Ímpar escrita por ParisMcCurdy


Capítulo 3
Entre Sóis e Trovões parte final, epílogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, sou obrigada a agradeceu à todos os maravilhosos comentários que eu recebi no capítulo anterior e que eu fiquei muito feliz em saber que vocês se emocionaram tanto quanto eu. Tenho que agradecer especialmente a linda da Leitora Fantasma que deixou uma recomendação incrível e a Pear Phone, a escritora de "Inexplicável" que também recomendou a fanfic de modo que me fez ficar emocionada. Meus sinceros agradecimentos! ♥
Eu sei que estou uma semana atrasada, mas, tenho justificativa: fui pra casa de praia semana retrasada e ia voltar domingo passado. Poréeeem, minha mãe fez chantagem emocional para que eu ficasse lá com ela por mais uma semana e eu só voltei domingo agora. Segunda-feira meu teclado quebrou e meu pai só trouxe um novo ontem a noite, aí eu resolvi postar hoje. Hoje deu um apagão geral aqui em São Paulo e eu fiquei sem energia por uma hora, mas como a previsão dizia que só ia voltar umas 19h, eu saí e voltei às 23h. Fiz o que eu tinha que fazer e aqui estou eu!

Esse capítulo tinha, inicialmente, sido dividido em duas partes: o fim da fanfic e um epílogo babaca. Mas, resolvi juntar os dois e deu esse capítulo ENORME (o maior que eu já escrevi) porque, a princípio, eu decidi que faria a fic em somente três capítulos.
Bem, aqui está. Sei que é inútil, mas eu gostaria de dizer que pra escrever esse capítulo, eu me inspirei em algumas músicas como In Your Atmosphere, Ironic (da Alanis Morissette), Can't Take My Eyes Off You, The Scientist, na cena de "entendimento Seddie" (hot hot hot), foi Adore You da Miley, e sei lá, só queria dizer pra vocês que tenho um gosto bem eclético e que me inspiro neles para conseguir escrever Seddie, porque acho um desafio enorme.

Espero realmente que vocês gostem do final e que eu não tenha exagerado muito no "epílogo". Obrigada e boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462772/chapter/3

Freddie ouviu os acordes de In Your Atmosphere e sentiu mais algumas lágrimas descendo pelo seu rosto enquanto comia um saco com donuts de chocolate com creme de morango.

E nada parecia mais nostálgico que a lembrança dele e Sam voltando do cinema cantando John Mayer e comendo donuts de chocolate, há seis anos atrás.

Exatamente como na música, Sam o caminho inteiro ia mandando ele virar a direita ou a esquerda para confundi-lo e fazê-lo pegar o caminho errado, para ficarem mais tempo juntos e para que ela visse Freddie pirando com as ligações perdidas da própria mãe.

O aquecedor do seu quarto estava na maior potência possível enquanto a chuva destruía qualquer vestígio de calor lá fora. Freddie estava virado de costas para a porta, encarando a grande janela que havia atrás da sua cama. Ele pegou uma escova de cabelo e começou a cantarolar com John e com a boca cheia de donut.

– Droga Sam – Ele disse para si mesmo durante o solo vocal do John – Por que você não me ama mais? Por que você não me beijou? Por que você não me deixou falar? Por que eu ainda te amo?

Ele voltou a cantar e pareceu ter ouvido alguma coisa na parte de frente do seu quarto, mas provavelmente era alguma coisa aleatória. Ouviu sua porta bater, mas ignorou – provavelmente eram os caras mais uma vez para chamá-lo para sair.

Ah... Sam.

Ele havia voltado de Los Angeles sem derramar uma lágrima sequer. Havia ido até o MIT sem chorar. Havia apenas dito um “olá” para os amigos e um “não estou me sentindo bem” quando eles o chamaram para sair.

Mas, quando ele entrou no seu quarto... Lá estava, em cima da cama, a carta dela dizendo que o ama e ele não entendia: ele não conseguia entender como ela havia escrito aquilo se demonstrava totalmente ao contrário.

Outra lágrima caiu.

– Por que você simplesmente não bate na minha porta, Samantha Puckett? Por que você não bate e me xinga por eu ter te chamado de Samantha, querida Sammy? – Ele riu de forma assustadora – Viu? Eu te chamei de Sammy – e então o sorriso saiu dos seus lábios e ele jogou a escova de cabelo em cima da cama, amassando o saco de donuts vazios e parando d cantar quando a música e o cd acabaram – Por que você não me aceitou? Por que, droga Sam, por que você não bate na minha porta?!

– Porque eu não bato na porta de ninguém – Uma voz firme e extremamente reconhecível soou atrás dele, além da tempestade – eu simplesmente entro.

Freddie ficou estático, imaginando em quanto estava louco por ter ouvido aquilo. Sentia seu coração batendo centenas de vezes mais rápido e o frio que ele sentia passou.

– Nerd...? – A voz agora não era mais tão decidida.

Freddie notou insegurança na voz de Sam Puckett no mesmo momento em que se virava para encará-la.

– Sammy? – Ele murmurou em direção à garota que estava de pantufas, shorts e seu moletom do MIT, completamente encharcada.

Ela sorriu para ele e no minuto seguinte, correu em sua direção e o abraçou pelo pescoço. O impacto foi tanto que os joelhos de Freddie dobraram e eles caíram da cama.

Não que tivessem realmente ligado para isso; pelo contrário, talvez não tivessem nem notado.

Freddie não tinha certeza se aquilo era real – talvez fosse uma alucinação do sono, já que não havia dormido desde o voo até Los Angeles. Talvez sua mente estivesse pregando-lhe uma peça de forma maléfica e ele não ligava para isso.

Afagou os cachos molhados dela e a apertou ainda mais forte contra o seu corpo, como se a qualquer momento ela fosse escapar, desaparecer ou sair correndo. E ela correspondeu o abraço, encaixando sua cabeça na curvatura do pescoço dele e inalando qualquer aroma que viesse dele – guardando tudo em sua memória, renovando cada lembrança existente que pertencia a ele.

Freddie a sentiu fungando no seu ombro e depois veio um soluço, assustando-o e fazendo com quê ele segurasse o rosto dela entre as mãos e a afastasse o suficiente para olhar em seus olhos e confirmar sua desconfiança.

E, sim, ele estava certo.

– Sam... Meu Deus, o que aconteceu? – Ele sussurrou e sentou-se na cama, afastando-se um pouco dela com medo de ele ter feito algo.

Ao contrário do que ele imaginava, ela foi até ele e se sentou em uma das suas pernas, passando os braços novamente por seu pescoço e deitando a cabeça ali, abraçando-o com força e deixando que mais algumas lágrimas silenciosas escapassem.

– O que aconteceu, Sam? – Insistiu ele.

Ela limpou uma lágrima que estava escorrendo por sua bochecha e passou a mão pelo rosto dele, acariciando sua testa, sua sobrancelha, seu nariz, sua bochecha, seu queixo e, por fim, seus lábios – demorando-se por lá.

Finalmente, olhou para as íris marrons que estavam olhando-a apreensivamente e seu choro finalmente parou.

