Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Obrigada AnnieJacksonEaton por comentar e Bem Vinda a Fic!!!
Clove di Angelo amamos seus comentários extremamente fofos ^^
Miss Death adorando seus comentários....*.*


Bom ai está esperamos que gostem...
Boa Leitura.!!!



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Daqui de cima, eu sinto o ar sendo tirado de mim. O vento me empurra e estou tonto. Tenho que pular se não ficarei preso nessa etapa da minha paisagem de medo. Respiro fundo e faço de conta que nada disso está acontecendo. Quando me jogo da plataforma arrepios se passam por todo meu corpo que se contra o chão.

Ao me levantar estou cercado. Paredes rígidas se formam a minha volta e começam a me prender. Cada vez é mais difícil respirar. Ajoelho-me e meu corpo perde completamente a postura. Meu coração está acelerado, minhas mãos tremem e minha cabeça dói. Sei que preciso me acalmar, mas as paredes me apertam mais e mais. Fecho os olhos.

Isso não é real, Tobias. Isso não é real. Apenas respire.

De repente todas as paredes somem e estou em pé novamente, diante de uma mulher que segura uma arma apontada em direção à minha cabeça. Minhas opções são morrer ou atirar. Então, pego a arma e atiro, mas essa é sempre a pior escolha. Ela realmente morre. Posso ver o brilho deixando os seus olhos e os respingos de sangue por toda parte.

E então vem o pior.

Ele anda em minha direção e me olha friamente nos olhos. Seu corpo rígido, seu olhar sombrio e vingativo. Sua boca se contorce em um sorriso severo mostrando-me sua raiva. Sou jogado ao chão não porque ele me tocou e sim porque tenho medo do que ele possa fazer comigo.

Ele fará o que sempre faz. Me machucar!

Meu coração bate tão forte que dói em meu peito e minha cabeça gira fora de órbita. Desvio do seu olhar, mas vejo enquanto ele retira seu cinto.

“Isso é para o seu próprio bem” - Ele diz e sua voz ecoa várias e várias vezes.

Então, sinto uma por uma e cada vez mais forte os estalos. No corpo, no meu rosto... Imploro para ele parar porque estou à beira de um colapso. Isso parece inflamá-lo ainda mais, já que ele ri e aumenta a intensidade e quantidade das pancadas. Sinto meu rosto arder e com tanta dor, não resisto muito tempo e começo a fraquejar.

Quando acordo, ainda estou na sala da paisagem do medo. Eles nunca mudam. Essa noite não consegui dormir direito, pois os pesadelos me assolaram e os pensamentos me escravizaram, mais uma vez. A diferença é que agora não era somente o passado que me atormentava. Claro que não havia um só dia em que eu não pensasse em Marcus e Evelyn e em como duas pessoas tão ruins se juntam em um casamento e ainda cometem a abominação de trazer um filho a mundo. Igualmente, não havia um só dia, desde que eu comecei a sondar os arquivos da Erudição, que eu não pensasse que algo grande estava porvir.

Outro pensamento maior ocupava o maior tempo dos meus dias... Desde o dia em que ajudei a garota sair daquela rede minha mente, sem nem ao menos perceber, é levada à ela. Pensar em Tris, quebrava minha rotina de dor e tristeza porque eu me sentia bem e ao mesmo tempo frustrado.

Parte de mim queria me afastar dela. Como um alarme em minha cabeça, luzes vermelhas indicam um sinal de PERIGO sempre que ela se aproxima, mas eu não consigo ser racional. Inconscientemente, já me peguei algumas vezes nos imaginando juntos, não em um futuro distante, mas em breve.

Eu me repreendia por pensar nela desta forma. Primeiro porque nos causaria sérios problemas aqui no Destemor e depois porque acredito que ela nunca me verá de outra forma além de seu instrutor.

Um instrutor.

Eu não sabia também como e o quanto junto eu queria estar dela. Nunca tive vontade de estar com outra pessoa como quero estar com Tris. Isso é novo e estranho.

