Lista De Motivos Para Te Odiar escrita por Lola


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Desculpem não ter postado semana passada, não tive tempo. E agora não vou postar com tanta frequência porque meu inferno, digo, minhas aulas começaram. Aproveitem o capítulo.



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O barulhinho e o frio proporcionados pela chuva fizeram eu ter vontade de ficar para sempre enrolada naquele cobertor. Só que minha mãe queria muito que eu fosse para o aeroporto com ela e meu pai. Primeiro ela tentou me acordar de um jeito sutil, eu apenas resmunguei e virei para o outro lado, depois ela fez cosquinha no meu pé, o que eu considerava um golpe baixo. Levantei grogue, uma parte minha estava acordada, a outra ainda estava descansando. Agindo no piloto automático, tomei banho e me arrumei, vesti uma blusa fina e coloquei um suéter por cima. Prendi os cabelos em um coque bagunçado e coloquei um óculos escuro para disfarçar minha cara de morta-viva. Ontem fiquei acordada até tarde na internet achando que hoje ia acordar bem tarde, porém minha querida mãezinha estragou meus planos.

Desci a escada cambaleando, meu pai estava na sala, verificando se tinha pego tudo. Quando minha mãe viu a forma como eu descia as escadas ela me perguntou:

– Você está bêbada?

– De sono – retruquei.

No carro meus pais conversavam animadamente sobre a viagem e do quanto iam sentir saudades de mim. Juro que tentei prestar atenção, mas tinha algo muito interessante na chuva que me impedia de fazer outra coisa além de observar aqueles pingos que caiam do céu. Então eu fingia estar escutando e ocasionalmente balançava e dizia “Um-hum”, Então nosso diálogo era mais ou menos assim:

– Izzy, vamos sentir saudades.

– Um-hum.

– Você está me escutando?

– Um-hum.

– Que horas são?

– Um-hum.

Chegamos ao aeroporto em meia hora, ajudei meus pais com as malas. Senti alguém pegando de mim a mala que eu estava segurando, virei e me deparei com John. Ele estava com uma cara de ressaca terrível, mas mesmo assim conseguia ser bonito. Nossos pais se despediram da gente e minha mãe disse que eu voltaria com o John para casa e que Joseph pegaria o carro e deixaria lá em casa e que depois disso ele estaria oficialmente de férias. Depois eles foram fazer aquelas coisas todas de bagagem e blá, blá, blá. Me deixando sozinha com John. Quando minha mãe estava indo, ouvi minha mãe comentar para a Sra. Lawrence:

– Não é possível que eles fiquem um mês sozinhos e não se apaixonem! – agora eu estava entendendo aquele showzinho de não querer me deixar só em casa, foi tudo uma armação! Olhei para John e pela cara que ele fez, estava claro que ele também tinha ouvido, mas não comentou nada e eu também não.

– Eu preciso de um café – declarou.

– Estou vendo, pelo visto alguém não dormiu muito essa noite.

– Verdade, e parece que eu não fui o único.

– Pelo menos eu tive a decência de colocar óculos.

– Pelo menos eu não ando cambaleando.

– Vamos tomar logo essa droga de café! – mudei de assunto e saí caminhando/ correndo, mas ele me alcançou facilmente (obrigada por me fazer sedentária e lenta, Vida).

– Sabe que sou mais rápido que você, não sabe? – o ignorei e entrei na primeira cafeteria que vi. Pedi um capuchino e ele um café preto. Qualquer tentativa de iniciar uma conversa amigável entre nós terminava em uma briga seguida de um longo período de silêncio, tanto na cafeteria, quanto no carro. Não podíamos passar as férias todas brigando então, para não ficar um clima pesado entre nós, quando estávamos chegando a casa eu tentei melhorar o meu humor:

– Então... – vasculhei o cérebro em busca de um assunto que não causasse brigas, impossível, quando se trata de mim e John até a pergunta “Que horas são?” poderia gerar um discursão. Tentei achar um assunto que tinha menos possibilidades de se tornar uma briga – Ansioso para a festa?

– Sim e você?

– Sim.

Ficamos falando sobre a festa até chegar à minha casa. Quando estava saindo do carro, John me disse:

– Você consegue ser agradável quando quer, Linton.

– Tentei manter uma atmosfera agradável entre nós, não estrague.