Porque lá estavam os olhos que ela amava, lá estava a cor do molho de carne e a cor que trazia as melhores lembranças de toda sua vida.

É como se... Eles tivessem essa necessidade de olhar um no olho do outro.

Castanho no azul.

Azul no castanho.

Olhando para ele, ainda com um dedo perdido em seu rosto, Sam viu algo que sempre procurou e talvez sempre estivesse lá só esperando ela conseguir enxergar: além da compreensão, da ternura, do cuidado... Havia aquela faísca que ela sabia que era amor.

Amor dele, pra ela.

Mais uma lágrima desceu pelo rosto frio da garota e ela espalmou a mão na bochecha dele numa carícia leve enquanto sorria um pouco.

– Aconteceu você, Freddie – Ela disse e sua voz saiu lenta e suave. Freddie franziu a testa e Sam riu - ela amava quando ele fazia essa cara de “não estou entendendo nada”. Sam continuou – Você me irritou, me enfrentou e mesmo depois de apanhar, continuou lá. Você me beijou e eu sei que sou a pior para se lidar, mas você estava lá e sempre esteve. Eu fui embora imaginando que estava deixando você e meus sentimentos para trás, mas, droga nerd, eles me perseguiram durante cinco anos e tudo o que eu sabia ver era “o quanto o nerd ama a Carly” – Sam suspirou, ainda acariciando o rosto dele e notando minuciosamente como a feição dele mudava de acordo com as palavras dela – E quando você bateu na minha porta, eu não conseguia imaginar que você estivesse lá porque você correspondia aos meus sentimentos. Ah, nerd, desculpa... Eu... – Sam soluçou e algumas lágrimas desceram. O rosto dela estava corado e ela olhou para baixo, completamente constrangida. Freddie permanecia parado – Eu não soube como agir, só entenda que eu sou cabeça dura, valentona, odeio decepções e que eu... Te amo, Freddie.

Ela levantou o olhar esperando alguma reação dele.

Talvez um beijo?

Mas, Freddie permanecia parado e sua surpresa estava estampada em seu rosto.

– Você tem certeza? – Ele sussurrou.

– Acha que eu não teria certeza disso antes de vir até aqui? – Ela perguntou – Porra, Freddie! Eu não durmo desde ontem de manhã, eu passei o dia inteiro chorando e quando a Carly chegou e me chamou de covarde e orgulhosa... Ah, eu vim correndo. Encarei um velho no aeroporto rindo de mim por causa das pantufas, peguei um taxi com o motorista espanhol que me fez pagar três vezes o mesmo pedágio por ter pego duas vezes o retorno, me largou em West End e, ah... Eu tive que roubar uma bicicleta de um garoto e vir pedalando de West End até aqui, pegar uma chuva enorme, desmaiar a recepcionista pra olhar no computador o número do seu quarto e... – Sam falou aquilo tudo muito rápido – E depois de ter passado por tudo isso sem bater em alguém... É claro que eu tenho certeza do que eu sinto por você.

Freddie ficou imóvel por mais algum tempo, tentando associar tudo o que ela havia acabado de dizer. Parecia tão... Surreal. Ele parecia ter levado um soco na nuca, pois estava com uma cara confusa e abriu a boca mais de duas vezes (sem conseguir dizer absolutamente nada).

E Sam... Claro que ela entendeu que ele estava apavorado.

Claro que ela era uma completa imbecil por ter ido até lá achando que ele a aceitaria de volta.

Claro que a errada, a ímpar, havia achado que Freddie não a amava e meio minuto depois, se desvencilhou dele e pulou do seu colo e da sua cama, correndo de pantufas.

– Sam! – Freddie gritou e pulou da cama, também. Foi até o corredor e a viu socando o botão do elevador antes de ir em direção as escadas.

Freddie – mesmo usando somente um samba-canção e uma camisa branca e surrada – foi atrás dela e ignorando completamente o elevador, ele foi até as escadas.

Sam estava com lágrimas nos olhos e sentia-se extremamente envergonhada e vulnerável por ter aberto seu coração e por ter sido tão imbecil ao dispensá-lo ontem e vir atrás dele hoje. Ela achava que ele era o quê, uma marionete?

Ela passou as costas da mão em seu rosto furiosamente a fim de limpar as lágrimas que agora não paravam de descer. Sam passou pelo guarda que estava ali e ignorou qualquer coisa que ele tenha dito, recebendo as gotas gélidas da tempestade naquela tarde.

– Sam! – Freddie gritou assim que ela saiu do alojamento . Ele foi atrás, correndo – Para!

Ela corria na chuva, na direção ao prédio principal do MIT e Freddie correu já completamente encharcado. Gritou mais uma vez e ela ignorou, correndo – mesmo que suas pernas já estivessem completamente ferradas por conta da distância que viera de bicicleta e pela corrida para não se molhar.

– Mas, que droga Sam! – Ele disse segurando o braço dela com força – Será que dá pra você me ouvir, pelo menos uma vez na sua vida?

Freddie segurava o braço dela com força, mas ela não parecia se importar com isso. Um relâmpago rasgou o céu, mas nenhum dos dois deu atenção. Estava acontecendo ali, entre os dois, uma eletricidade maior que qualquer raio.

Faíscas de ódio emanavam de um olhar para o outro.

Mas, isso não quer dizer que o amor também não estava ali, lado a lado.

– O que você quer, Freddie? Você não quer nada, eu entendi, eu... – Ela começou a socá-lo no peito com a mão livre – Me deixa ir embora, seu imb...

Freddie apertou seus lábios contra os dela furiosamente, deixando de segurá-la pelo braço para segurá-la pela cintura, tomando-a num abraço quase tão intenso quanto o juntar de lábios.

Não foi preciso de mais nada para Sam parar de socá-lo e levar a mão que estava no tórax do rapaz até a nuca do mesmo, acabando com qualquer possibilidade de distancia entre eles. Ela abriu mais a boca e avançou com sua língua até a dele, sendo recebida com tamanha euforia.

Depois de mais de cinco anos, finalmente eles estavam ali novamente. O lábio deles estavam unidos e para Freddie, não existia outra certeza no mundo a não ser o fato de que era e ainda é completamente apaixonado por ela. E Sam... A loura teve certeza de que passou os últimos anos mascarando tudo o que sentia, porque quando estava beijando Freddie daquela maneira, ela sabia que existia amor ali. Amor, ódio, raiva, paixão, compreensão, ternura, ansiedade, felicidade... Tudo estava ali, de um para o outro.

Tudo sempre esteve ali.

Um trovão rasgou a sonoridade da tempestade e um relâmpago cortou o céu de Massachusetts.

Mas, aquilo não havia atrapalhado em nada, ao contrário, Freddie abraçou Sam com tanta força que os dois bambearam tamanha era a intensidade do abraço e do beijo compartilhado.

Antes do ar acabar, Freddie parou o beijo e tirou as mãos da cintura dela, levando as mesmas até o rosto de Sam.

Ela o olhava através daqueles pingos de chuva gélidos, procurando entender o motivo dele ter parado e beijo e extasiada o suficiente para não conseguir formular qualquer frase ou fazer algum gesto.

