How Far We’ve Come escrita por Lithium


Capítulo 14
12 — You Want Some Fun, Fire Your Guns


Notas iniciais do capítulo

HELOOOO! Mel there, mas com nome diferente! e-e Lithium, amei esse nome ♥ Agora to super em dúvida quanto a como eu vou assinar, mas vocês escolhem como vão me chamar agora, se é de Mel ou de Lith.

Enfim, NÃO VOLTEI DIA 17, DEPRESSIVA AQUI. Não deu tempo de eu escrever :/ Foi um INFERNO tentar escrever esses dias, sempre tinha gente em cima de mim e me pressionando aqui em casa >< Eu não aguento mais ficar de férias, estudando eu sou mais paciente, sabem. Enfim, depois de muito sacrífico, eu escrevi esse daqui, e quase chorei com esse começo :'( COISA MAIS LINDA ♥

Acho que o pior de tudo foi o fato de eu ainda não ter conseguido terminar o primeiro cap do spin-off :'( Desculpem mesmo, vai rolar, mas eu não ia deixar vocês sem cap até eu terminar, não é?

O título desse significa "Você quer um pouco de diversão, dispare suas armas" e por mais incrível que pareça, tem um pouco a ver com o capítulo, mas eu estava ouvindo AC/DC, e quando eu fui procurar um título porque o antigo não combinava, começou a tocar justamente Fire Your Guns. You want some fun / Fire your guns. Dispensa explicações KKK'.

Thalukes shippers vão pirar com esses, PESSOAL VAI DESMAIAR GERAL, kkkk' Eu não me responsabilizo por taquicardias hein, hueheueue.

Eu revisei muito rápido e pode ser que algum erro tenha escapado, mas é porque eu estou mesmo com pressa, minha irmã está fazendo um escândalo para usar o computador e eu não tenho muita alternativa a não ser ferrar os meus dedos e digitar essas notas na velocidade da luz.

Hope you enjoy!



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Luke só sabia de uma coisa: ele queria morrer.

Por muito tempo, ele correu por aquele maldito navio sem rumo algum. Luke se sentia perdido, acuado, desolado, sem saber para onde ir. Havia um buraco em seu coração, como se alguém tivesse fincado um arpão e o arrancado com tudo, deixando apenas o buraco oco e sangrento da ferida. Aquilo o sufocava. Luke queria gritar, mas não tinha nada nos pulmões para isso.

Dinamarca. Dinamarca! Aquilo era loucura. Apesar de Luke já ter tido certa vontade de visitar Copenhague, definitivamente não era daquele modo. Seu pai não podia fazer isso com ele. Não podia. Ele tinha uma vida em New York. Uma casa, mesmo que não sendo exatamente uma casa e sim um apartamento pequeno, amigos, sonhos. Com uma ação e poucas palavras, seu pai conseguira destruir todos os seus sonhos. E são poucas as coisas nessa vida que são piores do que ter um sonho destruído. Passamos a vida os alimentando com cada lampejo de esperança que cabe em nosso peito, para despois alguém vir o destruir. Rápido e nada indolor. Eis outra coisa que machuca como mil facas – a decepção.

Quando Luke se deu conta, ele já estava no convés.

O convés do Princesa Andrômeda era enorme e nunca ficava vazio – ao menos durante o dia, porque à noite era tão deserto quanto uma praia na madrugada. Ele desviou das cadeiras de praia e demais objetos que os turistas usavam para se divertir e debruçou-se sobre as grades. O Oceano parecia negro como piche e a água batia na proa com violência. Aquela visão o fazia lembrar dos grandes naufrágios da história e a temperatura congelante dos oceanos. Pensou sobre todas as pessoas que já haviam morrido ali – seja por acidente de navio, de avião ou simplesmente jogaram-se no mar.

