Quando Teito, Ikuto e Natsume chegaram na cozinha foram comendo em silêncio e eu fiquei ao máximo tentando segurar o riso, pois eles estavam tão vermelhos quanto o cabelo de Natsume, mas não consegui me segurar.

— HAHAHAHA!!!! A cara de vocês,.... Esta hilária. — falei entre risos, fazendo-os parecer mais envergonhados do que já estavam.

— E você acha que a culpa é de quem? Não é normal uma pessoa ser acordada daquele jeito! — falou Natsume corando ainda mais (se isso é humanamente possível).

— De que jeito? — perguntei fazendo uma voz inocente e abrindo meus olhos como o gato de botas, mas não consegui deixar de rir com Ikuto e Teito desviando o olhar parecendo terem chegado ao limite e Natsume paralisando.

— Vocês realmente são... — respirei tentando recuperar o fôlego — muito fofos quando envergonhados! E dormindo também. — essa ultima parte falei mais baixo só pra mim mesma ouvir, mas pareceu não funcionar, pois Ikuto me olhou incrédulo e vermelho, o que me fez corar um pouco, mas soltar uma pequena risada depois.

— Bom, de todo o jeito, o que é que você tanto queria nos dizer para ter que causar toda essa confusão, em Anlu ? — perguntou Ikuto fazendo Teito e Natsume direcionarem sua atenção para mim.

Fiquei um pouco mais seria, mas com um sorriso carinhoso no rosto. Os encarei pedindo desculpa mentalmente, pois isso poderia fazê-los se sentir mal por se lembrarem da outra Anlu, então só fiz o que ela me pediu para fazer: Dei um sorrido bem alegre e falei:

— "Vocês não podem ficar tristes para sempre, lembrar do passado é algo que eu quero que vocês façam sorrindo e não que chorem. Sempre os amei e sempre vou amá-los. Minha alma vai estar em seus corações em todos os momentos, bons ou ruins e sei que vão conseguir acabar com esse mal que tanto nos assombra. "

"Podem ter certeza que se lutarem com seus corações Kisho vai cair e vocês vencerão, por isso, Sumayro ¹ Sumayro!" — quando terminei de falar os meninos ficaram feito pedras, mas começaram a deixar lagrimas caírem, mesmo tentando esconder.

— C-Como...? — foi tudo o que Teito conseguiu dizer, enquanto os outros continuavam estáticos.

— Como o que? — perguntei, pois não entendi ao certo a pergunta.

— E-Esta maneira de... de falar, o `Sumayro´, como você... ? — Ikuto deixou a frase morrer, pois parecia não conseguir formar direito a pergunta.

Respirei fundo e mantive meu sorriso, vendo-os voltar ao normal devagar e quando eles pareciam estar mais calmos comecei a explicar o que aconteceu.

— Tive um sonho e encontrei a outra Anlu,... e nós conversamos um pouco, ela me disse que usou o restante de suas forças para vir me conhecer e me dizer estas palavras, para que eu as repetisse a vocês. — falei os vendo abaixar a cabeça e deixar as lagrimas caírem.

— EI! — elevei minha voz chamando a atenção dos meninos — Sei como se sentem, mas....ela disse para sorrirem, e não para chorarem! A Anlu que conheci, mesmo que só por uns instantes, não ia querer ver seus amigo tristes e eu também não quero vê-los assim, por isso Sumayro! — falei fazendo-os abrir um pequeno sorriso e limparem as lágrimas, para depois terminarmos o café da manha e irmos assistir um filme de ação que alugamos há um tempo, com muitas cenas de luta, ajudando a melhorar os ânimos. Eu e Ikuto nos sentamos no sofá enquanto Teito e Nasume se sentaram no chão a frente da TV.

— Anlu... arigato²! — sussurrou Ikuto, no meio do filme, ao meu lado, oferecendo-me uma goma de mascar de hortelã, sem desviar o olhar da televisão, mas recusei balançando a cabeça, pois tinha acabado de escovar os dentes e o sabor da pasta ia alterar o sabor da goma. A única coisa que consegui fazer foi dar um pequeno sorriso e voltar minha atenção de volta para a história.

Depois que o filme terminou pensei em ir descansar para mais tarde, antes dos meninos voltarem da ronda. Eu dei uma arrumada na casa, Teito e Natsume já tinham se levantado para sair e Ikuto ainda estava sentado ao meu lado. Eu já estava levantando também, mas quando ia me dirigir ao meu quarto tudo pareceu ir em câmera lenta.

Pisei em falso e ia cair de cara no chão. Ikuto percebendo o que estava acontecendo se levantou e foi ao meu socorro, mas quando me pegou acabou perdendo o equilíbrio e caiu para trás, levando-me com ele. Nossos rostos ficaram cada vez mais próximos e fechei meus olhos sentindo o hálito quente dele em meu rosto até que algo tocou meus lábios.

Quando abri os olhos de novo, já estávamos no chão e percebi o que aconteceu, logo me afastei o mais rápido possível, vendo Teito e Natsume estáticos olhando para nós dois no chão, a nossa frente. Meu rosto estava queimando de tanta vergonha, me levantei e corri para o meu quarto, trancando-me lá dentro.

— E-Esse...f-f-foi meu pr-primeiro...b-beijo! — disse num sussurro gaguejando, encostada na porta do meu quarto.

Eu precisava me sentar, então fui para a minha cama e me sentei, colocando os pés sobre ela e abraçando meus joelhos, enterrando meu rosto entre eles, lembrando dos lábios de Ikuto, eles eram tão macios e quentes, e tinha gosto de morango com um toque de hortelã. Corei ainda mais com o pensamento, mas um sorriso involuntário invadiu meu rosto, junto com o pensamento de que foi só um acidente e não deve ter sido nada demais para ele, no entanto foi algo que me deixou super feliz.

Passei o resto do dia no meu quarto, pensando naquele beijo a cada minito, mas não podia continuar trancada, pois mesmo que a contra gosto minha barriga estava reclamando. "Passei quase o dia todo sem comer, só com o café da manha" pensei ouvindo meu estomago reclamar pela décima vez. Não tinha jeito, então fui, relutante, a porta e a abri bem devagar.

— Eles já devem ter saído! — falei saindo do quarto e indo para a cozinha pegando uma travessa com morangos e indo para o sofá assistir algum seriado para ver se eu parava de pensar no ocorrido, mas quando olhei para os morangos me lembrei do beijo e voltei para trocá-los por algumas uvas.

Depois de um tempo sem perceber o tempo passar ouço a porta se abrir e dela sair, ou melhor, entrar meus amigos trazendo um leve rubor à sala, fazendo meus olhos irem de encontro aqueles lindos olhos azuis, que mais parecem o fundo do oceano.