Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd
Notas iniciais do capítulo
POV Edward
Edward
05/05/1888.
Estou como uma criança ao ver o mar pela primeira vez. Passo os dedos delicadamente pelas teclas novíssimas do meu piano. Nunca foram tocadas. Estava ansioso para vê-lo. É lindíssimo. Não é preto como o que havia na chácara da madrinha, esse é de madeira marrom clara lustrosa, os pés de madeira com detalhes em cobre e o assento é duplo.
Dou um sorriso bobo ao ouvir o som dele e já sei o que quero tocar. Nunca estive tão feliz em toda minha, talvez apenas... Balanço a cabeça e dedilho os primeiros acordes. Faz tempo que não toco. Fecho os olhos e deixo a melodia assoberbar-me. Sinto-me tão alegre que quero contagiar cada canto com minha felicidade.
Paro de tocar, ainda sorrindo e ofegante. Um som de tímidas palmas ressoa pelo salão. Demoro a me virar, posso imaginar quem seja, mas e se eu estiver errado? Encho o peito de ar e giro o corpo para a direita na direção das palmas. Meu coração estava certo, é ela. Fico olhando-a extasiado, atônito, eis diante de mim um anjo ou seria uma fada? Não posso ser exato, talvez seja os dois, pois fato é que ela só pode ter vindo dos altos céus tamanha beleza e luminosidade.
─ Olá, Edward.
─ Olá. – consigo falar depois de alguns segundos.
Ao ouvir as palmas, sabia que somente uma pessoa poderia ter tanta graça e suavidade para fazê-las, mas agora me pergunto: Desde quando sonhos viram realidade?
Isabella dá um sorriso tímido e abaixa a cabeça. É então que sou tomado por uma sensação diferente. Ela está aqui! Mas, como? É impossível, a não ser que... Posso estar sendo um pouco cruel agora, mas preciso testá-la.
─ Que surpresa... seu marido, suas filhas... – falo e olho para além dela como quem procura.
─ Vim só. – ela me encara.
Mantenho minha expressão inalterada. É difícil, gostaria de pular em regozijo ou pegá-la e rodopiar com ela nos braços, mas permaneço quieto. Sinto que ela me analisa, deve estar se perguntando o porquê não estou surpreso com sua “visita”. Poderia dizer a ela que meu coração já havia me avisado que ela vinha, mas será que acreditaria?
─ Sente-se, por favor. Gostaria de beber algo? – ela olha para o sofá, mas não se senta.
─ Edward, o que vim fazer aqui é... – ela morde os lábios. – Olhe, sei que estamos às vésperas de seu casamento, mas... – ela parece estar escolhendo as palavras cuidadosamente. Passo a mão no cabelo enquanto apoio a outra no quadril.
─ Não se preocupes, foste convidada, não se lembra? – ela franze o cenho e vejo um lampejo de dor em seus olhos de chocolate. – Não foi por isso que vieste? Para meu casamento?
Ela solta um riso nervoso.
─ Não. – fala finalmente. – Escute-me, direi de uma só vez e peço que não me interrompas, o que fiz não tem volta e nem o que deixei para trás. Talvez um dia... Sei que tens na mão a minha sorte ou minha perdição, mas estou preparada para ambas. – ela se apruma e inspira com dificuldade.
─ Isabella... – interrompo.
─ Não. Deixe-me falar. Por favor. – ela dá um passo na minha direção e prende meu olhar no seu. – Sei que pode parecer loucura para muitos ou todos – ela ainda sorri de nervoso – Mas é como naquele romance de Bronte, quando o senhor Rochester diz: - ela engole para citar – “Não há amor em meu coração, e constância em minhas decisões? Isso expiará no tribunal de Deus. – ela fecha os olhos e continua – Quanto ao julgamento do mundo... lavo minhas mãos dele. Quanto à opinião humana, eu a desafio." – quando abre os olhos seu olhar é tão intenso e profundo que entreabro os lábios sem querer. – Não me importo que sejamos “meio” irmãos, quero quebrar qualquer barreira que impeça minha felicidade! Não podemos, não é justo que paguemos pelo pecado alheio! Sei de situações onde o amor entre irmãos é permitido e por que não quando se tinha inocência? Por que não quando se há tanto amor e desejo envolvidos? Que me julgue Deus nos céus e me proíba a entrada do paraíso, desde já peço perdão para viver na terra o amor que me fora negado, acredito num Deus bondoso e que quer ver a felicidade de seus filhos. Não abandonei minhas filhas simplesmente por sua causa, deixei a elas um legado de que devem lutar por aquilo que querem, sempre. Elas não mereciam a visão de uma mãe que não era mulher por inteiro, um dia, elas crescerão e poderão entender e quem sabe me perdoar. Terão direito a seus erros e acertos, sem julgamentos nem imposições. – vejo que se esforça para segurar a torrente de lágrimas que inundam seus olhos. – Por isso vim aqui, de corpo e alma, para lhe dizer, Edward, meu único e verdadeiro amor, que se tu ainda ne quiseres, serei sua. Para sempre.
Fico aguardando, mas ela não diz mais nada. Sei que tem ainda o que me dizer porém para mim já é o bastante.
─ Acabaste? – pergunto erguendo as sobrancelhas. Ela balança a cabeça bem de leve, assentindo. – Então, a senhori... senhora, vem na véspera de meu casamento, dizer-me aquilo que deveria ter me dito semanas atrás? – quando vejo que as lágrimas começam a rolar, viro-me dando passos largos com as mãos nas costas. Preciso terminar o que comecei. – Há menos de um mês, a senhora foi muito decisiva em dizer-me não, pelos mesmos motivos que agora diz sim. – olho o horizonte pela janela. – Como posso ter certeza que está sendo firme? Como posso ter certeza que abrindo mão do meu casamento, não serei eu mais uma vez enganado pelo destino? Tens como provar-me que está certa do que dizes e que não há possibilidade de voltar atrás? – Tomo coragem e me viro para ela, eu preciso mesmo saber isso.
─ Uma prova? – ela gagueja ao falar. Seu rosto está banhado em lágrimas.
─ Sim, uma prova.
─ Que prova maior existe do que deixar minha casa e minhas filhas para vir ao seu encontro, podendo sair daqui com uma negativa e ter perdido toda minha chance de ser feliz? – ela diz em tom de súplica.
─ Um beijo. – ela pisca como quem não entendeu direito o que ouviu. – Isto mesmo. Quero que me dê o beijo mais ardente que puder. Assim poderei analisar se pensas em mim ainda como um irmão ou como amante.
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