Hoje o dia promete, principalmente por causa do resultado do jogo de caça à bandeira de ontem, certamente Eric não estará em seu melhor humor. E, como ele ficará responsável pela sala de alvos, espero que esse dia termine logo. Realmente estou exausto não descansei praticamente nada, perturbado pelo passado com Marcus e pelo presente com Tris.

*************************

Como eu previ, Eric estava com uma expressão de alguém que acabou de comer algo amargo. Quanta maturidade, penso. Não ajuda muito o fato de que Max me questionou coisas durante o café da manhã de ontem que deveriam ser repassadas por Eric e não por mim. Eric estava na mesa ao lado e me encarou como se eu tivesse cometido uma grande traição contra ele.

Depois que todos entram, Eric começa a falar.

“Amanhã será último dia do estágio um, vocês continuarão lutando. Mas, hoje aprenderão a mirar cada um pegue três facas, e prestem atenção enquanto Quatro demonstra a forma correta de atirá-las”

Enquanto eles pegam as adagas eu começo a atirar as minhas. Todos me observando, enquanto atiro. Olho em volta da sala e vejo Tris encarando seriamente a minha postura. De onde ela está alinha suas pernas de acordo com as minhas, e treina por um momento sem as facas. Eric lança um olhar zombeteiro sobre ela, comenta baixinho algo a respeito e Peter faz o mesmo.

Eu tento disfarçar que a estou observando já que Eric não para de andar e analisar tudo e todos. É quando ela lança a primeira faca. Sua postura não é a ideal, mas a faca gira em 360 graus e acerta o alvo, sem, contudo, cravar na madeira. Agora eu não consigo esconder o sorriso de satisfação do rosto, afinal, Tris foi a primeira a acertar.

“Hey, Peter” - ela diz alto sorrindo presunçosamente. “Lembra o que é um alvo?”

Depois de várias tentativas, ela acerta a maioria. Depois de algumas horas, todos já acertaram, pelo menos uma vez. Todos menos Albert. Muita força, pouca agilidade e esperteza. Suas facas não cravam apenas ricocheteiam a parede. Ele tenta mais uma vez, sem sucesso, então Eric vai em sua direção.

“Quão lento você é Sinceridade? Você precisa de óculos?” - Eric começa a se divertir com ele. “Eu deveria trazer o alvo mais para perto de você?”

O rosto de Albert fica vermelho, ele tenta mais uma e erra. O comentário de Eric parece ter piorado a situação.

“O que foi isso iniciando?” - Eric diz se inclinado contra Al.

Percebo a tensão que preencheu a sala. Todos se calaram e pararam de atirar, inclusive eu. Não sei o que Eric pretende, mas ele não iria perder uma oportunidade de humilhar alguém que não pode enfrentá-lo.

“Ela... ela escorregou da minha mão” - diz Al.

“Bem, então eu acho que você deveria ir busca-la.” - Eric diz enquanto olha em volta e grita. “Eu mandei parar?”

Os iniciandos recomeçam a atirar suas facas, mas eu continuo observando a cena porque isto não acabou. Ele quer que o garoto seja esfaqueado para provar coragem?

“Ir pegar? Mas todos estão lançando.” - diz Al.

“E?”

“Eu não quero ser atingido.”

“Eu acho que você pode confiar que seus companheiros iniciandos tem uma mira melhor do que a sua. Vá pegar a faca.” - Eric diz sorrindo cruelmente.

“Não” – Albert diz de maneira firme.

“Porque não?” - Eric olha fixo em Albert. “Está com medo?”

“De ser esfaqueado por uma faca voadora? Sim” - Al responde.

“Parem todos!” - Eric grita. “Todos para fora do ringue, menos você.” – ele aponta para o Albert.

Todos se alinham fora do ringue, atentos ao destino de Al nas mãos de Eric. Ele o manda se posicionar na frente do alvo e quando eu penso que não poderia ser pior, ele me olha.

“Hey, Quatro dá uma ajuda aqui, hein?”

