Como nos últimos seis meses, sempre no mesmo horário, Edward se encontrava sentado no sofá de sua sacada, fumando e observando o apartamento de frente para sua cobertura. No inicio da construção ele não gostou nada de ter um prédio tão próximo ao seu e ainda tapando a visão de sua sacada. E não foi o único a pensar assim, a maioria dos moradores reclamaram. Mas não demorou para deixar sua implicância de lado quando viu pela primeira vez a moradora do apartamento a sua frente.

A cobertura do prédio vizinho parecia tão luxuoso quando a sua, mas não era esse detalhe que chamava a atenção de Edward e o fazia observar o local todos os dias.

Era a garota. A pequena garota que nesse mesmo horário, todos os dias chegava do trabalho, jogava sua bolsa no sofá e sumia pelo corredor.

Edward tinha uma bela visão da sala, um pouco da cozinha e o corredor. Como se isso não fosse suficiente, a janela e a sacada do quarto também davam de frente para o quarto da garota. O que só aumentava sua obsessão. Seu novo hobbie era ser voyeur de sua vizinha.

Como sempre, alguns minutos depois, ela aparecia pelo corredor e ia para cozinha. Tomava um copo de água ou algumas vezes, iniciava o que iria fazer para o jantar. Depois sumia escada acima. Edward acompanhava seus movimentos e ia para o andar de cima correndo para janela do quarto.

Isabella sem saber que era observada tirava suas roupas e as jogava no cesto de roupas sujas que ficava no canto do quarto. A garota ficava apenas com as roupas intimas e corria para o banheiro tomar seu tão relaxante banho. Ligou a torneira da banheira e pegou seus sais aromáticos favoritos, deixando por perto para jogar quando a banheira estivesse completamente cheia. Sem paciência para esperar a banheira encher, ela sentou e se acomodou, relaxando todo o corpo antes de ter que preparar o jantar para essa noite.

Edward de sua janela, com as luzes do quarto apagadas, viu Bella tirar suas roupas e jogá-las no cesto no canto do quarto. Ela sempre fazia isso, todos os dias. E todos os dias Edward reagia da mesma forma: ficava sem ar ao ver o belo corpo da garota. “Tão linda” ele pensava enquanto ela entrava no que ele sabia ser o banheiro, pois ela sempre saia de lá enrolada em uma toalha. Edward foi se sentar na cama para acalmar seus pensamentos e seu corpo. Ele sempre imaginava ela tomando banho, a água caindo por seu corpo, ela esfregando o sabonete. Não conseguiu deixar de pensar em como seria tocá-la embaixo do chuveiro, imaginou como seria seu gemido. Sem conseguir se conter tocou em seu membro por cima da calça. Esses pensamentos sempre o levavam ao mesmo fim: Edward se masturbando enquanto imaginava ser as mãos e o corpo da vizinha “como a porra de um adolescente” murmurou irritado consigo mesmo. Seu amigo lá em baixo pedia atenção, mas não iria dar esse prazer a ele agora.

“Isso é doentio!” falava enquanto passava a mão no cabelo, bagunçando ainda mais aquele quase ninho de passarinho. Edward nunca foi um garoto tímido e muito menos tinha medo de chegar em uma garota. Mas sua vizinha era diferente. No começo, a beleza da garota foi o que o chamou atenção. Ele estava encantado. A morena tinha uma beleza simples e única. Não parecia dessas que chama atenção por todos os lugares em que passa. Mas tinha algo nela, ele não sabia dizer o que, mas havia algo naquela garota que prendeu Edward de uma forma que ele se encontrava há seis longos meses apenas a observando.

Ele se sentia um adolescente de novo, com 27 anos se sentia como um adolescente por não conseguir se aproximar da vizinha. Ás vezes ele se perguntava se ela seria tão encantadora conversando frente a frente, mas ele sabia que a reposta era sim. De alguma forma, ele sabia que essa garota conseguiu a atenção de Edward Cullen desde o dia em que a viu.

Edward voltou a janela de seu quarto escuro para ver sua garota. Bufou com o pensamento de “sua garota” ele era um idiota que nem conseguia chegar perto dela e mesmo assim a intitulava como sua propriedade.

