P.o.V. Nico di Angelo

Sugestão de música para ler esse capítulo: Strange Things Will Happen - The Radio Dept, Falling - the Civil Wars, How It Ends - Beth crowley, Shelter - The XX(Ou da Birdy, que é um lindíssimo cover!) e Between The Bars - Elliot Smith

Olhos azuis, essa foi a primeira feição que eu consegui ver de Nina, óbvio, a garota tava toda vestida de preto, também, né. O Natal pode ser uma comemoração triste, você se lembra das pessoas passadas, das perdas, de tudo. Eu, por exemplo, me lembro de Bianca. Tá, isso não vem, exatamente, ao caso, não é? OK, voltando a história...

– Nina Green. - falei, sorrindo.

– Nico di Angelo-falou, retribuindo o sorriso. - Você disse que ia ter pizza. - Cruzou os braços.

– Hã... Bem... Eu meio que... menti.

– Filho da mãe.

– Eu sou, filha da puta.

– Pior que sou mesmo. - Olhei para Nina. - O que foi? Senão Deméter não fosse puta não teria tido tantos filhos, né?

Então, começamos a rir, se vocês não perceberam, porque acho que era bem previsível.

– É verdade. - continuou.

Nina parou de rir, e sorriu.

– Você tá escutando? - perguntou sorridente, quase pulando.

Sim, eu estava, era os primeiros acordes da música 'Bring Me To Life'. Ta dah!

– Bem... Sabe aquele segredo? - falei.

– Ha-hãm.

– Você vai descobrir ele.

Agarrei a sua mão, e começamos a correr até a praia.

– How can you see into my eyes like open doors? - cantava Lydia, uma garota baixinha e ruiva, filha de Hécate, ela cantava muito bem, acho que é esse motivo por que Will escolheu ela para cantar a parte da Amy Lee. -Leading you down into my core/Where I've become so numb?

Will Solace estava tocando a guitarra perto do microfone. Isaac, ainda não sabíamos de quem Isaac era filho (mas era um cara bem legal, ele já estava de olho em uma garota filha de Íris), estava no teclado, e John, também filho de Apolo estava na bateria.

– Without a soul, my spirit's sleeping somewhere cold.

Nina olhou para mim.

– Feliz Natal. - disse eu.

Ela me abraçou fortemente, eu acho que nós dois trouxemos cada um há vida.

– Obrigada- sussurrou ela.

Então, chegou ao refrão, onde Will cantava com Lydia.

– Wake me up! - Will.

– Wake me up inside! - Lydia.

– I can't wake up.

– Wake me up inside!

– Save me!

–Call my name and save me from the dark

– Wake me up

– Bid my blood to run.

– I can’t wake up!

– Before I come undone.

– Save me!

– Call my name and save me from the nothing I’ve become!

Os microfones de Lydia e Will se tocavam enquanto cantavam a última parte.

– Bring me to life. – Lydia.

– I’ve been living a lie, there’s nothing in side. – Will

– Bring me to life!

Depois que a música acabou os quatro estavam meio que muito alegres, para um bando de pessoas de preto... Eles meio que pulavam, Lydia não soltava eles, como se fossem propriedade dela, depois foram todos para o chalé de Hermes, acho que eles iam comemorar o Natal lá.

Eu e Nina sentamos no palco improvisado de Lydia, meio que fez de última hora.

– Eu realmente amo essa música. - Nina disse. - É simplesmente perfeita, não acha?

– Eu acho sim, por que eu não gostaria? Eu mesmo pedi para tocarem, não foi? Agora, a crítica do show, dona crítica.

– Certo. Tem razão. A Lydia tem um pouco da voz da Amy Lee mesmo, o Will é bom por natureza mesmo, Isaac, só eu que o acho muito fofo? John... Aquilo que ele fez na bateria parecia mesmo de um deus! O show foi ótimo, meu jovem.

– Nina eu sou mais velho que você.

