Não é mais Um Romance Literário escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 45
Capítulo 45




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Edward vestia-se com esmero. Para sua infelicidade, teria de ir à editora a fim de resolver algumas pendências. Ele iria, até porque quem sabe assim pudesse conter um pouco a ansiedade que sentia. Do jeito que estava poderia ir mais cedo para a casa de Bella. Ouviu o telefone tocar, na certa seu primo. Foi atender. Viu que chovia fortemente, teria que levar a sobrecasaca.

-Alô?

-Edward, é você?

-Sou eu sim.

-GRAÇAS A DEUS! Sou eu, a Angela.

-Olá Angela.

-Edward a... –Angela parecia não ter potência em sua voz. –A Bella vai viajar agora pela manhã para Londres! VOCÊ TEM QUE IMPEDÍ-LA!

-O QUÊ?

-ELA CANCELOU A MATRÍCULA NA ESCOLA! NINGUÉM ATENDE EM SUA CASA! FOI O PROFESSOR QUE DISSE QUE ELA IRIA PARA LÁ! TEM QUE IR PARA A CASA DELA, TEM QUE... –Não ouviu o restante. Pegou a sobrecasaca preta e vestiu por cima da camisa branca de botões. Correu para fora do hotel. Apesar de fazer tudo rapidamente, sentia-se como se sua alma estivesse fora do corpo.

Edward pensava que tudo estaria bem, grande engano. Ele deveria ter desconfiado de como tudo foi fácil com Bella. Entrou rapidamente no carro, quase bateu outro veículo na ânsia de sair da garagem. Não tinha idéia para onde ir. Nem ao menos soube como chegou lá antes mesmo de decidir que queria ir para a casa de Bella. Provavelmente havia recebido muitas multas no decorrer do caminho, ignorou.

“ELA TEM QUE ESTAR AQUI!” - Tocou a campainha com urgência. Renée atendeu a porta.

-MAS O QUÊ...

-CADÊ A BELLA? –Edward bem que tentou se conter, mas estava aflito demais para ser delicado.

-E O QUE INTERESSA A VOCÊ? –Renée já iria fechar a porta, mas Edward colocou seu braço impedindo a mulher de fechar a porta. Charlie, que estava até então na cozinha, apareceu.

-Edward? –Olhou abismado para o rapaz.

-Preciso falar com a Bella! Imploro para que me diga onde ela está! –O desespero evidente no rapaz. Charlie se surpreendeu com a expressão facial de Edward.

-ORA VÁ EMBORA!

-Espere Renée. -Renée congelou. –Bella foi para o aeroporto com o primo Jacob. Estão de partida para Londres. O vôo sairá daqui a quinze minutos. Você não conseguirá chegar lá a tempo, Edward.

-EU VOU CONSEGUIR POR QUE EU SOU FODA! –Edward correu em disparada, ignorando a forte chuva que caia. Como um mantra ele repetiu “eu vou conseguir!”. Era nisso que queria acreditar. Ele não iria aceitar a idéia de perder Bella tão facilmente. Ele tinha que correr como nunca correu em toda a sua vida! Porque ao final do caminho estava a criatura mais doce que já conheceu, que já amou. Por quê? Por que tanto tempo para descobrir o que sentia pela garota? Edward questionava-se amaldiçoando pelo tempo que perdeu. Ela esteve ao seu lado, amando-o mesmo sem ser correspondida e ele parecia cego diante de tamanha dedicação. Agora ela estava partindo. Jacob havia ganhado o jogo. Para sempre...

-NÃO! NÃO! –Protestava enquanto seguia com o carro a uma velocidade alarmante. Tentava a todo custo escapar do trânsito mais lento, pegando rotas alternativas que certamente o levariam para o aeroporto internacional da Califórnia. Quinze minutos. Quinze minutos que o separavam da felicidade ou da maldição. Ultrapassou o sinal vermelho. Palavrões ditos por um motorista enervado. Ignorou. “Mais rápido, Edward! Mais rápido!” –A voz gritava em sua consciência. Aproximadamente dois carros, uma moto e um caminhão quase colidiram com o seu carro, mas estava preocupado demais para notar. Ele não sabia quanto tempo se passou até chegar ao aeroporto, mas enfim havia chegado.

