Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 7
Cap 6: Dobrador d'Água




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Gumo acordou pela manhã sem mais ninguém na caverna. O rapaz coçou os olhos para acordar e esticou-se para se espreguiçar. Olhou mais uma vez ao redor, mas tudo o que via era Vivi adormecida e as bagagens dos três. Franziu o cenho e se levantou devagar, passando a mão no cabelo.

Saiu da caverna e procurou pelos arredores, mas não havia sinal de vida.

– Que consideração... – Sussurrou sem realmente se importar de ser deixado para trás. Voltou para a caverna e conseguiu, depois de uma batalha, reacender a fogueira, então esquentou um pouco do cozido feito no dia anterior.

Pegou a tigela com o cozido já quente e sentou-se do lado de fora da caverna para poder comer, olhando para o mar. Gumo gostava de estar sozinho com o seu elemento, embora estar dobrando água com Zara fosse bem mais divertido.

Zara... Pensava parcialmente. A ultima vez que eu havia a visto eu tinha acabado de beijá-la, e quando nos reencontramos eu estava... bem, chorando. Raciocinava devagar. Eu queria poder voltar para as aulas de dobra d’água, ensinar história para Zara e ficar na minha turma de sempre. As coisas não deviam mudar.

A verdade é que Gumo desde sempre foi confuso, e sempre foi ciente disso

Colocou a tigela vazia ao lado do coro e deitou-se no chão quente, sentindo um estranho alívio no início, mas logo levantando por causa da temperatura.

– Por que a Nação do Fogo tem que ser tão quente? – Perguntou-se o menino. Mal havia sentido quando Vivi acordou e saiu da Caverna, deitando-se elegantemente ao lado do menino. – Como aguenta essa temperatura com todas essas penas? – Perguntou para a ave que, obviamente, não respondeu, fazendo o rapaz suspirar.

Mais uma vez Gumo levou o olhar para o oceano. Queria dobrar água, mas não queria andar tanto para chegar a uma fonte d’água.

Com mais um suspiro entediado, Gumo se afastou um pouco da caverna, procurando algo interessante. Parou no caminho e virou-se.

– Ei, Vivi. – Chamou, vendo a ave encará-lo com os olhos negros. – Não quer vir? – Perguntou oferecendo-lhe apenas mais cansaço e uma companhia deprimida, mas a ave aceitou.

Depois de algumas horas andando, Gumo e Vivi decidiram sentar para descansar. A Ilha, indo pela horizontal, sem subir montanha alguma, era muito repetitiva. Rochas e rochas, terra e mais terra. Gumo já estava com a vista cansada de tanto vermelho.

Foi quando ouviu um som agradavelmente familiar. Era o som de água caindo. Com um sorriso estonteante o garoto se levantou.

– Venha. – Chamou a ave, que demorou para obedecer por não gostar de cumprir ordens de qualquer um que não fosse Airon.

Gumo procurava a fonte do som atenciosamente, e acabou entrando num estranho beco onde Vivi mal conseguia passar. Ao entrar na estranha clareira, Gumo se viu de frente para um túnel com estranhas escrituras por todos as paredes, no teto e mesmo no chão. Não pareciam escrituras da Nação do Fogo, mas pelas cores e forma de escrita Gumo deduziu ser muito antigas.

Vivi estava inquieta desde que entrara no lugar.

– Sh. – Falu Gumo irritado com os barulhos que a ave fazia. – Vamos, é só um túnel. – Disse rindo um pouco de si mesmo e de Vivi.

O rapaz desceu o túnel com cautela, ouvindo o som da água cada vez mais alto e ecoando. Estava feliz pela pequena aventura que estava lhe sendo proporcionada, já Vivi parecia cada segundo mais inquieta.

Quando o túnel chegou ao fim, um grande e translúcido lago estava diante dos olhos de Gumo. Era muito largo e comprido, tinha as águas transparentes mas o fundo do lago não podia ser visto.

Gumo estava encantado com tamanha beleza, o lago chegava a brilhar mesmo não tendo entrada alguma de luz. Mas Gumo não via nada além do Lago.

Ele não via que o som de água caindo era falso, já que não havia água a cair. Não via que o lago era anormal, já que brilhava no escuro. Gumo não viu os esqueletos nos cantos, e nem se importou com a louca inquietação de Vivi.

Gumo entrou no lago. Em seus olhos a luz do lago era refletida, em seus lábios um sorriso hipnotizado. O que poderia ser mais belo para um dobrador de água do que a mais translúcida das águas? Muitas coisas. Mas não quando tudo ao redor do dobrador o entorpece.

Não demorou para que Gumo pisasse nas águas do lago, mas Vivi rebelava-se, dava saltos e chiava alto e agudo. Antes que o rapaz estivesse longe demais, a ave correu para perto dele e bicou pedaço da roupa que cobria seu ombro, tentando puxá-lo.

Gumo olhou para Vivi com fúria e forçou para soltar-se rasgando a própria roupa. A ave, que ficou com um pedaço de pano azul na boca, se afastou o máximo que conseguia do lago quando viu um movimento estranho no fundo do mesmo.

Gumo não se importava, estava inconsciente, já estava num ponto tão fundo do lago que precisava nadar. Mas algo o puxou para baixo, e ao invés de tentar se soltar, o rapaz soltou todo o seu ar e foi afundado de bom grado.

Vivi berrava de angústia, em seus olhos estavam refletidos o lago e o próprio Gumo que afundava cada vez mais e mais. Agora com alguém dentro daquelas águas, podia-se ver o quão fundo o lago era. Gumo já parecia um pequeno boneco, de tão longe que estava da superfície. Mas Vivi não esperou para ver o final daquela cena suicida.

Com velocidade ferozmente alta, a ave correu para fora daquela gruta maldita e voltou ao ar livre, levantando voo o mais rápido que pôde. Estava com o pedaço da roupa de Gumo na boca e procurava por Airon em toda a região visível do local. Não o encontrava de modo algum.

Foi quando a Ilha inteira tremeu como num terremoto vindo de algum lugar embaixo do templo, e a ave desceu cortando o ar para dentro do Templo, quase destruindo toda a porta.

Com dificuldade, Vivi desceu pelos túneis onde o chão tremia como nunca.

Acho que posso fazer algumas experiências também! – Ouviu a voz dupla de Zara, somada com outra que parecia a de uma mulher adulta. As penas do corpo de Vivi se eriçaram, mas não podia temer.

Entrou na clareira onde os cadáveres jaziam, o cheiro incomodava as narinas da ave, onde encontrou Airon jogado no chão e Zara entrando no estado avatar.

Para Vivi, não havia significado algum. Seu único extinto era “procurar ajuda, salvar o menino”. Com tal objetivo, a ave soltou um berro de pavor como podia graças ao pano, fazendo seu dono olhar para ela.

– Vivi. – Sussurrou Airon levantando-se com dificuldade.

A ave estava agitada demais, nem Airon conseguiria tocá-la. O vento, o terremoto e a preocupação estavam ultrapassando os limites do animal. Airon pegou o pedaço da roupa de Gumo e arregalou os olhos.

Zara estava inconsciente, e Sozen logo entendeu a situação. A criatura começou a pular na frente da Avatar, tentando de alguma maneira acordar a consciência de Zara, mas nada parecia funcionar.

– Zara! – Gritou Airon mal conseguindo ficar em pé graças ao terremoto. – Gumo está em perigo! – Gritou mais uma vez. Zara não dava sinal algum de mudança.


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Notas finais do capítulo

{E Agora, José? (me gusta ser malvada) } x2