Anja Solitária escrita por Anlu


Capítulo 8
Minha Verdadeira história


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem mesmo por não ter postado ( desviando de um kamahameha e de uma mesa) eu tava sem pc e só podia ver pelo celular o que não foi promissor, a história tinha ficado boa mas o final não me agradava então pedi pra minha revisora Kriativa LZ me ajudar com essa parte pois já tava pronta mas sem muita emoção. Deixando isso de lado, como sempre uma: BOA LEITURA!!!!



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Assim que chegamos ao meu apartamento, tanto eles quanto eu precisávamos tomar um banho, não apenas para limpar o corpo, mas para relaxar, pois estávamos mentalmente cansados.

"E se eles me culparem? Mas eu não fiz por querer! Então porque me sinto tão culpada?

E se eles me odiarem? Eu mesma me odiei e me odeio as vezes! Quase sempre!

E se tiverem pena de mim? Eu não quero que tenham pena, eu não mereço que tenham pena!

Mas que droga! Por que eu não consigo esquecer? Seria bem mais fácil continuar se eu esquecesse! Mas como eu posso esquecer? Eles me amavam! Eu os amava?" — eram os meus pensamentos enquanto sentia a água quente do chuveiro tocar minha pele, sentada no chão do box, sofrendo com minhas lembranças, temendo a reação dos meus novos amigos quando estes descobrissem a verdade sobre minha solidão. Não tinha como saber se o que lavava meu rosto era a água da ducha forte ou das lágrimas que se misturavam a ela.

De pele limpa e mente mais calma, eu vesti uma calça legging preta, uma blusa regata branca e uma casaco branco com capuz de urso. Quando sai todos já estavam na sala, então decidi continuar a conversa que estávamos tendo antes de Kisho aparecer. Novamente agarrei-me com minha amada almofada de caveira, e sentei bem encolhida no sofá. Comecei a pensar em como iria continuar sem chorar, pois as lágrimas já se formavam em meus olhos e um bolo em minha garganta.

Quando ia começar fui interrompida.

— Olha não precisa se forçar a dizer nada, até porque nós sabemos como é desconfortável se lembrar de “certos assuntos” — disse Ikuto,interrompendo-me antes mesmo de eu abrir a boca, sua expressão era de tristeza. Imagino que ele devia estar se lembrando da outra Anlu.

— É verdade, mesmo que queiramos saber mais sobre você, não é certo te fazer ter lembranças desagradáveis — falou Teito que, mostrando-se mais curioso do que preocupada. Eu ri um pouco e eles olharam para mim.

— Do que você ta rindo? — perguntou Natsume com uma cara mais engraçada que a dos outros.

— É que faz realmente muito tempo que não me sinto assim, com pessoas a se preocupar comigo, além do mais eu confio o bastante em vocês para contar isso que está guardado no meu peito, então se eu começar a ficar triste ou coisa do tipo, não se preocupem. — disse olhando-os com carinho e quando vi eles estavam vermelhos. Foi impossível não rir de novo.

— Bom... onde paramos? — tentei me lembrar — Ah, lembrei. Meus pais eram bem ocupados, mas sempre tinham tempo para ficar comigo, nem que fosse alguns minutos, eles sempre sorriam para mim e me aconselhavam a seguir meus sonhos assim como eles seguiram os deles. Minha mãe era a 3ª filha de 5 irmãos de uma família de médicos que tinham diversos hospitais, mas ela decidiu seguir carreira de cantora e foi deserdada por isso. Com meu pai não foi diferente, quando escolheu se tornar um grande compositor à assumir os negócios da família, sendo ele o mais velho dentre 3 irmãos, foi deserdado e seus irmãos herdaram a empresa e os bens da família. Mas nenhum dos dois se importavam com o que poderia acontecer, só queriam seguir seus sonhos e conseguiram. — me lembrar do quanto meus pais sofreram, mas também que conseguiram seguir seus sonhos, me deixava muito feliz.”

— Então seus pais eram “os solitários” de grandes famílias? — perguntou Natsume tomando cuidado para não falar coisas indevidas, e eu assenti e continuei a falar-lhes:

— Depois que ambos conseguiram seguir seus sonhos eles se encontraram e o resto vocês já sabem. — os olhei para ver se haviam entendido tudo até agora, eles assentiram então continuei e só de lembrar as lágrimas começavam a se formar de novo.

