Escondidos escrita por 4rtemisa


Capítulo 5
Capítulo 5




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Miss Granger,

                Não gosto que sofra. Deveria estar a aproveitar o mundo livre em que vive agora. A sua última carta trouxe-me uma onda de sofrimento tão grande que as minhas pernas fraquejaram. Eu não sabia que a menina sofria assim tanto. Eu nunca soube o que sentiria se o meu amor fosse correspondido, e também não queria que fosse assim. Acredite.

                Se me tivesse contado o que sentia por mim, não sei se teria resistido. Eu só pensava em ficar mais perto de si, no entanto eu sabia que não podia. A capa de desprezo que eu usava nunca esteve tão ameaçada por uma pessoa como esteve consigo. Eu tentava trata-la como qualquer outra Gryffindor, mas não consegui. Porque é que o meu coração só desperta para raparigas Gryffindor?! Porque é que tem de ser sempre tão impossível? Vocês são corajosos, e nos Slytherin apenas pensamos em nós próprios. Um Slytherin apaixonar-se por uma Gryffindor… Tive medo de ser rejeitado novamente. Tive medo de revelar tudo aquilo que fui e sou. Tive medo de ter felicidade ao meu alcance e voltar a desperdiçar tudo.

                A menina tem de seguir em frente, está na altura de encontrar um amor que lhe proporcione sensações únicas, que a faça ser mulher. (Quantas vezes eu tive vontade de a tomar em meus braços? De lhe ensinar para que serve cada milímetro do seu corpo? Quantas vezes eu a quis para mim? Quantas vezes eu a quis fazer sentir o quão frustrante era amar uma pessoa que não se pode?)

                Obrigado por limparem o meu nome, quem sabe talvez isso mude alguma coisa. (Ou não, não sou ingénuo ao ponto de ter esperanças.)

                Gostaria que pudesse ler as minhas respostas, mas não pode. As palavras começam a faltar, sei que apenas os meus gestos lhe iriam conseguir dar respostas. Mas a menina sabe que mesmo que este fosse um mundo justo não poderíamos ficar juntos (mas no que é que eu estou a pensar?!), a você seria uma aluna e eu, seu professor. As nossas idades ditariam um romance falhado, os seus pais, os seus amigos, nunca ninguém nos aceitaria. A sua última carta deitou todas as minhas reservas por terra, aqueles muros que sempre construi a volta dos meus sentimentos, eu não posso pensar que a menina me queira de igual forma.

                Leio cada carta sua como se fosse a última, afinal pode sempre descobrir que está a perder tempo e energia a tentar manter vivo um sentimento que não terá futuro. Não se sinta mal em ter inveja da sua amiga, afinal está na idade em que quer que lhe mostrem as alegrias do amor, e não tem ninguém que o faça.

                Viva a vida.

                Perdoe-me.

                                               Severus Prince Snape

 

Um ramo com as mais lindas rosas pretas e vermelhas repousava em cima da cama de Hermione duas noites depois de ter escrito a última carta.

 

Severus Snape,

                Não sei como, mas a coruja em que envio estas cartas continua a trazer-me flores. Gostava de saber porquê, mas acho que é melhor não contar a ninguém que te envio cartas e que recebo flores em resposta. Até no mundo dos feiticeiros me iriam chamar doida.

 A Ginny desconfia que eu não ando lá muito bem, convidou-me para passar o natal com eles tive de recusar. Não iria conseguir aguentar toda aquela alegria, não, sabendo que tu já não cá estás. Irei passa-lo em Hogwarts, aqui há muito de ti. Os meus pais aproveitaram e vão para França novamente. É bom vê-los felizes, e sem a filhinha adolescente e chata atrás.

Abri a janela do seu gabinete, a trovoada que se houve lá fora torna este espaço ainda mais acolhedor. Importar-se-ia se eu passasse aqui a noite?

As palavras esgotam-se.

Ainda tenho uma última coisa para lhe contar, no próximo ano serei professora de Poções aqui em Hogwarts. A professora McGonagall aceitou a minha candidatura e ofereceu-me o seu gabinete. Isto será o meu gabinete. Aqui, onde o professor passou tanto tempo. Não pude evitar e as lágrimas saíram mesmo no gabinete da Directora, ela não me fez perguntas. Vou mostrar ao mundo aquilo que me ensinou. Foi o primeiro a saber, e só irei revelar aos outros depois de acabar o meu sétimo ano. Não quero que ninguém pense que eu terei facilitismos por já ter emprego no próximo ano.

Preciso de um abraço.

                               Hermione Jean Granger

 


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