Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 21
Cap 20: O caminho até o topo




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Os dois fitaram a caverna escura, desconcertados por algum tempo. Zara se levantou com certa dificuldade, e logo estava entrando na caverna com a chama azulada de Avalon diante do corpo para tentar iluminar algo. O rapaz não demorou mais que alguns segundos para entrar também e acender sua própria chama. Mesmo com o fogo, a caverna permanecia em total escuridão, e eles só podiam ver os rostos um do outro, num tom de azul-esverdeado.

Zara sentia uma brisa quente vir de dentro da caverna, uma brisa quente e muito fraca, seca e aconchegante. Não estava com medo do que poderia encontrar ali, e quase rezava para que houvesse bisões de verdade, mas então lembrou-se dos buracos enormes, e passou a pisar com cuidado antes de dar um passo, além de pedir para que Avalon fizesse o mesmo.

Ele não sentia a tal brisa, e estava hesitante quanto à caverna, mas acompanhou a jovem Avatar com coragem. Passaram quase meia hora andando muito devagar, o que a fez lembrar que a distancia entre a boca da caverna e o buraco imenso era longa, mas nem tanto ao ponto de demorarem horas.

Zara parou bruscamente, fazendo o rapaz espera-la por um segundo.

– O que foi? – Perguntou Avalon. Zara suspirou e franziu o cenho.

– Tem algo muito errado. Havia luz natural aqui. – Disse, quando um surto de ideia a invadiu e ela dispersou o fogo em suas mãos, apagando-o.

– Está louca?! – Perguntou o rapaz, num sussurro alto e irritado, antes de ouvir um “shh” vindo da garota que agora estava sentada pacientemente no chão.

– Sente no chão e apague logo isto. Tinha luz natural, e nenhum sinal de fogo. – Ela disse num tom devoz aveludado e sábio, que Avalon nunca havia ouvido sair de sua boca. Não havia escolha senão obedecer.

Sentou-se e deixou que a chama se esvaísse, para depois esperar que algo acontecesse na escuridão total. Nada pareceu mudar por mais de cinco minutos, quando finalmente Zara reconheceu alguns pequenos pontos de luz, não muito longe deles, diante de seus narizes. Ela sorriu ou constatar que, muito aos poucos, o lugar estava sendo completamente iluminado por tais luzes.

– O que... – Começou a falar um Avalon desconcertado. – O que é isso? – Perguntou encantado e surpreso com o que via. Andar com Zara talvez fosse a coisa mais estranha que já fizera, e sem dúvidas a mais surpreendedora.

– Vagalumes! Ela exclamou com um sorriso sincero e encantado no rosto. Se levantou devagar e se aproximou um pouco do ponto onde haviam mais das pequenas criaturinhas brilhantes.

Então o ar faltou para Zara. Ela viu um imenso buraco no teto, que estendia-se repleto de pequenos vagalumes iluminando o caminho. Tinha em torno de cinco metros de diâmetros, e podiam ver uma luz lá no alto. Talvez mais de um quilômetro de altura.

Avalon inspirou ruidosamente ao ver o buraco, e um sorriso apareceu, mesmo que muito discretamente, no canto de seus lábios.

– Agora você dobra terra, e chegamos. – Ele falou satisfeito admirando alguns vagalumes por ali. Zara negou com a cabeça e olhou para o rapaz, antes tão lindamente iluminado pelo sol, agora iluminado pela fraca luz dos vagalumes, era quase uma ofensa, era quase promiscuo.

– Não... – Ela disse, estudando então o buraco. – Não posso simplesmente nos transportar para lá. – Sussurrou antes de fazer alguns movimentos simples e firmes de dobra de terra, fazendo então surgir uma escada que ia do chão até o topo. Uma escada espiral, cansativamente grande. Avalon fitou a escada, visivelmente decepcionado.

– Por que não podemos simplesmente chegar lá, rápido...? – Perguntou deixando a decepção transparecer em sua voz, o que quase fez Zara sorrir. Ela começou a subir a escada, sendo seguida pelo rapaz.

A jovem Avatar explicou-lhe sobre lugares espirituais, e do que lembrava-se sobre o Oásis Espiritual, no Polo Norte. Ensinou sobre o respeito necessário em lugares antigos e não habitados por humanos, lugares onde a dobra pouco serve, como comprovaram com o fogo. Avalon não falava muito, mas fazia poucas perguntas inteligentes sobre o assunto.

Quando estava pouco além da metade do caminho, Zara se sentou num degrau para descansar, e Avalon fez o mesmo alguns degraus abaixo. Ela parecia especialmente mais sábia naquele momento, e mal conseguia se imaginar como professor de dobra de fogo, ou de qualquer outra coisa. Não saíam palavras desnecessárias dos lábios rosados da garota.

Zara ficou calada durante aquele tempo, vagando mentalmente pelos últimos acontecimentos. Temis por Airon e Gumo, não fazia ideia de onde estavam. Mas sentia falta realmente de Sozen.

Com um suspiro um tanto melancólico e um olhar tristonho, Zara se levandou e continuou a subida em silêncio, depois de dez minutos de descanso. Avalon via certa apreensão na expressão da garota, mas preferiu não interferir. Estavam íntimos demais, e não queria trnar as coisas ainda mais difíceis.

Enquanto a luz do topo se expandia num luz da manhã, e os dois sentiam-se cada vez mais ansiosos para ver o que havia lá em cima, uma brisa fria entrava no buraco, arrepiando os cabelos da nuca de Zara, que sorria só por estar ali.

Gostaria que Sozen pudesse ver isso.

Pensava quando finalmente alcançou o último degrau. Os lábios de Zara se entreabriram num sorriso maravilhado, enquanto os olhos se arregalavam se surpresa. Tal reação não escapou a Avalon, que ficou igualmente boquiaberto com a visão.

Eles estavam saindo de uma espécie de poço, que tinha um telhado pequeno e verde. Diante de seus olhos, ao lado esquerdo, uma imensidão de nuvens e céu, sem mais o que ver. Ao lado direito, a parede da montanha erguia-se num tom amarelado de terra, e no topo conseguiam ver uma torre branca, com um espiral verde escuro subindo por ela, e telhado da mesma cor.

Saindo do poço, seguiram por uma trilha de terra estreita e incrivelmente segura, que os guiou até a parte da frente do templo. Os suspiros de surpresa e encantamento de Zara eram como a trilha sonora do local para Avalon, além do vento em seus ouvidos que chegava a ensurdecê-los por algum tempo.

Era como um incrível palácio abandonado. Ao chegarem ao pátio principal da construção, o encontro das estranhas ruas, Avalon ajoelhou-se fechando os punhos e olhos, num movimento de respeito e admiração, quase de submissão. Zara virou-se rapidamente para ele, assustada, com os olhos arregalados.

– Avalon, que está fazendo? – Perguntou Zara, com o rosto inteiramente vermelho e num volume um pouco alto, graças ao vento.

– Estou ciente de que sou, em mais de quinhentos anos, o único membro da Nação do Fogo à pisar neste templo sagrado. – Ele falou com a voz mais grave que o comum, em rico ato de respeito.

– Tudo bem, agora levante. – Ela pediu nervosa. Avalon levantou os olhos para o rosto de Zara, fitando-lhe seriamente.


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Notas finais do capítulo

Agradeçam à Kyuubi no Youko por ter surgido do nada para me pedir para continuar. Fico felicíssima em dizer que o próximo está quase saindo do forno.