– Me ouve, por favor... – Os olhos castanhos estavam suplicantes e angustiados. Freddie deu um selinho em Sam e voltou a olhá-la profundamente e parecia não se importar com a chuva que caía impetuosamente sobre eles – Eu te amo. Eu gosto de você desde que nos beijamos na saída de incêndio e te amo desde o dia em que você me beijou no viradão. Eu te amava quando terminamos, quando fizemos sexo e te amava quando decidimos terminar. Eu te amava todos os dias depois disso, Sam. Eu te odiava quando você me batia e, droga, eu queria te jogar da janela cada vez que você me zoava ao vivo no iCarly, mas... Eu sempre me imaginava correndo até lá e segurando sua mão para você não cair. Eu te amava tanto, Sam e quando você foi embora, você levou uma parte de mim junto. Eu tentei te ligar, você não atendia e até mudou de número. Não me passou o seu endereço e quando eu descobri que você estava morando com a Carly, fui até lá na festa pelo novo apartamento e você estava “ocupada e não iria comparecer” – os lábios de Freddie estavam trêmulos e ele sustentava o olhar de Sam – Eu passei cinco anos acreditando que era o melhor para nós dois, mas só quando eu li o que estava escrito naquela carta é que eu entendi que você tinha levado com você a melhor coisa que existia em mim. Nós somos diferentes, Sam, completamente opostos um do outro e é por isso que eu me sinto tão incompleto e comum quando você não está comigo. Por isso eu sobrevivi durante todo esse tempo achando que estava feliz quando, na verdade, eu queria viver. Viver com você, mesmo que você me bata, me xingue, me zoe... Porque você me faz rir, me faz sentir um milhão de coisas ao mesmo tempo, me faz passar as maiores adrenalinas da minha vida, me faz... – Ele perdeu as palavras e Sam soluçou, já transbordada em lágrimas – Droga, demônio loiro, você é esquerda e eu direita, você é ímpar e eu sou par e por isso eu não consigo mais imaginar um dia da minha vida sem seguir com você. Eu te amo tanto, eu amo quando nós dois conseguimos conversar pelo olhar, amo passar a mão pelo seu cabelo, amo quando você entende alguma piada interna, amo você de todas as maneiras e eu faria tudo de novo por você. Só... Fica comigo, Sam.

Sam riu e beijou os lábios dele mais uma vez naquela tarde chuvosa. E mais uma vez, e mais uma vez e nada parecia mais certo para ela do que aquilo.

Nada parecia tão terrivelmente certo e errado ao mesmo tempo.

– Eu te amo, nerd – Ela disse e deu um selinho nos lábios molhados dele – Eu te amo e se desse para eu te comer, eu juro que abriria mão do frango frito e do presunto – ela deu mais um selinho enquanto Freddie ria – e eu te amo, porra. Eu te amo, te amo, te amo!

Freddie a tomou nos braços mais uma vez e Sam subiu em seu colo, beijando-o apaixonadamente e envolvendo-o em uma dança de línguas surreal.

Mais dois trovões foram audíveis e dessa vez, eles riram juntos se separando do beijo e completamente molhados.

– Eu quero te amar por mais muito tempo, então precisamos entrar pra você não ficar doente – Ele disse e ela desceu do seu colo.

– Não sou eu que passei a vida inteira tomando vacinas e remédios antigripe e bactérias... – Sam murmurou e Freddie revirou os olhos, mesmo que tenha um sorriso nos lábios que, agora, ele tinha certeza que seria impossível de tirar dali.

Ele correu de volta ao alojamento com vários andares, puxando Sam pela mão e os dois pareciam duas crianças correndo na chuva com sorrisos idiotas no rosto e expressões satisfeitas. Passaram pelo segurança que ainda estava dormindo e entraram no elevador, molhando todo o carpete do mesmo.

Antes de pararem no sexto andar (o andar do quarto de Freddie), ele roubou mais beijos dela e quando viram, já estavam dentro do quarto dele se beijando e molhando tudo que havia ali.

Ao invés de ir para a cama – como Sam imaginou que fosse – Freddie parou o beijo e puxou sua mão até o banheiro do quarto que era amplo, mas sem muito luxo.

Sam entrou no box e ligou o chuveiro na água quente, sentindo um arrepio descomunal percorrer seu corpo quando sentiu os braços de Freddie envolvendo-a por trás e jogando o cabelo dela por cima do ombro antes de beijar sua nuca.

A mão dele foi até o moletom do MIT e o tirou, jogando em algum canto do box. Depois, livrou-se do pijama branco que ela usava, virando-a de frente para ele.

Entre beijos e carícias, os dois estavam completamente nus em baixo da ducha quente. Todo amor envolvido no vapor e toda ternura em cada toque, cada suspiro que um arrancava do outro com gestos simples e toques em lugares já conhecidos.

Ficaram na água quente apenas se aquecendo e se beijando. Sam jogou água em Freddie, o pegando de surpresa e quando ele tirou a água dos olhos, jogou água em Sam e assim passaram boa parte do banho: brincando como duas crianças.

Freddie jogou água nos olhos dela e a garota levantou o braço para lhe dar um tapa no ombro, mas Freddie segurou sua mão e a puxou para um beijo que fez Sam se arrepiar e automaticamente se enrijecer para ele.

O garoto, que até então tentou ignorar o fato de que Sam estava nua, sentiu quando ela se arrepiou e como seu corpo reagiu ao beijo que ele lhe dera. Ela devolveu o beijo avidamente e suas mãos foram para o ombro dele, acariciando a curvatura e depois indo até a nuca do rapaz, puxando os frios castanhos como punição quando ele mordiscou o lábio inferior dela.

O ar faltou e os dois se separaram e mantiveram o contato visual intacto, vendo ali todo o desejo oculto e todo amor guardado durante todo esse tempo. Não foi preciso sorrisos, beijos, palavras ou qualquer outra coisa para eles; só bastava o olhar.

O chuveiro foi desligado e Freddie puxou a toalha que estava pendurada ao lado do box, passando-a pelos braços da garota a sua frente. Depois, seguindo para o seu torso e tocando com a toalha o vale dos seios da Sam, arrancando um suspiro dela. Freddie continuou o caminho até o abdômen e por toda cintura, indo para o seu quadril e depois secando as coxas e as nádegas, arrancando mais alguns suspiros de Sam que assistia a tudo extasiada.

Algumas gotas ainda estavam lá quando ele se levantou e beijou os lábios dela com ternura e paixão, sentindo a toalha ser pega da sua mão por Sam que repetiu os movimentos dele. Primeiro, secou-lhe os ombros e os braços. Deixou a toalha enxugar o torso e o abdômen do Freddie, abraçando-o e passando a toalha para trás para secar as costas larga que pertenciam a ele. Ela voltou com a toalha para a parte da frente e secou suas pernas e suas coxas e esqueceu-se completamente do constrangimento quando deixou que suas mãos levassem o pedaço de pano até a parte mais íntima dele (que já estava deliberadamente excitado com tal carícia), por breves segundos.