Ele mal conseguia respirar direito. O buraco era quase como um câncer, consumindo seus pulmões e tornando sua capacidade respiratória cada vez menor. E aquilo parecia pouco para ele. A dor de verdade estava em sua mente, em seus pensamentos confusos, como se seus neurônios estivessem se enrolando uns nos outros. Ele gastou todo o tempo na escola pensando no que faria quando crescesse. Alimentando sonhos, construindo planos, tudo para que ele tivesse estrutura o suficiente para torcer para que desse certo quando o dia chegasse (afinal, não importa o quanto planejamos, nem tudo sai como o planejado e Luke sempre soube daquilo).

Ele só não esperava que teria que parar na Dinamarca.

E sua consciência finalmente percebeu, assim como cada molécula do seu corpo, que sua vida se tornara uma contagem regressiva – e aquele verão era a personificação dessa contagem. Ele vivera com alegria todos os últimos sete anos, porém, nada dura para sempre e aquele fim finalmente chegara. O verão era o fim, assim como cada coisa ao redor dele eram elementos desse fim. O último verão.

Luke apoiou sua testa na grade fria. Ele sentia-se atordoado; não sabia para onde ir, nem o que fazer. Queria que tivesse um modo de remediar aquela situação – tem que ter! – mas não sabia como iria encontra-lo, sequer se realmente existia ou se era apenas o seu desespero tomando conta dele mesmo.

E então, no meio de sua angústia e de seu desespero, ele sentiu. Calmo, franco, carinhoso, abrindo um buraco naquela muralha de sentimentos. Uma mão foi posta em seu ombro, alentando, acalmando. Os dedos dessa mão apertaram seu ombro de leve, e ele finalmente virou-se para encarar quem estava atrás dele.

Leo parecia muito preocupado.

– Luke? – chamou ele, devagar. – Está tudo bem?

Luke suspirou. Nada estava bem. Mas não tinha nada que ele odiasse mais do que preocupar os amigos. Porém, ele não tinha fala. Não sabia o que dizer, e isso fazia com que ele se sentisse patético. Ele apenas balançou a cabeça e suspirou pesado.

Leo pareceu entender tudo. Valdez aproximou-se, ficando ao lado dele, e debruçou-se na grade de proteção.

– A vida está virando uma merda, não?

Luke assentiu, e agradeceu mentalmente por ter Leo ali. Leo podia ser tão bom em conselhos quanto o próprio Luke (ou seja, péssimo), mas Leo tentava, e era daquela tentativa que o loiro mais precisava.

– Sabe... um dia desses eu estava pensando – prosseguiu Leo – que nós já vivemos muita coisa. Desde que nós nos conhecemos, muita coisa mudou, mas criamos uma história também. E nós estamos aqui nesse barco... parece que foi ontem que os nossos caminhos se cruzaram, mas o problema é que não foi ontem. Vão-se completar oito anos daqui a alguns meses. Incrível, não? Sabe, eu me lembro daquele dia. Você era extremamente, enlouquecidamente e putamente chato. – Luke não conteve um pequeno sorriso nessa parte. Aquele era o efeito Leo Valdez sobre uma pessoa. – Nós vivemos muita coisa. Nós sentimos raiva, medo, felicidade, encontramos e perdemos amores. Por vezes chegamos até a compartilhar namoradas. Você deve se lembrar disso. Nós passamos por crises de raiva coletiva, risos coletivos, choro coletivo, alegrias coletivas. E eu estava pensando sobre como nós crescemos. Como amadurecemos em todo esse tempo.

E quando se deu conta, Luke estava sorrindo. Estava sorrindo porque Leo conseguira aliviar o turbilhão de coisas que ele estava sentindo. Estava sorrindo porque tinha recebido toda uma carga de memórias boas apenas com aquelas palavras. E estava sorrindo porque Leo tinha razão.

– Fizemos muita merda também – comentou, baixinho.

– Com certeza! – riu Leo, aquela risada que só ele sabe dar. – O que eu quero dizer é que compartilhamos muita coisa, Luke, inclusive dores e fardos. Então, você pode contar para mim o que está te preocupando. As únicas pessoas tão boas quanto eu para você fazer isso são Nico, Jason e Percy, e eles estão te procurando por todo canto e não vão aparecer aqui tão cedo.

