Medo. Desespero. Ansiedade. Esses eram alguns dos sentimentos que afligiam a jovem herdeira do trono de Arendelle, enquanto a mesma desejava aflita pela tão esperada volta de seus pais de volta para sua cidade. Seus pais, o Rei e a Rainha haviam saído para uma curta de viajem de apenas duas semanas.

Porém, um mês já havia se passado desde sua partida. Um mês inteiro sem notícias. Todo o povo de Arendelle estava tão aflito quando a jovem princesa. E quando a tão triste notícia de que o navio em que viajava o rei e a rainha havia sofrido um naufrágio sem sobreviventes , todos choraram, sem exceção.

A jovem Anna perdeu seus pais, já Elsa... Elsa perdera seus pais, sua única conexão com o mundo exterior, seu único contato com pessoas. E isso só piorou qualquer tipo de medo que a garota tinha, tanto sobre seus poderes quanto por si mesma. E vendo a garota se deteriorar cada vez mais, ver a futura rainha ficar cada vez pior... Isso destruía Jack Frost que decidira naquela noite há dois anos atrás que ficaria e observaria a garota, sua única esperança de ser visto.

O espírito do inverno observava a garota quase todos os dias, vendo-a crescer, se transformar em uma garota assustada e insegura. Sempre repetindo as mesmas frases sobre se esconder, sobre não deixar que ninguém saiba de seu poder maravilhoso. Isso enfurecia Jack Frost. Deixava-o quase descontrolado, mas pelo bem da garota, ele permanecia quieto ou simplesmente saía do quarto da garota com uma rapidez absurda e deixava a raiva se transformar na diversão dos outros. Deixava a raiva fluir.

Embora nesse caso, no caso principal da garota estar simplesmente sem chão, ele tentou ao máximo possível fazer com que ela se agarrasse em outra coisa. E funcionou. Jack deu seu jeito e fez com que o livro que a garota havia ganhado da mãe fosse lembrado. E assim foi.

Durante longos três anos Elsa se agarrou a ideia de Jack Frost, ou quase isso. Ela tentou conciliar as coisas boas que o gelo traz junto com os ensinamentos de seu falecido pai. Digamos que com a insegurança e incerteza, a tática foi um fracasso. Elsa não conseguia imaginar algo bom no gelo, apenas tristeza e perigo. E assim foi até o dia de sua coroação.

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Elsa podia ouvir perfeitamente a animação de todos os funcionários do castelo, o som de todas as portas e janelas sendo abertas após tanto tempo fechadas, porém, a futura rainha não conseguia ver isso como algo bom. Só conseguia encarar a situação como algo terrivelmente assustador. Um só movimento errado em toda a encenação e todos vão saber. Essa frase não saía da cabeça da jovem. Seu coração estava pesado, não sabia o que fazer mesmo que tenha passado dois anos treinando para aquele momento. Segurar aquelas duas coisas sem congela-las parecia simplesmente impossível. Mal ela sabia que era apenas pelo seu nervosismo e neurose.

Nervosismo e neurose. A frase favorita de Jack para explicar quase que qualquer acidente feito por Elsa, mesmo que ela na maioria das vezes não o ouça.

Jack Frost realmente não era ouvido por Elsa. A garota tentava ser o mais lógica possível, sempre achando que o resultado das tais frases aleatórias soltadas no meio do nada, a sensação de estar sendo observada, os cantarolamentos de músicas que jamais havia ouvido eram apenas coisas de sua cabeça, resultado dos três anos com o mínimo de contato exterior possível. Nem precisamos comentar sobre a opinião mais do que negativa de Jack quanto a isso.

Sempre que a princesa herdeira balançava a cabeça negativamente, tentando afirmar que não ouvia nada além de seus pensamentos, Jack simplesmente quase gritava ou cantarolava ainda mais alto, na orelha da garota que se recusava a acreditar não estar sozinha.

Jack jazia extremamente entediado, apesar de toda a animação do dia em Arendelle. Só o que fazia era observar Elsa andar de um lado para o outro, repetindo a mesma frase idiota.

– Não os deixe entrar, não deixe eles saberem, blah blah blah - Disse Jack imitando Elsa com uma voz de puro deboche. Ele odiava aquilo, odiava a maneira que o rei implantara na cabeça da filha que ela devia ficar escondida pra sempre, sozinha trancada num buraco. E assim que terminara sua frase, percebeu que Elsa tinha parado de andar de um lado para o outro e parecia o olhar intensamente. Obviamente o garoto ficou surpreso e em quase estado de choque. Por alguns instantes ele sabia que ela sabia que ele estava ali.

E mesmo quando ele viu Elsa fazer seu mesmo movimento de sempre, seu mesmo movimento negativo de cabeça, ele sabia que ela tinha ouvido de verdade. E como isso encheu Jack de esperança! Com um sorriso voltou a observar a garota andando de um lado para o outro, a única diferença era que agora ele sabia que algo muito bom estava por vir.