Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 12
Impossibilidades e Terrores


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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Klaus conseguiu falar com o chanceler Rhal após o interromper por meio de um breve diálogo. A maioria dos gnomos, que observavam, ficaram impressionados a saber que ele, Jack, Suzana e Katherine eram os "filhos da luz", elementares escolhidos para derrotar as trevas. Rhal era um hobgoblin, criatura mestiça, formada a partir da união de gnomo e goblin, e por isso tinha formato e aparência humana, mas seus cabelos eram prateados e sua pele esverdeada cinzenta. Com muito desgosto e rispidez, ele levou Klaus através do rio para o castelo em que a assembleia dos leprachauns em meio a aplausos e vivas. Antes de ir embora, Suzana queria falar com ele, abraçá-lo, beijá-lo.. não sabia quanto tempo iriam ficar separados.

Longos dias se passaram, e Suzana, Jack e Kathe tiveram que tentar aguardar a volta dele. Rose dizia que o conselho demoraria dias para que se dissolvesse, ou que eles eram muito velhos, cerimoniais e que Klaus estaria dormindo desde o dia que colocou os pés lá. Suzana nunca gosto de Rose. Ela era estranha, e totalmente contra os costumes e princípios que tinha. Afinal, foi criada em uma família do clã amarelo, ou seja, tradicional, rígida. Rose simplesmente fazia o que queria, era selvagem como uma ave de rapina e inteligente como uma raposa. O que era óbvio, já que ela era uma kitsune.

Katherine passava mais tempo com Rose do que com os outros. Ambas pareciam se dar bem, e tinham a mania de treinar horas a fio na casa secreta. Kathe disparava rajadas de ar em movimentos circulares com sua beleza áurea de sílfide, enquanto Rose era certeira, definitiva, além de ter habilidades que Suzana pensava que iria ter em algum momento da sua vida, como metamorfose e o controle das chamas. Jack estava distante e gélido como sempre, ele parecia não gostar do contato de Kathe com Rose, mas desde a saída de Klaus tentava ter paciência.

Na maior parte do tempo, o garoto pálido de cabelos pretos tentava achar um plano para tentar emboscar a primeira mãe e Ahura. Ele estava ficando excessivamente obcecado naquilo, lia mais livros do que nunca, e nem ligava mais para a presença dos outros. O único que parecia mostrar alguma coisa positiva era Bob, o gato falante. Todos repreendiam a ondina dizendo que ele era um bakeneko, um ser poderoso e que devia ser temido, já que comia pessoas e entrava na mente das pessoas enquanto dormiam. Suzana nunca acreditou em uma palavra do que Bob dizia, não confiava em gatos.

Apesar de todos esses fatos que perturbavam Suzana, ela tentava manter-se equilibrada. De todos os seus amigos, a ondina era a única que tocava deliberadamente na relíquia da água> um pedaço de madeira que já fora chamado de cajado de Moisés mas que agora era guardado na parede de seu quarto. O quarto de Suzana era acomodativo, cordial, e assim como o resto da mobília, parecia ter sido feito para alguém nobre. No entanto, Suzana não sentia-se nobre. Fazia tempos que ela não conseguia se comunicar com a espírita da água. Ela estava distante. Ambas estavam. A saudade, a raiva, a paixão e as responsabilidades sufocavam a ondina de tal forma, que se sentia como Kua Fu.