— Quando eu tinha 5 anos fui passear pela floresta perto de casa e da cidade, e encontrei um orfanato, quando entrei fui muito bem recebida pelas freiras e lá conheci duas pessoas muito especiais que sempre que meus pais não estavam eu ia visitá-los. O Yue era muito animado, já Syo era mais quieto, mas muito divertido também. Os dois foram encontrados na porta do orfanato no mesmo dia e sempre estavam juntos, mas viviam brigando e eu era a única que conseguia fazer eles pararem de brigar. Nós éramos muito amigos, os melhores. — neste momento senti um nó na garganta, então me calei. As lagrimas já percorriam meu rosto, pois só em pensar no que eu estava prestes a revelar já fazia meu coração já doía muito. Mas como eu disse que se isso acontecesse não era para eles fazerem nada, os três se contiveram.

— Há algum tempo eles foram embora... — suspirei pela saudade. — Eles foram seguir seus sonhos e eu entendi isso, mas nem ao menos se despediram de mim, só disseram aos meus pais que não era mim não ficar triste com a despedida....

Eu sentia muita falta deles e falava entre soluços, mas respirei fundo e sequei minhas lágrimas.

— O Yue gostava de aventuras, então colocou a mochila nas costas e foi viajar pelo mundo, conhecê-lo. Já Syo era um artista e seu talento como violinista lhe rendeu uma vaga numa orquestra. Ela foi conhecer o mundo, assim como o Yue, mas numa turnê. Eles eram os únicos que sabiam do meu segredo, mas nunca tiveram medo de mim e sempre me trataram como se eu fosse igual a eles. Eu fiquei muito sozinha sem eles.

Eu podia ver nos olhos dos garotos que eles estavam sentindo pena e eu odeio que sintam pena de mim, então me levantei e fui ao banheiro do corredor, mas pedi que me esperassem ali onde estavam. Lavei o rosto, respirei fundo e voltei.

— Meus pais, ao perceberem minha tristeza, decidiram me levar par algum lugar, só nos três. No orfanato as freiras sempre falavam de um lugar lindo, num vale entre as montanhas, onde o campo era sempre verde e as flores sempre lindas e coloridas, mesmo no inverno. Eu pedi para eles me levarem até lá, e como queriam me ver feliz de novo, aceitaram, mesmo sabendo que o caminho era perigoso, pois a estrada da montanha era estreita e muito íngreme.

— Então você e seus pais foram para esse local, né? — perguntou Teito ao perceber que eu começava a chorar de novo, eu apenas assenti e continuei.

— Meu pai era muito prudente enquanto dirigia. Ele não costumava se distrair com nada. Mas naquele dia foi diferente... eu... — calei-me por um instante, precisava controlar minhas emoções, e só consegui continuar porque senti a mão de Ikuto sobre a minha. — Eu resolvi cantar uma música que compus para eles que adoraram. Me encheram de elogios e eu, muito idiota, quis mostrar para eles um truque novo que tinha aprendido. Eu mal conseguia dominar minha magia e quando conseguia, era uma vitória, eu precisava mostrar para eles. — Ikuto apertou mais forte a minha mão, pois eu mal conseguia falar de tanto que chorava. Eu sentia como se minha garganta se tapasse e a voz não conseguisse passar por ela. — Eu não devia ter feito aquilo... eu devia ter esperado a gente chegar ao vale... mas eu sempre fui muito impulsiva... Num instante um pequeno truque idiota se transformou num enorme pesadelo... eu não consegui controlar e a energia produzida foi aumentando e aumentando. Minha mãe olhava para mim, assustada... eu nunca vou esquecer o olhar dela para mim. Ela estava com medo... Meu pai parou o carro e eu direcionei as mãos para fora do carro, pela janela, para evitar que eles fossem atingidos, mas...

— O que aconteceu, Anlu? O que houve com seus pais? — perguntou Teito afoito. Eu não conseguia mais me conter, me calei e apertei a face contra a almofada, apoiada aos joelhos, quase como se quisesse me sufocar com ela, quem sabe assim aquela dor sumiria para sempre.

— Eu sei que é doloroso lembrar de coisas ruins, Anlu, mas se calar agora só vai piorar a sua dor. Então diga logo, acabe com isso! — aconselhou-me Ikuto com a mão sobre minha cabeça, acariciando meus cabelos.