Quando Sam levantou, ela jogou a toalha no chão molhado do box e passou as mãos no rosto de Freddie, tocando cada lugar com os dedos perdidos e curiosos e, exatamente como ele fez, ela lhe roubou um beijo um pouco mais intenso e quente.

Os dois se encaminharam meio secos – meio molhados – de volta ao quarto de Freddie e quando ele olhou para Sam, ela apenas concordou com a cabeça, esvaziando qualquer preocupação ou pressa que Freddie achava que deveria ter.

Ela o queria tanto quanto ele a queria.

Freddie passou o braço envolta da cintura da Sam e deu alguns passos com ela até a cama, deitando-a e ficando por cima, apoiando-se nos seus braços que estavam um de cada lado da cabeça dela.

Sam sentiu quando Freddie beijou suas bochechas, sentiu quando ele beijou seu queixo, sentiu quando ele beijou sua testa e sentiu quando ele beijou seus lábios de forma sutil e, ao mesmo tempo, intensa. Ele fez um caminho com a língua entre os lábios e o queixo dela, fazendo o mesmo percurso por algumas vezes enquanto sua mão ia até o seio direito dela e se espalmasse, acariciando o mamilo e todo o volume.

Os lábios de Freddie desceram para o pescoço dela lhe proporcionando suspiros e quando ele desceu a língua até o outro seio, Sam deixou que um gemido rouco e baixo escapasse por entre seus lábios e isso pareceu tonificante para ele.

Beijou o vale dos seios dela e sua mão desceu até a virilha, depois, tocando-a no ponto mais íntimo. Ela já estava molhada e quente e Freddie sabia que Sam estava tão excitada quanto ele.

Mas, ele sentia saudades de tocá-la. De arrancar suspiros e gemidos involuntários. Sentia saudade de cada parte existente no corpo dela e por isso, começou a movimentar seu dedo no clitóris de forma lenta, arrancando um gemido um pouco mais alto dela, enquanto sua boca trabalhava nos seios fartos e rijos.

– Ah... Baby... – Ela murmurou enquanto fechava os olhos, assim que Freddie introduziu um dedo dentro dela, ainda estimulando seu clitóris com o polegar.

Sam e Freddie tinham sido bastante atrapalhados na primeira vez deles e depois, ela se envolveu com mais um homem que não lhe deu qualquer prazer, apenas satisfação. E agora, Freddie parecia um perito em suas áreas sensíveis, beijando-lhe os seios e trabalhando com a mão em sua vagina.

Ele subiu os beijos até o pescoço dela e mordiscou ali, passando a língua depois como quem quer amenizar qualquer vestígio de dor.

Mas, Sam não sentia dor e nem nada perto: tudo era prazer e quando ele intensificou o movimento com o dedo, em um ímpeto ela sentiu-se apertar-se e gozou.

Freddie beijou ela avidamente e depois se esticou até um recipiente fechado e pequeno que havia na janela atrás da cama. Pegou lá um preservativo e rapidamente o colocou no seu membro que já estava quase explodindo de tanto tesão.

Antes dele voltar a posição em que estava, Sam colocou as mãos no seu ombro e isso causou certa apreensão nele.

– Você... Não quer? – Ousou murmurar.

Sam apenas sorriu de lado para ele, guiando-o até a cabeceira da cama e encostando-o lá, sentado. Ela o beijou enquanto se encaixava em cima dele, sendo penetrada e passando os braços ao redor do pescoço dele.

Os dois gemeram juntos com o contato e levou alguns segundos até que eles se acostumassem com tal situação que era, de longe, uma das melhores. Ela segurou-o pela nuca e ele sorriu enquanto ela se movimentava – ela sempre segurava-o pelo cabelo da nuca. Era como se ela quisesse estar no controle e, cá entre nós, ela realmente estava.

Freddie segurou-a pelo quadril e começou a ditar os movimentos, movendo-se junto com ela em uma sincronia impecável e que arrancava gemidos e lamúrias cada vez mais altas e seguidas.

Sam moveu o quadril lentamente, sentindo que ele estava completamente dentro dela quando ela rebolava. A cabeça dela foi para trás quando ele levou a cabeça dele até o meio entre os seios dela e depois começou a beijá-los e mordiscar o mamilo.

Ela segurou a nuca dele com mais força e voltou a se movimentar com rapidez enquanto ele chupava um dos seios dela, gemendo junto com ela cada vez que Sam rebolava em cima dele.

Sam largou a nuca dele e puxou o rosto dele para encontrar-se com o dela, dando um selinho e um beijo rápido, pois logo os movimentos ficaram mais rápidos e gemidos seguidos foram audíveis entre o beijo.

– Vem... Comigo, Freddie... – Murmurou Sam agarrando-se a ele e se movendo mais rápido – Ahn... Freddie...

Ouvi-la gemendo seu nome foi o que bastou para que Freddie a ajudasse movimentando-se também e. Sam apertou suas pernas e seus braços ao redor de Freddie, arranhando inconsequentemente a parte de trás dos ombros dele e Freddie sentiu quando as paredes dela se fecharam em volta do seu membro e isso fez com quê ele mordesse o que estava na frente dele, que, no caso, era o ombro dela; os dois alcançaram o ápice no mesmo momento e desfrutaram de todas aquelas sensações maravilhosas. Amor, euforia, prazer, felicidade, cotentação e paixão se dissolveram em cada partícula dos dois, trazendo o melhor orgasmo para ambos.

Ainda ofegantes, Freddie abraçou Sam pela cintura e tomou seus lábios em um beijo terno e suave, deitando-a na cama e invertendo as posições para, enfim, sair de dentro dela e se livrar da camisinha.

Quando Freddie voltou para a cama, apreciou a bela visão que ele tinha privilégio. Apreciou a bela mulher que estava deitada em sua cama, com uma perna dobrada e a outra esticada, olhando para o teto e com um sorriso bobo tomando os lábios. O olhar dela estava perdido.

Sam estava totalmente nua na sua cama e com uma cara de apaixonada, perdida em pensamentos e com as bochechas coradas. Seu cabelo estava molhado e seus olhos demonstravam extrema felicidade.

Seu seios acompanhavam a respiração desregulada dela e Freddie se perdeu alguns segundos apenas acompanhando o movimento que o peito dela fazia.

Então ela se virou de bruços e olhou para ele, sorrindo sapecamente – o mesmo sorriso que ela dava quando aprontava alguma coisa – e o chamou com o dedo.

– Lábios, por favor – Pediu, fazendo um enorme bico para ele e fechando os olhos.

Freddie gargalhou com vontade foi até a cama, abaixando-se e dando um selinho nela antes de se deitar ao seu lado na cama.

Os dois foram se rastejando até a cabeceira da cama e deitaram. Freddie jogou o cobertor por cima deles e a chuva havia dado uma trégua.

Por baixo do cobertor, Freddie colocou as mãos na cintura da Sam e os dois trocaram alguns beijos, selinhos e carícias.