Entrei em casa e não tinha ninguém. Minha mãe tinha dado férias a todos os funcionários com a desculpa de que não ia ter ninguém em casa, mas a verdade é que ela não queria ter a mínima chance de eu voltar para casa. Acho que minha mãe quer muito ser a sogra de John Lawrence. Isso explica porque ela não aprovava meus namoros anteriores. Ela só estava se esquecendo de uma coisa: EU ODEIO O JOHN!

Subi correndo para o meu quarto e me joguei na cama. Acordei por volta das duas da tarde, faminta. Fui para a cozinha, mas não tinha nada feito. Como meus talentos culinários eram bem limitados, fritei um ovo e joguei farinha. Estava pronto meu almoço. Senti meu celular vibrando, uma mensagem no WhatsApp. Achei que fosse uma das meninas, mas me surpreendi ao ver que era de John.

John: Você vai dormir comigo essa noite.

Eu: Nem se eu estivesse bêbada!

John: Desculpa, não quis dizer isso... Você vai dormir aqui em casa essa noite, sua mãe não quer que você durma sozinha em casa.

Eu: O que minha mãe quer é exatamente o que você disse na sua primeira mensagem. Posso passar ai para deixar minhas malas logo?

John: Claro.

Ótimo, meu inferno pessoal começaria em poucos minutos. Minhas malas já estavam prontas e não eram poucas. Peguei apenas a bolsa com os cosméticos e a malinha com os sapatos e fui para a casa de John. Toquei a campainha e ele atendeu, só usava uma bermuda, me esforcei muito para desviar o olhar. Ele me convidou para entrar e me mostrou o quarto onde eu ficaria, era mais ou menos do tamanho do meu, tinha um banheiro e ficava do lado do dele.

– Essas são suas únicas malas? – ele me perguntou surpreso.

– Não, esses são os meus sapatos e meus cosméticos.

– E onde está o resto?

– Na minha casa, mais especificamente no meu quarto. Você sabe onde fica – entreguei as chaves para ele. No começo ele ficou confuso, mas depois entendeu o que eu queria, fez uma cara de preguiça e eu fiz a minha cara pidona.

– Tá! – e saiu bufando. Deitei na cama e comecei a ouvir músicas aleatórias. John, chegou minutos depois com todas as minhas malas, achei que fosse humanamente impossível carregar todas as minha malas de vez, mas John é John e ele nem arfava.

– Valeu!

Dei escova nos meus cabelos, e enrolei com o dedo, prendendo com grampos. Escutei mais algumas músicas depois fui tomar banho. Quando estava na metade do banho, escutei umas batidas na porta.

– O QUE VOCÊ QUER? – gritei.

– JÁ ESTÁ PRONTA? - John perguntou.

– Quase – menti. Terminei o banho, vesti a roupa, fiz a maquiagem e deixei o cabelo metade solto, metade preso. Saí do banheiro e John estava sentado na cama, esperando impacientemente.

– Você disse que estava quase pronta há uma hora!

– Você me entenderia se tivesse que fazer cabelo e maquiagem! – ele bufou e me arrastou até o carro. A festa não era tão longe então chegamos em pouco tempo. Só pelo fato de sair do carro do John, atrai olhares e vários murmúrios da multidão. Avalie quando ele abriu a porta para mim. Meu rosto estava muito corado e eu procurava um buraco para me esconder. Achei minhas amigas na multidão e fui até elas. Dançamos muito e conversamos merda até Lucas e seu amigo chegarem, Milena ficou com Lucas, Lari com o amigo dele e eu sobrei. Fiquei me movimentando desajeitadamente para lá e para cá no ritmo da música, mas eu estava cansada de segurar vela então fui dar uma volta. Procurava por alguém, mas não sabia quem. Só quando encontrei aqueles olhos escuros que soube quem eu procurava e repreendi a mim mesma por isso. Ele estava em um círculo com os outros da sua “gangue” e se agarrava com uma líder de torcida qualquer e bebia alguma coisa em um copo vermelho. Tive vontade de ir lá e separar eles dois. Quando dei por mim, já estava parada em frente dele. Ele parou por um instante de beijar a vádia e me encarou.

– O que você faz aqui? – ele perguntou. Essa era uma boa pergunta, nem eu sabia o que estava fazendo ali. Tive que inventar uma boa desculpa.