Percebeu que tanto a luz do quarto quanto a luz do banheiro já haviam sido apagadas. Com medo de perdê-la de vista, Edward desceu as escadas e foi para sacada também escura. Edward sempre mantinha as luzes apagadas para que não chamasse atenção de sua vizinha “ela deve pensar que trabalho à noite, já que nunca pareceu notar minha presença ou se preocupou em por cortinas” era o que sempre passava pela cabeça do homem.

E lá estava ela na cozinha mexendo com extrema graciosidade nas panelas, geladeira, armários e fogão, estava claramente preparando o jantar. Edward também já se perguntou varias vezes se a comida dela é saborosa. E ele sabia que sim, pois para ele tudo que ela fazia seria maravilhoso só pelo fato de ela fazer com tanta alegria.

Edward foi distraído pelo som de seu celular que tocava em cima da mesa de centro. Sabia quem era pois escolhera uma música especial para o dito cujo. Foi até o celular o atendendo.

– Fale Emmett - com o celular no ouvido ele voltou para sacada.

– Noite de sexta, uhul!! O programa de hoje ainda está confirmado, né?

– Sim, te encontro às 23h no pub de sempre. Foi pra isso que ligou? - Edward viu a vizinha colocar dois pratos na mesa e organizar os talheres. Opa, dois pratos?

– Claro! Mole do jeito que é pensei que já estaria dormindo. - Edward se viu preocupado. Porque dois pratos na mesa? Ela iria receber visita em uma sexta à noite? Já era de se estranhar o fato dela estar usando a mesa, já que sempre comia no sofá ou na bancada da cozinha. Mas ela estava arrumando tudo, talheres e duas taças… taças.

– Ok, Emmett. A gente se vê depois - Sem paciência para conversa Edward se apressou em desligar e observar sua vizinha.

Ela estava de vestido. Deus, como essa mulher conseguia ficar mais linda quando vestia azul? Estava maquiada. Ela costumava colocar pijama depois do banho “provavelmente receberá alguém para jantar” pensou Edward.

Algo dentro dele se incomodou com o fato dela estar tão bem arrumada e estar preparando um jantar para alguém. Nesses seis meses que a observava nunca a viu receber ninguém no apartamento. Essa pessoa iria experimentar a comida de sua linda vizinha na qual havia se arrumado maravilhosamente para recebê-la… ou recebê-lo.

Mesmo querendo negar, Edward sabia que estava com ciúmes. Ele não queria ver sua garota acompanhada por alguém que não era ele. Entretanto sabia que a maior parte era sua culpa, já que não teve coragem de se aproximar. Mas como se aproximaria? bater na porta dela e dizer “Olá, venho te observado há um tempo da minha sacada, ah e da janela também. Sabe, eu moro naquele apartamento ali. E vim te dizer que estou encantado com você. Quer sair comigo?” absolutamente não. As atitudes dela seria: lhe dar um tapa; bater a porta na cara dele e providenciar o quanto antes cortinas para casa toda… pelo menos essa seria a reação de Edward no lugar dela

Ele não sabia quais eram os planos da garota para essa noite, mas a noite dele já estava planejada e precisava de um banho. E foi isso que ele fez. Dando alguns minutos de paz a vizinha, caminhou para seu banheiro afim de relaxar seu corpo, que estava um tanto animado por causa da vizinha sedutora.

Minutos depois Edward saiu do banho e colocou uma roupa se segurando para não ir até a janela ver se ela estava no quarto, e se estivesse, o que estaria fazendo. Pronto para a hora de sair, que seria mais ou menos em uma hora e meia, ele foi até sua sacada. Sem aguentar mais a curiosidade de saber o que sua garota estava fazendo agora.

Surpreendido ele viu sua garota com um homem moreno e forte. Eles comiam e riam. Estavam sentados na mesa, um de frente para o outro.

Edward sentiu uma súbita tristeza e apertou os dedos em sua palma, estava visivelmente nervoso. “Quem seria esse cara e o que fazia com sua garota?” era pergunta que nublava o pensamento de Edward.

