Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 17
Correntes da solidão


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/464187/chapter/17

Jack tinha acordado depois de sua primeira batalha contra golens. Claro, ele ainda se lembrava de quando quase lutou contra Arkadius e Cléver, após ter se revelado como um elemental e ajudado por Klaus. Klaus. O motivo dele estar naquela masmorra. A masmorra em que estava era úmida, e tão escura que não podia enxergar um palmo diante do seu rosto, o que não era tão diferente de sua vastidão interior: assustadora e quase aterrorizante. O salamandra sentia o suor escorrer pela sua testa e dores se espalharem por seu corpo e podia ouvir gritos e rumores de morte de outros prisioneiros. Ele não podia julgar as autoridades do castelo, afinal, tinha atacado seus guardas junto com uma fênix enorme e...Suzana. O que teria acontecido com Suzana?! Ela estaria bem?! O que diria a Klaus quando o encontrasse?! Ela era sua responsabilidade...todos eram sua responsabilidade.

Quando tentou se levantar sentiu algemas prenderem seu pulso. Eram tão negras e fortes que sentia sangue pingar dos seus dedos. Olhou para elas e viu que símbolos brilhavam nas correntes: pentagramas. Certa vez, quando ele e os outros estavam chegando a Áustria, Klaus tinha contado a Jack que os pentagramas anulavam os poderes dos elementais, há não ser que estes fossem contidos com círculos, logo se tornariam pentáculos. Mas caso o gnomo estivesse certo, Jack estava inofensivo naquela escuridão que fazia todos seus pensamentos voltarem à tona.

Ele tinha largado o orfanato, ido atrás de Katherine, conhecido sua verdadeira identidade e seu povo: os elementais, escolhido pela profecia de Paracelso, e agora estava enjaulado, preso. Como podia ter saído do caminho?

Seu dever era simples, menino demônio gritava a freira Por que não consegue fazer as coisas direito?! Pare de desenhar essa boneca vermelha! fazia tempos que Jack não lembrava do orfanato pertencente às freiras. A madre que ensinava arte era aquela a qual ele mais odiava, não tão diferente das outras. Sempre dizendo que tudo a qual Jack faria daria errado, e ele era um completo inútil. Mal sabendo que todas as noites, o salamandra sonhava com fogo, chamas, queimando as pessoas que ele odiava, e sua família retornando para ele... NÃO. Ele não podia pensar nisto... não naquele momento, mas era inevitável.

Fazia tempos que Jack não sonhava mais com fogo e fazia seus velhos desenhos macabros, ele tinha encontrado um propósito> impedir que Ahura cobrisse o mundo de trevas, e com isso ele tinha ajudado a recuperar a relíquia da água, porém de que adiantava? Mesmo que ela conseguisse recuperar as quatro relíquias, não sabia onde estava seus pais, como salvá-los. E sua única parente, sua única prima,Katherine, tinha o largado.

No final, não era só Suzana que sentia só. Ela tinha lhe beijado, marcando algo entre os dois.

*****

Suzana estava inerte em uma cama branca quando acordou. Espiou ao redor e viu que do outro lado se encontrava Fang piando doentia e dormente na cama branca. sua asa esquerda estava com curativos, mas ela parecia quase escura e muito fraca. A ondina tentou sair para acariciar Fang do outro lado da sala, mas corrente prendiam seus pés. Estes estavam com pentagramas, logo ela estaria impedida de sair dali. Sua preocupação se elevou quando lembrou de Jack cheio de golens ao redor, sua cabeça doeu e ela teve que continuar deitada. Deu graças a todos os deuses da China por estar ali, não sabia de todas as rezas, mas não custava lembrar de todas elas.

Um leve curativo tinha na sua testa, e ela parecia estar na enfermaria do castelo do rochedo (uma sala também medieval com pinturas de um gnomos com seringas ou pessoas iluminadas além das velas presentes em um dos candelabros em cima da mesa com instrumentos alquímicos) possivelmente o castelo do conselho dos leprachauns. Ao ouvir vozes atrás da porta tentou apurar a audição. Uma delas parecia familiar, mas forte e mais amadurecida. A outra era velha e arrogante. Quando a porta foi aberta, se impressionou com o que viu.

