Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Gente prometi, mas terminei de madrugada mas aqui está espero que gostem!!!
Um beijo a todos, quis fazer algo mais descontraído afinal de contas Quatro está bêbado...
Hahay um beijo...

Boa Leitura!!!!



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Depois que deixei Tris no dormitório, volto para a realidade.

O resto do dia foi assim, a acidez de Will, as Mariposas de Christina, a perseguição de Marlene, a família de Uriah ameaçada de morte, os martelos falantes de Molly, a humilhação de Drew, entre outros medos, que se eu não parasse de ver ficaria completamente louco.

Hoje é o dia que mais um artigo da Erudição será lançado e para falar a verdade não quero ler, ou ver alguém falando sobre isso, depois de ter vistos todos esses medos expostos, devo encarar os meus uma vez mais.

Entro na sala da paisagem de medo e injeto a seringa revisando tudo o que aconteceu. As palavras que eu não disse, as atitudes que eu não tomei... Hoje falei para Tris que enfrentar os medos e saber lidar com eles é o que devemos fazer, mas eu nunca o fiz.

E aqui estou eu mais uma vez e a sensação é a mesma. Só que hoje parece mais alto que o normal, me sinto tonto. Agacho-me procurando equilíbrio, sem sucesso o vento me empurra me fazendo cair da plataforma de metal, calafrios se espalham pelo meu corpo e fecho os olhos para não ver o impacto.

Não consigo me levantar, pois meu corpo dói. Abro os olhos e vejo que a plataforma caiu comigo me prendendo sob ela, olho para os lados e vejo paredes se alinhando e se posicionando e apertando mais que o normal, lembrando-me do armário do porão de Marcus, onde ele mantinha as ferramentas.

Uma noite quando eu estava de castigo depois de ter recebido a punição de Marcus, ele me falou que estava muito confortável no armário onde minha mãe depositava nossas roupas, então, ele me guiou até o porão e me pôs no armário de ferramentas, ao tentar me mover, elas caíram sobre mim. Elas pesavam e eu só tinha onze anos. Então consegui vários machucados no corpo, mas só um ficou permanentemente, uma pequena cicatriz no meu queixo.

Fico debaixo da plataforma com as mãos cerradas empurrando-a para cima, não posso perder o foco e parar de respirar. Começo a me desesperar e ela aperta mais ainda. Sinto meu corpo pulsar de dor, minha cabeça dói, a cada respiração eu sinto menos o ar. Solto a plataforma e deixo minhas mãos caírem sobre o meu peito. Sei que daqui eu não vou conseguir sair, então respiro e inspiro e começo a me acalmar.

É quando tudo some e fica branco à minha frente. Eu me levanto ainda com dor e a mulher já está lá, me olhando, o mesmo olhar de Albert, mas ela continua apontando a arma. Pego a arma que está sobre a mesa e coloco a primeira bala. É sempre difícil, mas pelo menos esse medo eu tenho que vencer. Quando a olho novamente, ela se ajoelha e larga a arma, quase implorando. Deixo a arma cair da minha mão, eu não consigo. Então ela se arma novamente, me jogo para o lado e disparo, ainda posso ver seus olhos arregalado me fitando quando o sangue desce e toca o chão branco.

Eu a matei.

Ela não é real.

Mas, mesmo assim eu a matei.

Olho para cima e ele já caminha em minha direção. O meu corpo dói e eu não consigo me levantar, então, eu faço o que sempre fiz antes, e o que sempre faço aqui. Encolho-me no chão, e coloco as mãos trêmulas no meu rosto para me proteger. Marcus me encara e ri, seus olhos ficam sobre mim com satisfação.

“Isso é para o seu próprio bem.” - Diz ele rindo quando tira o cinto.

As vozes repetem, então estou cercado por vários Marcus todos riem, dizem que eu sou um mau garoto e que eu tenho que ser punido por isso. Então mais uma vez começam a me bater com mais raiva e cada vez mais forte, sinto minha pele arder e ao mesmo tempo sinto que ela não vai aguentar, e vai se rasgar.

“Covarde.”

