um novo incêndio começou.

— Calma — Falei, dei partida na moto e antes que eu soubesse o que estava fazendo, parei ao lado do corpo da garota. O seu peito se mexeu e eu engoli em seco. O que diabos eu estava fazendo aqui? A policia e os bombeiros estavam chegando e eu estava olhando para a garota que matou dois caras a sangue frio e que quase me matou. O que eu estava fazendo?

Sei lá, vai que ela perdeu o controle como você perdeu, e deixou de reconhecer o inimigo do aliado?Ela tem cara que não queria participar disso. Talvez ela seja uma boa garota. Talvez deveria salvar – lá. Afinal não é você que acha que ninguém escolhe o lado que a moeda vai cair?

Mas ela tentou me matar! Eu não vou ajudar ela. Vai que ela caiu no lado mal da moeda.

O quê, você vai julgar agora? Depois de tudo o que você fez?

Eu estava tendo uma batalha mental, sacudi a cabeça e olhei para o corte na barriga da garota. Tanto eu quanto ela não sobreviveríamos se não fossemos para um hospital, mas o problema seria se íamos ser atendidas. Principalmente por ser quem eu sou.

Se você não for, vai morrer de qualquer jeito. O mesmo vale para ela. Vá para o hospital e leve a garota, talvez salvando a vida dela, você possa se redimir um pouco das vidas perdidas aqui.

— Droga!

Coloquei o pedal da moto e sai devagar do banco, meu corpo tremeu de dor e minha vista escureceu rapidamente. Abaixei-me lentamente e tirei o lençol da moto, que eu tinha enrolado no pescoço para cobrir o corpo, e envolvi o corpo dela. Ela fez uma careta de dor quando eu passei meu braço pela suas costas e a outra na sua perna, tive que aguentar a dor na minha coxa e a coloquei na moto, sentei atrás dela e dei partida. Eu tinha ficado louca.

Dirigi a moto o mais rápido possível em direção ao hospital, e por sorte todas as atenções estavam voltadas para as ruas do conflito, o que nós permitiu andar pelas ruas sem chamar muita atenção. Senti o meu corpo pesado como chumbo e minha vista escurecendo. Forcei-me a ficar acordada e olhei para baixo, a vi respirando e senti um alivio no peito. A garota era forte. Acelerei mais ainda e localizei o hospital, passei pela entrada principal e parei na entrada dos fundos.

Por muita sorte ou destino, havia um médico e uma médica conversando do lado de fora. Parei a moto perto deles, e os dois olharam para mim com os olhos arregalados.

— Normalmente eu tento evitar esse lugar, mas eu preciso da ajuda de vocês — Falei ficando sem ar, segurei a garota com força nos braços. — Nos ajudem. Por favor.

Os dois saíram correndo para dentro do hospital. Ótimo, vim aqui apenas para morrer na porta dos fundos. De repente a porta se abriu e duas macas apareceram, o médico pegou a garota de mim com cuidado e colocou ela sobre a cama.

— Meu Deus — Disse ele, e cobriu a garota com um lençol.

— Consegue? — Perguntou a médica, saí da moto e deitei na cama, ela me cobriu com um lençol e empurrou a minha maca para dentro do hospital.

— Ei... Ei — Escutei uma voz masculina ao meu lado. Pisquei e vi a sombra do médico. — Nós vamos ajudar vocês.

— Minha... identidade, vocês... — Sussurrei.

— Não se preocupe com isso — Escutei uma voz distante e depois não escutei mais nada.

Ouvi um barulho de máquinas ao longe e comecei a sentir meus sentidos voltando. Mexi meus dedos e respirei fundo, senti um aperto no peito, mas não estava tão dolorido. Onde eu estava? Forcei os olhos a abrirem e consegui ver um pouco. Estava deitada em uma cama, em um lugar escuro e cercada de cortinas. Fechei os olhos novamente e apaguei.

Minha mente despertou quando escutei o barulho de alguém entrando ali, onde quer que eu estivesse. Passos leves e seguros. Abri os olhos devagar e vi uma mulher de cabelos castanhos e olhos azuis de costas para mim. Olhei em volta rapidamente e lembrei de onde eu estava. Estavam em um dos quartos particulares do hospital. A mulher ou era enfermeira ou era médica, estava colocando um medicamento no meu soro.

Tentei falar alguma coisa, mas o que consegui foi uma limpada de garganta. A mulher virou o rosto na minha direção e me olhou surpresa. Olhou para as máquinas ao meu lado e sorriu. Encarei- a e esperei ela falar alguma coisa.

