- S-asuke?

Ainda estava um pouco sonolenta, e tive a impressão de algo estar pressionando minha boca. Abri os olhos e mirei aquele mar negro. O Sasuke se afastou rapidamente, igual a uma criança quando é pega fazendo algo errado.

- O-o que você estava fazendo?

- Nada, eu... Estava apenas ajeitando seu travesseiro – ele falou, levemente corado.

- Tive a impressão de que você estava... – comecei a falar, mas achei melhor ficar quieta; deve ter sido apenas um delírio, e bom, eu estava sonhando com ele, então...

- Estava o quê?

- Nada.

E ficamos nos encarando em silêncio. Senti que poderia ficar horas apenas ali, memorizando cada detalhe de seu rosto.

Dei um pulo quando ouvi alguém pigarrear.

- Desculpe interromper essa conversa tão interessante – o Neji falou, irônico, mas com um sorriso estranho no rosto – mas, seu pai lhe espera no carro, Hina.

- Ahh sim, vamos – e fui andando em direção á porta.

- Espere. Por que você desmaiou?

Estava saindo da sala apressada, havia demorado um pouco, porque fiquei sonhando acordada (adivinha com quem) e esqueci de copiar a lição, o professor não deixou sair enquanto não terminasse. Kiba havia se oferecido pra ficar comigo. Falando nele, ele é muito simpático e divertido. Tenho certeza de que será um bom amigo.

- Vamos Hinata?

- Ah claro.

Andávamos lentamente, ele era muito descontraído e conversava animadamente, ignorando o fato de eu não falar muito.

- Não entendo porque está com aquele garoto, você merece coisa melhor.

- E-le é legal.

Nesse instante ele me agarrou pela cintura, e sussurrou:

- Eu sou muito mais – e começou a mordiscar o lóbulo de minha orelha. Quando ele começou a beijar meu pescoço, senti meu corpo estremecer, e logo depois tudo ficar escuro.

- Ah não sei. Deve ser o cansaço – falei, enquanto desviava os olhos de seu rosto, pelo modo como me olhou sabia que não havia acreditado, mas ele não insistiu – bom, então até mais.

Até.

OoOoOo

No caminho para casa, tentava constantemente tirar a imagem de Hinata de minha mente.

Não gostei nada dela ter mentido, mas se ela não disse a verdade deve ter um bom motivo – ela não parece ser o tipo de pessoa que mente a toa – e não tenho direito algum para pedir explicações.

Nossa, nem recordo mais o porque de começarmos essa farsa, pelo menos o meu motivo.

Avistei minha casa, e senti um sorriso involuntário surgir. A melhor parte do dia era quando voltava para casa.

OoOoOoO

- Bom dia filho – ouvi minha mãe falar no instante em que abri a porta de casa.

- Bom dia mãe – admito, sou muito apegado a ela, em casa, é a única pessoa com quem posso realmente contar.

- Suba, e se troque, o almoço já está na mesa. Ah seu irmão está em casa.

Senti a pouca alegria que estava sentido se esvair rapidamente.

- Por que ele está aqui?

- Ele está com alguns problemas na faculdade, e vai precisar ficar alguns dias aqui.

Achei melhor não perguntar quais tipos de problemas, já tinha idéia de quais eram. E envolviam mulheres, drogas, festas, ele correndo pelado pelos corredores da faculdade. É, a vida dele é um tédio.

- E o pai?

- Ira almoçar na empresa. – novidade.

Quando fui para a mesa, o encontrei conversando alegremente com minha mãe. No instante em que me viu, um sorriso cínico rapidamente apareceu em sua face.

- Oi irmãozinho querido.

- Hm.

Resolvi ignorar senão acabaria lhe tacando o prato. Conversamos algumas banalidades, quando começaram as provocações.

- Ah, mãe, o Sasu-chan ainda tem medo do escuro?

Quase cuspi toda a comida.

- Sim – olhei incrédulo para ela – ele guarda uma lanterna em baixo do travesseiro.

Ouvi a hiena louca gargalhar. Apenas bufei irritado, ele nunca esqueceria essa história.

- Itachi, porque estamos no porão?

- Vamos brincar de esconde-esconde. Fica parado ai.

- Ta bom.