Freddie se perdeu na imensidão azul dos olhos dela que, antes, estavam escuros pelo desejo e agora estavam suaves e transmitiam imensa paz interna. Ele tinha certeza que seus olhos transmitiam a mesma coisa que os dela e isso fez os dois sorrirem.

Passou a mão pelo rosto da Sam, tocando sua bochecha corada e depois o lábio carnudo e rosado. Levou a mão até o cabelo molhado dela e mexeu com um dos cachos, colocando-o depois atrás da orelha e puxando a nuca dela para mais um selinho.

Sam observava Freddie com precisão, tentando absorver e confirmar se tudo ainda era como ela se lembrava. Os olhos pequenos e castanhos, a sobrancelha que parecia acompanhar cada expressão que ele fazia, os lábios nude e extremamente atrativos para ela. A pele alva e seu queixo, que o dava um ar mais másculo.

Tudo estava lá, como ela se lembrava.

Ele havia mudado, desenvolvido algumas coisa em seu rosto... Mas, continuava perfeito. Perfeito para ela.

– Sam... – Ele murmurou depois de lhe dar um selinho um pouco demorado.

– Hm?

– Como estamos agora? – Perguntou Freddie, curioso para saber se, finalmente, Sam cederia e se daria mais uma chance ao lado dele.

– Pelados – Ela respondeu e a voz dele, que parecia estar mais rouca e baixa que o normal, soou aos risos.

– Se você não me contasse, Sam, eu juro que não saberia o motivo de você parece ainda mais atraente agora – Sam parou de rir um pouco pelo constrangimento e ele se sentiu ainda mais apaixonado quando a bochecha dela ficou ainda mais corada – Sam Puckett com vergonha? – Ele arregalou os olhos e seus lábios se entreabriram em falsa surpresa – Agora eu posso morrer feliz: eu já vi de tudo.

Sam revirou os olhos.

– Não é porque eu não te vi durante cinco anos, que não te derrubo mais, pateta – Disse ela e ele se calou na mesma hora. Os dois se olharam mais uma vez e ela sorriu de lado para ele – Então, nerd, como estamos agora?

– Nus – Ele respondeu e quando ela deu um tapa no peito dele, Freddie gargalhou – Ok, Sam... Hum, eu diria que juntos.

– Juntos? – Ela questionou sorrindo e parando de tapeá-lo – Então é sério que você me ama e tudo mais?

Agora foi a vez de Freddie revirar os olhos.

– Os trovões atrapalharam tanto as ondas sonoras que você não foi capaz de ouvir tudo o que eu te disse lá em baixo?

– Hum... Não! Acho que você vai ter que repetir! – Ela usou um tom de desentendida e quando ele arqueou as sobrancelhas, entendendo aonde ela queria chegar, a garota abriu o mesmo sorriso de antes (aquele que ela dava sempre que fazia alguma coisa errada e não se arrependia).

– Ok, Princesa Puckett – Ele começou e retirou uma madeixa do rosto dela, colocando-a atrás da orelha. Puxou-a para mais e roubou um beijo do canto da sua boca. Olhou profundamente nos olhos dela e se sentiu confiante em falar – Eu fui e ainda sou completamente apaixonado por você. Sabe, Sam, quando eu tinha uns onze anos e imaginava o meu primeiro beijo, minha mente logo me levava até eu mesmo um pouco mais velho, usando um terno e levando a minha vizinha da frente para jantar. No final, eu a levaria até a casa dela e ela diria “ah, Freddie, eu amei as rosas que você me deu! São tão lindas e cheirosas!”.

“ Então, antes de entrar no apartamento, ela me abraçaria e me beijaria. E eu sentiria sinos de igreja tocando e uma música suave como trilha sonora. E foi uma enorme surpresa quando eu compartilhei meu primeiro beijo com você, porque eu não ouvi sinos e nem uma música tranquila: eu senti fogos de artifício dentro de mim e era como se eu estivesse numa montanha russa, no primeiro loop dela, aonde eu sinto toda aquela emoção e felicidade sem sentido. Quando eu levei você para jantar pela primeira vez, eu não te dei flores. Eu te dei uma peça de presunto e eu nunca vi os olhos de alguém brilharem tanto quanto o seu, seguindo com os dizeres “Ah, nerd, você me conhece tão bem! Isso é tão gostoso e eu não vou dividir com você...” e, Sam, ali que eu entendi que éramos feitos sob medida um pro outro, moldados perfeitamente para se encaixar. Você é agito e eu sou tranquilo, você é rock e eu sou blues, você é emoção e eu sou razão.”

“Nós não nos dávamos bem nos assuntos fúteis que todos acham que são essenciais, Sam, nós nos damos bem em pequenos detalhes. Somos mais fechados, compartilhamos o gosto por MMA, amamos ir ao cinema, eu amo pentear o seu cabelo e você ama bagunçar o meu... E é isso que faz nossos momentos e esses momentos são tudo o que eu quero de agora em diante...”

Ele respirou fundo, fitando os olhos marejados da garota que estava deitada na sua frente e parecia não piscar e nem respirar.

– Sam, eu te amo – Disse ele depois de tomar fôlego, com a voz intensa e baixa – Eu te amo inexplicável e incondicionalmente. Eu amo seus defeitos e amo suas qualidades, eu amo você de todos os jeitos que uma pessoa pode amar outra e tudo o que eu quero é que você fique comigo.

– E a distancia? – Ela questionou, com a voz embargada.

– Minha faculdade termina daqui a quatro meses, meu amor – ela ignorou o arrepio do seu corpo quando ouviu “meu amor” – E a PearCompany tem a sede no centro de Los Angeles, há uns trinta minutos do seu apartamento em Santa Mônica. Eu me mudaria pra lá e... – Sam arregalou os olhos quando ele disse aquilo e Freddie entendeu que havia falado demais, logo se redimiu – eu quero dizer, eu alugo um apartamento perto do seu e depois nós podemos alugar um juntos e... Olha, Sam, o que eu quero dizer é que vamos dar um jeito. Nós sempre damos um jeito, não é mesmo? E dessa vez não vai ser diferente. Eu te quero só pra mim e quero que você seja minha namorada e eu não vou desistir disso.

– Sim – Ela respondeu, sobressaltando-o. Sam sorria com algumas lágrimas traiçoeiras que insistiam em cair – Eu não quero nenhum badboy matador ou chefe das drogas. Eu quero meu nerd, meu pateta, a única pessoa do mundo que sabe me fazer feliz de todos os jeitos: seja por bater, por rir, por beijar, por tocar... Eu sempre me achei como uma rocha. Dura e desnecessária para todas e, ah, nerd, você soube me encontrar e fazer com quê eu percebesse que existem coisas mais importantes do que aquelas eu julgava – Sam sorriu para ele – Eu te amo e eu quero ser sua namorada. Eu quero que você seja meu, porque eu já sou completamente sua.

Os dois se beijaram selando as palavras que haviam dito há pouco. A chuva permanecia furiosa lá fora e a energia do prédio acabou, mas nenhum deles pareceu perceber.

Freddie e Sam se olhavam. Ela com a mão no ombro dele e ele com a mão na cintura dela, em baixo do edredom.