Caminho até ele e esfrego minha sobrancelha com a ponta da minha faca, querendo aparecer entediado. Eric se vira para Albert.

“Você ficará em pé ali, enquanto ele lança aquelas facas, até que você aprenda a não recuar.”

Após ele falar isso fico tenso. Relembro minha paisagem do medo e que precisei atirar naquela mulher. Fecho meus punhos, com força, em torno da faca e acredito que os nós dos meus dedos devem ter ficado brancos.

A parte boa é que minha mira é melhor do que a do Eric, portanto, Albert correria um menor risco de sair sangrando desta sala sendo eu a atirar as facas. O ruim é que eu não quero participar disto. É cruel e desnecessário.

“Isso é realmente necessário?” – Era difícil me colocar como um empregado de Eric para um serviço com o qual eu não concordava. Além disso, o arremesso de facas era uma atividade inútil que dificilmente seria utilizada na vida prática de qualquer pessoa.

Eric não gostou de ser questionado. Ele me encara e eu o encaro de volta.

“Eu tenho autoridade aqui, lembra?” - ele diz em voz baixa. “Aqui e em qualquer lugar."

Como eu o odeio. Essa sua mania que me colocar abaixo dele. Como se ele não tivesse sido escolhido líder do Destemor porque EU recusei o oferecimento em primeiro lugar. Em momentos como este eu penso que deveria ter aceitado o convite de Max. Talvez conseguisse impedir coisas assim. Mas a covardia me impediu. O medo de reencontrar Marcus falou mais alto.

Preparo-me para atirar. Aperto com mais força a faca para que ela obedeça à rota. Respiro e concentro-me, meu instrutor, Amar, me ensinou como eu deveria condicionar meu corpo para conseguir me concentrar. Eu me preparo para atirar a primeira faca quando...

“Pare com isso.” Alguém grita. Nem preciso me virar para saber quem foi. Ouço esta voz em minha cabeça todos os dias.

Tris.

Viro as facas em minhas mãos varias vezes, movendo-as cuidadosamente. Eu a encaro. Não acredito que ela escolheu este momento, diante de todos aqui, para deixar seu lado de Abnegação escapar. Nessa sala eu não tenho autoridade, como Eric mesmo deixou claro. O que ele fizer com ela, não poderei impedir.

“Qualquer idiota pode ficar de pé em frente ao alvo. Isso não prova nada, exceto que você está nos assediando. Que pelo que eu sei é um sinal de covardia.” – Tris diz, determinada.

Olho para Eric que a encara e ela retribui. Ela não só o questionou como também o chamou de covarde. Para o Destemor não há insulto pior. Se eu não estivesse tão preocupado, ficaria orgulhoso dela.

“Então deve ser fácil para você, se você estiver disposta a pegar o lugar dele.” - Eric retruca.

Ela se afasta do grupo de inicianandos e anda com convicção até Albert. Peter fala algo, mas ela continua o seu caminho. Ela sorri para Albert e toma seu lugar, com as costas apoiadas contra o alvo. Ela me encara e ergue o queixo, demonstrando para Eric que não está com medo.

“Se você recuar.” - digo lentamente, com cuidado. “Al fica no seu lugar. Entendido?”

Ela assente.

Tris não tem o mesmo olhar que causa piedade assim como o de Albert. Ela tem um olhar determinado. Parece que confia em mim. Confia que não irei machuca-la.

Puxo minha primeira faca e a lanço, quando a faca crava a alguns centímetros de sua bochecha, ela fecha os olhos. Eric a olha com um sorriso. Ele acredita que ela irá desistir.

“E aí, Careta, já está pronta para sair daí?” – falo para que ela se lembre que é forte e que pode aguentar.

“Não!” - ela responde com raiva, mas recuperando a respiração.

“Então abra os olhos.” - digo enquanto bato a faca de leve entre minhas sobrancelhas.

Tris abre os olhos e me encara séria e com os punhos fechados. Ela está com medo, mas não quer que percebam. Passo a faca de uma mão para outra para aliviar a tensão que se espalha pelo meu corpo. Ela não desvia seu olhar de mim quando lanço a segunda faca, dessa vez bem em cima de sua cabeça, no espaço onde seu cabelo é repartido.