Cada passo dado pelo aeroporto apinhado de gente parecia seguido de um réquiem tenebroso. Edward procurava aflito, em meio à multidão, algum resquício de Bella. Nada. Seguiu rapidamente para o balcão de informações. Aviões sempre atrasavam, talvez a sorte estivesse com ele.

-Com licença moça!

-Pois não, cavalheiro?

-O avião para Londres que sairia agora de manhã, ele...

-Ah ele já saiu senhor. Saiu há uns quinze minutos. –Pronto. O buraco no peito de Edward Cullen havia sido abeto. Tentou se recompor, os lábios trêmulos.

-Po... Poderia verificar se dois passageiros embarcaram? –A voz era apenas um murmúrio débil. Demorou um pouco para a funcionária entender.

-Sim. Quais os nomes?

-Isabella Maria Swan e Jacob Black. –O barulho dos teclados do computador era enervante. A mulher demorou cerca de dez minutos para respondê-lo sem saber que esses dez minutos poderiam determinar a vida da pessoa a sua frente.

-Sim. Duas pessoas com este nome embarcaram. –Edward debruçou-se pesadamente sobre o balcão de mármore, colocou as duas mãos na cabeça. Os olhos arregalados em sinal claro de desespero. E então elas vieram. Tão rápidas que Edward não percebeu a princípio. Quando foi a última vez que havia chorado? Ah, no enterro dos pais. Depois disso nunca mais. Chegou a pensar que nunca mais experimentaria essa sensação, mas lá estava ele chorando.

-Senhor, tudo bem? –Perguntou a atendente com evidente preocupação. Edward permaneceu calado e, sem mais delongas, deixou o aeroporto.

Não parecia sentir as próprias pernas enquanto caminhava. Recebeu a chuva sem se importar, as roupas caras encharcadas. Nada mais importava. Bella havia ido embora. Se já tinha sido difícil falar com ela quando a mesma estava na Califórnia, imagina agora do outro lado do oceano, tendo ao seu lado Jacob? Estava perdido, tudo perdido. Um buraco parecia querer tragá-lo agora. Edward dirigiu descuidadamente pela avenida, o temporal apenas tornava a estrada mais perigosa. Ele não se importava. Para onde iria? Onde? Não importa para onde fosse, ele não conseguiria fugir. Ele havia falhado e pagaria caro por isso. Pagaria caro ficando afastado da pessoa que mais amava, de sua Bella.

-Edward não atende o celular.

-Talvez ele tenha conseguido chegar a tempo.

-Não sei Angela. Acho muito difícil. –Fala Ben com pesar.

-Por Deus. Espero que ele tenha conseguido! Se Bella for para Londres ela poderá não voltar, mesmo se ouví-lo. Quando Bella toma uma decisão, dificilmente volta atrás. Sei disso porque, afinal, eu convivi bastante com ela.

-Se Bella for, não há nada que possamos fazer. Edward também precisa pagar pelo que fez, pelos seus erros. –Disse Ben duramente.

-Sinceramente, eu não gostaria que ele pagasse dessa forma. –Respondeu Angela amuada.

-Nem eu.

As horas se passaram, o desespero aumentava. Agora eram oito e quarenta e três da noite e nenhum sinal de Edward. Bella havia embarcado, Angela soube pelos pais da mesma. Ben estava na casa de Angela, tentava falar com o irmão sem muito sucesso.

-Vou sair para procurá-lo!

-Vou com você, Ben.

-Seus pais logo vão chegar Angela. Não quero colocá-la em problemas. Ligo para você se tiver alguma notícia. –Ben se dirigia a porta quando Angela o deteve segurando pela manga da camisa.

-Eu quero ir. –Ela falou convicta. Ben se espantou com tamanha determinação, sorriu.

-Está bem. Vamos. Depois explicamos para seus pais o que está acontecendo.