– Você está bebendo, John? – apontei para o copo na mão dele. Um amiguinho dele me mandou deixa-lo em paz e eu mostrei o dedo para ele.

– Sim, algum problema? – falou na defensiva.

– Claro que tenho! Você vai me levar para casa. Dirigindo. E eu não quero que aconteça um acidente comigo! – peguei o copo da mão dele e saí. A visão de John beijando uma garota, me afetou mais do que eu imaginara. Parecia não haver ar o suficiente na atmosfera para que eu pudesse respirar. Corri sem rumo pelo clube, esbarrando nas pessoas. Cheguei à entrada da festa e saí, na rua alguns casais se beijavam. Agora eu respirava tranquilamente, mas continuei caminhando. Tinha uma praça ali perto, sentei em um banquinho de madeira e fiquei fitando o nada. Outras garotas teriam chorado. Só que eram raras as coisas que me faziam chorar. Comecei a sentir frio então abracei minhas pernas. Devo ter ficado lá por muito tempo, porque começaram a chamar o nome na premiação. John ganhou o de melhor atleta e eu ganhei o de melhor estudante e o de melhor artista, mas não tinha a mínima vontade de voltar para aquela festa. Depois de me chamarem cinco vezes, perceberam que eu não estava (gênios!) e desistiram. Senti uma mão tapar minha boca e uma venda foi colocada nos meus olhos, tentei fugir, mas alguém me segurou por trás. Mordi a mão de quem segurava a minha boca e gritei. A pessoa foi rápida e colocou a mão de novo. Meu sangue fervia, meu coração batia forte e meu corpo estava em alerta. Debatia-me freneticamente nos braços do sequestrador enquanto imaginava as coisas horríveis que poderiam acontecer comigo. Ouvi uns barulhos de socos e gemidos, provavelmente eles estavam sequestrando outras pessoas também. Quem me segurava gritou de dor e me soltou. Caí de quatro no chão e fiquei atordoada sem saber o que fazer. Mãos me ergueram e me abraçaram. Tentei me soltar até escutar aquela voz tão familiar.

– Sou eu.

– John? – ele tirou delicadamente a venda dos meus olhos e o encarei. Sua expressão era de preocupação.

– Obrigada – falei com a voz fraca e enterrei a cabeça no seu peito. Ele me apertou mais e alisava meus cabelos. Pude sentir seu cheiro doce e forte, seus músculos por baixo da camisa e o calor que ele irradiava. Só depois percebi o quanto tremia e que estava sem minha bolsa.

– Minha bol...

– Está comigo – falou – Eles te machucaram? – neguei com a cabeça.

– O que você fez com eles?

– Não se preocupe com isso agora. Quer fazer o que?

– Ir para casa.

– Tudo bem – passou o braço pelos meus ombros e me guiou até o carro, abriu a porta e eu entrei. Ficamos em silêncio o caminho todo, John tirava a atenção da estrada de vez em quando e me olhava, mas por pouco tempo depois voltava a fitar a estrada. Acabei adormecendo e acordei no colo de John subindo as escadas, ele me levou para o “meu” quarto e me pôs com cuidado na cama. Abri um pouco os olhas e fiquei vendo John procurar um pijama na minha mala. Ele não achou e saiu do quarto, voltou trazendo consigo um casaco cinza que provavelmente ficaria enorme em mim. Sentou com cuidado na cama e desajeitadamente foi tirando os grampos do meu cabelo, ele tirou o meu sapato e deixou o casaco do meu lado. Cobriu-me com o edredom e ia saindo do quarto, mas eu disse com uma voz roca:

– Fica comigo? – a pergunta surpreendeu tanto a ele quanto a mim.

– Claro – peguei o casaco e fui ao banheiro. Tirei a roupa e coloquei o casaco que tinha o cheirinho dele. Quando saí, ele vestia uma calça de moletom. Deitei na cama e fiz sinal para que ele fizesse o mesmo. Ainda hesitante ele deitou do meu lado.

– Desculpa por ter estragado sua festa – disse baixinho.

– Você não estragou nada – ele me abraçou de maneira protetora e deu um beijo no topo da minha. E eu adormeci assim, abraçada com John Lawrence.


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Notas finais do capítulo

Comentem! Eu fico mais inspirada quando comentam e escrevo mais rápido! O mesmo vale com favoritar e recomendar! ;)



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