Os dois adormeceram daquele jeito: nus, durante a manhã chuvosa para compensar as ultimas noites mal dormidas, a temperatura extremamente agradável que emanava entre os corpos e, acima de tudo, juntos.

Ele estava decidido em um aspecto e, antes da inconsciência chegar, Freddie fez uma nota mental de passar em uma joalheria e fazer uma reserva no Hawthorne – lá serviam o melhor bacon de Boston e ele tinha certeza de que, se Sam dissesse “não” a pergunta que ele tinha em mente... Pelo menos ela estaria satisfeita o suficiente para não bater nele.

...

Sam acordou com fome e um pouco perdida. Ela não se lembrava desses pôsteres de Guerra nas Galáxias no seu quarto e... Ela ouviu um ressonar próximo a ela e só então percebeu que, céus!, não havia sido um sonho como aqueles que ela tinha durante todos esses anos.

Freddie estava deitado com o rosto bem de frente ao seu, em um sono profundo. O braço dele ainda se encontrava na cintura dela e os dois estavam bastante próximos.

Sam se virou para ficar totalmente de frente a ele e tocou seu rosto, sentindo seu peito encher quando ele sorriu – mesmo adormecido – com o toque dela.

Ela teve uma infância rodeada de vezes em que a mãe dela chegou alcoolizada em casa, se lamentando pelos relacionamentos falidos e culpando Sam por cada um deles. Rodeada de “Melanie é a filha que deu certo, é melhor do que você. Ela é perfeita...”, “Sua delinquente”, “Eu sabia que você ia ser presa, eu não espero mais de você”. Foi rodeada da falta que um pai fazia em sua vida porque, se ele estivesse lá, sua mãe não a culparia por relacionamentos falidos e ela teria alguém que gostasse dela.

Conheceu as pessoas que ela julgava como anjos em sua vida – Spencer e Carly. Principalmente a ultima, havia agido como mãe e pai dela muitas vezes, ensinando-a coisas que ela nunca aprendeu e nunca a julgando, sempre ajudando.

Sam afastava todo mundo com medo de que a ferissem do mesmo modo que Pam fez. Que a abandonassem como o seu pai fez. Que escolhessem a outra, ao invés dela, como faziam com Melanie.

E lá estava Freddie: o garoto que mesmo com os tapas, chutes, socos, piadas... Mesmo ficando nervoso e dizendo que a odiava, ela sabia que ele estava lá. Ele sempre esteve e nunca cobrou nada em troca. Freddie envolveu Sam de um modo que, mesmo depois de tudo, um sabia que o outro estava lá apesar de tudo, apesar das gritantes diferenças.

Hoje, Samantha Puckett, alisando o rosto dele, não se via conseguindo mais viver de outro jeito a não ser com ele.

Esticou o pescoço até ele e beijou seus lábios. Depois, o canto da sua boca, seu queixo, seu pescoço e seu ombro. Viu quando ele se arrepiou e quando voltou a fitá-lo, ele estava abrindo um dos olhos e encarando-a.

– Eu te amo – Foi a primeira coisa que ele disse.

– Eu também te amo – Ela sussurrou em resposta e percebeu que sua voz estava tão rouca quanto a dele.

Os dois ficaram em silencio por minutos e Sam se lembrou dos planos que ele havia feito: estudar os últimos quatro meses e depois da formatura, se mudar para Los Angeles para ficar com ela.

Sam já havia feito muita coisa errada em relação a ele e, dessa vez, ela não queria errar. Já tinha metido os pés pelas mãos muitas vezes com medo de arriscar e ela sabia, tinha certeza, de que dessa vez estava fazendo a coisa certa.

– Freddie.

– Hm?

– Por que você não casa comigo? – Ela mordeu os lábios e ele ficou olhando para ela do mesmo jeito por alguns segundos até se tocar do que ela havia dito.

Pensou em rir, achando que era brincadeira. Mas, Sam estava séria, apreensiva e com a repentina mudança de expressão dele, ficou até um pouco insegura.

O sono abandonou Freddie e ele entendeu: Sam estava pedindo-o em casamento. Estava questionando o motivo dos dois não se casarem. Ali, depois de algumas horas que haviam se acertado e em menos de dois dias de terem se reencontrado...

– Mas... – Ele começou a dizer, mas foi interrompido.

– Ah, eu estou delirando, é a fome, sabe? Quero dizer, eu não quis dizer isso, claro que você não vai aceitar, né? Porque não tem motivos para aceitar, estamos namorando há algumas horas e...

– Eu pretendia te pedir em casamento assim que acordássemos e eu te levasse no Hawthorne – ele suspirou.

Mas, a verdade bateu em sua porta quando Sam uniu as sobrancelhas para ele e abriu um enorme sorriso em sua direção:

Samantha Puckett – a errada, ímpar, comilona e valentona – estava pedindo Fredward Benson – o certo, o par, o covarde e nerd – em casamento. Sendo que ele estava planejando fazê-lo um pouco mais tarde.

– Você quer se casar... Comigo? – Os dois disseram em uníssono e riram.

Nenhum deles conseguia parar de rir: aquilo era incrível. O som de fogos de artifício, gosto de bolo gordo e sensação de montanha-russa estavam ali presentes, demonstrando extrema felicidade da parte deles.

– Sim! – Novamente, os dois juntos e antes dos risos, Freddie a puxou e tomou seus lábios com paixão nunca antes demonstrada com tanta intensidade.

– Eu amo você, baby – Sam disse afastando seu rosto a centímetros do dele – Mas, sobre aquela reserva no restaurante... Ainda está de pé, né?

– Já disse que lá servem o melhor bacon de Boston? – Freddie questionou com as sobrancelhas erguidas e Sam arregalou os olhos e um sorriso se formou em seus lábios, como se uma criança descobrisse que o Papai Noel viria mais cedo – E sobre nos casarmos... Ainda tá de pé?

– Você já me disse sim e eu não vou mais te deixar escapar dessa – Respondeu ela fazendo um bico e, depois, observando algo atrás da cama.

Freddie também olhou e lá estava a janela, mostrando que a chuva havia dado uma trégua e que alguns raios do Sol estavam visíveis.

Para Sam, a ímpar, a corajosa, a valente e perspicaz, os dois ali juntos, observando o Sol que se mostrava depois de uma tempestade... Era realmente significativo.

Um flash e ela se viu viajando até Boston, andando de bicicleta até o MIT, destrancando a porta do Benson e depois, beijando-o durante a tempestade.

– Se não fosse entre trovões e sóis, acho que não seria tão nossa cara – Ela disse e Freddie concordou, entendendo perfeitamente o que ela quis dizer.

Os trovões existiriam mais vezes – as brigas, as diferenças, o orgulho e a teimosia. Mas, se eles fossem capaz de ignorar e tornar os trovões uma ponte para intensificar o que um sentia pelo outro... No final, estaria o Sol. Ele nunca sairia dali, ele sempre permaneceria ali, só esperando que eles fossem capazes de dar tempo ao tempo e passar por cima de alguns trovões – como o orgulho, por exemplo.