Luke mordeu o lábio com força e assentiu, sentindo algo se revirar dentro dele. Como iria contar aquilo a Leo? Que palavras iria usar? Não podia fazer como o seu pai e jogar na lata – iria ser chocante demais.

– Oh, Leo, eu... simplesmente odeio o meu pai.

Leo persistiu encarando-o, encorajando-o a continuar, e Luke suspirou. Devagar, ele contou a briga em detalhes, e a cada palavra, Luke sentia mais medo. Ele não queria chegar na parte da universidade.

–... Mas o pior ainda estava por vir.

E sua voz morreu dentro de sua garganta.

– O quê? O que aconteceu?

Ele fechou os olhos e respirou bem fundo. E precisou de todas as forças que tinha para dizer, para ouvir as palavras saindo de sua boca:

– Vou ter que esquecer o lance da NBA, Leo. Meu pai vai me obrigar a estudar na Dinamarca.

Luke viu uma série de emoções passarem pelo rosto do amigo. Primeiro a incredulidade. Depois o choque. Então o horror, que deu lugar a raiva, que cedeu o espaço ao desespero e, por fim, a tristeza. Ele nunca vira Leo daquele jeito. Ele estava chocado, incrédulo, arrasado, tudo ao mesmo tempo.

Oi?!

O loiro tornou a fechar os olhos.

– Sim, Leo.

Leo desviou o olhar com pressa, encarando o Oceano, depois tornou a olhar para Luke.

– Não. Não, ele não pode fazer isso. Você é maior de idade! Ele não manda mais em você!

Quem me dera – murmurou Luke. – Eu ainda não tenho vinte e um, Leo. Não posso me libertar do meu pai... não ainda.

Leo balançou a cabeça, incrédulo.

– Ele arrumou tudo direitinho. – Prosseguiu Luke. – É como se ele tivesse feito tudo apenas para nos desunir. Ele já conversou com o pessoal de lá. Disse que está tudo confirmado e eu não poderei faltar.

– E se nós colocássemos o seu pai na justiça ou algo assim?

– Do que adiantaria? Somos nós, meros adolescentes, contra o meu pai, que tem grana o suficiente para contratar os melhores advogados de Nova York – ele suspirou, frustrado. – Eu queria que tivesse para onde fugir, Leo. Eu realmente queria.

– Mas tem! Você é um jogador de basquete ou não, porra? A coisa que mais prevalece ali naquela quadra é a esperança! E é isso o que nos resta nessa vida sobre qualquer circunstancia: a esperança.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo. Luke queria ter esperança também, mas não conseguia. De que adiantava, afinal? A esperança só trazia aquele alívio maravilhoso 30% das vezes. Nas outras, eram decepções. Altas esperanças, altas decepções, e é assim que as coisas funcionam. Quando Luke chegou a pensar que a conversa estava encerrada, Leo tornou a falar. Ele olhou no fundo de seus olhos azuis e disse:

– Nós não vamos desistir de você, Luke.

Luke olhou para o chão, sentindo uma súbita culpa.

– Eu só... eu só não quero ter que sentir uma dor em dobro com a decepção.

– Você não vai. E, se você for, não importa, porque estaremos aqui para pegar um pouco dela por você. A vida é assim, Luke, é como uma estrada longa. Uma estrada longa, torturante e sinuosa. E nós encontramos e deixamos muita gente nessa estrada, ao mesmo tempo em que perdemos. E nós caímos muito também. O interessante é que encontramos pessoas nessa estrada, e mesmo que elas deixem você em algum momento e de algum modo, essas pessoas te amparam. Você tem a sua estrada e eu tenho a minha, assim como Jason, Percy e Nico têm a deles, mas elas estão interligadas, porque encontramos um ao outro. E eu te garanto, Luke: nós não podemos impedir você de cair, afinal, ninguém pode. Mas nós estaremos aqui para te amparar e te ajudar a se levantar.

