Dessa vez, convenci Nico a dormir primeiro. Assim que sua respiração ficou mais pesada, eu rapidamente peguei a troca de roupas que havia na mochila e me troquei. Depois, levei as que tinha tirado e lavei-as com cuidado no rio. Lavei também os pés, as mãos, o rosto e o cabelo, lamentando por não ter mais babosa.

Quando voltei, levei um susto: Nico estava acordado. Oh meus deuses... Será que fazia muito tempo? Tentando parecer natural, perguntei:

- Já despertou, pedra? Como está Megan Fox? Ah, desculpe, quero dizer Tayor Swift.

- Muito bem. Onde estava? - Questionou.

- Na Disney. Com Jack Sparrow. - Brinquei. - Onde mais? No rio. Falando nisso, troque de roupa mais tarde. Daqui a pouco essa vai sair andando sozinha.

Ele riu e me mandou dormir. Quando acordei, Nico estava afiando a espada com uma pedra. Acho que ele devia estar entediado.

Minhas roupas estavam secas no chão ao meu lado. Ele também tinha se trocado, e devo admitir que estava bem bonito com aquela camisa roxa. Nunca tinha visto Nico usar algo que não fosse preto. Mas claro que eu não ia contar a ele. (n/Nico: Que consideração...)

Numa espécie de acordo silencioso, ele me deu uma fruta e começamos a andar. Andar. Andar. Passamos por duas ou três bifurcações, e sempre escolhíamos o caminho que era menos escuro.

O silêncio durou até Nico perguntar:

- O que pretende fazer no fim do verão? Vai ficar o ano todo no acampamento ou... Hum... Bem, ou fazer outra coisa?

Aquilo me pegou de surpresa. Obviamente, eu não ia voltar pro mundo inferior. Nem morta. Tá, pensando bem, morta eu ia voltar de qualquer jeito, mas acho que você entendeu a ideia.

Talvez eu voltasse a estudar. Tinha somente um ano de atraso. Mas aí eu ficaria novamente num orfanato, já que ainda sou menor de idade... Melhor não.

Ou eu poderia ficar no Acampamento Meio-Sangue. Essa era uma boa ideia. Só que eu não veria Nico durante o ano...

- Não sei. - Admiti.

Bem nessa hora, o fogo refletiu em duas armaduras. Havia duas mulheres na nossa frente, vestidas para a batalha, e até aí tudo bem. Mas, no lugar das pernas, tinham dois troncos de cobra.

- Oh, Styx! - Ele praguejou. - Dracaenae. Só nos faltava essa.

As duas avançaram sem sequer nos dar tempo de desembainhar as espadas. Quando vi, nem bem me abaixei para evitar que uma delas cortasse meu pescoço quando a outra fez um grande arco com a espada na minha direção. O tempo pareceu desacelerar, e eu percebi claramente duas coisas:

1- A espada descrevia um semicírculo no ar, e não era difícil perceber que ela ia me cortar ao meio com toda certeza.

2- Nico matou a primeira dracaena, se jogou na minha direção e bloqueou o golpe quase fatal. Quase, só por causa dele.

A espada dela voou longe e ele caiu no chão. Aquela coisa ainda tinha unhas e dentes, portanto achei melhor matá-la antes que ela resolvesse morder Nico. Oh meus deuses, isso soa tão estranho...

- Tudo certo? - Perguntei a ele. Clichê completo.

- Ai. - Gemeu. - Acho que quebrei o nariz. De nada.

- Obrigada. - Falei, colocando bastante ênfase na palavra. - Mas ainda estamos em cinco a quatro, para mim.

- O quê?

- Salvei você da nereida, das frutinhas venenosas e enganei o Hiperbóreo. Você me tirou daquele buraco e me salvou agora. Cooperamos lutando com o Minotauro e o gigante, então é um ponto para cada um. A não ser que eu tenha esquecido alguma coisa, estou com cinco e você, com quatro. - Disse quase rindo.

- Estamos contando, é? - Ele esperou e eu assenti. - Pois eu ainda viro isso. Você não perde por esperar.

Rimos um pouco, eu acho que tenho algum problema porque só fico rindo o tempo todo. (n/Aut: Ah, você acha?) (n/Julie: Sim, acho.) (n/Aut: Humpf, maluca. Hey, pessoal! Sentiram minha falta?) (n/Todos: Não.) (n/Aut: Okay. Vocês vão ver, vou torturar todo mundo por causa disso.) (n/Julie: Vocês estão doidos? Calem a boca ou ela nos mata!)

- Sabe, às vezes eu acho que você é meio louca. - Nico comentou, sorrindo. - O resto do tempo, eu tenho absoluta certeza disso.