– OK, meu velho. Hã... Mason veio falar com você? Sabe, tipo, ótimo você deu amigos para a minha irmã e tal.

Ele visitou, mas Nina tem que parar de pensar nele.

– Não, não visitou. Cansou de me assombrar.

– Mason não dava medo.

– Tenta viver com um fantasma.

– OK, Mason podia ter dado medo em você.

– Um pouco... Sabe como é, né?

– Não, eu não sei, e se fosse eu que te visitaria? Como você se sentiria?

Eu ri.

– Morreria de medo!

Ela me deu um tapa na nuca.

– Você vai ficar batendo em mim o tempo todo? Já tá irritando. Só ficaria assustado, porque eu não consigo viver num mundo sem você.

– Mas- eu a interrompi.

– Nina, eu me lembro sim de você, você foi a única garota que queria jogar mitomagia comigo.

– Falando em mitomagia, você tá com as cartas aí?

Cocei a nuca me lembrando quando eu queimei todas as minhas cartas, pensava em como achei que era uma brincadeira boba para criança, o que é, mas não chega ao caso, mitomagia já fez grande parte de mim, e eu sabia muito bem disso.

– Eu meio que... queimei, desculpa. – falei. – Na época eu não vi o valor que tinha e- Nina me interrompeu.

– Ei, tudo bem, eu nem queria jogar mesmo... Só perguntei.

– Ótimo, porque eu tenho quase certeza que eu nem me lembro mais como se joga.

– Eu lembro. – disse, se achando foda.

– O jeito que você ganhou de mim foi tão atraente, primeira garota que ganhou de mim em um jogo de cartas de idades sete para cima.

– Que ótimo, tenho mais que sete para cima!

Ficamos conversando por mais algumas... horas. Estávamos deitados na areia da preia perto da borda do mar, vendo o céu estrelado.

– Nunca pensei desse modo, toda a noite eu olho para as verdadeiramente culpadas. – Nina disse. – É TUDO CULPA DE VOCÊS!

– Não culpe as estrelas.

– Já ouviu Ed Sheeran? – perguntou.

– O ruivo? Claro.

– Amo ele. Lucy chama ele de ‘Panda Ruivo’. Ela ama de amar ruivos, é a paixão dela. Ela até já pensou em pintar o cabelo de ruivo e falar para as pessoas “Não, não, sou ruiva natural.” Ela é muito louca. Enfim, eu amo muito o ‘Panda Ruivo’ Tipo, conheço maioria das músicas dele. Minha paixão é por Beyond the Pale.

– Eu Autumn Leaves.

– Meu coração, Nico, é sempre esmagado pelas músicas dele, e, tipo, constantemente! E Firefly?

Coloquei a mão no peito, fingindo estar atingido.

– Tô morrido.

– E eu morrida.

– Estamos os dois morridos.

– Hades, é você?

– Não hoje, Green. – falei.

+++

Eu já estava levando Nina para o seu chalé, estávamos num silêncio mortal, nenhum levantava algum assunto ou contava qualquer piada boba que estivesse na cabeça. Como sempre, eu fiquei olhando para Nina enquanto andávamos. Toda vez que eu a olhava, o meu coração ficava acelerado, o estômago revirado, as mãos frias e suando.

Chegamos finalmente nas escadas do chalé de Deméter. Ficamos um bom tempo olhando para os olhos de um ao outro.

Nina se aproximou lentamente para perto de mim.

– Desculpa, eu tinha que fazer isso. – sussurrou.

Por minha surpresa, Nina colocou as mãos no meu pescoço, ficou nas pontas dos pés e selou os lábios mornos contra os meus, fazendo o meu corpo se esquentar. O beijo foi demorado e calmo.

Ela estava me beijando, caiu na minha ficha depois. Nina Green estava me beijando!

Ela se afastou lentamente de mim, eu acho que estava parecendo um bobo extremo, sorrindo como uma criança de sete anos.

– Nunca? – perguntei.

– Nunca.