– Você fez o que?! – Exclamou Haruka irritada, revirei os olhos incomodada com a reação da ruiva – Não, não me diga que você fugiu! – Reclamou, colocando sua mão sobre o rosto num nítido gesto de vergonha, bufei zangada e comecei a me arrepender de ter contado.

– Ah! Tá bom aí, falou a expert nesse assunto – Retruquei, ouvi um coro de risadas me deixando um pouco envergonhada. Estávamos na cafeteria e eu havia confessado meu temor a ter uma relação mais profunda com o Dan, e em troca acabei ouvindo piadas da Haruka.

– Cheguei meninas! – Cortou Nanda, Bianca olhou desconfiada para mesma que riu sem graça.

– Está atrasada dona Nanda – Alfinetou Haruka – Sente-se estávamos debatendo o quão trouxa a Nana foi de ter evitado um sexo selvagem com o Dan – Completou me fazendo engasgar com o suco, outro coro de risadas.

– Haruka! – Gritei me levantando da mesa, um sorriso sínico brotou de seus lábios, lembrei que estávamos em lugar público e sentei novamente – Vamos mudar o assunto, por favor –Falei tentando mudar o foco da nossa conversa.

Consegui com sucesso, focamos em qualquer outro assunto e a conversa fluiu, até eu ser atrapalhada por uma dupla bem inconveniente.

– Vamos Nana – Interferiu Itachi, olhei para ele mentalizando não responder, afinal seria estranho se eu começasse a conversar com o vento – Precisamos treinar, vamos – Continuou.

– Deixa comigo Itachi-senpai – Happy começou a dançar em cima da mesa e não tinha como reagir aquilo, as meninas começaram e me encarar estranhando minhas caretas.

– Você está bem Nana? – Perguntou Aline, dei um sorriso para tranquiliza-las, mas em vão eu não queria mais tinha que sair.

– Estou sim, mas... Lembrei que preciso fazer uma coisa – Menti, peguei minha bolsa e me levantei – Haru, você paga minha parte? Amanhã eu acerto com você – Completei, sai da cafeteria correndo, e fui seguida pelos meus dois guardiões idiotas.

– Se eu pudesse eu evaporava vocês, sabe com foi difícil conseguir ter amigos? Agora eu fico mentindo pra eles, por causa de algo estúpido como ser Guardiã – Resmunguei.

Chegamos em casa bem rápido, e por sorte minha mãe não estava, Happy abriu o portal para Chinatsu e quando chegamos lá acabei por ouvir algumas broncas.

– Talvez pra você não seja assim tão importante, mas Quon precisa de uma guardiã, para manter as coisas em ordem. – Repreendeu Itachi, ele saiu logo em seguida me deixando com um peso enorme na consciência, se fosse antes talvez eu tivesse deixado ele ir, mas hoje em dia... Bem agora eu costumo admitir meus erros e por isso fui atrás dele para me desculpar.

Itachi estava parado em um jardim observando as flores, caminhei até ele receosa, ele poderia sim me destratar, apesar de que não era essa a natureza dele.

– Eu sei que é importante, mas eu não sei se quero essa responsabilidade para mim – Comecei ele me fitou de canto de olho, e deu um leve suspiro.

– Acontece que você é capaz, talvez a mais capaz de todos os competidores – Confessou, Itachi encarava o jardim de Quon, um lugar com uma áurea magica, a sensação de tranquilidade que aquele lugar proporcionava era incrível.

– Eu preciso pensar sobre isso, as coisas aconteceram muito rápido, há alguns meses eu era só uma jovem de dezesseis anos com um buraco nas minhas lembranças e uma memoria falsa, agora eu me torno uma competidora para assumir tal responsabilidade, só que ninguém perguntou se eu queria isso – Confessei, fitei o céu azul sem nuvens e suspirei, não tinha ideia se queria mesmo competir e principalmente vencer.

– Vamos... – Interrompeu Itachi voltando para a arena – Temos que treinar – Completou, começando andando na frente com a típica indiferença Uchiha, revirei os olhos e sorri pronto ele havia voltado a ser o mesmo Itachi que eu admirava.

Estávamos andando em silêncio de volta para a arena, estava pronta para treinar e decidi não pensar mais sobre querer ou não essa responsabilidade. Até que subitamente Itachi para me fazendo esbarrar nele, fiquei na ponta dos pés e olhei entre seus ombros, ele encarava Kishimoto, o mangaka estava de quimono azul escuro e sorria cinicamente para seu personagem.

– Konichi’wa Itachi-kun – Disse Kishimoto, Itachi ficou calado por alguns minutos sem respondê-lo, não entendi o que estava acontecendo, o ambiente ficou um pouco hostil – Está passeando com a doce Nana-chan? – Perguntou inconveniente como sempre. Com uma atitude um pouco imprudente da minha parte, intervi na conversa, saindo de trás de Itachi.

– Konichi’wa Kishimoto-san, quanto tempo não? – Interrompi, ele sorriu maliciosamente e cruzou os braços nas mangas do quimono.

– Sim, faz algum tempo, desde que recobrou suas memórias tiradas pelos mangakas – Ironizou, senti meu sangue ferver e mentalizei me acalmar. Mas alguns segundos depois do comentário infeliz de Kishimoto Itachi me puxou saindo de perto de seu criador em direção a arena, pude ouvir algo que soou como “bom treino” dito por Kishimoto mas já estávamos longe demais para ter certeza se tinha sido realmente isso.

Quando chegamos finalmente na estrutura montada para o treino encarei Itachi sem entender o motivo que o fez nos tirar de lá daquela forma.

– Posso saber porque agiu assim? – Perguntei, ele não me respondeu, conversou algo com Happy e foi para o outro lado da estrutura.

Era algo como um labirinto, não com paredes monstruosas, apenas cercados, Happy estava do meu lado.

– Nana, coloque a venda e entre no labirinto – Ordenou Itachi. Sem muito o que contestar obedeci as ordens do Uchiha, estava vendada e esperando as próximas ordens. – Happy irá de guiar até mim, e precisa confiar no que ele diz, para poder passar pelo labirinto – Explicou.

– Entendi – Disse. E assim foi até uns vinte minutos depois... – Que merda Happy não sabe guiar uma pessoa não? – Gritei depois da milésima vez que eu bati minha canela em um dos cercados, nós nunca nos entendíamos, eu sempre ia pro lado ao contrário do dele ou pior, discutíamos enquanto ele me explicava o caminho.

No fim não estava dando certo nós não éramos um time comum, muito menos nos dávamos bem. E eu queria torrar o Happy. Cinco minutos depois de ter gritado com ele, desisti a pedi para ir embora de Quon, e principalmente para ficar sozinha e pensar. Não queria mais. Estava farta.

[...]

Cheguei em casa e desabei na cama, Bufei zangada e xinguei o Happy inúmeras vezes, eu nunca soube lidar bem com expectativas, e eles dois nutriam muitas sobre mim.

– Será que darei conta da responsabilidade? – Me perguntei fitando o teto, e para piorar tinha aquela tal de Kim – Ela me parece ser tão irresponsável, não parece que vai cuidar de Quon como se deve – Murmurei, pensando bem, nenhum dos viajantes me pareciam muito poderosos. – E enquanto a mim? Sou poderosa a ponto de cuidar de um mundo? – Completei minha pequena observação. Não eu não tinha ideia de como responde-la, mas precisava tomar uma decisão logo. Eu quero mesmo essa responsabilidade? Eu quero ser uma guardiã?