— Oi — Disse colocando as mãos no jaleco. — Sou a sua médica. Anne.

Olhei para ela e confirmei com a cabeça. Meu corpo não estava doendo, mas eu conseguia sentir os lugares dos curativos. Levei minha mão direita ao meu rosto, ela estava limpa e normal, toquei minha testa e senti ataduras em volta do topo da minha cabeça. Foi então que percebi que estava sem a mascara. Arregalei meus olhos e a médica tocou minha mão gentilmente.

— Calma, fique calma — Disse calmamente, olhei para ela e engoli em seco. Ninguém poderia saber minha identidade. — Eu sou a sua médica, eu e mais o outro médico. Nós dois operamos você em uma sala especial. Sabemos quem você é e o que você faz. Mas o trabalho de nós, médicos, é cuidar daqueles que precisão. Só nos dois temos acesso a essa sala, por isso você pode confiar em nós.

Olhei para ela com suspeita, mas fiquei mais calma. Se eles não fossem bons médicos, provavelmente, eu não estaria aqui ou muito menos salvado a garota. Espera, a garota, olhei em volta nervosamente e senti um frio percorrer pela minha espinha. A médica apertou minha mão e eu olhei para ela.

— A sua amiga, a garota que você trouxe — Começou ela a dizer. Droga, ela tinha morrido, não é? Eu não teria como começar a recompensar todas aquelas vidas. Eu era tão idiota por achar que conseguiria! — Ela está bem.

Levantei minhas sobrancelhas surpresa e ela sorriu, se afastou e puxou a cortina que ficava a esquerda, havia outra cama ali, eu não tinha percebido até agora. A garota de cabelos escarlate estava dormindo, os aparelhos estavam ligados à ela, mas aparentava estar bem.

— O ferimento dela na barriga foi um desafio, mas conseguimos fechar. Talvez demore mais uns dois três dias para ela acordar — Disse dando um sorriso de canto. — Mas as duas estão fora de perigo.

Senti um alivio enorme sobre mim e fechei os olhos, segundos depois eu estava dormindo.

— Vocês acha que essa garota é o que para ela? — Escutei uma voz baixa, quase como se fosse um sussurro, não muito longe de mim. Mexi minha mão esquerda lentamente.

— Não sei. Talvez seja alguém importante para ela — Disse uma voz feminina. — Ou não.

— É difícil acreditar que estamos tratando uma criminosa. Você sabe, né? Que se a policia descobrir vamos estar em problemas — Sussurrou a voz masculina. Senti o resto dos meus sentidos voltando e abri os olhos.

Demorou 5 segundos para a minha vista ficar normal. Os dois médicos que me ajudaram estavam parados em pé no meio da sala. Lambi os meus lábios e os dois olharam para mim. O homem, tinha cabelos cor de prata e olhos castanhos, talvez estivesse na base dos seus 45 anos. A mulher, que reconheci sendo Anne, deu um sorriso de canto para mim e se aproximou.

— Como se sente? — Perguntou parando ao meu lado.

— Me sinto dopada — Respondi, minha voz saiu áspera e senti a minha garganta seca. Os dois médicos sorriram com a minha resposta e a compostura dos dois ficou mais relaxada.

— Acredite, é melhor você está sobre os efeitos dos remédios — Disse o Homem parando ao lado de Anne. — Meu nome é John.

— Prazer — Falei dando um sorriso, que provavelmente tinha soado péssimo. Os dois trocaram um olhar rapidamente e eu respirei fundo. — Obrigada.

— Pelo o quê? — Disse Anne.

— Por tudo. Por não contarem que eu estou aqui e por manter a minha identidade. E por ter curado a minha amiga — Minha voz estava soando até melhor agora.

— Humm, então ela é sua amiga? — Perguntou John cruzando os braços sobre o peito e inclinando a cabeça para o lado, segui aquela direção e vi a garota, do qual nem sabia o nome, dormindo.

— Bem, mais ou menos — Falei olhando para os cabelos vermelhos dela e para o seu rosto que estava com uma expressão calma. Ela parecia que estava tendo um bom sonho. — Na verdade eu não a conheço.

— Como assim? — Disse Anne surpresa.

— Eu estava naquele conflito, e bem, encontrei essa garota machucada por lá — Falei, aquilo era parcialmente verdade.

— Então você a salvou?

— Quem a salvou foram vocês, apenas a trouxe até aqui — Digo dando de ombros.

