Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 63
Abolição


Notas iniciais do capítulo

POV Edward
6 dias depois....



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Edward

13/05/1888.

Observo cada movimento de Isabella enquanto ela dorme, serena, em meus braços. Os músculos do rosto, as pálpebras que às vezes tremem, o colo que sobe e desce com sua respiração regular, fazendo com que seus seios se movimentem num vai e vem todo sensual. Até dormindo, inconscientemente ela me seduz, me arrebata. Enquanto a observo sonhar, apaixono-me de novo e de novo.

Sorrio, lembrando-me de todas as suas perguntas de ontem à noite, como alguém tentando matar a sede de anos com um copo d’água.

O que exatamente meu pai mandou fazer a seu pai?

Mandou executá-lo.”

Dor e decepção transpassavam-lhe o rosto, mas ela se mantinha forte.

Essa cicatriz eu não conheço” – falou passando a mão na cicatriz da minha coxa.

Contei como adquiri aquela cicatriz. Seu rosto se contorceu de tristeza e comecei minha terapia de beijos para animá-la.

E Rosalie

Rosa fugiu com Riley, um dos príncipes do Quilombo que conhecera no Engenho. Fugira no dia em que fui pegar minha carta de alforria na chácara. Coitada. Mais um pouco e poderia estar bem como os outros.”

Isabella adorou a ideia da colônia que montei no Engenho e eu parecia um menino querendo impressionar seu professor, contando como tudo se deu. Jasper administrava a colônia, os libertos podiam cultivar na fazenda, a título de arrendamento, fazendo com que eles próprios se disciplinassem e não se entregassem a vícios ou a ociosidade. Assim, conseguiam o sustento de suas famílias e faziam as lavouras prosperarem, dando lucro para mim e para eles consequentemente.

Ainda guardo seu sorriso de arco-íris quando lhe disse que havia construído um espaço para montar uma classe de alfabetização, mas que ainda faltava uma professora competente. Sei que seu sonho ficara esquecido depois que se casara, mas sonhos são como a lua no céu, pode passar uma nuvem grande e escura que a esconda, mas ela está lá, esperando seu momento de aparecer, linda e pronta para deixar as noites perfeitas para os poetas e amantes.

Decidimos que esperaríamos as meninas amadurecerem para contar toda a nossa história e eu prometi ser paciente para esperar que me chamem de pai. Apesar de Renée que diz que isso é besteira e sempre se refere a mim como papai quando fala com as meninas. Elas ainda perguntam pelo pai que elas conheciam, é difícil explicar, principalmente para Milla. Amo Milla tanto quanto amo Renesmee, mas Renesmee tem uma especialidade, ela é a prova de que Deus abençoou nosso amor e sou muito grato por isso.

Faz menos de uma semana do enterro de Mike, mas Isabella ficou de luto por apenas quatro dias. Os guardas que foram solucionar o caso eram meus conhecidos e de Jasper. Registraram a ocorrência como suicídio passional, e eu achei que seria bom assim, as meninas não precisavam ter na lembrança que o pai fora assassinado, mesmo que por legítima defesa.

O barulho de cascos de cavalos na entrada fazem com que eu fique alerta. Levanto com cuidado para não acordá-la e me visto o mais rápido que consigo. Saio do quarto e vou rapidamente para a porta de entrada.

Autoridades da guarda da corte estão parados a minha frente. Penso na história da morte de Mike, penso em Isabella e nas meninas que ainda dormem, mas estou preparado para qualquer coisa. Já havia pensado que o juiz poderia mudar de ideia quanto a sua sentença a meu favor, bastasse ele ser preconceituoso o bastante para não me favorecer.

─ Pois não, senhores, cavalheiros. A que devo a honra de tão ilustre visita nesta manhã?

─ Bom dia, senhor. Viemos fazer uma inspeção em seu engenho.

─ Inspeção? – franzo o cenho tentando entender o significado de tal ação.

Um dos guardas desce do cavalo e vem em minha direção, desço alguns degraus apenas para ter alcance e retirar o canudo de sua mão. Desenrolo o canudo ainda olhando desconfiado para eles. Afinal o que querem eles aqui?

Começo a ler o memorando e preciso parar e voltar do início para acreditar no que leio. Meu coração fica acelerado e esfrego o peito ao terminar de ler. Olho para eles e talvez eles nem imaginem o porquê de haver lágrimas em meus olhos.

─ Por gentileza, senhores. Podem inspecionar a vontade. Depois, os aguardo para um delicioso café que eu mesmo faço questão de preparar-vos.

Eles assentem, uns chegam a sorrir e saem a galopar pelo Engenho. Entro com o rolo na mão e encontro Isabella de pé de um lado, olhando-me apreensiva com as mãos entrelaçadas e do outro, Renée com um prato de bolo na mão, provavelmente já começando a arrumar a mesa do café. Olho de uma para a outra e finalmente sorrio. Meu sorriso de canto, o melhor deles.

─ Acabou. – digo e Isabella me olha confusa.

─ O que acabou, meu amor? – ela pergunta, mas estou olhando para Renée.

─ Renée, acabou! – tiro o prato da mão dela, coloco em cima do piano e puxo seus braços em posição de valsa e começo a bailar com ela pelo salão.

Isabella sorri e se emociona sem ainda saber do que se trata.

─ Acabou! – puxo Isabella e danço desengonçadamente com as duas nos braços. – Acabou! Acabou! Acabou! – grito e não consigo parar de gritar.

─ O que acabou mamãe?

Nós três paramos e eu olho para a pequenina Renesmee que já de pé, veio ver o motivo da gritaria. Olho para Isabella e ela sorri. Corro e pego Renesmee nos braços a levantando bem alto e depois a abraço.

– A escravidão minha pequena, a escravidão no Brasil acabou! Estamos livres!

Olho e vejo que Raquel trouxe Milla e pego ela no braço também.

─ O que dizes, Edward? Estás louco? – Isabella pergunta sem acreditar.

─ Pois então, leia tu mesma! Ou melhor, Renée, tome, quero que leia em voz alta.

Isabella passa o rolo para Renée que está parada quase em choque. Isabella sorri com lágrimas nos olhos e a encoraja. Raquel também fica atenta. As duas já são alforriadas, mas talvez por continuarem na casa com seus antigos senhores, liberdade fosse apenas uma palavra ainda sem sentido de efeito para elas. E então, trêmula, Renée começa a ler.


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