Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 30
Capoeirista


Notas iniciais do capítulo

POV Edward



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Edward

25/06/1883. Segunda-feira

Jasper se esquiva e eu giro com minha perna direita passando raspando pelo ombro dele. Num movimento ágil ele adiciona uma rasteira na minha direção, testo meu reflexo e apoiando as mãos no chão, planto bananeira por um segundo e caio de pé e já gingando do outro lado. Ele sorri e continua a ginga. Pelo o que eu o conheço, sei exatamente qual cantiga está em sua mente. A mesma que a minha. Apesar de estarmos longe da casa grande, não chamamos mais ninguém, estamos apenas nós dois treinando capoeira.

─ Ande, me diga logo Edward! – ele pergunta ofegante e arrisca uma joelhada no meu tórax. Eu me esquivo girando. Ele quer saber de Alice.

─ Sim. – faço outro chute em rotação e gingo para trás preparando os punhos.

Jasper dá um salto mortal para trás e me leva com ele me derrubando no chão. Ele é muito bom nisso.

─ Preciso vê ela. – fala enquanto me imobiliza.

Bato no chão para que ele me solte e eu possa falar. Ele ri.

─ Deixe-me falar com ela primeiro, sabes que Alice é como uma irmã para mim, e irmãs são sagradas.

─ Menos as dosoutro... – olho para ele de cara feia. – Desculpe. – ele se ajeita sentando no chão enquanto eu me levanto.

─ Não é uma boa hora para fazer este tipo de referência Jasper. – sei que ele se referia à senhora Jéssica, irmã de senhor Mike.

─ Não se preocupe, Emmett dá um jeito nela. – ele ri.

Então me lembro dele ter me dito que quando não estava comigo, senhora Jéssica se divertia com Emmett. Mas, duvido que Emmett proporcionava a ela o que ela realmente merecia, como eu fazia. Colocar senhora Jéssica no tronco foi além de prazeroso, na época, foi vingativo.

─ Oxalá que ela se entretenha tanto com Emmett dessa vez e esqueça-se de mim.

Puxo a sacola com a tapioca feita por Renée e dou um pedaço a ele. Dividimos um pouco da cerveja quente que trouxe da corte outro dia. Agora que eu sabia exatamente os lufares aonde ir, tudo ficara mais fácil. Ir à corte como sendo livre me dava certas vantagens. Pouquíssimas eram as pessoas com as quais eu me relacionava que sabiam da minha condição. Andar com a madrinha por lá também ajudou muito.

Enquanto comemos, penso em Isabella. Deve estar fazendo a refeição na companhia de seu noivo neste momento. Engulo a tapioca com dificuldade.

─ Será que ela vai aceitar?

─ O que? – pergunto exasperado.

─ Alice, hôme! Será que ela vai aceitar ficar com eu dessa vez?

Solto a respiração. Alice. Sei que ela ama Jasper e acredito no amor dele por ela, mas... Mas?! Acabo de ter o pensamento mais preconceituoso de todos! Quem sou eu para julgar Jasper?

─ Claro, meu amigo. Por que não? Seu tempo de reprodutor está acabando, vocês merecem a felicidade. – encosto a cabeça no tronco da árvore atrás de mim.

─ Hum – ele resmunga ainda mastigando – O que que tu vai fazê com a carta do Quilombo?

─ É arriscado. Prometi a Isabella que não me envolveria mais com isso.

─ Mas tu conhece o Engenho como ninguém! Tem que aproveitá que o Comendador tá ocupado com essa história de noivado...

─ Eu também estou preocupado com esta história de noivado, Jasper. Dentro de minha cabeça está um mar revolto com milhares de peixes que não conseguem se agrupar em cardumes. Não sou o príncipe mais apto para esse trabalho agora.

─ Ainda acho que tu precisava de pensar melhor. Isso poderia ser uma porta pra tu fugir com sinhazinha Isabella...

Olho para ele, ele pode ter razão, mais uma vez. Os irmãos do Quilombo estão arquitetando sobre o Engenho de Campos faz tempo. E, sim, eu sou o melhor príncipe, sem dúvidas, para esse resgate, a quem eu estou querendo enganar?


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