Álcool, Shirley e rock n' roll escrita por AnaMM


Capítulo 2
Por que?


Notas iniciais do capítulo

"Ai, Ana, que lindo! Você tá atualizando sem atraso nenhum, exatamente uma semana depois!" SIIIIIIM!!!!! o/ Até o quarto capítulo eu agarantio a atualização certa em uma semana, que tá tudo pronto ;) So fast your seatbelts and enjoy your ride! O que teremos hoje? O que alguns de vcs já adivinharam no capítulo passado ;) Ready, set, go! Espero que gostem!



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Seu ódio acumulado, seu desprezo, a raiva que tinha de Shirley, os anos de desconfiança enfim justificados, o incômodo que sentia em sua presença. A mescla de tudo que sentia com o álcool como catalisador resultou em um beijo cálido e incontrolável. Empurrou-a com força contra a parede da casa, refletindo sua raiva. Não batia em mulheres, não do jeito tradicional. Suas línguas se enfrentavam como as palavras não mais conseguiam. A miss agarrava os cachos de Felipe irritada, como se cada puxão fosse um xingamento. A boca do nerd exalava um sabor etílico e Shirley perdia a consciência do que fazia aos poucos. O desejo que a guiava, mais tarde, seria ignorado completamente. A culpa seria do quase inofensivo álcool que molhava os lábios do irmão de Helena.

Sentiu suas pernas serem erguidas e os longos dedos de Felipe em suas coxas. Tinha a parede e os braços do garoto como apoio e mais nada. A força do corpo do nerd contra seu corpo a mantia onde estava. Podia sentir o enrijecido membro de seu rival roçando entre suas pernas erguidas. Precisava tê-lo ainda mais próximo. Todo contato do mundo não parecia ser suficiente. Surpreendia-se com a pegada do irmão cdf de sua melhor amiga, que jamais saberia do que estava acontecendo.

Estavam prestes a romper qualquer limite quando foram interrompidos.

– Ai, meu deus! - Clara exclamou.

Sem jeito, nem fôlego, Felipe apoiou as pernas de Shirley no chão com cuidado. A miss se desequilibrou inicialmente, tendo que se segurar nos ombros do garoto. Clara se divertia com a cena inesperada. Felipe se afastou enquanto Shirley ajeitava a saia. Levou a mão aos cachos, implorando com os olhos para que a irmã não falasse nada. Não adiantou.

– Quem diria, hein? Vocês dois...

– A gente nada, Clara! - Shirley interrompeu. - Eu não tenho nada com o seu irmão! Esse bêbado que me agarrou!

– Claro, você gosta do Laerte... - Felipe comentou desafiador.

– Não foi o que pareceu! Você estava quase deixando o meu irmão careca, miss Esperança. E você, Felipe, podia tomar vergonha na cara ao invés de acusar a Shirley de gostar do namorado da melhor amiga. - Clara acusou, com sua atitude típica.

Shirley sorriu triunfante para o nerd.

– Tá rindo do que? Ela acabou de dizer que você correspondeu! E quem estava bebendo era eu! - Felipe zombou.

– Não sei nem porque eu vim. Tentar diálogo com um bêbado patético como você é obviamente inútil. Pode seguir com essa ilusão de que eu quero roubar o Laerte da minha amiga, quem vai acreditar num alcoólatra?

– Shirley! - Clara repreendeu.

– Deixa ela, Clarinha. - Felipe murmurou, voltando para dentro da casa cabisbaixo.

Por que ela o deixava daquele jeito? Por que havia reagido daquela forma? Shirley o deixava maluco. Perplexo com suas ações, Felipe passou a mão pelos cachos, bagunçando-os, e ajeitou a camisa. Seus óculos haviam ficado pelo caminho, mas não tinha coragem de buscá-los. Não podia olhar para Shirley, nem encontrar com Clara depois do que havia feito. Estava sem seus óculos para se distrair com algum livro e disperso demais para estudar. Pegou sua bolsa no sofá da sala e retirou a garrafa com o que ainda restava. Dois goles, no máximo. Havia feito tanta besteira com o resto do líquido, no entanto, que voltar a bebê-lo poderia ser a pior de suas opções. Ainda assim, queria esquecer o ocorrido.