Isabella, pela primeira vez recebia alguém em sua casa e queria causar boa impressão. E também sua visita não seria qualquer uma, era Jacob. O cara que estava saindo há 3 semanas. Ela estava realmente interessada no moreno atraente a sua frente. Jacob nunca foi o tipo de Bella, mas o modo em que o cara se aproximou, as conversas que tinham e a simpatia do rapaz fez com que a garota se interessasse rápido.

Jacob estava adorando conhecer mais da garota a sua frente. O jantar estava ótimo, mas ele se sentia desconfortável, era como se estivesse sendo observado e isso o incomodava muito. Olhou para fora da sacada e viu um vulto no apartamento que ficava de frente ao de Bella.

– Você nunca pensou em por cortinas? - Perguntou desconfiado

– Não, por quê? - Bella não entendeu a pergunta. Será que ele não gostou da casa sem cortina? Bella nunca se incomodou com esse fato. Sem contar que amava ter a casa sempre iluminada pela luz natural e ser despertada pela luz do dia.

– Não tem medo de alguém do prédio vizinho te ver?

– E por que teria? Mas não, não me preocupo. As luzes sempre estão apagadas e quando parece ter alguém em casa as cortinas estão fechadas - Falou olhando para sacada do vizinho sem saber que atrás dali estava ele, sentado no sofá respirando fundo várias vezes por quase ter sido pego.

– Não sei. Pensei ter visto um vulto, pode ser paranoia minha. Não estou acostumado com isso

– Vulto hein? Será que é alguém que morreu nesse apartamento e te escolheu para ajudá-lo a descansar em paz? Porque eu nunca vi nada fora do normal ali

Os dois riram e voltaram a ter uma conversa amena

Enquanto isso Edward sente a adrenalina correr por seu sangue. A ideia de ser pego o assustava tanto quanto pensar em falar com a garota. Mas ele sabia, não poderia continuar com isso. Era invasão de privacidade e quando ela descobrisse iria odiá-lo. Pensando nisso, Edward resolveu pegar suas coisas e encontrar com Emmett.

(n/a: ouçam a música, plisss http://www.youtube.com/watch?v=rzJikUFVxes )

Horas mais tarde Edward chegava ao apartamento. Pensou em trazer uma garota consigo, mas desistiu quando percebeu que não conseguiria dormir com ninguém essa noite sabendo que sua garota estava com um desconhecido. Pelo fato de nunca tê-la visto com alguém, ele não fazia ideia que de ela estar com um outro homem em seu apartamento seria tão perturbador para ele.

Tentou sair, se divertir. Até conseguiu em alguns momentos, mas o pensamento sempre voltava para mesma coisa… ela

“Estaria eles conversando ainda? talvez jogando?” tentava se convencer porque não poderia e não queria aceitar que talvez eles estariam dormindo juntos. Que um cara iria tocar o corpo de sua garota. O corpo que ele ainda não teve oportunidade de tocar. Esses pensamentos torturavam tanto Edward que Emmett percebeu que o amigo não estava bem.

– Que horas são Emmett? - perguntou exasperado. Nunca quis tanto que o tempo passasse rápido. Ele queria ver sua garota, de preferência sozinha.

– Hora suficiente para você não ir embora. Qual é cara, você viu aquelas gatas ali? - apontou e Edward olhou na direção das garotas vestidas sensualmente e sorrindo para eles, eram sem duvidas bonitas. Porém, não chegavam nem perto da morena que dominava seus pensamentos no momento - Elas estão dando maior bola! Ahhhh meu querido, essa noite vai ser boa

Edward chegou a pensar na possibilidade de levar uma delas para casa na intenção de tentar esquecer sua vizinha. Mas ele sabia que isso não ia adiantar. Ele não conseguiria fazer nada sabendo que sua garota estava no apartamento ao lado com um homem que, obviamente não era ele. Suspirou

– Vou para casa.

Em casa Edward correu para sacada e… nada. Sua garota não estava ali.