— Você estava fazendo o que naquele lugar? — John perguntou me encarando.

— Me mandaram para lá, para ver se conseguia acabar com aquilo. Mas estava muito fora de controle — Respondi olhando para ele.

— Aquele bairro foi totalmente destruído — Comentou Anne olhando para o chão.

— Mas, então, quantos dias exatamente eu estou aqui? — Perguntei. Minna iria ficar com muita raiva se eu não desse noticia de vida logo.

— 3 dias. Hoje é quarta, 15:00 da tarde — Respondeu John olhando para um relógio de prata que tinha no braço. Levantou o olhar para mim e eu tenho certeza que estava fazendo cara feia. — Tinha compromisso hoje?

— Na verdade eu tinha que ir trabalhar — Falei dando um sorriso nervoso. — Mas provavelmente eu fui demitida.

— Hummm, então você trabalha durante o dia também? — Perguntou Anne curiosa.

— Claro, tenho que viver de alguma forma — Digo inclinando a cabeça, olhei novamente para a garota e suspirei, ela parecia estar bem. Talvez, eu tenha feito a coisa certa ao trazer ela comigo. — E ela? Vai ficar bem?

— Sim, vai sim — Disse Anne olhando para o lado. A garota estava pálida, fazendo com que os seus cabelos se destacassem mais ainda. — Acho que já devo ter dito antes, o ferimento dela foi feio, mas ela esta fora de risco. Mas ainda tem que ficar por uns dias em observação.

— Entendo — Sussurrei.

— Bem, Anne e ... — Começou John a dizer, acho que ele não sabia o meu nome.

— Sora — Falei, eles olharam para mim e sorriram. Os dois já tinha visto meu rosto, então não seria problema saberem o meu nome.

— Sora, é um nome bonito — Disse ele sorrindo. Colocou a mão no ombro de Anne e continuou. — Vou ver alguns pacientes no corredor 7, deixo elas com você por enquanto, ok?

— Tudo bem — Anne disse dando um sorriso. John deu um aceno para nós e saiu do quarto, escutei a porta fazendo um clique ao fechar.

— Quanto tempo mais ela vai demorar a acordar? — Perguntei.

— Talvez mais algumas horas — Respondeu olhando para o lado.

— E quanto para sermos liberadas?

— Semana que vem, talvez — Disse cruzando os braços e sorrindo. — Vocês usuários de poderes se recuperam rápido. O seus cortes superficiais e o da testa estão quase sarados, agora o seu ombro e sua perna devem demorar mais tempo para se curarem. Quanto a ela, é a mesma coisa. Nunca a vi na minha vida, porem como ela aguentou um corte daqueles e não morreu, e por seu ferimento estarem se curando sem nenhum problema, suponho que ela tenha poderes também, estou certa?

— Aham — Sussurrei. O poder dela era algo que eu não gostaria de enfrentar novamente. Ela poderia matar tão rápido quanto eu e de um jeito bem mais dolorido.

— Então... — Ela puxou uma cadeira que tinha no canto do quarto e se sentou a minha frente. — Você está exatamente do lado dos bonzinhos ou dos vilões? Porque dias atrás você salvou uma família de um incêndio, mas também roubou e fez outras coisas ruins.

— Sabe que essa é uma pergunta sem resposta — Respondi lambendo os lábios que estavam secos, Anne se levantou e pegou uma garrafa de água no frigobar, e me deu em um copo de água, tomei lentamente e senti a minha garganta ficar melhor. Anne olhou para mim esperando eu dizer mais alguma coisa e suspirei. — Você já deixou uma moeda cair no chão, certo?

— Sim.

— Pois bem, você sabe que quando uma moeda cai, uma das faces irá ficar para cima, né? — Anne confirmou com a cabeça. — Agora imagina, que um dia você deixe uma moeda cair, mas ela não cai em nenhuma das faces, ela fica em pé, podendo cair tanto do lado da coroa quanto do lado do cara. Essa sou eu. Não sou uma e nem outra.

— Difícil — Comentou colocando a mão no queixo. — Quer dizer que você não é boa e má em um todo?

— Se assim for mais fácil para você entender, então sim — Falei dando de ombros. Sorri e olhei para ela.

— Você usa essa sua teoria da moeda para explicar o que você faz?

— A não, nem sempre — Respondi sorrindo. — Quer ver como a minha teoria está certa?

— Quero — Respondeu me olhando com curiosidade. — O que eu faço?

