" Por favor, todos os alunos que se inscreveram para as aulas de dança e canto compareçam agora a sala 134. Obrigado, a direção." - a voz da nossa informante soou dentro da sala de Química.
A única pessoa que se mexeu foi Samantha, que rebolando foi para perto da porta e fez aquele esperado comentário.
– Mas é claro que somente eu posso fazer nessa sala. Me diga alguém aqui que tem talento?! - ela então riu, sabendo que nem mesmo o professor chamaria sua atenção.
Brenda que copiava sem prestar atenção no que Samantha dizia alevantou sua cabeça brutalmente, seus cachos pipocaram ao redor como se estivessem sido eletrizados.
– Toda a sala, menos você, néh sua L-A-R-A-N-J-A. - Brenda respondeu rindo, lembrando a todos quando Samantha se esquecera como se escrevia a palavra laranja e pediu para mim.
Samantha saiu bufando e batendo os pés, mas antes deu um espetacular jogada de cabelo, alguns fios ficaram presos nos ganchos onde haviam vários casacos brancos pendurados, quando ela saiu seu cabelo ficou preso e se quebrou, deixando assim um chumaço de cabelos tingidos de loiro.
– Eu já disse que um dia eu poderei quebrar aqueles olhos postiços dela. - Brenda resmungou, passando as plumas de sua caneta no rosto.
Voltamos a escrever, e de repente apenas o barulho das canetas arranhando o papel impedia o silêncio de reinar.
Eu estava perdida numa inveja e numa vontade louca de não querer sentir vontade de ser Samantha naquele momento, uma coisa boa de ser filha de Gabriela é que ela podia fazer o que quisesse, sem ter ou não ter talento.
E eu sentia que tinha, eu sabia que poderia cantar qualquer melodia. Mas se Gabriela dizia não, era não e ponto final.
Olhei novamente para o quadro e estava prestes a me voltar ao caderno quando alguém bateu a porta da sala e alguns segundos depois, Matthew entrou com um pedaço de papel na mão.
Ele não parecia ter mais de 18 anos e mais perto ele ficava ainda mais bonito.
– Com licença Professor Nathaniel, mas minha mãe pediu para que eu chamasse esse alunos para participarem de uma audição para a aula de música e dança. - ele falou calmo e educadamente.
Professor Nathaniel assentiu e voltou-se ao quadro.
– Bem, a aula será um presente de Diana, mas apenas os melhores cantores serão chamados para participarem, Diana é rigorosa e então não demonstrem medo, todos somos capazes. - ele disse sorrindo.
Então ele começou a chamar os nomes, eu me senti pequena e inútil sabendo que eu não seria chamada para participar, provavelmente Gabriela havia interferido na lista ou Diana não tinha interesse em mim.
Mas mesmo assim aquela mescla de esperança que sempre fica com a gente, quando o que nós mais amamos está sendo dado de presente e queremos ser o próximos a recebê-los, brilhou em meu interior e me deu força para segurar as lágrimas e olhar com firmeza para Matthew.
– Suzzany.
– Brenda.
– Collen.
– Luiz.
– Flyes.
– E Carla.
Meu corpo gelou e minha respiração se acelerou, ele estava mesmo falando a minha língua.
– Eu tenho que ir?! - perguntei abobadada.
Ele apertou os olhos escuros.
– Eu disse seu nome? - ele perguntou.
Eu assenti com a cabeça.
– Então sim.

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Fomos levados até uma sala um pouco distante em outro prédio da escola, havia pessoas e professores desconhecidos lá, lembrando a mim mesma que eu podia ter talento, mas eles tinha muito mais.
O prédio C era conhecido por abrigar alunos que tinham estranhos mais grandes talentos, vozes de anjos, corpos que mais pareciam elásticos, a habilidade de fazer monólogos intensos e incríveis a dom da atuação impecável e as melhores coreografias e músicas para apresentar a qualquer um.
Para mim era um honra poder entrar e ver a estranheza e a beleza do lugar, com as cortinas grossas cobrindo o céu, as mesas velhas e as pessoas andando de lá para cá com mascarás de zumbis e emitindo ruídos agressivos e nojentos.
Entramos na sala 134, era mais um auditório do que uma sala. As cadeiras forradas com veludo vermelho estavam inclinadas na direção do palco, que era grande e majestosos com cortinas grossas e velhas do tom de vermelho cereja e dourado sol.
O palco estava iluminado com luzes fracas e os cochichos das pessoas pareciam dar uma atmosfera mágica aquele lugar. Olhei para baixo e vi Samantha sentada com meus antigos amigos e mais a baixo Diana, seus cabelos pareciam um espelho negro refletindo as luzes.
Eu e Brenda nos sentamos perto da porta e olhamos para o palco vendo outra garota receber um cartão amarelo que deveria ser um sim, ela gritou de alegria e correu para uma porta pequena ao lado do palco.
Assim as audições continuaram e eu senti muita vontade de sair correndo porta fora, eu estava com medo de não ser admitida e ser humilhada na frente de todos aqueles outros sabia que eles iriam rir. Eu conhecia eles.
Aos poucos a sala foi ficando mais silenciosa quando metade dos alunos foi saindo, no final só restara algumas pessoas e finalmente Brenda foi chamada.
Brenda apesar de ser um ser agressivo,era astuta e muito, muito talentosa. Paixão e vontade exalavam de seus poros dias e noites, ela tinha mais talento do que muitas pessoas naquela sala.
Ela pegou o microfone da mão de um homem e a música começou a tocar, ela sacudia as pernas e sorria como se guardasse um segredo e então ela cantou.
Quando Diana alevantou o cartão amarelo eu tive certeza de que eu amava mais que tudo minha melhor amiga, ela deu dois pulinhos e acenou para mim e sorriu de orelha a orelha.
Mais uma audição depois eu fui chamada.
A forma fria e indiferente com que disseram meu nome fez com que eu realmente me sentisse apenas mais uma garota no mundo que tinha o sonho de poder cantar em outros lugares e abandonar a sua vida chata e medíocre.
E eu senti vontade de mostrar para eles que era a última coisa que eu era.
Eu sentia a música dentro de mim desde que eu nascerá, eu sabia que podia fazer o que eu queria, desde que acreditasse em mim.
E quando eu desci aquelas escadas e peguei aquele microfone nunca tive tanta certeza disso.
Então eu encarrei Diana e olhei indagadora para Samantha que apenas sorriu diabolicamente.
E então eu cantei.