Subiu para o quarto e abriu um pouco a cortina. Esperava vê-la descansando, esperava que aquele homem fosse um amigo, gay de preferência. Talvez um irmão, ou algum primo distante que veio visitá-la pela primeira vez.

Ao olhar na janela de Bella, Edward viu a luz do quarto apagada. Por um momento relaxou “está dormindo” pensou, mas isso não durou mais que um segundo, pois logo Bella passou pela porta do banheiro apenas de roupão, atrás da mesma saiu o homem com a toalha enrolada na cintura. Edward sentiu o coração apertar e a respiração faltar. Ele podia ter ficado satisfeito com isso e fechado a merda da cortina, mas não, continuou olhando e viu o momento em que Jacob enrolava os braços na cintura de Bella e a beijava. Bella correspondia com furor e isso fez com que as pernas do homem escondido atrás da janela tremessem. Ele se segurou na janela e como nunca na vida, se sentiu o maior dos idiotas por observá-los. Quando Jacob jogou sua garota na cama e puxou a toalha enrolada na cintura, Edward sentiu que já era o suficiente.

Sem querer ver algo mais fechou a cortina e foi para cama. “É sua culpa! Se não tivesse sido um idiota bundão poderia ser você ali naquele quarto agora!” sua mente acusava. E ele sabia que ela estava certa, se ele tivesse a procurado, eles poderiam estar juntos agora “seis meses, porra! seis meses como um ridículo adolescente voyeur”

“Talvez ela já estivesse com ele” a outra parte da mente falava “você não teria chance”

“Claro que não! Você realmente acha que se ela estivesse com ele, demoraria seis meses para levá-lo até a casa dela? É óbvio que não” sua mente falava outra vez.

“Só posso estar ficando louco” disse para si mesmo.

Havia uma guerra acontecendo dentro do homem de cabelos acobreados, na qual ele já havia perdido.

Deitou a cabeça no travesseiro e chorou. Chorou por sua garota estar nos braços de outro, chorou por ter sido tão estúpido e não ido procurá-la logo que ela se mudou, chorou por não ser ele a tocar seu corpo agora e chorou por não ter mais nenhuma duvida que estava apaixonado por sua vizinha. Mas já era tarde demais, ela tinha encontrado alguém.

“Não seja mais idiota ainda Edward Cullen! Vá atrás dessa mulher. Quem liga para o palerma que está na cama dela agora?” Edward gemeu por pensar nisso. A sua garota, era o corpo da sua garota que o cara ia possuir, era a boca da sua garota que ele ia beijar. E ele nem sequer teve a oportunidade de prová-la.

“Conquiste sua vizinha Edward!” sua mente falou firme.

Sim, ela iria conquistar sua garota e nenhum outro cara tocará no corpo dela novamente.

Você e eu

Que dia é hoje e de que mês?

Este relógio nunca pareceu tão vivo!

Eu não posso prosseguir

E eu não posso desistir

Tenho perdido tempo demais

Porque somos você e eu e todas as pessoas

Com nada para fazer

Nada para perder

E somos você e eu e todas as pessoas

E eu não sei por quê

Não consigo tirar meus olhos de você

Todas as coisas que quero dizer

Não estão saindo direito

Eu estou tropeçando nas palavras

Você deixou minha mente girando

Eu não sei pra onde ir daqui

Porque somos você e eu e todas as pessoas

Com nada para fazer

Nada para provar

E somos você e eu e todas as pessoas

E eu não sei por quê

Não consigo tirar meus olhos de você

Existe algo sobre você agora

Que não consigo compreender completamente

Tudo o que ela faz é bonito

Tudo o que ela faz é certo

Porque somos você e eu e todas as pessoas

Com nada para fazer

Nada para perder

E somos você e eu e todas as pessoas

E eu não sei por quê

Não consigo tirar meus olhos de você

Porque somos você e eu e todas as pessoas

Com nada para fazer

Nada para provar

E somos você e eu e todas as pessoas

E eu não sei por quê

Não consigo tirar meus olhos de você

Que dia é

e em que mês

Este relógio nunca pareceu tão vivo!

CONTINUA...