— Jogue uma moeda no chão. Se cair com a cara para cima você é má, se cair com a coroa para cima você é boa — Falei. Ela me olhou com cara de que era sacanagem. — Vamos, você deve ter uma moeda por aí.

— Pior que não, vou pegar uma na recepção — Disse ficando de pé, quando chegou a porta olhou para mim — Qualquer uma serve?

— Sim — Respondi com um sorriso no rosto. Ela saiu do quarto e eu escutei o clique da porta ao fechar. Fechei os meus olhos e respirei fundo, senti o meu peito se encher de ar e relaxei. Não demorou muito e Anne entrou pela porta, olhei para ela, enquanto se sentava na cadeira.

— Peguei uma moeda de 50 centavos — Disse me mostrando a moeda mais fina que tinha. Sorri e balancei a cabeça.

— Agora jogue no chão. Eu aposto que caí com a coroa para cima. — Falei. Anne sacudiu a moeda nas mãos e deixou-a cair no chão. Ela girou e caiu com a face da coroa para cima. — Viu, você é boa.

— Como você...

— Bem, as moedas não mentem. E afinal, quem mais cuidaria de uma criminosa, se não uma pessoa que possui um bom coração? — Digo dando um sorriso de canto.

— Ok, se o que você diz é verdade, jogue a moeda — Disse colocando a moeda na minha mão.

— Quer ver como ela cai em pé? — Perguntei olhando para os seus olhos azuis.

— Ela não vai cair em pé, ela é muito fina — Disse, joguei a moeda no chão e ela ficou girando. — Até porque as chances de ela ficar em pé são quase...

A moeda parou de girar, mas não caiu em nenhum dos lados, ficou em pé. Olhei para Anne e ela estava com uma cara incrédula. Era basicamente impossível ela ficar em pé, por causa da sua finura.

— Como você....

— Eu não fiz nada — Respondi rapidamente. — Estou muito fraca para usar os meus poderes. Sem dizer que a teoria da moeda nunca falhou comigo.

— Então isso, quer dizer que é verdade, você não boa nem ruim?— Disse Anne me encarando, fiz que sim com a cabeça. — Já fez isso com outras pessoas?

— Não muitas — Respondi dando de ombros. Mexi o meu ombro esquerdo e senti uma dor me percorrendo. Olhei para o lado e observei a garota respirando lentamente. Ela era bonita. Estava vestindo roupas do hospital e olhei para mim, estava usando a mesma roupa. — Humm, nossas coisas, vocês guardaram?

— Sim, estão tudo dentro do armário — Disse apontando para um armário perto do banheiro.

— Ah sim — Sussurrei, fechei os olhos e respirei devagar, estava me sentido cansada. Estava esquecendo de alguma coisa, mas o que era? Coloquei a mão na testa e lembrei. Tinha que ligar para Minna. — Anne.

— Hum? — Percebi que ela estava checando o medicamento da garota, levantou as sobrancelhas na minha direção.

— Você pode fazer um favor para mim? — Perguntei, ela fez que sim com a cabeça. — Você pode falar pelo meu celular com a minha chefa e dizer que estou no hospital com infecção urinaria?

— Infecção urinaria? — Disse sorrindo e balançando a cabeça. Caminhou até o armário e abri a porta, vi que nossas roupas estavam limpas e dobradas lá dentro, minha espada e a minha mascara estavam lá também. Pegou o meu celular no canto e veio até mim. Procurei o numero da Minna na lista e liguei.

— O nome dela é Minna.

— Ok — Disse sorrindo. Acho que Minna atendeu no 3 toque. — Olá, boa tarde... A não, não é a Sora aqui... Sou a Doutora Anne, Sora me pediu para avisar que está internada com infecção urinária... Quantos dias ela vai faltar? Não sei, eu recomendo que ela que fique de repouso e em observação por mais uma semana.... Hum, ok. Vou dar o recado para ela quando acordar.

— Então? — Perguntei levantando as sobrancelhas.

— Diga-me, onde foi que você achou uma patroa tão legal quanto ela? — Perguntou sorrindo para mim.

— Sei lá — Dei de ombros sorrindo.

— Ela disse que estava preocupada por que você não deu sinal de vida, mas que estava tudo bem, desde que estivesse cuidando da saúde. Ela é simpática.

— Demais — Concordei sorrindo. — Pensei que estava demitida.

— Que bom que não, hein?

— Pois é.

— Você está sentindo dor em algum lugar? — Perguntou me observando.

— Não muita, por que?