Eric resmunga algo ininteligível. E um burburinho corre entre os iniciandos.

“Vamos lá careta, deixe que outra pessoa fazer isso.” – digo para que Eric pense que estou me divertindo com a situação, para que ele não desconfie que estou nervoso com a possibilidade de feri-la. Ele não pode sonhar que sinto 'coisas' pela Tris.

“Cala a boca, Quatro” - Tris responde com raiva, mas eu penso que se eu não puni-la Eric irá fazer isso depois. Preciso ser mais rápido que ele. Vou ter que feri-la antes que ele o faça. Puxo meu braço para trás e jogo a terceira faca, ela vai diretamente ao lado da sua orelha, cortando-a apenas um pouco. Sangue desce em sua pele e me sinto culpado. Eric me olha satisfeito e ri de leve, mas ele ainda está com raiva.

“Eu adoraria ficar e ver se o resto de vocês são tão ousados quanto ela. Mas eu acho que é suficiente por hoje.”

Todos saem da sala e Eric anda até ela, aperto com força a faca em minhas mãos. Ele a toca no ombro e fala algo a encarando. Sorri para ela, mas não devolve o gesto. Então ele sai, restando apenas eu e ela na sala.

Ando em sua direção para tentar explicar-lhe minhas razões, caso elas não tenham ficado claras.

Pelo olhar que ela me dá, eu concluo que não ficaram nada claras.

“A sua...” – começo a dizer.

“Você fez aquilo de propósito!” - ela grita.

“Sim eu fiz” – digo tranquilamente. “E você deveria me agradecer por te ajudar.”

“Agradecer?” - ela diz cerrando os dentes. “Você quase arrancou a minha orelha e passou o tempo inteiro zombando de mim. Por que deveria agradecê-lo?”

Tris me encara com ódio. Ela não me entendeu e isso faz nascer uma raiva dentro de mim também. Seus punhos ainda estão fechados como se não confiasse na pessoa que está à sua frente.

Ela acha realmente que eu gostei de machucá-la?

Por acaso esqueceu que eu era o cara na roda-gigante com ela ontem? Que eu corri para salvá-la de cair no chão quando aquelas barras se soltaram e ela não tinha a menor chance?

Sim, estou com raiva dela.

“Sabe, eu estou ficando um pouco cansado de esperar você entender as coisas.”

Ela parece que se recusa a ver o quanto eu me importo com ela. Eu penso que não poderia ser mais transparente. É como se em minha testa estivesse gravado ‘EU GOSTO DA CARETA’ e ela não entende. Sempre pensa o pior das minhas ações.

“Entender? Entender o quê? Que você quer provar para Eric o quão duro você é? Que você é um sádico igual a ele?”

Agora ela foi longe demais! Ela pensa que sou como Eric? Que quero provar alguma coisa para ele?

“Eu não sou um sádico.”

Não posso perder a cabeça com ela, por mais que eu quisesse chacoalhar seu ombro e dizer toda a verdade. Desarmo meu rosto e chego mais perto dela. Tão perto que eu poderia tocá-la. Olho em seus olhos e procuro me acalmar neles.

Lembro-me da noite anterior, na roda-gigante mesmo estando quase paralisado de medo, por causa da altura, senti uma onda de calor em meu corpo quando meu dedo tocou sua pele. Meu coração acelera sentindo falta do calor que ela enviou para minha mão e se espalhou em mim por completo. Estremeço por querer tocá-la novamente. Mas ela está com raiva de mim e isso não acontecerá.

“Se eu quisesse te machucar, não acha que eu já teria feito?” –pergunto e vou embora da sala antes que ela possa responder. Não sem antes cravar a última faca que estava em minhas mãos, na madeira.

Estar com ela é tão perturbador quanto estar sem ela. Não sei o que fazer.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram???
Ps.: Desculpa se houver erros gente!!!!