.

*

.

Na manhã do dia seguinte, Thalia não tinha ânimo para se levantar. A morena passara a noite inteira em claro, sem conseguir dormir por algum motivo que desconhecia. Ressaca não era seu maior problema. Claro que tinha que lidar com ela em todas as manhãs seguintes a uma festa – principalmente se a tal festa for uma como a da noite anterior. Ela tinha tido uma noite bastante divertida, mas acordara mais cansada do que quando foi tentar dormir. O fato de ser segunda-feira também influenciava.

Porém, é claro que com Annabeth era exatamente o oposto. Ela estava em um bom-humor maravilhoso, sorrindo radiante e fazendo centenas de planos para o dia. Ela queria fazer uma maratona de filmes e seriados, ler pelo menos dois livros e nadar um pouco na piscina.

Agora sim Thalia entendia muito bem como Annie se sentia quando ela a pressionava para sair para festas e eventos do tipo.

–... E nós podíamos assistir os nossos seriados favoritos, mas de uma vez só, senão não daria tempo para os outros – dizia Annabeth, muito, muito animada. – Bom, vamos ver, eu quero ver a última temporada de Merlin. Você sabe que eu sou apaixonada por Merlin. E você? Deixe eu adivinhar... Skins!

Ainda estirada na cama, Thalia lhe deu um sorriso.

– Eu não estou a fim, Annie.

Ela viu a decepção passar pelo rosto da loira.

– O quê? Por quê? Ia ser tão legal! Eu, você, seriados, chocolate, sorvete, pipoca e Coca-Cola.

Thalia apenas gemeu, mas Annabeth não parecia querer desistir tão cedo.

– Thalia! Tudo bem, tudo bem, se você não quiser, eu assisto um documentário de alguma banda que você goste com você. Qualquer um. Mas por favor, vamos fazer isso!

A morena suspirou, sentindo a cabeça latejar com a ressaca pós-festa. Ela não gostava de decepcionar Annabeth. Em outros dias, ela estaria apoiando a ideia firmemente e ainda estaria dando sugestões, mas não sabia o que havia lhe acontecido para ter acordado assim. Preguiça não era, disso ela sabia. E com certeza não estava doente. Também não parecia ser efeito da ressaca.

– É a ressaca? – Annabeth insistiu. – Oh, Thals, ‘ vendo? É por isso que eu odeio festas.

Thalia sorriu de canto.

– Não foi isso que me pareceu ao ver você e Percy dançando...

Por que diabos ela nunca perdia a oportunidade de encrencar com Annie?!

Como era de praxe, a loira apenas revirou os olhos, mas dessa vez, desatou a falar novamente. Contou sobre a tal “trégua” proposta por Percy e a conversa entre os dois. E a leveza que ela falava sobre Percy e descrevia o momento era incrível. Nem sinal daquela careta que ela fazia ao falar dele, nem sinal de qualquer tom de desprezo. Quando Annabeth finalmente terminou, Thalia já tinha sua opinião na ponta da língua:

– Viu só? Você o odiou por anos sem motivo algum.

Annabeth ergueu uma sobrancelha para ela.

– Não foi isso o que eu quis dizer.

– Mas é a verdade, queira você admitir ou não. Percy é uma ótima pessoa, Annie. Tem um ego maior que a própria estatura, isso é verdade, mas é engraçado, bondoso, carinhoso, e um cara muito leal. Talvez vocês tenham tido certo estranhamento quando se conheceram, mas pelo amor de Deus, uma pessoa certamente amadurece nesse intervalo entre os onze e os dezoito anos.

Ela apenas revirou os olhos e Thalia sorriu. Com certeza estava satisfeita de ter ouvido aquilo. Ela nunca entendera esse ódio não explicado que Percy e Annabeth sentiam um pelo outro, mas era bom ver que as coisas estavam começando a melhorar. Por algum motivo, ela sentiu parte da indisposição matinal ir embora.