Antes de ir para a Academia Tartariana dos Elementais, Suzana queria muito aprender a arte do clã amarelo: dominar a água. Todos os dias tentava imitar os seguidores de seu pai, mas gerava apenas desordem, caos. No final, ela terminava com os longos cabelos castanhos escuros molhados e resfriada. Um dia seu pai lhe contou a lenda que era passada há muito tempo em sua família: a lenda de Kua Fu. Kua Fu era um gigante alto e poderoso que vencia todos os homens a qual lutava, mas ele sempre queria mais poder e se tornava ambicioso. Um dia olhou para o céu e resolveu adquirir seu novo prêmio: o sol. Correu, correu, correu.... correu intensamente por dias e quilômetros incontáveis. Conta-se que bebeu as águas de rios e desertou centenas de vilas, mas mesmo indo do oriente ao ocidente, não conseguiu obter o que queria, e então morreu pelo calor e cansaço. O pai de Suzana quis dizer à ela que nem sempre por virmos de uma família poderoso, ou nos auto chamarmos poderosos, iremos conseguir o que queremos. Em outras palavras;

Ninguém é perfeito...– sussurrou Suzana. Ela sabia que teria que tentar, ou esperar que algo acontecesse.

....

Quando por fim conseguiu dormir, Suzana se sentiu sugada por alguma coisa. Calafrios, murmúrios, trevas sucumbiam do seu subconsciente e conjuravam nomes horrendo, palavras execráveis e ações tortuosas que faziam seus ouvidos zumbiam. O vento a envolveu por algum tempo, depois a puxou em meio as nuvens cinzentas e pretas até um penhasco sombrio e profundo. Do chão, a terra lhe engoliu, e viu ossos, gemidos e gritos que não eram mais de tristeza, e sim de felicidade, prazer. Uma multidão se erguia ao redor do que parecia um grande palácio incrustado de pedras preciosos, ossos, estalactites, e seres a qual não conhecia. Ela tentava sair do meio da multidão, mas eles a oprimiam, não conseguia enxergar, ou ouvir o que estava diretamente acontecendo. Chegando ao final ,viu verdadeiramente o que estava acontecendo: Klaus e seus amigos estavam sendo atacados por algo sombrio e pareciam estar sendo torturados de maneira desconfiada.

Você está fraca..

sussurrava a voz velha e maligna;

Ele irá voltar criança.... mas a morte irá visitar seus amigos antes...

Uma gargalhada arranhada e estridente soou. O sonho congelou-se e tudo começou a desmoronar e tremer em chamas, a força escura que vinha da direita não tinha forma, mas seu terror era óbvio> Ahura.

Não há esperança. Seus amigos e você puderam ter resistido a mim, mas eu sou velho, garota. Muito velho. Vi a humanidade nascer e agora ela irá cair, nas minhas mãos.

Não!

Uma voz luminosa emanava do lado esquerdo e emplacou Ahura, a espírita da água levou Suzana antes que as chamas envenenassem até o mais puro céu estrelado com nuvens que cintilavam abaixo de seus pés;

Não temos muito tempo

advertiu ela

Como... o que.... ?

perguntava Suzana;

Suzana, não fiqueis aflita. O espírito ancestral pode falar com palavras perspicazes, mas a verdade vence as trevas. Abra os olhos da mente! Alçais a audição de seu espírito! Ah, se não fosse por mim, Ahura teria tomado a sua alma!

A ondina então lembrou do que havia acontecido na Alemanha;

Me desculpe...eu estava com medo... não sabia do que significava!

Não falhe. As paixões traem, mas o amor verdadeiro vence o medo. Eu o amava, mas me deixei ser cega pela alma, e enganada pelos segredos!

Guardais as minhas palavras, abri vossos olhos e alçais a audição como o refúgio, pois não estarei contigo para sempre.

....

Suzana acordou assustada e quase gritou. Ela havia tido sua segunda visão. E a mais assustadora que já tivera desde a Alemanha. As palavras dos espíritos estavam em sua cabeça, gravadas como prego, e afiadas como diamante. Paixão, traição, amor... Por que ela não havia pensado isso antes? Alguma coisa estava errada desde o início, desde a batalha com as hags, o dagda, a primeira mãe... A espírita estava querendo alertá-la de alguma forma, porém só pensava em alguém;

–Klaus-


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Notas finais do capítulo

OBS: desculpem pela demora...
Obrigado!!