— Está na hora de você tomar o remédio — Disse cruzando os braços e sorrindo. — Mas antes, você quer comer alguma coisa?

— Não, obrigada. Sem fome no momento — Respondi balançando a cabeça.

— Ok, vou ir pegar os medicamentos e já volto — Disse indo em direção a porta e saindo. 5 minutos depois ela voltou com uma bandeja nas mãos. Colocou o remédio no soro de nos duas e sorriu. — Prontinho. Agora, vou ter que ir ver alguns pacientes, se precisar de algo é só chamar.

— Ok, obrigada — Agradeci olhando para os seus olhos azuis, ela sorriu e inclinou a cabeça.

— De nada.

Aquele remédio era incrivelmente forte, acho que em menos de 10 minutos eu já estava dormindo. Não sonhei com nada como o de costume.

Abri meus olhos e depois de alguns segundos percebi que já era de manhã. Mexi-me devagar e olhei para o lado. Dei de cara com um par de olhos castanhos escuros. A garota ruiva estava me encarando com uma expressão confusa. O seu rosto estava corado em comparação ao pálido de antes e seus lábios estavam vermelhos.

— Então, você acordou — Falei dando um sorriso rápido para ela. Ela não disse nada, apenas me observou com olhos cerrados. Engoli em seco e tentei mais uma vez. — Está sentido alguma dor?

Novamente sem resposta.

— Tanto faz — Sussurrei e olhei para frente, me movi devagar e consegui esticar o meu braço. Senti uma dor percorrendo meu ombro e eu cerrei os olhos. Fiquei quieta novamente e fechei os olhos. Consegui sentir o olhar dela sobre mim, mas tentei ignorar. Ficamos nisso por muito, muito tempo. Até que quando ela finalmente disse algo, eu me assustei.

— Você que me salvou? — Perguntou, abri os meus olhos e olhei para ela. — Por que?

— Quem sabe? — Respondi dando de ombros e olhando para frente novamente.

— Quantos dias estou aqui?

— 4.

— 4? — Perguntou surpresa.

— O seu ferimento não é lá uma coisa fácil de curar — Falei olhando para o teto branco. Ela tirou a coberta de cima e olhou por debaixo das roupas o seu ferimento, ela fez uma cara surpresa e ficou quieta na cama. Pelo jeito ela não era muito de falar. Olhei de canto para ela, e ela estava encarando o teto. — Se você sentir dor, basta apertar o botão.

— Eu sei, já estive em um hospital antes — Disse rapidamente e virando o olhar na minha direção. O seu tom pareceu rude, mas a expressão nos seus olhos continuava confusa. Olhou para o meu braço direito e levantou as sobrancelhas. — Quer dizer, que esse é o verdadeiro rosto da Lightning Hunter? Pensei que era mais bonita.

— Pergunto-me porque achou isso — Comentei encarando ela, ela sorriu e virou o rosto para o outro lado. — Então, quem é você?

— Quem sabe? — Respondeu imitando a minha resposta de antes. Olhei para a mesa que tinha entre nós duas e vi a moeda de Anne sobre ela. Inclinei-me e peguei a moeda, revirei-a nas mãos e senti o olhar da garota sobre mim. Estendi a moeda na sua direção e ela levantou a sobrancelha. — Você pode... jogar no chão para mim?

— Por que? — Disse cruzando os braços.

— Só para eu testar a minha teoria.

— Que teoria? — Perguntou curiosa. Mas com cara de que não acreditava no que eu estava dizendo.

— Apenas jogue, depois eu te digo — Respondi, ela pegou a moeda da minha mão e jogou-a no chão. Eu tinha as minhas duvidas sobre de que lado ela realmente estava, ninguém sã iria para um campo de batalha se não tivesse sido ordenado ou que não gostasse de ferir as pessoas. Precisava saber qual era o motivo de ela estar lá e saber se foi certo tê-la salvado. A moeda ficou girando por alguns segundos e parou.

— Oh, isso é impressionante! Nunca tinha visto uma moeda cair em pé! — Disse dando um sorriso. Olhei para a moeda no chão e suspirei. Então ela estava no mesmo barco que eu, hã? Ela olhou para mim e cruzou os braços. — Agora explique a teoria.

— Diga-me — Comecei a falar. — O que você estava fazendo naquele lugar?

— Humm, não posso dizer — Respondeu virando o rosto para frente.

— Poderia pelo menos dizer para a pessoa que te salvou, né? — Falei cruzando os braços tambem.

— Quem me salvou foi o médico — Disse dando um balançar de ombros.