– Okay, tudo bem, vamos fazer assim. Eu faço a maratona de seriados todinha com você... se você prometer que não vai voltar a xingar o Percy. Pelo menos não sem motivos.

Annie revirou os olhos, sorrindo.

– Tudo bem, fechado. – Então ela agarrou seu braço e começou a puxá-la em direção a porta do quarto. – Agora vamos logo! Ande! Vamos, caminhe, Thalia Grace!

Thalia, mesmo sendo arrastada para fora da cama, riu.

– Tá legal, eu vou! Agora me largue, loira!

.

*

.

Eram pouquíssimas as coisas nesse mundo capazes de deixar Thalia Grace tão absorta do mundo real quanto as maratonas de seriados que ela fazia na companhia de Annabeth. De repente, o mundo “real” não importava mais, apenas o seriado. Era o último episódio da última temporada de Merlin, e sua garganta estava apertada. Algo do tipo sempre acontecia naquela parte. A cena era de partir o coração, e era inacreditável um modo como uma série de cinco temporadas era capaz de prender o telespectador e esmagar os sentimentos dele com um final daqueles.

Mas, de certa forma, finais como o de Merlin era o espelho da vida. Quem disse que o bem sempre prevalece sobre o mal estava errado. Enquanto você escapa de um destino terrível, como um assassinato, outra pessoa está morrendo pela mesma razão naquele exato momento. A vida é assim. Nós temos momentos incríveis e memoráveis, mas não é um mar de rosas. E geralmente, o destino é tão cruel para as pessoas quanto o final da série é cruel para quem assiste.

Bom, Thalia não fazia a menor ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Só sabia que estava em sozinha com Annabeth em uma sala do navio reservada especialmente para isso, comendo pipoca quase mecanicamente, e sem desgrudar os olhos da tela de forma alguma. Era de se esperar que ela levasse um susto muito grande se a porta fosse aberta de supetão. Talvez até saltasse. E derrubasse a pipoca e o refrigerante.

E a porta foi aberta de supetão. E ela saltou com o susto. E, claro, derrubou a pipoca e o refrigerante.

– Mas que porra! – gritou, e olhou em direção a porta para picar em mil pedacinhos a pessoa que fizera aquilo.

Qual foi sua surpresa ao encontrar Bianca, Lilith, Luke e seu irmão parados e assustados, quase congelados. Thalia era meio que uma rainha dos olhares aterrorizantes. Bianca foi a primeira a levantar as mãos – se rendendo ou algo parecido.

– Desculpe! É sério, Thalia, desculpe! Não era a nossa intenção, achamos que não tinha ninguém aqui.

Thalia soltou um muxoxo.

– Esse lugar está cheio de salas de TV. Não poderiam ter caçado outra? Oh, foda-se, não adianta de nada chorar pelo leite derramado. Bom, sentem-se conosco.

Lilith inclinou o corpo em direção a imagem da televisão de 42 polegadas.

– O que vocês tão... MERLIN!

Bianca e ela rapidamente dispararam em direção a elas. Como não havia espaço no sofá, as duas sentaram-se no chão, mesmo. Jason suspirou, sabendo que não poderia fazer mais nada além de sentar-se e aceitar, então ocupou o último espaço que sobrava. Luke foi o último a entrar de verdade, e quando o fez, caminhou em passos lentos em direção ao único lugar que ainda havia espaço para alguém: atrás do sofá. Ele ajoelhou-se ali e apoiou os braços no encosto. Thalia podia sentir a respiração dele batendo em seu pescoço, o que fazia com que ela se arrepiasse a todo momento. O que definitivamente era estranho, já que ela não era dessas que se arrepiava com o menor contato de qualquer coisinha em seu pescoço. A respiração dele chocava-se regularmente com sua nuca e seus pelos se eriçavam em todas elas. Ela começou a ficar assustada. O que era aquilo?! Não havia motivo para estar tão nervosa, havia? Lógico que não.