-É. Quero saber que desculpa darei, para sair com você. –Angela falou enquanto seguia com Ben pela porta. –A história de que faço isso pela Bella. Eles não vão acreditar.

-Então dizemos a eles que saímos, como um encontro. –Ben sorriu ao ver a expressão de espanto de Angela.

-Encontro? –Angela murmurou.

-Isso. Agora vamos. –Ben segura firmemente à mão de Angela e os dois seguem juntos para fora da casa.

Ele não sabia ao certo porque escolheu aquele lugar para se refugiar, mas estava ali. O parque onde conheceu Bella naquele dia chuvoso. A chuva o castigava sem trégua. O frio se intensificava. Edward não ligava. Lá estava ele sentado de qualquer jeito em um banco de praça, os olhos perdidos no céu. Estava cansado. Há quantas horas estava ali, parado, em meio à chuva? Ele não sabia. Ele não queria saber. Seu celular vibrou novamente, ele sabia quem era. Pegou o aparelho no bolso interno da sobrecasaca preta que usava e jogou o aparelho longe. Seus olhos ocre mirando o céu novamente, o céu sem estrelas, apenas as nuvens de uma tempestade pesada que parecia não querer cessar.

-Bella... O que foi que eu fiz? –A voz não passava de um lamento. Estava cansado demais para se lastimar, chorar. Ficaria ali então, prostrado naquele banco sentado em uma posição desconfortável, correndo o risco de ficar doente pela chuva. Quem se importava agora? Ela se importava. Bella sempre se importou. Ela deveria estar odiando ele agora, esse ódio seria transmitido para o filho que carregava gerando uma barreira intransponível entre eles. Seu corpo estava trêmulo, o frio estava ficando um pouco perigoso para sua saúde instável. E foi como se tivesse ouvido a voz de Bella. “Parece uma criança...” - Certa vez ela murmurou quando Edward estava doente. Ele não se sentia infantil agora. Passou tanto tempo mergulhado na infantilidade, não se sentia assim.

Sentia-se mais maduro do que em qualquer outro dia. E as lágrimas vieram, misturadas com a chuva que castigava o corpo belo. Edward fechou os olhos. Tanta dor! Era atordoante sentir isso pela primeira vez. Segurou algo dentro do bolso de sua calça. O símbolo de que ele queria recomeçar. Antes de saber que Bella estava grávida, ele havia comprado um par de alianças em uma joalheria. Talvez tivesse percebido o quanto amava aquela garota quando Ben confidenciou a ele a visita de Bella quando ele estava no hospital. Naquele momento algo havia mudado. Edward passou um mês enclausurado. Estava apenas para o trabalho. Não se envolveu com mulheres promíscuas, cigarro, bebida. Ele queria ser digno de Bella. Mas no final nada deu certo, nada.

-Nossa eu demorei horrores para te encontrar! Sabe há quantas horas estou procurando por você? –A voz que tanto queria ouvir. Sim, ele havia enlouquecido. Quase podia sentir o cheiro dela. Queria comprovar a sua insanidade ainda mais. Ergueu a cabeça e a viu. Parada a alguns metros. Os braços cruzados no peito e um meio sorriso no rosto bonito. Os olhos castanhos fitando os seus. Aquilo era um sonho! –Finalmente eu te encontrei... Edward. –Ele não parou muito para analisar a situação. Sendo sonho ou não Edward levantou-se subitamente e correu até agarrar Bella em um poderoso abraço. Bella riu. A abraçou tão forte que sentiu que poderia estar machucando a garota, mas Bella não protestou. Seus joelhos pareceram ceder. Caiu de joelhos levando Bella consigo. Colocou sua cabeça no ombro da jovem enquanto suas mãos estavam enroscadas na cintura esbelta. Os olhos fechados dando vazão ainda as lágrimas.

-Bella... –Sussurrou com a voz trêmula.


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Notas finais do capítulo

Pronto se alguém tava com duvida de que eles iam ficar juntos, acho que essa duvida não existe mais. Eu amo esse capitulo, ouvi muita coisa romantica para escreve-lo.