Klaus estava com os cabelos encaracolados penteados, e os olhos verdes altivos como sempre. Usava longas vestes sacerdotais verdes e uma corrente no pescoço com a moeda com o símbolo dos leprachauns: um trevo. Atrás dele estava o conselheiro Rhal, um homem esverdeado magricelo, alto, com vestes roxas de seda, cabelos prateados e olhos cinzentos;

–Suzana!- gritou Klaus quando pulou e a abraçou. Rhal a olhava com desprezo e se sentia em uma situação inconveniente. Klaus tocou no rosto de Suzana e a beijou. Nada foi pior daquilo, nada que lembrasse tão agressivamente o que ela tinha feito com Jack;

–O que aconteceu? Onde você estava? Cadê Jack, Katherine, Rose...- Klaus fazia dezenas de perguntas como se ele é que estivesse procurando ela e os outros;

–Senhor embaixador- repreendeu Rhal -Ela é uma mera ondina. Não gaste seu tempo com companheiros de viagem, lembre-se que hoje haverá a refeição do salão principal, o senhor tem que se preparar para propor seu discurso- Klaus virou-se para ele e disse;

–Eu sei o que tenho de dizer, não se preocupe. Na verdade, quero que deixe eu e Suzana a sós- Rhal mordeu o lábio e saiu da enfermaria. Klaus fitava os olhos em Suzana como se tivesse visto ela na última vez a mais de anos atrás;

–Desculpe por Rhal, ele é um pouco rude com convidados-

–Convidados?!- indagou Suzana -Os golens atiraram pedras!-

–Pedras?!- bradou Klaus -Não fui informado disto- ele falava com tal autoridade que já não parecia o Klaus tímido e nerd de antes;

–Eu estava na biblioteca quando descobri que uma fênix tinha caído com uma elemental da água e um garoto em chamas atacava os golens- Klaus explicou para Suzana acerca da segurança extrema que era fornecida no lugar onde os leprachauns se reuniam. Os golens eram guardas que ficam dia ou noite fazendo vigilância até que o conselho anual terminasse, algo que aconteceria em alguns dias. Suzana explicou que ela e Jack estavam em busca dele, depois que ficou fora por um longo tempo. Ele assentiu e tentou se redimir dizendo que iria falar com os guardas para que tirassem Jack das masmorras e quebrassem suas correntes, o gnomo também prometeu que iria deixar que os goblins cuidassem bem se Fang e a deixassem se enturmar com as outras bestas do bestiário do castelo, além da sua busca pela relíquia da terra, pertencente a extinta família de Waeros, o estranho. Suzana também explicou o que ela e Jack tinham descoberto na casa secreta sobre o conselho,e Klaus afirmou com algum desdém;

–Mas e quanto a Katherine e Rose? Elas estão na casa secreta, não?- Suzana abaixou os olhos e tentou encobrir o rosto com as mãos;

–Eu...elas...- gaguejava Suzana -Nós discutimos depois que eu tive uma visão com a espírita da água e então Katherine e Rose fugiram- Klaus parecia perplexo, não pelo fato de Rose ter fugido: ele já estava acostumado com o sumiço e reaparecimento da raposa elemental, mas sim por ela ter feito sua fuga com Katherine. Klaus virou de costas tentando raciocinar e demonstrar confiança;

–Acha...acha que devo enviar goblins para ir atrás delas?- Suzana pensou por um tempo e afirmou;

–Não. Rose é esperta, e Katherine é uma sílfide treinada, ambos devem estar se cuidando- era a primeira vez desde muito tempo que Klaus pedia um conselho a Suzana, agindo como namorados fariam. O gnomo advertiu que a levaria para a refeição com os conselheiros junto com Jack para tentar achar a relíquia da terra e esperar por Kathe e Rose. Ahura e Cailleach deveriam ser impedidos antes que o levante do Samhain finalmente se concretizasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado