Como assim Lucca estava ali na minha frente? Justo quando eu estava tão próxima de Vinícius? O destino deve estar rindo de mim, só pode.

— Porque está tão surpresa? – Lucca disse sorrindo.

— Ué, você disse que não poderia vir. – Falei.

— Bom, quis te fazer uma surpresa. – Ele disse colocando o braço ao redor do meu ombro e me dando um selinho enquanto encarava Vinícius.

Olhei para trás e vi Vinícius com uma cara sem graça.

— Vinícius esse é o Lucca e Lucca esse é Vinícius. – Falei.

— Prazer. – Lucca disse cumprimentando mas continuando a encará-lo com uma cara de superioridade.

— Bom, eu vou indo. – Vinícius disse e se distanciou de nós.

— Não fui com a cara dele. – Lucca falou.

— Esquece isso. – Eu o abracei e ele retribuiu me apertando mais forte.

— Senti tanto sua falta. – Ele disse.

— Eu também. – Ele se abaixou para me beijar, mas eu o impedi segurando seu ombro.

— Aqui não, logo meus pais vão chegar.

— Eles me disseram que não vão vir, que ia deixar a gente a vontade.

— Mas mesmo assim está cheio de gente. Vamos entrar que a corrida já vai começar. – Ele ficou emburrado, mas não é como se aquele fosse o local mais adequado para trocas de carícias.

Andamos de mãos dadas mas ele não dizia nada, chegamos perto da torcida da nossa sala e apresentei ele para Luly e Alice, logo nos posicionamos na arquibancada e assistimos as corridas do fundamental, depois de 3 corridas ele ainda não falava comigo, decidi falar:

— Me desculpa vai? É que eu tenho vergonha. – Dei um beijo na bochecha dele.

— Vergonha de mim? – Ele disse. Mas que infantilidade!

— Lógico que não né, da situação, de ficar de agarramento na frente de todos do meu colégio.

—Hum, tudo bem.     

Comecei a tentar puxar assuntos e logo começamos a conversar, mesmo ele não estando 100% já estava melhor. Quando foi anunciado que as corridas do ensino médio iriam começar, tive que deixar ele sozinho ir onde estava minha sala para começar a torcida, mas antes fui no banheiro e quando eu estava saindo Vinícius também saiu do vestiário masculino. Nossos olhares se encontraram mas ele desviou rapidamente já se virando para continuar andando mas puxei sua camiseta e falei:

— Boa sorte Vini.

— Obrigado. – Ele forçou um sorriso e continuou andando.

Voltei para torcida da minha sala, mas antes o primeiro ano que correria, ou seja Vinícius, ele estava na corrida de revezamento, ele corria com a cara séria e sem nem olhar para os lados, eu, Luly, Caio e Alice torcemos por ele, já que o primeiro ano não competia com o segundo, mas no fim nada adiantou porque a sala dele não ganhou.

Nosso ano começou a correr, primeiro o feminino então abraçamos Alice e desejamos muita sorte para ela, ela estava na posição dela e eu e Luly não parávamos de gritar seu nome e para nossa alegria nossa torcida deu certo porque ganhamos, começamos a nos abraçar, pular e gritar, mas logo mais viria, o masculino no qual Caio iria participar. Também gritamos muito mas ficamos em segundo lugar, mesmo assim comemoramos como nunca antes, nossa sala era muito unida e então cantamos nosso grito de guerra até não aguentarmos mais.

Continuamos assistindo as competições do terceiro ano e quando acabou fomos até um salão onde o diretor começou a agradecer os convidados e havia muitos petiscos, salgadinhos e lanches numa mesa.

— Onde está o Vinícius? – Perguntei para Caio.

— Não sei, acho que foi embora. E o seu namorado, tá aonde?

MEU DEUS. Esqueci de voltar para ficar com Lucca. Coloquei um sanduiche na minha boca e sai correndo, fiquei na ponta dos pés procurando ele em cada canto e ele simplesmente não estava em nenhum lugar, pensei em ir até a entrada e finalmente ele estava lá encostado no muro de braços cruzados e cara emburrada.

— Ufa. – Falei ofegante. – Finalmente te encontrei.

— Finalmente você apareceu.

— Desculpa, eu tive que ficar com o pessoal da minha sala...

— Ok. Vamos para algum lugar?

— Tudo bem, só preciso pegar minhas coisas. – Voltei correndo para pegar minha mochila e avisei Alice que iria embora, voltei para a entrada e decidimos pegar um ônibus para ir até o shopping, porque ainda era 17:00.

Fomos no cinema e um filme qualquer e ele me beijou, era calmo, como das outras vezes, eu me sentia bem, mas no fundo sabia que algo não estava certo.

Depois que a sessão terminou fomos na praça de alimentação decidimos comer hambúrguer e depois tomar um sundae, só que nesse momento eu cometi um deslize enorme. Lucca estava passando sundae no meu nariz. Até ai tudo bem. Eu ria e dizia para ele parar.

Até ai tudo bem.

Eu continuei rindo e falei:

— Para Vinícius!

Ops.

Como eu pude dizer isso? Idiota, idiota, idiota!

Fiquei sem reação. Arregalei os olhos e não consegui falar mais nada. Ele ficou sério na hora e disse:

— O que foi isso?

— Desculpa, foi só um engano e...

— Não. Não foi só um engano. Não foi o nome de qualquer um, foi o nome dele...

— Me desculpa Lucca, não foi por querer!

— Você não consegue esquecê-lo né?

— Não é isso! – As lágrimas começaram a cair sobre meu rosto.

— Você nem ao menos quer esquecer ele! – Seu tom de voz aumentou.

— Para com isso... Por favor... – Pedi.

— Você acha que eu não vi quando eu cheguei? Você toda felizinha perto dele?

— Para de distorcer as coisas! – Falei mais alto também.

— E não foi só isso! Você nem ficou feliz com a surpresa que eu fiz de aparecer no seu colégio, não quis me beijar e me deixou plantado te esperando sozinho maior tempão!

— Mas eu te expliquei tudo, era um evento do colégio, eu não podia largar minha turma! E agora estou aqui com você, não estou?

— Você está aqui agora mas pelo jeito não para de pensar em outro! Até falou o nome dele!

— Eu já pedi desculpa! – Falei.

— Chega, não dá mais. – Ele terminou dizendo.