Edward

─ Acho que vou vomitar.

Jasper olhou-me fazendo expressão de nojo.

─ É... parece que o chá já tá fazendo efeito. Ocê tá verde!

─ Não beberei vinho tão cedo... – recostei a cabeça no tronco da árvore e fechei os olhos. Minha cabeça latejava.

─ Sabe... misturá flor com fruta não dá muito bom... – percebi o sarcasmo de Jasper.

Jasper era um negro alto e forte. Passava a navalha na cabeça e não deixava um fiapo sequer. Tinha os traços do rosto fortes e um sorriso confiante. Muitos se perguntavam o porquê ele não estava na lavoura. Não era só por ser bonito, Jasper era um reprodutor.

Os escravos reprodutores tinham certas regalias. Precisavam ser bem alimentados e descansar 12 horas por dia. Em atividade, um reprodutor se deitava com umas dez escravas por dia. Quando começavam a aparecer as grávidas, dependendo da quantidade, o reprodutor poderia tirar um ou dois meses de “férias” e era nesse período que ficavam na chácara.

─ Foi o vinho...

─ Foi a mistura... – ele riu.

Talvez ele tivesse razão. Mas com certeza o vinho contribuiu para que eu cometesse esse desatino. Graças a Deus, eu estava tão entorpecido que não consigo lembrar direito do que acontecera. Pela manhã, acordei com Rosa e Cacau agarradas a mim, e, Violeta e Amora dormindo no chão.

Lembro-me de alguns pedaços. Eu chegando com as três no quarto, Rosa brigando comigo. Violeta e Amora se beijando e se acariciando. Depois, de alguma forma, Rosa resolveu participar e as três a tocavam e sorriam. A garrafa de vinho passando de boca em boca. Mãos e línguas para todos os lados, em todos os lugares possíveis e inimagináveis.

As quatro em cima de mim, eu me esquivando dos beijos na boca, mas talvez tenha beijado Cacau, ou Amora... não me recordo plenamente. Violeta chupando e apertando meu membro, elas revezavam... e mais vinho, e suor, e sorrisos, e carícias, e toque. Rosa de pernas abertas, ao meu lado, se contorcendo de prazer enquanto Cacau a tocava repetidas vezes.

Sinto uma sensação estranha com as lembranças. E no exato momento sei que estou arrependido do que fiz.

Mas, não me lembro de ter penetrado nenhuma delas. Será que aconteceu, ou não? Maldito vinho. Porém de uma coisa tenho certeza, tive o tal sonho novamente, e dessa vez a voz pareceu-me familiar. Acordei assustado e inquieto. Acordei as quatro mulheres e sem nenhuma cerimônia, expulsei-as, literalmente, do meu quarto. O que está havendo comigo?