Baila Conmigo? escrita por fanstalk


Capítulo 19
O copo está vazio


Notas iniciais do capítulo

Oi oii!!

Acho que podemos chamar isso de atualização da madrugada, mas vamos lá!

leiam as notas finais e aproveitem a leitura :)



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Resumo: Leo e Reyna estão no hospital.

***

 

 

P.O.V. Leo

 

A única coisa que eu consigo pensar no momento é que a mensagem de Reyna parecia dolorida demais, mas eu ainda tinha uma pequena esperança que fosse apenas o tom latino e dramático da minha cabeça. 

"Eu preciso de você aqui", foi o que ela me enviou bem no meio do meu turno na loja de mecânica da minha mãe, e claro, eu quis ir no mesmo segundo, mas não tinha como simplesmente abandonar minha mãe ali com todo o serviço pesado, e eu também não tinha cara de responder a mensagem pedindo que Reyna esperasse até o meu turno acabar, então fiz a coisa mais lógica: mandei para Reyna uma mensagem dizendo que estava a caminho e quando o fluxo diminuiu, eu peguei o primeiro metrô até o hospital onde a mãe de Reyna estava internada.

"Oi," eu digo baixinho quando chego no quarto que a mãe de Reyna está, geralmente eu seria alto e audacioso, mas a cena que eu vi ali me dizia para abrir uma exceção. 

A mãe de Reyna estava com tubos e fios por todo o corpo, parecia estar num sono tão pesado que seu estado de palidez a confundia com uma pessoa à beira da morte, mas o pior era o estado de Reyna. Sozinha naquele quarto tão branco e esterelizado, ela parecia um ponto negro por conta dos cabelos despenteados caindo sob seus ombros, seus lábios estavam cerrados, formando uma linha fina inimaginável para lábios tão carnudos, e os olhos.

Droga, aqueles olhos que eu tanto me via hipnotizado estavam um grande vácuo escuro, não tinha emoção ali, era quase como se a esperança tivesse saído de seus olhos, e óbvio, eu conhecia aquele olhar, foi o mesmo olhar que eu vi e vejo todas as vezes que a falta do meu pai é sentida. E esse mesmo vácuo não deveria estar nos olhos de Reyna, ela não merecia ter mais coisas sendo tiradas de si e virando um joguinho de tirar e botar na roda.

Uma hora sua mãe estava bem, na outra não estava, uma hora sua saúde estava ok, na outra Reyna tinha um tornozelo torcido e inchado. As situações estavam tão agravantes para Reyna que eu sentia que a qualquer momento ela seria arrancada de mim, porque eu já vi o que vazios nos olhos podem causar à alma de uma pessoa. Não, Reyna não podia ir embora, não poderia desistir.

Reyna também não respondeu minha saudação, ela só ficou sentada e tremendo entre seus soluços, era tão estranho ter que ouvir ela chiar de dor, logo ela que era tão forte e que se esforçava tanto para ver todos ao seu redor bem. 

"Oi," eu repito tentando abrir um sorriso e me aproximando dela, a resposta que eu recebo é um abraço desesperado, seu rosto contra meu peito cobrindo minha camisa verde e manchada de graxa de lágrimas, "A minha blusa está suja, você sabe, não é?"

Isso a faz rir, mesmo que dure apenas 3 segundos.

"Não foi a pior coisa do meu dia," ela murmura de volta.

"Você quer sair daqui?" ela balança a cabeça em resposta, parecendo ter medo do que poderia acontecer se ela saísse do lado da mãe por apenas alguns segundos. "Eu tentei vir o mais rápido que eu pude," é o que me surge de dizer como uma maneira de amenizar o clima.

Eu espero ela falar algo sarcástico ou meio rude, porque a gente meio que gosta de se provocar com isso, mesmo sabendo que agora não é pra valer, é apenas um gesto de carinho, parte do que somos. 

Mas ela age de forma inesperada para os próprios padrões.

"Obrigada mesmo assim por vir, eu precisava de você aqui."

E eu quero fazer uma piada sobre isso, qualquer coisa que a faça sorrir, mesmo que eu soe meio idiota, mesmo assim eu quero ver o sorriso dela só mais um pouquinho. Só que eu não faço, ela parece quebrada demais, vulnerável, ela precisa de alguém que só fique ali com ela até a dor passar, e mesmo isso não sendo um dos meus inúmeros talentos, eu sei que posso fazer isso.

"Você quer contar o que aconteceu?" ela balança a cabeça. "Quer um café então? Uma água? Um chocolate? Algo da máquina de doces engolidoras de notas de 2 dólares?"

Nada. Ela só me encara por alguns segundos e volta a me abraçar como se estivesse com medo, e eu posso sentir ela tremer contra mim.

Reyna não consegue falar. Pela imagem que se tem de sua mãe e todos os fios presos à ela e pelo comportamento diferente de Reyna, eu sei que foi uma piora, ou qualquer outro tipo de notícia ruim, qualquer notícia que seja um eufemismo para "ela está morrendo, boa sorte".

Eu guio Reyna para a pequena poltrona perto do banheiro, tento manter metade da minha bunda fora do assento para que Reyna possa colocar um pouco mais que a metade da bunda dela no acolchoado, e só quando tenho certeza de que ela tem equílibrio sentada, eu a abraço com toda a compreensão do mundo, massageando seus cabelos cheirosos e despenteados com meias tranças destruídas.

"Chora, não guarda nada aí dentro, dulzura, deixa vir." É o que eu digo, porque foi isso que minha mãe me disse quando voltei do enterro do meu pai.

E então eu começo a cantarolar baixinho contra o ouvido dela enquanto espero que as suas lágrimas acabem e seus soluços finalmente parem.

"O copo está vazio." é o que ela sussurra para ela mesma, mas eu consigo ouvir, seu tom parece tentar se convencer de que ela não precisa mais sofrer, mesmo que não seja assim que se controle as próprias emoções. 

"Reyna?" a chamo, "Que copo está vazio, dulzura."

"O da minha mãe, ela está indo."

"Ela vai fazer a cirurgia agora?" questiono olhando para Bellona na cama, aquilo não se parecia com condições para se operar alguém, eu esperaria ela pelo menos conseguir respirar sozinha ou sei lá.

"Ela está indo ver meu pai."

"Seu pai está morto, cariño."

"Eu sei," ela diz, "mas não há mais esperança, o copo está vazio, ela quer ter paz."

A voz dela me despedaça, mas a maneira como ela fala isso me causa arrepios, é como se Reyna já visse a própria mãe com um jazido de pedra em algum cemitério local.

"O médico falou isso?"

"Algumas coisas a gente consegue sentir, sabe? E eu vejo Grey's Anatomy, é sempre assim, tem sempre esse vai e vem de estabilidade, só para mexer com o psicológico da família e do paciente, e então, num momento feliz, eles estragam tudo dizendo que ela não resistiu."

"Rey..." eu tento chamá-la para a razão.

"Só fique comigo agora, ok? Eu só preciso de apoio." e eu não me importo de perguntar pela Piper ou por outras pessoas, porque eu sei que às vezes as pessoas mais próximas é que podem te machucar mais nesse momento.

"Eu fico."

 


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Notas finais do capítulo

Isso foi um capítulo triste, estamos tendo muitos deles, mas prometo que logo passa :) (ou assim eu espero), eu tô super sonolenta e a única coisa que tá me mantendo acordada no momento é minha ansiedade por este capítulo, então por favor por favor, comentem e favoritem, ok?

Até a próxima!

Xx

Lah ♥



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