— Mas quem você acha que te trouxe até aqui? — Digo levantando as sobrancelhas na sua direção.

Ela deu um sorriso de canto e balançou a cabeça. Pensei que iria me responder, mas apenas esticou os braços, a manga da sua roupa de hospital, que era um vestido azul, caiu e a tatuagem no seu ombro esquerdo apareceu. Observei aquela lua de sangue em seu ombro e senti que aquilo era familiar. Acho que já ouvi historias a respeito de uma lua de sangue, qual era mesmo?

Coloquei a mão no queixo, a garota olhou para mim e levantou a manga do ombro.

— Lua de sangue... lua... sangue...Moon... blood...Bloon — Estava sussurrando e olhei para ela, cabelos e olhos vermelhos, pele branca e poder de sangue. Lembrei do porque era familiar e abri a boca. — Espera aí, você por acaso se chama Bloon?

— Ah, então você já ouviu falar de mim! — Disse sorrindo animada.

— Claro que já! Como eu não percebi isso antes? — Falei colocando a mão na testa. Eu tinha ajudado ela alguns dias atrás, pensando que aqueles caras a estavam perseguindo por causa de alguma coisa. Não imaginava que ela poderia ser a tal Bloon da lenda. — Você é uma das lendas urbanas da cidade. “ Em uma mansão antiga, onde o chão fazia barulho e as paredes falavam, havia uma família nobre. Tudo ia bem, quando em uma noite sem estrelas, algo sombrio e ensanguentado apareceu. Os vizinhos durante a noite ouviram gritos, mas nada puderam fazer. Quando o sol finalmente apareceu, os vizinhos foram verificar se tudo estava bem, quando adentraram na mansão, acharam a família morta, sangue espalhado para todos os lados e no chão um circulo muito parecido com a lua”.

— Essa lenda é uma bosta — Disse ela revirando os olhos e com o rosto bravo. — Sem dizer que não é lá verdade.

— Não? — Digo levantando as sobrancelhas e cruzando os braços. — Então me diga qual é a verdade?

— Primeiro lugar, eu não matei ninguém — Disse amostrando a palma da mão.

— Matou aqueles dois caras — Comentei rapidamente.

— Vai me julgar? Quem foi que partiu as pessoas ao meio naquela rua? — Retribui rapidamente.

— Eu estava fora de mim — Falei. E realmente. Eu não fazia aquele tipo de coisa, não normalmente. Deve ou devia ter uma parte de mim que adora machucar os outros por ser superior. Eu não queria ter feito aquilo, se pudesse eu voltava no tempo, mas era basicamente impossível. Eu tinha apenas que lidar com o que eu era.

— Ah, então você é uma daquelas que não sabe de que lado está? — Perguntou me encarando.

— Você também não — Cruzei os braços.

— Como assim? Eu também não? — Disse me olhando mais friamente e com as sobrancelhas levantadas. Dei um sorriso de canto para ela e neguei com a cabeça. — Idiota.

— Vai terminar a historia?

— Se você parar de interromper — Disse com raiva. Levantei as mãos em defesa e ela limpou a garganta. — E não era uma mansão, era uma casa normal. As pessoas realmente distorcem a verdade. Enfim, eu estava fazendo um trabalho de treinamento e a minha tarefa era roubar um objeto daquela casa.

— Humm — Sussurrei colocando a mão no rosto, ela revirou os olhos e continuou.

— Então, em uma noite sem lua...

— Então isso é verdade?

— Pelo menos. Pare de interromper! — Falou cerrando os olhos. Fiz que sim com a cabeça. — Eu tentei invadir a casa, só que eu não esperava que a família estivesse lá, já que o carro não estava lá, ou que aquela casa tivesse um sistema de segurança da Shild.

— Sistema de segurança da Shild? Que merda, hã? — Falei surpresa e comecei a rir. A Shild era uma empresa que vendia tecnologia avançada para proteção de imóveis, por muito tempo eram um ótimo sistema, até que os sistemas de segurança enlouqueceram e acabaram ferindo ou matando alguns proprietários, já que haviam armas a laser. A empresa faliu, a alguns anos.