Ela espantou aqueles pensamentos da cabeça. O que estava fazendo? Precisava se focar no seriado, não ficar discutindo com ela própria. Mas, mesmo quando passava a ignorar a respiração de Luke em sua nuca, era difícil. Qualquer coisa era difícil com Jason e Bianca brigando por pipoca.

– Mas eu peguei a tigela de pipoca primeiro, Jason.

– Sim, mas fui eu quem mostrei, então ela é minha!

– Mostrou de idiota. Ninguém manda ser lerdo.

– Devolva a minha pipoca!

– Tire você as mãos da minha pipoca!

Jason, em um ato que Thalia julgou ser de extrema infantilidade, literalmente arrancou a tigela de pipoca das mãos de Bianca. Provavelmente tão cansado daquilo quanto ela, Luke levantou-se de detrás do sofá e arrancou a tigela das mãos do loiro. Ela chegou a pensar que fosse um gesto de bravura – ele certamente devolveria a Bianca, não? – mas ao invés disso, Luke pegou a pipoca para ele. E conseguiu ignorar as reclamações de Jason e Bianca facilmente. Ele deu um jeito de apoiar a tigela no encosto do sofá, então, a sua respiração parou de incomodar Thalia – ou os pensamentos dela.

O episódio finalmente tinha acabado e, como era de se esperar, o pessoal se dispersou. Bianca e Jason bancaram os esfomeados e correram para a lanchonete do navio atrás de comerem alguma coisa. Lilith, como era de se esperar, fez exatamente o mesmo. Logo eram apenas Luke, Annabeth e ela, sentados e conversando. Como nos velhos tempos. Ele contava uma história antiga sobre uma viagem do time, Nico, Percy e seus respectivos primeiros porres, e as duas simplesmente não conseguiam parar de rir.

–... E o melhor de tudo ainda estava por vir. Como eles estavam muito bêbados, eles estavam dispostos a fazerem qualquer merda e o Jason sugeriu, só de sacanagem, sugerir que jogássemos “eu nunca”. Na primeira rodada o Percy mal conseguia segurar o copo, teve que beber de canudinho. Mas a cabeça dele ficava tombando, e lá foi o Nico “ajudar” batendo a cabeça dele com força no copo. E não pensem que ele quebrou o copo na cara dele; foi a cabeça no copo, mesmo. Ele literalmente agarrou o Percy pelos cabelos e bateu a cara dele na mesa.

As duas riam sem conseguir parar. Riam tanto que Thalia já podia sentir a barrida doendo e os olhos se enchendo de lágrimas, sem falar na falta de ar. Ela imaginou versões mais novas de Nico e Percy, ambos bêbados, e a cabeça de Percy batendo na mesa. Por um lado era cruel, por outro, muito engraçado. Luke contava tudo com um sorriso enorme e alegre no rosto. Obviamente, eram boas memórias para ele.

– Vocês tinham que ver, doía na alma, e isso só olhar! Foi muito engraçado, o Nico riu para merda, mas a cara do Percy ficou toda machucada, e quando o Nico percebeu, ele ficou tão arrependido que pediu mil desculpas e só faltou chorar ali! Aí o Percy deu um sorriso maquiavélico e disse “Sem problemas, Niquinho, eu adoro você” e acariciou a cabeça dele passando a mão pelos cabelos, mas aí ele agarrou de uma vez e bateu contra a mesa também! Nico ficou puto e saiu correndo atrás dele. Imagine dois bêbados correndo um atrás do outro e vocês têm uma boa noção.

As duas, que se esganiçavam de tanto rir, precisaram de um bom tempo para se recompor depois que Luke terminou a história. Quando finalmente conseguiam respirar, tomaram um pouco de refrigerante, apesar de algumas risadas ainda escaparem. Luke continuou contando histórias antigas dos acampamentos que faziam e das loucuras que ocorriam no vestiário, como o dia em que Leo chegou com duas velas brancas enormes para acender e pedir sorte para o time, ou quando Jason e ele vestiram sutiãs só para zoar. Não demorou muito para o refrigerante acabar, e sobrou para a primeira pessoa que reclamou ir buscar mais: Annabeth.