Mas, se eles não existissem, não seriam Sam e Freddie.

Os dois se beijaram em iniciativa mútua e se amaram mais uma vez naquela tarde.

Para Freddie, o par, o inteligente, o racional, o destemido, nunca algo pareceu tão certo.

Pela primeira vez depois de tanto tempo, ele finalmente entendera que acontecia entre eles.

Era o amor mais intenso.

O amor verdadeiro.

Ele sempre esteve ali – no fundo da troca de olhares entre castanho e azul – e Freddie tinha certeza de que para sempre estaria. Porque com Sam, nada era impossível e além dos trovões dele, havia o Sol dela.

Entre tapas e beijos, concordâncias e desventuras, orgulho e compreensão: eles permaneceriam juntos buscando um lugar ao Sol.

Porque eles haviam marcado uma linha tênue entre o ódio e o amor. Os dois estavam ali e sempre estariam.

Sempre.

______

Cinco anos depois.

Sam entrou furiosa no apartamento da frente com passos pesados, sendo seguida por perto por Freddie que estava tão furioso quanto ela.

– Então é isso o que você acha?! – Sam se virou em direção a ele quando os dois estavam no centro da sala – Carly Shay, diga a ele que ele está absurdamente errado! – Ela disse para a amiga que estava atrás do sofá, observando os dois com uma garotinha no seu colo.

– Por que ele tá errado, Sam? – Carly revirou os olhos, aquela era a terceira vez na semana que os dois brigavam.

– Carly, diga a sua amiga que ela é louca! – Ele gritou para Carly, movendo as mãos freneticamente entre uma e outra.

– Amor, por que você não vai lá em cima ver se a Megan já acordou? – Carly perguntou para a garotinha de cabelos tão castanhos quanto os de Freddie e olhos tão azuis quanto os de Sam – Acho que seu papai e sua mamãe estão nervosos e...

– Ah, depois eles vão fazer igual nos filmes que a mamãe e o papai assistem... – A garotinha de quatro anos deu de ombros. Carly arregalou os olhos, lembrando-se do gosto que os dois tinham por filmes de terror.

– O quê eles fazem nos filmes, Emma? – Ela sabia que os dois se entenderiam dali a pouco, mas tinha medo do que a pequena garotinha já tinha presenciado durante uma briga deles.

– Eles ficam mexendo uma boca na outra, urgh, que nojo! Odeio quando eles fazem isso – Carly não pode conter a gargalhada quando a garota disse aquilo.

– Errado tá você! – Sam gritou e o empurrou pelos ombros – E eu te odeio!

– Eu te odeio mais! – Freddie respondeu gritando tanto quanto ela.

– Você não me odeia, nerd babaca, você me ama! – Ela riu ironicamente para ele – Você não vive sem mim!

– Eu vivo perfeitamente sem você, Srta. Puckett! – Freddie disse o seu nome de solteira e isso pareceu enfurecer Sam ainda mais – É você que não vive sem mim!

– Eles estão brigando de novo? – Griffin, o atual marido da Carly, estava descendo as escadas com Megan, de três anos, no colo. Ela tinha o cabelo negro, liso e curto iguais aos de Carly e seus olhos tinham um verde intenso como os de Griffin – Será que eles não cansam disso?

– Então você quer que eu volte a ser Srta. Puckett só porque você não assume que errou hoje quando eu pedi pra você ir à Espanha buscar presunto ibérico? É isso, Freddward, você quer que eu deixe de ser ume Benson?! – Sam gritou, se aproximando tanto dele que seus narizes não se tocaram por pouco.

– Você pediu para eu viajar pra outro continente, às 4h30 da manhã, pra te comprar presunto e eu é que sou o errado? – Os gritos deles teriam chamado atenção de qualquer vizinho, se os mesmos não tivessem acostumados com os gritos quase diários – Sua louca!

– Seu pateta!

– Delinquente!

– Nerd!

– Valentona!

Sam saiu em direção ao corredor e Freddie foi atrás.

– Seu... – Ela disse quando chegou na porta do seu apartamento, que ficava bem de frente com o da Carly – Seu...

– Seu o quê? – Ele perguntou na frente dela.

Carly, Griffin, Megan e Emma acompanhavam tudo com atenção.

– Não me apressa, inútil! – Ela gritou.

– Então diga!

– Eu vou dizer!

– Anda logo, sua...

– Sua o quê?

Com as faces avermelhadas pela raiva e um olhando no olho do outro, tão alto quanto os gritos, foi à velocidade com que os lábios dele se uniram em um beijo intenso e furioso.

Carly sorriu enquanto revirava os olhos, observando-os pela porta aberta. Griffin foi para a cozinha com Megan no colo para lhe dar o café da manhã, sendo acompanhado por Carly e Emma até o afilhado do casal: Drake, o irmão gêmeo da Emma que estava lá comendo os biscoitos de chocolate.

Minutos depois, Freddie entrou na cozinha com um sorriso de lado no rosto e os braços cruzados.

– Drake, você tá comendo biscoito de chocolate de novo? Você já não comeu em casa?! – Ele repreendeu o garoto.

– Ah, cala a boca, Freddie – Sam entrou na cozinha e tinha a mesma expressão abobalhada que ele. Drake olhou para a mãe com os olhos brilhantes em excitação – Se ele quer comer, deixe ele comer!

– Mas, as coisas não funcionam assim...

– É claro que funcionam!

– Vocês dois! – Disse Carly para eles – Vão calar a boca e se sentar conosco para tomar café da manhã e eu não quero saber se já tomaram, finjam que são bons vizinhos e comam novamente!

– Ok, desculpa – Freddie relaxou os ombros e ele e Sam se sentaram na mesa para tomar café da manhã com o casal de amigos.

– E a Cat, tem noticias? – Perguntou Carly depois de um tempo em que Freddie e Griffin entraram num assunto sobre o emprego e qualquer coisa além.

– Ela me ligou ontem, disse que tentou ligar pra você, mas ninguém atendia – Sam deu de ombros enquanto fazia seu lanche – Acredita que Robbie foi até Atlanta com ela num show que ela ia fazer da turnê e eles finalmente decidiram se casar? Eu meio que tentei explicar pra ela que não tem como ela entrar na igreja com um unicórnio, porque eles não existem, mas... Você sabe como ela é.

Carly riu.

– Sabe papai – começou Emma docemente, interrompendo todo o assunto da mesa – eu não gosto quando você e a mamãe se beijam.

– Por quê? – Freddie perguntou e Sam conteve a risada.

– Porque beijos são nojentos! – Ela fez uma careta e depois mordeu o seu biscoito.

– Espero que você continue pensando assim até os trinta anos... – Freddie murmurou e todos na mesa riram, menos ele.

– Amor, quando você chegar aos dezesseis anos, tudo o que você vai querer é beijar garotos... Vou te dizer: isso é muito bom! – Sam disse enquanto passava a mão na cabeça da filha.

– Sam! – Freddie a repreendeu.

– O que foi? – Ela olhou para ele com as sobrancelhas erguidas.

– Isso é coisa que se diz para a minha filha?