— Pois é, não imaginei que ainda havia um louco por ai que usava aquilo — Bloon parecia revoltada, era até divertido a ver assim. — Então, quando entrei pela janela da casa, o alarme disparou e eu vi uma luz piscando, comecei a correr pela casa e peguei o primeiro objeto que eu vi pela frente, que foi até um relógio em formato de queijo redondo. Eu sei, era estranho. Até eu me perguntei quem diabos iria ter um relógio naquele formato. Continuando, os lasers das armas apareceram e eu fiquei desviando, mas levei um tiro no braço e cai no chão, logo em seguida escutei um grito a minha frente, e percebi que uma mulher tinha levado um tiro na barriga e outro no ombro. O resto dos membros da casa logo apareceram desesperados e eu cuidei de sair dali, porém no meio do caminho eu escorreguei e o relógio se manchou de sangue. E foi isso.

— Essa é a verdadeira historia? — Levantei a sobrancelha e dei um olhar irônico. Ela fez que sim com a cabeça. — Então, o suposto desenho da lua no chão é a marca do relógio?

— Sim foi o estúpido relógio — Confirmou cruzando os braços. — E o nome da lenda, o meu nome, veio da junção do tal desenho e o meu sangue no chão. Por isso que se chama A lenda de Bloon, a lua de sangue.

Coloquei a mão no rosto e comecei a rir. Aquilo era muito patético e engraçado. Finalmente quando parei de rir, ela me deu um olhar simpático.

— Bem, realmente isso foi .... — Comecei a dizer e então balancei a cabeça, não achei uma palavra que servisse ao termo.

— Né — Disse dando um sorriso de canto, colocou o braço atrás da cabeça e olhou para mim. — Mas e o seu nome, de onde vem?

— Eu que escolhi esse nome. Relâmpago por causa do meu poder e caçadora, por que bem, o termo ladra é feio, então eu prefiro caçadora de recompensa. Resumindo, caçadora relâmpago, Lightning Hunter — Respondi dando de ombros.

— Era o que eu tinha imaginado mesmo — Disse olhando para frente.

— Então a sua tatuagem é por causa da lenda? — Perguntei olhando para o seu ombro.

— Mais ou menos, essa minha prova aconteceu 1 ano antes de eu ganhar os meus poderes. E bem, quando os ganhei, essa tatuagem apareceu, irônico, hã? Ter uma lua de sangue tatuada. Por isso que eu uso o nome que deram na lenda.

— É faz sentido — Digo balançando a cabeça. Escutei um barulho vindo da porta e nos duas olhamos em sua direção, a porta se abriu e Anne entrou no quarto com um carrinho de comida.

— Bom dia — Disse ela dando um sorriso, olhou para Bloon e se aproximou. — Vejo que finalmente acordou. Meu nome é Anne, sou uma das médicas que cuidou de você.

— Hum, prazer — Bloon disse sem dar muita atenção. Anne olhou para mim rapidamente e depois olhou para ela. — Está sentindo dor em algum lugar?

— Não.

— Ótimo — Deu um sorriso para ela e se virou para mim. — Simpática, hã? Vou ajustar a cama para vocês se sentarem.

— Ok — Falei, ela pressionou um botão da minha cama e as minhas costas começaram a subir, Anne colocou uma bandeja com suco, pão, mingau e frutas na minha cama, tendo o cuidado de não tocar na minha coxa.

— Está com fome? — Perguntou para Bloon, ela fez que sim, e então ajustou a sua cama, entregou a outra bandeja para ela, e começamos a comer. Depois de alguns minutos, Anne pegou as bandejas e o carrinho, e saiu do quarto.

Ficamos assistindo televisão e conversando a respeito de alguns filmes até de noite, quando Anne apareceu novamente para nos limpar e trocar os curativos. Pedi que deixasse que eu me limpasse sozinha, porque tinha vergonha de saber que ela tinha me dado banho nos dias que eu estava apagada, sem dizer que não gostava muito de pessoas me tocando. Ela puxou a cortina do quarto e deixou uma bacia com água e um pano para mim, enquanto que limpava Bloon. Que parecia não se importar.

Molhei o pano e comecei a passar pelos meus braços e resto do corpo. Havia marcas de arranhões e corte pelos meus braços e pernas, mas já estavam sumindo. A minha testa estava bem também, agora o meu ombro esquerdo e minha coxa, estavam com curativos em cima, não dava para ver como estavam, apesar de eu senti uma dor neles.

— Esse seu ferimento foi feio oh — Escutei Anne sussurrando do outro lado. — Precisava ver quando você chegou como estava. Agora ele está bem bonito. Prontinho, terminamos.

Ela puxou a cortina e olhou para mim. Eu estava sentada na beira da cama, vestindo a linda roupa do hospital. Fechou a cortina e se aproximou.