– Ah, vai lá, Annie – pediu Thalia, com uma carinha de bebê.

– Pois é, Annie, você é uma pessoa tão boa. Sei que adoraria fazer isso por nós.

– Vão para a merda! – ela riu. – Mas tudo bem, eu vou. Só que quero que me paguem depois.

– Sem problemas! – Luke exclamou. Depois, quando ela saiu, ele se curvou para Thalia e sussurrou. – Ela nunca mais vai ver esse dinheiro.

Os dois riram. Thalia esfregou os olhos de leve, que ainda ardiam por causa dos restos da ressaca.

– A festa estava ótima – ela comentou. – Mas a ressaca que me deu hoje de manhã estava insuportável!

A expressão de Luke vacilou por um momento, mas logo ele se recompôs.

– Ressaca faz parte, oras. Você acha que Percy e Nico não ficaram com ressaca? – ele riu. – Já viu um daqueles dois doentes? Se doentes já são reclamões, que dirá com uma ressaca das brabas.

– De certa forma, faz parte também. Eu, pelo menos, gosto de me divertir. Aliás, eu vou me divertir muito quando eu for usar aquele pote de molho de pimenta que você me deu.

Ele ergueu uma sobrancelha para ela, sorrindo maroto.

– Ainda não o usou?

– Não. Mas creio que você vá gostar dos fins que planejo para ele... Vai ser algo engraçado de se ver.

– Imagino. Afinal, estamos falando de você.

Ela ergueu uma sobrancelha.

– Como assim?

Luke sorriu novamente.

– Você é criativa, Thalia. Por exemplo, eu não faço a menor ideia do que você vai fazer com isso, e nem vou pensar, porque sei que não vou descobrir.

Ela sorriu para ele e ele fez o mesmo, mais uma vez. Luke tinha um sorriso bem bonito. Era aberto e caloroso, de aquecer o coração de qualquer pessoa. Thalia gostava de vê-lo.

– Thalia.

– Sim.

– Que tal se nós dois déssemos uma voltinha pelo navio quarta-feira à noite, só eu e você?

Thalia ergueu as sobrancelhas, surpresa.

Oi?! Está me chamando para sair, Luke Castellan?

Ele esticou-se no sofá. O sorriso ainda estava em seu rosto.

– Que menina cheia de uma mente cheia de segundas intenções você, hein? Não é nada disso, Thals. – o sorriso dele desviou-se para o canto da boca, tornando-se aquele sorrisinho de quem vai aprontar que ele costuma dar toda vez que planeja alguma coisa. – Como você mesma disse, você gosta de se divertir. Bom, eu também. E o Princesa Andrômeda tem um lugar legal que eu acho que você vai gostar.


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Notas finais do capítulo

QUEM MORREU COM O LEO NO COMEÇO DO CAP? #CHOREMOS.

Pois é, Luke vai mesmo - cof cof, sair, cof cof - se divertir com a Thalia! Mas não no próximo cap. Ele provavelmente vai ser bem grande e bem mais complicado, porque vai falar sobre dois irmãos que eu amo muito - e não envolve o Jason. Pois é, vocês já sacaram. E sim, vai ter treta. E eu vou calar a boca porque não quero deixar ninguém morrendo do coração.

Minhas aulas ainda vão demorar um tiquinho para voltar e eu posso postar antes, dependendo de 1) meu tempo; 2) minha fucking alto-estima e 3) esse povo da minha casa, porque escrever com gente em cima de mim não rola, que dirá ANGST, né? Mas eu já comecei a escrevê-lo e com sorte eu vou terminá-lo rápido!

E minha AG não pegou :'(

Espero que tenham gostado! Reviews?

Beijos,

♥ Mel/Lith ♥



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