Quando eu era pequena, eu era apaixonada por meu vizinho. Nossos pais eram muito amigos e vivíamos juntos. O tempo foi passando e nós fomos tomando rumos diferentes. Continuamos na mesma escola, porém ele se tornou um menino popular e que praticava todos os esportes com perfeição, que troca de “ficante” como se trocasse de roupa e eu comecei a desenhar, pintar e coisas do gênero. Nunca gostei de chamar muita atenção e quando recebia algum prêmio de “Melhor Aluna do Ano” ou de concursos de artes só faltava morrer com toda aquela gente falando de mim e me parabenizando. A minha paixão por ele foi sendo transformada em um ódio profundo. Toda vez que o via sentia vontade de socar aquela cara perfeita. Tudo nele era tão perfeito que me irritava. Eu o via frequentemente por causa de nossos pais e ele só não tem um nariz quebrado ainda devido ao meu autocontrole. Apesar de nos vermos na escola e em constantes jantares – constantes até demais para o meu gosto – nunca passamos mais de três horas juntos em um mesmo cômodo. Bem, até meus pais resolverem fazer aquela bendita viagem...