Acordo. Acho que eu nunca vou conseguir superar isso. Levanto-me e ando até o complexo, pois preciso me distrair, esquecer que eu sou um fracasso, um covarde. Eu não sei por que as paisagens foram um pouco diferentes do que o normal, mas acho que isso tem alguma coisa a ver com o fato de eu querer vencê-las.

Hoje eu demorei mais tempo que o normal para sair da paisagem, sempre fui o que saía antes do que o costume recorda-me agora que Amar falou, na minha iniciação sobre eu ter que disfarçar mais... O mesmo acontece com...

Tris.

Divergente?

Não, claro que não. Ela não teria como esconder isso no seu teste de aptidão, e também só foi uma vez. Mas, e se ela tiver recebido ajuda assim como eu. Vou ficar atento à próxima simulação dela. Se ela for; Tris corre perigo.

Chego ao abismo e concentro-me nele por um momento. Eu preciso esquecer-me de Marcus, da Erudição e até mesmo de Tris. Dar um tempo de mim mesmo já que me sinto como um covarde impotente.

Uh oh oh... vejamos quem é... se não é o Quatro” - Zeke vem rindo na minha direção aparentemente bêbado. - “Quê que você fazendo aí?”

“Bêbado outra vez? Qual é o motivo hoje?” - Pergunto rindo.

“Vem conversar com a gente, Quatro.”

Ando com ele até uma mesinha rodeada de bebidas e de Destemores embriagados. Guigo, Lauren, Shauna, Nick e Tori. Quando Zeke chega comigo, faz uma “piadinha” e todos riem, inclusive eu. Shauna o puxa e bate de leve nele.

“Qual é o motivo da bebedeira, e porque Guigo é o único que está todo molhado e sujo? O que vocês aprontaram com ele?” - Pergunto tentando conter a risada.

“Só diga se ele beber com a gente.” - Lauren diz rindo para mim.

“Ah, não precisa pedir acho que é disso que eu preciso.” - Respondo.

“Senta aqui, Quatro, ou Lauren vai agarrar você, se sentar aí. Você sabe não é? Quando ela bebe...” - Tori começa a rir.

“Eu agarro até você... Tori sua ridícula.” - Lauren responde rindo e lança sua garrafa nela.

Sento-me e recebo uma garrafa cheia.

“E aí, não vão me contar?” - Digo derramando o liquido na minha garganta e ele desce queimando, a sensação estava ótima e por um momento esqueci tudo me focando apenas no assunto deles.

“Eu narraria se eu tivesse visto mais eu estava trabalhando, cheguei agorinha também” - Tori diz.

“Conta Zeke. É melhor você contando” - Shauna diz entre risos.

“Bom... nossa comemoração é que sabemos que temos um destemido... destemido” - ele ri e todos o acompanham, não sei porquê eu também começo a rir. - “Guigo foi desafiado a lutar contra Nick.”

“E por que ele faria isso? Nick é um gorila do mal...” - Digo rindo.

Shhhi, calma... se ele vencesse ganharia um beijo da Destemida mais difícil do complexo e se perdesse... Nadaria completamente nu no lago do pântano, e é claro...”

“Que ele perdeu.” - Nick diz gargalhando.

“Só que não era só isso... afinal de contas ele é DESTEMIDO duas vezes...” - diz Zeke tentando continuar - “Então, ele vai ter fazer isso a noite também só que ao invés de nadar porque somos seus melhores amigos ele apenas correrá.”

Todos riem. Até Guigo que é o centro da conversa.

“Já está ficando tarde e se queremos chegar ao pântano até a hora da neblina fria, devemos nos apressar” - diz Shauna.

“Claro, estou louco para correr pelado” - diz Guigo tentado ficar sério.

Levantamos-nos e andamos até o abismo. Encosto-me à beirada e continuo bebendo a segunda garrafa.

“Você irá provar porque escolhemos o Complexo Destemor Guigo.” - Diz Nick se contendo.

“E que você é um...” - diz Lauren.

“Idiota.” - Diz Guigo rindo.

“Eu ia dizer Destemido, mas essa foi uma boa colocação.”