Nossa filha! – Sam corrigiu.

– Você é mãe dela, tem que pensar nisso também! – Ele se levantou, nervoso.

– Você não ligou para o que a minha mãe pensaria quando me arrastou até a sua cama, quando tínhamos dezesseis anos! – Ela gritou, indo atrás dele.

– Isso é melhor que novela – Griffin disse, observando os dois pelo balcão da cozinha e abraçando Carly de lado.

– Mas... Mas... – Freddie começou e parou – Você é você!

– E a Emma um dia vai ser como nós! – Sam riu da cara que ele fez e o abraçou pelo pescoço, unindo seus lábios mais uma vez com os dele. Depois, sussurrou para que só ele ouvisse – Eu te amo e você fica lindo quando fica com ciúmes.

– Eu também te amo, Sam. E desculpa falar com você desse jeito – Ele suspirou descontente mas, intrigado pelo efeito relaxante e inebriante que Sam tinha sobre ele sempre que o beijava, mesmo depois de cinco anos casados.

– Você me ama mesmo? – Ela mordiscou o próprio lábio.

– Amo, Sam.

– Então, vai buscar meu presunto na Espanha?

___

Freddie – depois de brigar com Sam mais uma vez naquele dia porque ela continuou insistindo que ele fosse comprar seu presunto e depois dela pedir um sorvete de pistache às 2h15 da madrugada – resolveu que ela estava louca. Mais tarde naquele dia, Sam descobriu que estava grávida de três meses de um menino que, mais tarde, teria o nome de Joshua – ou simplesmente Josh. Emma havia herdado boa parte da aparência da mãe (a não ser o cabelo castanho e o nariz do pai), mas a personalidade era infinitamente igual a do Freddie. Drake era muito parecido com o pai, apesar do cabelo louro, mas seu gênio era terrível e diabolicamente igual ao da mãe. Já Josh parecia ser uma mistura dos dois e de ambas personalidades. Carly e Griffin eram padrinhos do Drake, Melanie e Gibby eram padrinhos da Emma e no final, Cat e Spencer apadrinharam o Josh, que amava o fato de ambos os padrinhos serem artistas.

Freddie se tornou um profissional em desenvolvimento de aplicativos e sistemas da PearCompany e sempre recusou cargos mais altos com medo de passar menos tempo com a família. Sam aceitou Gibby como sócio e os dois ampliaram o sistema de restaurantes para boa parte do sul dos Estados Unidos e servindo um dos melhores lanches de presunto com bacon.

Carly terminou com o noivo um mês antes do casamento depois que Griffin foi atrás dela e os dois se uniram e se casaram em pouco tempo de namoro. Carly havia concluído sua pós-graduação em psicologia e Griffin trabalhava em uma loja de brinquedos, logo depois, adquirindo a mesma e abrindo mais duas filias no estado da Califórnia. Os dois se uniram em ações filantrópicas levando brinquedos e animação à hospitais infantis. Tiveram duas filhas – Megan e Zoey –, sendo a mais velha, delicada e tranquila como a mãe e a mais nova com uma personalidade extremamente forte e influenciada nas travessuras por seu primo de consideração, Drake.

Cat aumentou o sucesso e teve sua primeira turnê mundial seis meses depois do casamento de Sam e Freddie. Robbie se tornou um produtor eletrônico e Cat se surpreendeu ao descobrir que ele que iria cuidar de toda parte de iluminação, efeitos especiais e iluminação do seu show. Os dois se casaram depois de cinco anos, um casamento num parque com muitas borboletas e com Cat entrando na cerimônia em cima de um cavalo (do qual Sam havia colocado um chifre de plástico para que a ruiva acreditasse ser um unicórnio especial de casamento). Eles tiveram dois filhos, o mais velho se chamava Andrew e a mais nova, a doce Ariana.

Spencer se casou aos 32 anos com uma desenhista de hiper-realismo e sua carreira como artista plástico finalmente decolou por volta dos 35, quando uniu suas obras às de sua esposa e os dois foram convidados a exposições pelo mundo. Não conseguiram ter um filho, mas adotaram um garoto chamado Chad, que já tinha 4 anos quando a adoção foi feita e comemorada por toda família – o garoto em questão era ruivo e se dava infinitamente bem com o pai, batendo seu recorde de colocar fogo na casa e de ser detento.

Pam Puckett se internou aos 50 anos em uma clínica de reabilitação para alcoólatras depois do neto a chamar de “bêbada” e rir, quando ela estava de porre. A mesma se recuperou, mas veio a falecer seis anos depois por câncer de mama.

Senhora Benson se casou novamente com um professor que palestrou sobre “Como Prevenir Ácaros e Bactérias nos Netos” e se mudou para o Texas, aproveitando sua aposentadoria.

Lewbert permaneceu no Bushwell Plaza por mais muitos anos, gritando até com os netos do Coronel Shay quando os mesmos iam passar o feriado na casa do tio Spencer.

E Sam e Freddie... Continuaram entre brigas e beijos até bem depois de verem todos os filhos irem para a faculdade. Mas, sempre permanecerem ali, apoiando um ao outro. Se tornaram um, apoiando quando Sam pensou que seu restaurante iria falir depois d um golpe de um dos funcionários, quando Freddie pareceu ficar cego pelo trabalho, quando Drake teve um curto envolvimento com drogas e depois começou a fazer sucesso com sua banda, casando-se com sua “prima de consideração”, Zoey. Quando Emma teve a primeira desilusão amorosa e se tornou uma adolescente rebelde e impossível de se lidar, eles apoiaram-se um no outro e passaram por aquilo juntos, logo depois a filha decidiu se tornar engenheira ambiental. Estavam ali quando Josh assumiu ser bissexual e o apoiaram em qualquer decisão que ele fosse tornar, choraram juntos quando o viram partir para uma viagem pelo mundo afim de estudar os animais marinhos, já que havia se formado em biologia marinha.

Em todas as desilusões, buracos, pedras e coisas que pareciam ser “a pior fase do mundo”, eles estavam ali. Lado a lado.

Ímpar e par. Certo e errado. Juntos.

Entre sóis e trovões eles ficaram juntos e o amor deles, como prometido, foi eterno enquanto durou e provavelmente tenha durado para sempre.

“Entre sóis e trovões, nerd, eu prometi que estaria do seu lado para sempre. E o meu amor por você aumenta cada dia mais, se molda à você cada etapa que passamos juntos. Que se torne intenso e eterno enquanto dure e que dure além do que a vida possa explicar”.

Fim


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Exagerei demais? Eu tentei passar o máximo de romantismo na cena hot para que ela não ficasse tão explicita e forte - porque o intuito da fanfic não é esse - e tenho medo de não ter conseguido isso, porque quem já leu alguma fanfic minha aqui no Nyah ou em outro site, sabe que eu não consigo ser muito romântica com essas cenas.
Enfim, espero que vocês tenham gostado porque essa fanfic foi um desejo pessoal realizado. Caso tenham interesse, tenho uma long-fic em andamento. Muito obrigada a todos que acompanharam e por todos os reviews e carinhos até agora! ♥