— ELES MORRERAM, É ISSO QUE ACONTECEU! EU OS MATEI! — bradei, abandonando a almofada sobre o sofá, levantando-me. — A ENERGIA QUE EU PRODUZI ATINGIU A MONTANHA E TUDO VEIO ABAIXO, TERRA, PEDRAS, NEVE... E FOI TUDO TÃO RÁPIDO QUE NÃO TIVE TEMPO DE FAZER NADA, SÓ O QUE OUVI FORAM OS GRITOS DOS MEUS PAIS... — Se um dos garotos me atingisse com um de seus golpes eu não revidaria, pelo contrário, eu agradeceria, pois aquela dor me consumia a tempo demais.

— Eu fiquei meio atordoada quando a avalanche nos atingiu, mas logo me recuperei. Meu corpo estava envolto por uma energia branca, como uma bolha de proteção, nada me atingiu, mas eu não criei aquela bolha conscientemente, eu apenas tive medo e pensei em me proteger, então a bolha surgiu, e foi o pior que poderia ter me acontecido naquele dia... — titubeei um pouco para continuar, pois lembrar daquele momento em especial era o mais difícil. — Eu vi meus pais, nos bancos da frente, cobertos por terra e neve, eles sangravam muito... Meu pai tinha um pedaço de vidro cravado no peito, do tamanho da lamina de uma faca... Eles estavam conscientes e olhavam para mim e de certa forma eu sabia que estavam felizes porque eu estava bem... Eles esticaram o braço para me tocar, como se quisessem me dizer adeus, mas eu não queria dizer adeus... Eu estiquei a mão para tocá-los... Eu queria envolvê-los na minha bolha de proteção... mas não consegui... eu não sabia como fazer aquilo... eu toquei suas mãos e nem mesmo consegui sentir o toque, pois a bolha que me protegia me separava deles também... Eu toquei, e toquei, e toquei, mas a bolha não se expandia... E não sei por quanto tempo eu fiquei assim, dias eu acho, olhando para os meus pais, tentando abraçá-los com aquela bolha maldita, sem êxito... até que eles morreram, sorrindo para mim... A dor que eu senti foi tão grande que eu gritei... então a minha bolha se rompeu e aquela massa branca e gelada me tocou, calando minha voz...

Não suportei mais, cai de joelhos e chorei, sem nem sequer conseguir contar que só fomos resgatados porque alguém ouviu meu grito em meio a toda aquela neve. Que os bombeiros chegaram a dizer que foi um milagre eu estar viva e com poucos ferimentos, ferimentos causados quando a bolha se dissipou. Eu diria que sobreviver para mim, foi um castigo e não um milagre. Que meu único alento ao acordar foi saber que meus pais haviam recebido várias homenagens e que os fãs de minha mãe cobriram seu túmulo de flores e mensagens de descanse em paz. Que o hospital em que eu fui internada era da família da minha mãe, mas eles não ligaram para a morte dela. A imprensa soube por que uma das enfermeiras que a adorava fez a notícia vazar. Que ao sair do hospital, a única palavra que recebi de alguém daquela família, que nem sei quem era, foi que não os procurasse, pois eu não tinha direito a nenhuma herança daquela família, e que minha vontade foi aniquilá-lo, mas me contive, pois minha mãe não aprovaria aquilo.

Os três me abraçaram tão forte que eu me senti amparada, protegida, amada novamente, mas eu não conseguia mais falar, só o que eu queria era chorar. Eu queria ter contado que usei parte da minha herança, fruto do trabalho árduo dos meus pais, para transferir o túmulo deles para aquele vale entre as montanhas, onde o campo é sempre verde e as flores sempre coloridas, e que os enterrei juntos. E que depois eu fechei a casa em que vivíamos e me mudei para cá, deixando tudo para trás, pois não queria que ninguém me encontra-se, nem mesmo meus queridos amigos Yue e Syo, que a esta altura devem acreditar que eu os esqueci, pois suas cartas nunca foram respondidas, nem mesmo lidas por mim, empoeirando-se sobre o assoalho da porta, sem ninguém para recolhe-las e trazê-las para mim. E que era por isso que eu treino tanto, sozinha, pois nunca mais quero machucar ninguém.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, espero por comentários, e lembrem-se eu não mordo então podem me dar criticas, elogios, etc. Beijos e um abraço de coelho. Me desculpem, é que eu tinha visto a revisão mas quando eu fui passar houve um problema e ela foi com as dicas e tido, me perdoem mesmo....mil desculpas.