Olho de relance e vejo Tris caminhando junto de seus amigos, descontraída e leve. Ela nunca sorri abertamente assim quando está perto de mim e não pretendo deixar de olhar este sorriso de mais perto e eu sequer me dou conta de meus passos.

Tris!” - Eu grito. Ela se vira em minha direção e na mesma hora eu noto como ela está bonita hoje.

Zeke me olha e dá umas palmadas nas minhas costas me incentivando. Caminho até ela. Tris está diferente com uma camiseta cavada e os olhos mais intensos do que na primeira vez em que a vi. Ela está realmente linda, perfeita para mim, mas ela com certeza só não percebeu isso ainda.

“Você parece diferente” - falo quando chego perto o bastante.

Diferente... Sim, garota, você está radiante. É uma luz forte que ilumina e aquece estes corredores escuros e sombrios do Destemor! Meu subconsciente meio entorpecido pela bebida grita em minha cabeça.

“Você também” - Ela diz. - “O que você está fazendo?”

Falando com a inicianda que já me chamou de sádico, de gentil como uma cama de pregos, que grita comigo, e faz perguntas inoportunas sempre que pode... A propósito, com a mesma inicianda que também já me fez perder, subir em uma roda-gigante metros acima do chão e que me desafia e atiça minha curiosidade toda vez que a vejo.

“Flertando com a morte.” - Decido optar por alguma mais banal e leve no momento, dado que temos platéia. - “Bebendo perto do abismo, não é uma boa ideia.” Lindinha, eu completo mentalmente.

“Não, não é.” - Ela me diz e é quanto eu descubro pássaros negros sobrevoando a linha tênue de sua clavícula que modela seu pescoço e lhe dando uma aparência delicada. Nunca a tinha visto com um pouco de pele exposta desta forma. Ela é clara e aparentemente macia a ponto de me fazer querer estar mais próximo para tocá-la, mais e durante mais tempo do que aquele mero esbarrar no dia do jogo de caça-bandeira. Meu coração salta e meu estômago se retorce.

“Não sabia que você tinha uma tatuagem” - Digo ainda olhando para sua clavícula e dando um gole na garrafa. - “Certo. Os corvos. Eu pediria para você sair com a gente, mas você supostamente não poderia me ver assim.”

“De que jeito? Bêbado?”

“Sim... bem, não.” - Em vias de lhe dizer algo que provavelmente é estúpido e não recíproco. - “Real, eu acho.”

“Fingirei que não vi.” - Ela sorri para mim e sinto uma grande necessidade de sorrir também.

“Bondade sua.” - Tentei me controlar, mas ela precisa saber o que eu acho. Coloco minha boca perto do seu ouvido, olho por cima e vejo Al bufando ao lado de Christina e permito-me um sorriso nos lábios, e fecho os olhos. - “Você está bonita, Tris.” - Falo numa altura que o Will possa escutar também.

Afasto-me e olho em seus lábios e vejo que ela está rindo. Consegui tirar um sorriso dela. Quem sabe ela tenha mudado seu conceito a meu respeito.

“Me faça um favor fique longe do abismo, ok?”

“Claro.” - Pisco para ela.

Saio feliz da vida e volto até onde está os outros. Shauna fala alguma coisa e nem presto atenção. Viro-me para onde estava falando com Tris e a olho rindo, ela retribui. Parece que Albert notou, por isso a puxa e a coloca no seu ombro. Ela grita mas ele é irredutível. Tris apóia seu cotovelo nele e descansa. Eu aceno para ela e ela acena de volta, e some pelo corredor.

“Hahaha, você deveria beber mais vezes, Quatro!” - Shauna diz rindo. - “E aí vamos?”

“Vamos Quatro, você fica de guarda e qualquer coisa avisa certo?” - Zeke diz olhando em minha direção.

“Tudo bem.” - Eu concordo

Vamos ao pântano e Guigo faz sua apresentação. Eu fico de costas vigiando o lado de fora. A única coisa que realmente passa na minha cabeça, além de um começo de dor por conta da bebida, é o sorriso de Tris para mim.


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Notas finais do capítulo

Gente me desculpa se houver algum tipo de Erro, ou algo assim!!!
Beijús^^