- Por que você apagou a luz? Itachi, cadê você? Que barulho é esse?

...

- Larga o meu pé. Não tem graça. Itachi!! ITACHIIII.!!!

O FDP me deixou trancado lá, por 5 horas.

5 horas.

É demais para alguém ingênuo e inocente como eu agüentar.

- Ah Itachi, o seu cabelo já cresceu? – falei isso, quando notei que ele estava com boné. Sorri divertido, quando o vi parar de rir subitamente. O cabelo dele caiu no começo do ano.

Ta mentira, eu taquei fogo nele. Mas foi sem querer. Ou quase.

Ficamos alguns minutos comendo em silêncio, quando minha mãe resolve falar o que não devia.

- Ah Itachi-kun seu irmão está namorando.

- Quem é a louca?

- Hinata Hyuuga.

Hm. Já ouvi falar da família Hyuuga, mas nunca vi a herdeira.

- É, eu também não – minha mãe falou com desgosto, achei melhor não apresenta-la para a família, afinal é um namoro falso, não há razão para tanta formalidade.

Notei o Itachi pensativo. Isso nunca é bom sinal. Ih, droga, agora ele está com um sorriso maníaco no rosto. Ferrou.

- Sasu-cha, tive uma idéia. Fui convidado para a abertura de uma nova boate, e tenho convites sobrando. Você poderia levar a Hyuuga, e apresenta-la para a família – ele falou, com um sorriso angelical. Falso dos infernos.

Já iria falar pra ele enfiar esses convites no... nariz. Mas olhei para minha mãe, e vi que ela realmente queria conhecer a Hina. Bufei irritado.

- Tudo bem.

OoOoOoO

Minha mãe me mandou para o quarto, depois de acidentalmente, derramar o jarro de suco no Itachi.

Liguei para Hinata, e a convidei. Mas não disse nada sobre apresenta-la para meus pais, ela teria um treco. O Neji também vai, só não sei se fico feliz ou triste. Ou ele não vai ir com a cara do Itachi, ou se juntará a ele para me enlouquecer.

Essa noite promete.

OoOoOo

Era quase 8 horas da noite, e eu já estava pronta para ir.

Olhava-me no espelho, e sentia vontade de chorar. Estava me sentindo ridícula com aquele vestido preto, era muito curto, mas não tenho muitas opções de roupa para sair. E depois do Neji me chamar de Maria-João, porque iria de jeans e boné, achei melhor ir de vestido.

Mas essa coisa está me incomodando, é muito justo no busto, estou parecendo uma piranha. Iria falar Sakura, mas lembrei que ela é reta. HAHA.

Ouvi alguém bater na porta, e saí correndo chamar o Neji. Ele estava lindo, com um jeans escuro e uma camiseta regata azul. Pra variar, estava penteando os cabelos, eu ainda rapo a cabeça dele.

- Vamos Neji – falei enquanto o arrastava em direção á porta. Quando a abri, quase tive um enfarto. Meu Deus, que homem era aquele; Ele estava de jeans escuro também, sua pele pálida se destacava por causa da camisa preta, e os cabelos úmidos caindo sobre seu rosto lhe davam um ar rebelde. Lindo.

Notei que ele me olhava também, seus olhos pararam por alguns segundos sobre minhas pernas, e subiram para meu decote. Senti o rosto pegar fogo.

- Você vai andar, ou vai ficar devorando a Hinata com os olhos?

Ele olhou para mim e o Neji, uma mescla de constrangimento e raiva. Meu primo apenas sorriu divertido, e andou em direção ao carro. O Sasuke ficou alguns segundos parado parecendo estar em transe, e logo foi andando atrás.

- Primeiro as damas – ele falou, enquanto abria a porta para mim. Pra variar, corei.

- E eu?

- Vá no porta-malas – ele falou, com acidez para o Neji, e logo bufou – sente no banco do passageiro.

A pequena viagem ao centro foi calma, tirando as pequenas discussões dos dois, que constantemente se estapeavam lá na frente. Apenas ria divertida, pareciam irmãos.

Senti um pedaço de gelo enorme descer por minha garganta, quando chegamos em frente á boate. Três pessoas se destacavam entre as demais.

Era a família Uchiha.