Chegamos ao La Famiglia,o restaurante estava quase vazio,com a exceção de um casal e uma família de três pessoas,escolhemos uma mesa em um canto,onde poderíamos ficar mais a vontade para conversar.

Edward puxou a cadeira pra mim quando fui sentar,aprovei seu gesto,um verdadeiro cavalheiro.

A garçonete logo veio com os cardápios, e perguntando o que queríamos beber.Optamos por um vinho tinto,e para comer eu escolhi um macarrão a moda da casa e Edward uma lasanha.Assim que a garçonete,que se chamava Carmem,se afastou a conversa começou a fluir.

– Então,o que você faz em Seattle?-Edward começou amigavelmente.

Como ele sabe que sou de Seattle!?.Fiz uma busca mental, e não consegui me lembrar de ter lhe contado isso.

– Como sabe que sou de Seattle?.-perguntei desconfiada.

Ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

– Calma,Carlisle me contou algumas coisas sobre você.Não é como se eu tivesse pesquisado sua vida ou coisa assim.-terminou sorrindo divertido.

– Oh desculpe.Bom,eu sou a editora chefe de uma revista em Seattle.-eu disse dando um gole em meu vinho.

– Interessante,e o fato de ter que permanecer em Londres,tem lhe causado muito problemas?.-perguntou.

– Com relação ao trabalho não.Eu tirei minhas ferias antecipadamente,então não há problema quanto a isso.

– E com relação a vida pessoal?.Você deve família,ou alguém que sente saudades.

– Com relação a ter alguém,bom,eu não tenho namorado.E de minha família eu tenho saudades,meus pais nem sabem que estou em Londres,minha mãe deve estar louca sem notícias minhas durante todo esse tempo.-suspirei.

– Então eles também não sabem que você encontrou Renesme?.-sondou.

– Não, eles não sabem.Minha mãe enlouqueceria,e seria capaz de sair da cidadezinha onde ela mora só para vir até Londres e conhecer a "neta".-disse fazendo aspas com os dedos.

– Ela não mora em Seattle?.-ele pareceu confuso.

– Não,meus pais moram em uma cidade minúscula de nome Forks.Ela não gosta de se afastar de lá,como se tivesse criado raízes ou coisa assim.Foi onde Renesme nasceu.

– E você não gosta de Forks.-ele acusou.

– Não,eu demorei uma vida para sair daquele lugar.E não quero voltar.Charlie e Renee me visitam em Seattle de vez em quando,mas não temos uma relação muito próxima.

Nosso pedido chegou.E meu macarrão estava divino.

– Já falamos muito de mim,agora quero saber sobre você Dr.Masen.-falei sorrindo para ele.

– Pergunte o que quiser.Sou um livro aberto.-me devolveu o sorriso.

– Por que decidiu virar oncologista?.

Seus olhos assumiram um tom duro,era possível notar a tristeza neles.Me arrependi de ter perguntado.

– Desculpe,não precisa responder se não quiser.-disse envergonhada.

– Não,não tem problema.É só que preferia manter a conversa em um tom mais leve,mas já que tocou nesse assunto vamos lá.-deu um sorriso triste.

Esperei.Edward respirou fundo e começou.

– Decidi virar oncologista depois que acompanhei minha mãe definhando dia após dia,por causa de um câncer terminal,que já havia se espalhado para várias partes do corpo.Tinha 10 anos quando ela morreu,e até hoje me lembro das palavras de meu pai.Dizendo que os médicos haviam feito todo o possível,mas que não foi suficiente para salvá-la.E daquele dia em diante eu prometi a mim mesmo que iria me tornar um médico para salvar pessoas iguais a minha mãe.-terminou suspirando.E eu podia jurar que havia visto seus olhos cheios de lágrima,embora quando percebeu que eu olhava,disfarçou e virou o rosto para baixo.

Fiquei buscando o que dizer mas não conseguia encontrar palavras para conforta-lo.

– Esse é um resumo da minha vida.Qualquer dia,quando estivermos em um lugar mais apropriado para esse tipo de assunto,eu te dou mais detalhes.Agora chega deste assunto por hoje.-seus olhos voltaram a ser os de antes da minha pergunta,simpáticos e curiosos.

– Não,não precisamos voltar neste assunto....

Ele me interrompeu.

– Não,eu quero.É bom desabafar de vez em quando.

Em resposta,lhe dei um sorriso amarelo.

Depois disso terminamos nossa refeição em silêncio.Voltando a nós falarmos apenas quando estávamos indo embora.

Já dentro do carro,consegui prestar atenção no doutor,fisicamente.Ele estava com o cabelo desarrumado mas com estilo,utilizava um sueter azul com um blazer preto por cima,combinando com a calça e os sapatos.Estava irresistível.

– O jantar estava maravilhoso,espero que tenha apreciado minha companhia.-disse com um sorriso.Assim que parou em frente ao meu hotel.

– Sim estava.Obrigada.

Já estava saindo do carro,quando ele puxou minha mão.

– Posso te ligar para sairmos outra vez?.

– Claro.-respondi automaticamente.

– Então boa noite.-disse e se inclinou para me dar um beijo na bochecha.

– Boa noite.-disse e sai do carro com as pernas moles.Nem sei como cheguei ao meu quarto,de tão tonta que estava.

Deus,porque este homem mexe comigo deste jeito!?.

Fui dormir feliz e sem pesadelos,ansiosa pelo próximo encontro com o doutor.