Cambaleou rumo a seu quarto, bebendo o que restava de vodka na garrafa. Deitou-se em sua cama, admirando o vidro em suas mãos. Podia ver seu reflexo... Era patético, como Shirley gostava de repetir. Merda. Por que todas as palavras, e frases, e até ideias em que pensava terminavam em Shirley? Atirou a garrafa contra o espelho, com raiva. Impossível que ainda restasse azar para mais sete anos. Agora sabia o que significava o incômodo indecifrável: estava completamente envolvido por Shirley. De todas as mulheres disponíveis para cada homem, conforme havia estudado em geografia, estava interessado na menos confiável, na mais esnobe, na mais mesquinha. A observava já há muitos anos para pensar que seu julgamento era mera ilusão. Shirley não prestava. A forma como se exibia para o grande amor de sua melhor amiga, mesmo sabendo o quão forte era a relação entre os primos... Ainda que Shirley realmente gostasse de Laerte, se fosse amiga de verdade de Helena tentaria fugir, não se esfregar no que sentia. Estava completamente envolvido pela falsa melhor amiga de sua querida irmã.

– Felipe?

Não sabia que havia caído no sono até ser acordado pela voz distante de Clara.

– Você tá bem? - Perguntou a irmã mantendo a voz baixa.

Apesar do tom comedido de Clara, Felipe levou a mão à cabeça e grunhiu.

– Ela já foi embora. - A garota acrescentou.

– Como, se a minha dor de cabeça continua? - Felipe questionou em tom inocente.

– Você não presta! - Clara riu.

– Nem ela!

– Isso é coisa da sua cabeça, Felipe. Mas tudo bem, agora eu finalmente entendi por que você implica tanto com a Shirley. Quem desdenha quer comprar, não é? - A irmã zombou.

– Você pode, por favor-

– Não contar pra Helena? Relaxa, eu nem pretendia. Não é da minha conta. - Clara sorriu para o irmão.

– Não falar naquela garota? E obrigado, maninha. - Felipe sorriu de volta, apesar da careta causada pela dor.

Clara deu leves tapas no ombro do irmão em resposta.

– Felipinho, Felipinho... Bem que dizem que os certinhos são os piores... Vem com esse papo de querer fazer medicina, de foco nos estudos... Quando a gente menos espera, cata a miss Esperança. Que orgulho!

Felipe deu de ombros.

– Foi um erro. Eu me descontrolei.

– Ah, conta outra, Felipe! Desde pequeno você vivia na cola dela, depois nem sei por que se afastaram... Talvez por medo do que sentia já naquela época?

– Eu não sinto nada pela Shirley! Nada, entendeu?! - Felipe se levantou de um salto da cama e caminhou a passos firmes em direção à janela. Com raiva, puxou os cachos com força, tentando arrancar as lembranças do beijo de mais cedo. Mais um erro. A dor de puxar seus cabelos apenas o lembrou dos dedos de Shirley fazendo o mesmo. Voltou para a cama, desferindo uma série de socos em seu travesseiro. Odiava o que estava sentindo. Flashes de Shirley o incomodando possuíram a mente de Felipe. Cada investida em Laerte, cada olhar torto...

– Eu não pensei que você estivesse tão perturbado com isso... - Clara confessou ao se sentar com o irmão na cama e passar a mão pelas costas do nerd.

– Você não entende, não tem como entender... Ela não presta, não presta, - Felipe soltou uma risada seca. - mas vocês nunca vão acreditar. Ela tem todos na palma da mão. - "E que mão..." pensou. Embora pudessem apunhalá-lo a qualquer momento, as mãos de Shirley eram tão macias quanto a mais inofensiva das sedas. Deus, estava ficando maluco.

– Você está viajando, Felipe. Sabe o que eu acho? Que você tem ciúme da admiração que ela tem pelo Laerte e vê perigo onde não há.

– Eu não sei de mais nada, também... Só sei que ela não me faz bem. Nem um pouco. - Secou uma lágrima que não se lembrava de sentir cair. Seu rosto estava quente, vermelho.

Shirley, Shirley, Shirley... Quando menos esperava, havia adormecido novamente, sob o olhar preocupado de Clara, que afastou os cachos do rosto suado do irmão.


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Notas finais do capítulo

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