— Já? — Perguntou olhando para mim. Fiz que sim com a cabeça. — Certo vamos ver esses ferimentos. — Levantou a minha roupa e tocou as minhas costelas, senti uma dor vindo delas e fiz careta — Está doendo ?

— Um pouco — Respondi, levantei os braços devagar como ela pediu e não havia nada de errado. Tirou os curativos do meu ombro e eu olhei para ele. Havia um buraco de bala, tanto na frente quanto atrás, ela tinha atravessado. Estava uma mistura de cores, vermelho, roxo e amarelo, estava se curando rápido, mais rápido do que o ultimo tiro que eu tinha levado. Fiz uma cara de dor quando ela passou uma pomada amarela em cima e depois colocou gazes, e prendeu com esparadrapo.

— Agora — Disse olhando para minha coxa, me deitei na cama devagar e ela tirou o curativo da minha perna. Estava 3 vezes pior que o meu ombro, minha coxa estava com um buraco maior, um roxo se espalhava em volta do ferimento, consegui ver um pouco da carne da minha perna e sangue. — Esse vai demorar.

— Você não acha que vai ter que...

— Amputar? Não, não — Respondeu ela rapidamente. — Está se curando bem. Corre o risco apenas se pegar uma infecção. Mas isso nós podemos evitar.

Ela limpou o ferimento devagar, e a cada toque o meu corpo tremia, a dor não era tão forte por causa do remédio, mas ainda assim doía. Depois de alguns minutos, finalmente ela enfaixou a minha perna com ataduras e esparadrapo, e eu relaxei contra a cama. Puxou a cortina e eu vi Bloon me observando.

— Vou deixar vocês descansarem e daqui a 30 minutinhos voltou para aplicar o remédio para a dor — Disse Anne pegando as suas coisas e saindo do quarto.

— Você gosta desse canal? — Perguntou ela, olhei para cima e vi que ela estava falando de um canal que passava o jornal.

— Mais ou menos — Respondi e fechei os olhos, estava me sentindo cansada. — Como está o seu ferimento?

— Ela disse que está bem. E o seu?

— Mais ou menos — Falei e tentei me mexer, mas senti uma dor na minha perna e fiquei parada.

— Entendo — Disse baixinho, abri um olho e observei ela. Ela estava olhando para frente, seus olhos que estavam castanhos brilhavam com o reflexo da luz da Tv, e a sua pele parecia como um leite. — Eu nunca me machuquei assim antes.

— Serio? — Perguntei levantando a sobrancelha. Ela fez que sim com a cabeça. Ficamos em silencio por um momento e ela suspirou profundamente, mas logo vi que se arrependeu, pois colocou a mão na barriga. — Você tem quantos anos?

— Porque?

— Só para saber se eu não estou dividindo um quarto com uma criança — Falei. Ela fez cara feia e me deu cotoco com a mão direita. Sorri e balancei a cabeça. — Eu tenho 17.

— Pensei que tinha 20 — Disse ela surpresa.

— Não sou tão velha — Dei um sorriso de canto para ela.

— 17 também.

— Legal — Falei, balançando a cabeça.

— Pois é, legal.

Os 30 minutos se passaram voando e Anne apareceu para nos dar o remédio. Entrou no quarto com uma bandeja de alumínio, e duas seringas. Aplicou a injeção no meu soro e sorriu.

— Pode dormir agora, Sora — Disse me dando um sorriso e tocando gentilmente a minha mão. Dei um sorriso para ela e afastei a minha mão. Anne se virou para o outro lado e aplicou a injeção no soro de Bloon. Recolheu as suas coisas e saiu do quarto, nos deixando sozinhas novamente. Não demorou muito e eu senti os efeitos do remédio no corpo.

— Então o seu nome é Sora? — Perguntou Bloon de repente. Concordei com a cabeça e suspirei. — é bonito e estranho ao mesmo tempo.

— E o seu? — Perguntei piscando para ficar acordada.

— Me chame de Sanches — Disse. Olhei para os seus olhos castanhos e dei um sorriso. Ela deu uma piscada de canto e sorriu. Ela era legal e simpática, mas eu sabia que ela possuía algo sombrio dentro de si. Afinal a moeda nunca errava.

— Ok.


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Notas finais do capítulo

Então? kkkkk. Digam o que acharam do capitulo nos comentarios, agradeço por continuarem a ler! bjus.

P.s : esse é o ferro que entrou na coxa de Sora

http://www.casasbrilar.com.br/produtos-2/basico/67-ferro